CAPÍTULO 15

— Espere Mia — peço a ela logo que a vejo cruzar a porta.

— Sim, senhorita? — ela volta a entrar e Nick entra vindo em minha direção.

— Você pode ficar.

— Por que? — ela pergunta tentando disfarçar a vergonha que está sentindo por termos sido interrompidas.

— Porque o senhor Nick aqui — aponto para o mesmo que já está parado próximo a mim — está trabalhando para mim no caso da Taylor.

— Mesmo? — ela entra e fecha a porta, curiosa e já animada.

— Sim... ele vai analisar as câmeras de segurança que haviam no local onde o crime aconteceu.

— Isso é mesmo sério? — ela pergunta para Nick.

   Parece que ainda não confia em mim.

— Sim, senhorita... vou ajudar a dar um basta na injustiça que fizeram contra a cliente da senhorita Blackwood — ele responde educadamente.

— Muito obrigado.

— É só o meu trabalho — ele diz com um sorriso.

   Percebo que os seus olhos negros estão vidrados em Mia, está secando ela descaradamente e a mesma nem percebe.

   Que ódio dessa situação!

— Pois bem, Mia — vou até ela e a pego pelo braço — vou acompanhá-la até a porta.

— Mas... não era pra mim ficar? — ela pergunta enquanto a puxo na direção da porta. Não quero que Nick a olhe com segundas intenções.

— Mudei de ideia — digo e a solto já do lado de fora do meu escritório.

— O que? Por que? — ela está confusa.

   Aproximo o meu rosto de sua orelha e sussurro:

— Ele não merece ver a sua beleza.

— Você está com ciúmes de uma pessoa que eu nunca vi? — sussurrou.

— Não!... Me obedeça e fique longe dos olhos dele.

— Mas... — bato a porta na cara dela e volto para a minha mesa.

   Nick se senta no sofá enquanto mexe no notebook totalmente concentrado.

— Então Nick... comece a trabalhar e se quiser, pode tomar o café.

— Ok, e... obrigado.

   Aceno positivamente e me atento nos movimentos dele, que agora está em silêncio. Enquanto espero, sinto o meu celular vibrar, o tiro do meu terno e quando vejo, é uma mensagem de Mia. Abro a mensagem e me deparo com um coração partido em forma de figurinha.

   Que fofa. Está magoada.

   Respondo a mensagem: Vou recompensar você!

Mando um emoji em forma de coração.

    Ela me responde de volta e arranca um sorriso bobo dos meus lábios.

   21 horas

— O que você achou da recompensa? — pergunto para Mia, depois que tiro uma venda preta dos seus olhos e guardo no bolso interno do meu terno.

   A levei ao meu lugar favorito em Nova York.

   Estamos sentadas na roda gigante no parque de diversões que está fechado desde as oito da noite. Tive uma conversa com o senhor que maneja a roda gigante e depois de dar um dinheiro pra ele, consegui levar Mia até o ponto mais alto, ela não tinha visto nada até agora.

— E então? — pergunto vendo ela super encantada com a vista e também com um sorriso genuíno no rosto.

   Aí meu coração!

— Eu estou um pouco surpresa — ela confessa, olhando para baixo, enquanto a roda gigante está parada. Vejo em seu sorriso que ela está curtindo.

— Eu te disse que iria te recompensar.

— Sim... e eu pensei que você estava blefando... mas, agora vejo que não.

— Você gostou da recompensa? — pergunto e acaricio o seu braço, pois a noite estava fria e toco de leve o seu queixo, enquanto olho para os seus lábios que estão cobertos por um batom vermelho. São tão atrativos.

— Sim... gostei muito... ainda mais agora que percebi que estamos sozinhas.

— É... não exatamente! Um senhor gente boa está manejando a roda gigante.

— Sim, eu percebi... mas, eu estava me referindo a nós!

— Nós? — pergunto surpresa — já estamos assim?

— Rum! — ela fecha a cara igual uma criança birrenta.

   Sorrio de sua cara e ela me dá um tapa na coxa usando um pouco de força.

— Ai... Qual é? — seguro sua mão nervosa — eu te dou uma recompensa e você me retribui com agressividade? Eu não mereço isso!

— Então... O que você merece depois de ter batido a porta na minha cara e de ter sorrido de mim, hein? — finge estar irritada.

   Sou pega de surpresa por sua ousadia. Devo me desculpar com ela. Bati a porta na cara dela por impulso, somente por isso, eu acho.

— Ahmm... certo, eu mereço esse tapa.

— Me sinto melhor agora... você reconhece que errou.

— Sim, eu reconheço... mas é a sua vez de reconhecer que eu não mereço apenas um tapa.

— Quer outro?

   Mais que atrevida!

— Não estou falando de tapa... estou falando de um... beijo.

   Mia sorri de mim... Ela está levadinha hoje.

— Você vai sorrir de mim toda vez que eu falar sobre beijo?

   Mia fica séria e olha para tudo ao nosso redor, menos pra mim. Não entendo essa mulher. Fiz uma coisa romântica como forma de recompensá-la devidamente e ela não reconhece.

— Mia... eu vinha com o meu irmão aqui toda vez que precisávamos falar mal da vida dos outros — sorrio ao me lembrar das minhas loucuras com John. Não éramos maus — mas agora não posso mais fazer isso.

   Mia olha pra mim e voluntariamente deita a cabeça sobre o meu ombro. Não sei o porquê daquilo, mas acho que mexeu com ela. Mesmo assim, eu sinto um grande conforto com o toque do seu corpo no meu.

— Eu só queria ter alguém como você... você me traz paz — sou sincera a ponto de me surpreender comigo mesma.

— Você está falando sério, Hannah? — ela pergunta ao erguer os olhos e me olhar.

   Sinto fios de paixão transbordar de seu olhar colidindo com o meu.

— Eu não brinco com essas coisas, Mia.

— Então... vou acreditar em você!

   A surpresa que tenho é tamanha, que acabo beijando Mia intensamente. Ela não resiste e cede ao beijo. Nosso beijo.

   Descemos da roda gigante trinta minutos depois de olhar tudo do alto e caminhamos para fora do parque. O meu carro está estacionado do outro lado da rua, entramos no mesmo e decido levar ela para outro lugar na cidade.No meio do trajeto, vejo Mia olhar para fora através do espelho e ficar pensativa. Possivelmente está pensando em sua irmã. É nesses momentos que eu me comparo a ela. Também faço isso quando me lembro de John, mas no meu caso, eu não o verei nunca mais.

— Para onde estamos indo agora, Hannah? — ela pergunta ao notar que estou de olho nela, enquanto me atento ao mesmo tempo na rua.

— Estou te levando para comer.

— Sério? — ela demonstra surpresa, mas logo desanima.

— O que foi?

— Não sei... de repente me lembrei daquele restaurante chique que você me levou uma vez... e eu odiei.

— Quem disse que vou te levar em um restaurante chique?

   Mia sorri confusa. Poisé, se ela não gosta de restaurante de rico, então vamos para um restaurante no qual ela já está acostumada e se sente confortável.

— Se você não gosta de restaurantes cinco estrelas... então iremos para onde você quiser.

— Sério mesmo que você quer fazer isso?

— Sim... faço tudo por você.

   Mia fica tímida e olha para o espelho a sua frente. Eu faço tudo que essa mulher quiser, contanto que seja comigo.

— Ok... então vamos para um restaurante mexicano que às vezes frequento.

— Onde fica?

— No lado norte de Nova York... próximo de onde eu moro... vou te dizer exatamente onde fica...

   Então eu segui os seus comandos e depois de uns vinte minutos nós chegamos.

   Percebo logo que estaciono, que é o mesmo restaurante em que ela foi beijada a força. Que ódio daquela mulher. Espero que ela não esteja aqui. Nem sei exatamente quem é, mas vou ficar atenta ao meu redor.

   Saímos do carro e Mia pega em minha mão para me guiar para dentro do restaurante. No início foi até fofo, mas então ela soltou a minha mão logo que sentamos e um garçom trouxe um cardápio. Ela quis se sentar de frente para mim, enquanto eu fico de costas para a saída, totalmente indefesa e eu não gosto de ficar nessa posição. Não conheço este lugar e pode ser perigoso. Por esse motivo, eu acabo me sentando ao lado de Mia e ela fica um pouco apertada, mas sorri, aceitando.

   Logo que os nossos pedidos chegam, agora sendo trazidos por uma mulher de cabelos curtos, eu me lembro da mulher que beijou Mia, ambas se pareciam muito, muito mesmo. Eram idênticas. De repente, confirmo que eram a mesma pessoa, porque a tal mulher já chega sorrindo e falando o nome de Mia, que fica sem nenhuma reação. Somente escuta.

— Não esperava te encontrar aqui, lírio! — a mulher fala como se elas fossem íntimas e deixa os pedidos na mesa.

— E eu não achei que te encontraria aqui, Della — Mia diz e então coloca a mão na minha coxa sem que a tal Della visse, então aperta como se quisesse me avisar alguma coisa.

— Estou trabalhando aqui agora... assim posso te ver mais vezes, já que você sempre passa por aqui para jantar.

— Certo... — eu digo interrompendo as duas e Della se atenta em mim, como se antes ela estivesse ignorando a minha presença. Já odeio ela pelo fato de Mia não gostar nenhum pouco dela — você pode embrulhar pra viagem?

— Claro, senhorita — Della me encara certamente já me odiando também — mas e você Mia... namorada nova ou você veio aqui apenas para me ver?

— Della... não enche o saco.

— Qual é... vai me dizer que não gosta de mim como eu gosto de você.

— Opa — digo com seriedade e me levanto, assim ficamos da mesma altura, mesmo eu sendo mais alta que ela — você vai embrulhar o que eu pedi ou quer que eu faça isso por você?

— Calma, Hannah — Mia segura a minha mão e se levanta — não vale a pena.

— Verdade... — Della debocha e aponta o dedo próximo ao meu rosto — ela não vale tanto assim... eu sou muito melhor...

   Dou um soco em Della que não esperava o resultado da provocação que fez a mim e então ela cai. Estou totalmente consciente das minhas ações, porque ela ousou se achar superior a mim. Mas a verdade é simplesmente que, o soco foi a causa dela ter importunado Mia na outra noite.

   Eu tento ir pra cima dela e Mia me impede, mesmo assim, eu me saio de suas mãos e vou pra cima da que está caída, ergo o rosto dela com agressividade e vejo o seu rosto repleto de sangue, com certeza quebrei o seu nariz.

   Me afasto dela porque já fiz um grande estrago. Olho para o balcão e o garçom de antes me olha assutado. Coitado, se ele estivesse servido a nossa mesa, provavelmente não teria acontecido tudo isso.

   Pego Mia pela mão e vou para o balcão...

— Você pode embrulhar o que está na mesa e me entregar no meu carro? Tem cinco minutos! — digo a ele e deixo o pagamento no balcão.

— Como desejar, senhorita.

— Obrigado.

   Saímos do restaurante e entramos no carro em seguida. Sei que passei dos limites, mas aquela mulher merecia ser punida.

   Já mais calma no carro, sinto Mia pegar a minha mão e observar atentamente como se estivesse procurando algo, mas eu não vejo nada.

— Sua mão está doendo? — ela pergunta e eu olho confusa, mas percebo que não está doendo tanto.

— Não, Mia... foi apenas um soco.

— Mas a sua mão parece estar roxa... olhe.

   Olho as costas das minhas mãos e vejo um leve inchaço, abro e fecho a mesma e então sinto uma leve dor, mas não é pra tanto. Quando soquei a cara daquela mulher, eu não senti nada, possivelmente pela adrenalina do momento.

— Esqueça isso!

— Está bem — ela afirma e se vira para a janela do carro.

— Vou te levar pra casa.

— Ok.

   Logo o garçom bate na janela do meu carro. Depois de me entregar a refeição, eu dou a partida e sigo para o apartamento de Mia.

...

— Fique com a refeição pra você.

   Digo logo que paro o carro na frente do prédio.

— Tudo bem... mas eu quero te dizer uma coisa antes de você ir.

— Pode falar.

— Obrigada pelo que fez no restaurante. Há muito tempo que a Della me incomodava e eu não sabia como me sair das situações em que ela me colocava.

— Eu fiz isso porque vi que você ficou extremamente apreensiva quando a mesma apareceu. Por acaso ela já te forçou a fazer algo?

— Não... — ela pensa — quero dizer... ela me beijou a força uma vez numa noite em que ela ainda não estava trabalhando naquele restaurante.

— Certo... agora quero me obedeça — digo e viro rosto dela e nossos olhos se encontram — nunca mais volte naquele lugar.

— Ok.

   Dou um selinho nela e depois um beijo em sua mão, vejo que tiro um sorriso genuíno de seus lábios.

— Agora você precisa ir... durma bem.

— Igualmente.

   Então ela se foi e eu só fui embora depois que ela entrou em segurança no prédio.

   É... Eu não pretendia bater em ninguém nessa noite especial, mas o futuro é incerto e às vezes fazemos coisas que nem mesmo imaginamos que faríamos.

   Isso pelo menos serviu para mim saber que tenho força de sobra, para proteger aquela que é importante para mim. 

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Comments

Adriana Gomes

Adriana Gomes

Hanna já estava com ódio dessa mulher pelo que tinha visto da outra vez, imagina ela agora presenciando. claro que ela iria pra cima dela. 👏👏👏👏👏

2023-08-10

6

A.Maysa

A.Maysa

Deveria ter quebrado mais a cara dela Hannah

2023-08-10

2

Nataly Lopes

Nataly Lopes

Muito bem Hannah defende a Mia ❤️

2023-08-10

1

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