CAPÍTULO 6

   UMA SEMANA DEPOIS

   Durante os sete dias, eu separei cinco para observar o jeito da secretária Mia Lancaster. Ela entrou várias vezes no meu escritório, mantendo seus modos e seu profissionalismo quando iria falar algo a respeito de reuniões, ligações, documentos ou relatórios. As reuniões foram muitas, mas que elevaram mais o meu aprendizado como a Ceo de uma empresa.

   Em algumas dessas reuniões ela esteve presente, pois em outras, a senhora Miranda a substituía. As duas eram excelentes funcionárias e se esforçavam para entregar o melhor serviço à empresa.

   Em um desses dias, Mia chegou duas horas atrasada na empresa e não pôde comparecer a reunião com um cliente, então Miranda a substituiu como minha acompanhante e nesse mesmo dia, ela só entrou no meu escritório uma única vez para me entregar uma papelada, porém, eu evidentemente não estava presente, pois quando cheguei, encontrei a tal papelada sobre a minha mesa.

   Soube através de Miranda que Mia tinha deixado a papelada. Eu fiquei pensativa, com um pouco de raiva e até mesmo quis confrontar Mia pelo seu atraso, no entanto, eu já tinha perdoado ela uma vez e uma segunda vez não significava tanto, o mais importante era ela estar na empresa.

   11:45 a.m

   Desliguei a tela do computador depois que terminei de ler um relatório semanal e comecei a tirar a gravata que estava usando. Achei que seria mais elegante e formal para estar sempre na minha empresa. John sempre usava gravatas e ficava bem bonito. Herdei também o seu bom gosto...

   Eu estava pensando em qual restaurante escolher para almoçar, estava morrendo de fome.

   TOQ, TOQ, TOQ... Batidas na porta. Devia ser Miranda.

— Entre! — eu ordeno.

   Acabo me enrolando na gravata quando vejo o pequeno corpo de Mia passar pela porta. Ela estava com os cabelos enrolados num coque frouxo e algumas mechas caiam sobre o seu rosto. Era mais que uma bela visão.

— A senhorita precisa de ajuda? — ela pergunta e eu saio do transe e assim percebo que ela já estava parada na frente da minha mesa.

— Ah... é... —  tento desenrolar a minha mão daquela bendita gravata.

— Posso ajudar?

— É... — mas, o que é que estava acontecendo comigo?

   Reagi...

   Vamos?

   Reagi!

— Quer a minha ajuda? — olho para toda a extensão do seu corpo e me perco em sua bela vestimenta, ignorando totalmente a sua pergunta. Um vestido preto que descia até os joelhos. Ela ainda não tinha entrado no meu escritório. — Senhorita?... Você está bem?

— Hã?

— A senhora não parece bem.

   Me atentei em suas palavras porque ela teve a ousadia de me chamar novamente de senhora, desobedecendo a minha ordem.

— Estou muito bem... só me compliquei com essa porra de gravata — disse com raiva.

— Percebi... Posso ajudá-la se quiser.

— Está bem — me levantei — venha... se aproxime.

   Mia deu a volta na mesa e parou na minha frente, já levando as suas mãos ao meu pescoço, onde a minha mão estava presa. Mia era alguns centímetros mais baixa que eu e daquele jeito que estávamos, eu podia contemplar de perto toda a extensão do seu belo rosto e principalmente os seus lábios, que estavam cobertos por um brilho labial, realçando a cor dos mesmos, que eram muito atrativos. Confesso que dei algumas olhadas discretas para ela sempre que a via. Ela era uma jovem muito atraente e bom, eu gostava de mulher, então ela era uma tentação.

— Prontinho — ela disse já com a gravata em uma de suas mãos e sorriu para mim.

— Obrigada — toquei os primeiros botões da minha blusa social e desabotoei alguns, porque comecei a sentir um calor fora do normal. Parecia que o ar-condicionado havia quebrado... ou não.

   Vi que Mia olhava para um ponto qualquer na sala desviando os olhos de mim. É, parecia ser nervosismo.

   Empurrei a minha cadeira na parede para poder ter espaço e então Mia olhou pra mim se encostando em minha mesa, deixando a minha gravata cair em seguida. Nos olhamos por um momento e então eu me abaixei antes dela para pegar a gravata, e os meus olhos acabaram encontrando as pernas dela pelo caminho. Belas pernas eu diria.

   Olhei para cima e vi que Mia estava olhando para o teto do escritório. Ótimo. Ela estava evitando me olhar, enquanto eu estava quase babando por suas pernas.

Me ergui lentamente colocando a gravata no bolso do meu terno e então nossos olhos se encontraram. Era uma conexão tão forte que acabei imaginando como seria beijar ela naquele mesmo instante.

   Mia estava petrificada enquanto estava perdida no meu olhar. Sua respiração começou a ficar pesada, possivelmente por seu nervosismo encubado.

— O que veio fazer aqui? — perguntei e ela teve um leve susto, voltando a realidade.

— Hã?... Não entendi — ela disse e desviou o olhar.

— Por que veio ao meu escritório?... Você deveria estar no intervalo do almoço agora!

— Ah, é... eu vim avisá-la que Miranda teve que ir embora.

— Por que?

— A mãe dela sofreu um ataque cardíaco e o hospital ligou para ela avisando e ela é a única pessoa de maior em sua família.

— Entendo... a família sempre deve estar em primeiro lugar.

— Concordo... então agora eu vou indo — ela se virou para sair e algo em mim me impulsionou, então eu a impedi de seguir segurando um de seus pulsos. — Por que me parou, senhorita? Ainda tem algo que deseja me falar?

   Puxei ela para perto de mim e nossos olhos se encontraram de novo. Qualquer hora aquilo iria virar um costume. Eu às vezes não controlava os meus impulsos e acabava entrando em certos tipos de situações.

— Ainda tem algo para me falar, senhorita?

— É... sim — soltei ela. — Você não vai almoçar?

— Vou sim — ela sorriu — Por que a pergunta?

— Bom... — pensei. Precisava me sair daquela situação em que me coloquei. — eu estive pensando em qual restaurante ir, mas estou indecisa.

— Entendi... vou deixá-la sozinha para que decida melhor — ela foi em direção a porta e eu corri, e parei na frente da mesma.

— Espere um pouco... por favor?

— Sim... diga o que deseja desta vez — ela nem mesmo demonstrou estresse.

   Deveria ser a pressão que sentia por eu ser a sua chefe, por isso ela sempre tinha tempo e obedecia toda ordem ao pé da letra.

— Quero você — o meu inconsciente respondeu.

— Hã?

— Quero dizer... quero que você me acompanhe.

— E isso pode acontecer entre nós?... Você é a minha chefe.

— Claro que sim... Qual é o problema em almoçarmos juntas? Você já viajou comigo uma vez e jantou comigo, mesmo com a companhia dos clientes!

— Os outros funcionários podem se tornar o problema, senhorita... podem falar coisas se nos virem. E eu não quero que eles pensem que sou uma funcionária favorita.

— Você não é! — disse num tom sério e ela assentiu em concordância. Não. Ela não deveria ter concordado e eu não deveria ter sido tão séria.

— Mas, eles podem pensar assim.

— Não tem problema... você vai almoçar comigo e ponto final.

— É...

— Só me siga!

— É que...

— Silêncio!

— Mas...

— Shh!

— Ok — ela enfim aceitou.

   Chegamos no restaurante cinco estrelas que ficava a duas quadras da empresa. Depois de pedirmos, quero dizer, de eu pedir o meu prato e o dela, estávamos apreciando aquele ótimo almoço... Mia não quis nem tocar no cardápio, pois já imaginava o quão caro seria.

   Comemos caladas...

Eu não disse nada à ela devido ao seu desconforto em estar almoçando comigo em um restaurante onde uma refeição poderia custar a metade do seu salário.

   Eu quis almoçar com ela porque eu precisava estar ao lado dela por um tempo. Na empresa, ela só permanecia no meu escritório por cinco minutos e quando chegava a isso. Às vezes dois minutos se passavam e então ela saia, me deixando com a vontade de vê-la de novo e de novo, durante todo o dia. Como se a falta dela me torturasse.

   Ainda no restaurante, depois que efetuei o pagamento, vi Mia voltar do banheiro e parar ao meu lado. Ela tinha ido lavar as mãos. Me levantei e peguei a mão dela ligeiramente. Ela estranhou a minha atitude e tentou se afastar, no entanto, eu a puxei comigo rapidamente para fora do restaurante e a levei até um beco que havia ao lado do mesmo.

— Me solta! O que você está fazendo? — ela perguntou impaciente sem nem mesmo pensar.

— Silêncio! — empurrei ela na parede, logo deixei ela livre e depois de tirar o meu terno, joguei por cima dela, cobrindo completamente a sua cabeça.

— Tem alguém vindo... fique em silêncio!

— Mas, por que?

— Shh!

   E então um funcionário antigo da empresa passou por nós totalmente concentrado em algo em seu celular e seguiu em frente pelo mesmo beco. Ele estava dentro do restaurante conversando com a recepcionista enquanto estavam longe da saída. Eu não fiz aquilo para mim, mas sim por Mia. Ela não queria ser vista comigo fora da empresa, então aquela foi a maneira mais rápida que o meu cérebro bolou para esconder ela.

— Pronto — tirei o terno de sua cabeça e me surpreendi com as gargalhadas dela enquanto me olhava.

   Instantes depois, ela respirou fundo para recuperar a fala e tentou ao máximo não gargalhar de novo. Eu queria vê-la gargalhando de novo porque gostei muito do seu humor, mesmo que não sabia ainda o porquê fiz aquilo.

— Precisa de uma bombinha? — eu perguntei e ela quase me deu um tapinha no ombro, mas ela mesma se interrompeu.

   Chamei ela pra almoçar uma vez e ela já quer me agredir?!

   Se ela me desse um tapa, também teria que me dar um beijo.

— Podemos ir? — ela perguntou enquanto me observava vestir o terno.

— Podemos, mas... você não vai querer saber o por quê joguei o meu terno sobre você?

— Se quiser me dizer, então diga.

— Hum... te escondi de um funcionário.

— Por que?

— Por você!

— É... — ela ficou tímida — Você disse... por mim?

— Sim... não me esqueci de nada do que você me falou no meu escritório... você continua livre de fofocas e de pensamentos que não me importam nem um pouco.

— Obrigada — ela sorriu de lado e continuou tímida.

— Ok... Vamos agora? — tentei pegar a mão dela de novo, mas ela agiu rapidamente, colocando ambas para trás.

— Sim vamos, mas... eu prefiro me guiar sozinha desta vez.

— Tudo bem.

   Fui rejeitada. Não tem problema. Posso tentar outras vezes. Creio que ela não resista por muito tempo.

   20:30 p.m

   Sequei as lágrimas depois de olhar algumas fotos de John no meu celular. Ele fazia tanta falta nas horas de solidão. Eu só queria ter tido um último momento com ele. Um momento onde eu iria confessar todo o meu amor, a minha gratidão e a minha lealdade para ele e o abraçar com todas as minhas forças. Infelizmente, nem tudo é como queremos.

   Eu já devia estar em casa, mas me distrai com as fotos de John.

   Os funcionários já deviam ter ido embora a àquela hora. Estavam somente os seguranças que ainda aguardavam a minha saída, apesar de que faziam a segurança da empresa 24 horas, a empresa nunca estava sozinha.

   Quando passei na frente da empresa dirigindo o meu carro, vi Mia entrando em um táxi. O táxi entrou em movimento e eu segui o mesmo de longe. Não sabia o porquê que eu estava fazendo aquilo, mas não iria parar, iria seguir àquele veículo. Senti que iria ver algo muito importante.

   Mais ou menos trinta minutos depois, o táxi parou em frente a um restaurante e próximo de um grupo de pessoas que estavam sorrindo e acenando para o táxi. Mia saiu do veículo e foi de encontro a eles. Poderiam ser seus amigos.

   Mia abraçou uma mulher negra por um momento, como se estivesse matando a saudade e logo em seguida, cumprimentou as outras pessoas, mas de repente algo me surpreendeu, pois uma mulher violou Mia com um selinho inesperado. Mia ficou furiosa e se afastou da mesma, se escondendo atrás da mulher que ela abraçou. Aquela mulher deveria ser uma pessoa muito querida para ela.

   Esperei mais um momento e então vi todos entrarem no restaurante. É, Mia teria uma noite especial ao lado daquelas pessoas, menos do lado daquela escrota. Esperava que aquela mulher atrevida tivesse uma dor de cabeça bem forte. E que ela não tentasse beijar Mia novamente.

   Segui o meu caminho para a minha casa pensando em várias coisas, e a coisa principal era Mia. Ela estava me deixando muito pensativa, sem nem mesmo demonstrar interesse por mim. Parecia ser uma garota misteriosa, porém que se permitia se expressar.

   Aquele dia foi a primeira vez em que pude estar mais que cinco minutos a sós com ela e eu senti-me feliz, comparado aos meus dias anteriores, onde a tristeza foi uma das minhas companhias.

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Comments

mymy1703

mymy1703

oxi kkkk

2024-07-11

2

Maysa Da Silva Santos e Santos

Maysa Da Silva Santos e Santos

amei vaiada😍

2024-06-21

1

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