O herdeiro do morro da Rocinha, [15/06/2023 23:47]
Capítulo 32
Silvia narrando
Eu começo a subir para casa de Lorenzo e subo o mais rápido possível, odiava passar perto da boca e ver todos aqueles traficantes, é quando uma garota me para e eu na hora vejo que era a Amanda.
Você – ela fala me encarando
Oi – eu respondo
Você mora na casa do meu primo?
Aranha?
Eu tenho medo de aranha, você também tem? – ela pergunta
Não muito, gosto de pisar nelas.
Eu não, eu corro , grito, me desespero, meu pai e meu irmão me chama de doida, sou um pouco – eu abro um sorriso – eu comprei uma passagem – ela me entrega uma passagem – na verdade diversas.
Para onde? – eu pergunto lendo
Portugual, era um lugar lindo nas fotos, comprei um monte para aproveitar – ela fala – você quer ir comigo? – eu a encaro e sorrio.
Eu adoraria.
Lorenzo vai também – ela fala
Não vou mais – eu respondo
Você não gosta dele? – ela pergunta – ele é legal. Ele gosta de mim, ele me defende, ele me traz chocolate e até me leva tomar açãi.
Você tem certeza que estamos falando da mesma pessoa?
Só existe um Lorenzo aqui e ele não tem medo de aranha, ele tem uma tatuada no pescoço.
Sim, eu vi – eu respondo
Você é legal, eu gostei de você, você tem o sorriso da minha mãe.
Sua mãe? – eu pergunto – Samanta?
Não, da Jéssica – ela responde
Jéssica? – eu pergunto
Ela morreu no parto, mas eu tenho foto dela, um dia eu te mostro. Você tem o mesmo sorriso dela. – ela fala encostando em meu rosto.
Ela morreu no parto do seu irmão mais novo? – eu pergunto
Não, do meu – ela fala sorrindo – Samanta que salvou a minha vida, mas eu sonho com ela todas as noites, ela é linda, assim como você. E tem o mesmo sorriso, ela também tem covinhas que nem você – eu sorrio.
Você também é linda e deve ser linda que nem ela.
Obrigada – ela fala
Amanda – eu olho para o lado e o pai dela se aproxima – tudo bem aqui? – ele era o sub do morro, o Ph.
Eu estava conversando com a minha amiga , só eu não sei o nome – ela fala
Silvia – eu respondo
Ela vai viajar comigo para Portugual – Ph me encara – mas não vai com Lorenzo e ela não tem medo de aranha, por isso ela está com ele, porque ele tem uma tatuada. – eu dou um sorriso fraco para ele.
Eu acho que eu preciso ir – eu falo – obrigada pela passagem, mas acho que não vou conseguir ir.
Vai sim – Amanda fala – é legal Portugual.
Você já foi Amanda? – Ph pergunta
Não, mas eu vou ir – ela fala – ai vou conhecer – ele abre um sorriso.
Então, leva a passagem – Ph fala – ela te convidou, vai ser legal a viagem.
Obrigada, estou ansiosa – eu respondo
Ela tem o sorriso da mamãe, até covinha tem – Ph me encara
Do que está falando? – Ph pergunta
Da mamãe Jéssica – Ph me olha e vejo que ele fecha sua cara e me encara – ela tem o sorriso da mãe Jéssica, eu sonho com a mamãe todas as noites.
Eu acho que é melhor eu ir – eu falo dando um leve sorriso – até mais. – ele me encara.
O herdeiro do morro da Rocinha, [16/06/2023 00:02]
Capítulo 33
Ph narrando
As suposições de Amanda me deixa um pouco confuso, Amanda viajava um pouco nas coisas que ela falava mas nem tudo.
— Eu amo você papai – ela fala
— Eu também meu amor – eu respondo
— Vou distribuir passagens – ela fala
— Isso, faz isso. – eu falo
Ela tinha comprado 360 passagens no alor de 370 mil, em diversos cartões cadastrados de quase todos nós do morro, porque era um banco de dados só, mas a gente tinha cancelado todas elas e agora ela só tinha os papeis para dizer que comprou algo.
Eu vou atrás da Silvia e a encontro entrando na casa.
— Silvia – eu chamo ela
— Oi – ela responde
— Posso entrar? Quero conversar com você.
— É, pode – ela fala – a casa não é minha, mas acredito que não tera problemas.
Ela me olha com um olhar um tanto desconfiada, ela abre a porta e eu entro atrás dela, ela se senta no sofá e eu fico de pé.
— Se é porque eu estava conversando com a sua filha, desculpa – ela fala – foi ela que me parou, achei que seria falta de educação sair andando, eu prometo que eu não me aproximo dela, sei que você deve me achar um mal exemplo para está perto dela, eu prometo eu não me aproximo mais.
— Não é isso – eu falo – Amanda gosta muito de conversar com as pessoas, passa o dia conversando com todo mundo dentro desse morro.
— Então, o que é? Eu fiz algo de errado?
— Cadê seus pais? – eu pergunto e ela me encara
— Os meus pais? – ela me olha – porque os meus pais são importantes?
— Porque sim – eu respondo – eu fiz uma pergunta, cadê os seus pais?
— Eu eu – ela me encara – não sei.
— Como assim, você não é filha de chocadeira, quem são seus pais?
— Eu fui abandonada com dias de vida em um orfanato, na verdade no 2 ou 3 dia de vida – ela fala – eu cresci lá no interior do Rio de Janeiro, divisa com São Paulo, próximo da serra geral, sai de lá quando eu tinha 15 anos e o orfanato foi transferido e passou a ser apenas para crianças.
— Então, você não sabe quem são seus pais? – eu pergunto para ela.
— Não – ela fala – e também nunca procurei, se me abandonaram tão pequena em um orfanato, porque eu iria atrás deles? Não é mesmo? Eles não me quiseram, porque eu vou querer saber quem são eles?
Eu sinto mágoa grande em suas palavras e a encaro.
— Você foi abandona com dias de vidas? – eu pergunto
— Dias – ela fala – isso foi o que me disseram.
— Quem? – eu pergunto
— Tea – ela fala – quem me criou, mas porque você quer saber disso?
— Por curiosidade apenas – eu falo
— Pelas coisas que sua filha disse? – ela pergunta – olha, eu não sei quem é essa Jéssica e nem porque sua filha me acha parecida com ela, eu também não quero saber, eu não quero saber nada de quem me gerou, de quem me abandonou naquele lugar. É uma opção minha , uma escolha, eu só quero que tudo isso acabe e eu possa ir embora.
— E você vai para onde? – eu pergunto
— Eu não tenho ninguém – ela fala – assim, como eu me virei sozinha quando fui expulsa do orfanato, eu consigo me virar sozinha agora também. Eu não preciso de ninguém na minha vida, eu cresci sozinha e vou morrer sozinha, e muito menos preciso saber quem foi os filhos da puta que me colocaram no mundo, me abandonaram e me fizeram sofrer, então por favor, seja lá o porque veio atrás de mim e o porque quer saber sobre o meu passado, não vá atrás dele, porque eu renego qualquer pista e qualquer pessoa que faça parte dele.
— Tudo bem – eu respondo – eu entendo a sua posição , mas você fala isso porque você nunca teve uma família.
— E eu nunca vou ter – ela responde.
Eu a encaro ela e ela lembra alguém, mas não diria que era exatamente a Jéssica, talvez Amanda tivesse com seus sonhos e pensamentos atrapalhados e falou da boca para fora algo que ela imaginou,a sua cabeça voava, aquela garota que na verdade é uma mulher, sentada de braços cruzados, era muito frágil, não só seu físico como seu emocional e sentimentos.
— Era isso? – ela pergunta
— Era – eu respondo – não tenho mais nada para falar.
— A porta fica ali – ela responde e eu dou um sorriso de canto vendo que ela ainda era bem desaforada.
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Comments
Cleusiane Chaves
coitada muito triste
2023-08-01
0
Cleusiane Chaves
kkkkkk
2023-08-01
0
Paula Tomazella
Essa autora arraza de mais amando cada capítulo ♥️
2023-07-28
0