Capítulo 11

Nos afastamos devagarzinho, com uma vontade mútua de ficar nesse abraço, mas cada um tinha os seus próprios motivos para acreditar que isso era necessário.

Ela não me olhava nos olhos quando caminhamos em silêncio, lado a lado, até o estacionamento. E quando chegamos, percebi que ela ajeitou a mochila nas costas, pegou o capacete e tirou as chaves do bolso, sempre evitando me olhar, e isso me incomodava mais do que eu gostaria de admitir.

- Vai na frente, princesinha. Eu vou te seguindo no meu carro, e nos encontramos naquela lanchonete perto do parque, pode ser? - questiono, mas ela nega levemente com a cabeça.

- Desculpa, Tenente...acho...acho melhor eu ir pra casa. - diz, parecendo triste. - Sabe...eu...eu não sou o tipo de garota que...que sai por aí abraçando rapazes só por abraçar...eu na verdade nem sei flertar direito...- ela finalmente me olha, dando um sorriso desanimado e seus olhos estão cheios, o que me causa muita inquietação. - E olha pra mim...acabei de romper com o homem que seria meu marido, e estava abraçada à você...isso é...é confuso...

- Maria Isis eu..- ela ergue a mão, me interrompendo.

Tenente...não foi só um simples abraço..não pra mim. Eu senti coisas que eu não deveria. Uma sensação que eu nunca senti, nem com o Joshua, e nós ficamos juntos por muito tempo. - vejo a lágrima finalmente rolar em seu rosto. - Eu não sou assim...eu não sou! E eu prefiro me afastar e pensar...está tudo muito, muito confuso...me desculpa.

- Eu sinto muito se te confundi, realmente não era minha intenção.

- Não é culpa sua. - ela acaricia meu rosto, fazendo algo dentro de mim se inquietar. - Eu só...só preciso de tempo pra entender certas coisas...é tudo muito, muito recente. Não quero me confundir e te arrastar comigo nessa confusão, entende? - assinto, respirando fundo. - Gostei de te conhecer...não da forma como te conheci, mas do fato de ser você lá, naquele momento. Você é marrento e irritante..- sorrio de lado. - Mas parece um cara legal, afinal de contas, se colocou como um muro de proteção para que eu não visse o mais novo "casal" passar por nós lá no corredor, e me protegeu dos olhares curiosos e de piedade.

- Você percebeu? - perguntei, confuso.

Ela deu um sorriso fraco, secou as lágrimas do rosto e deu um longo suspiro.

- Passei um bom tempo convivendo com a Kimberly. O perfume dela eu conheço de longe pois sempre me enjoou, e além disso, o barulho dos saltos também é irritante, porque ela é uma das únicas pessoas que eu conheço que se preocuparia em usar salto alto para ir à um hospital socorrer o "namorado". E além disso...- me olha com carinho. - Você pode chamar de sexto sentido...mas algo me diz que você sempre vai estar no lugar certo, na hora certa, pra me proteger.

- Eu sinto que devo fazer isso, Isis. Não me pergunte porquê..- digo, olhando em seus olhos.

- Não vou te perguntar algo que nem eu entendo, Tenente. - ela respira fundo. - E é por isso que eu preciso de tempo. O dia hoje teve emoções demais...preciso ficar comigo mesma e entender tudo o que está mexido aqui dentro. - ela põe a mão sobre o peito, e parece angustiada. - Eu preciso orar...pedir ajuda ao único capaz de me dar a calma e entendimento de tudo isso. Deus vai me dar as respostas que preciso, vai me direcionar e me mostrar qual caminho seguir. Eu confio nEle.

Fico olhando e até me admira ver uma moça tão jovem com tanta fé de que tudo vai se esclarecer e resolver com oração. Mas quem sou eu pra julgar a fé dela, não é mesmo?!

- Tem certeza de que não prefere que eu te leve? - aponto o capacete em sua mão. - Você não parece bem para pilotar. Na verdade parece pior e mais confusa do que hoje de manhã. - a encaro, sério.

- E eu estou muito, muito mais confusa. - sorri fraco. - Mas pilotar me ajuda a pensar, me conectar com Deus e conversar com Ele. Tenho certeza de que estarei segura, e eu não seria imprudente de subir na minha moto e colocar minha vida e de pessoas inocentes em risco. Pode ficar tranquilo.

Apenas assinto, a olhando atentamente.

- Pelo menos pegue meu número. - pego um cartão e entrego à ela. - Esse em azul é meu número pessoal. Me mande ao menos uma mensagem quando chegar em casa. - digo, ainda sério.

- Ok, Tenente! - ela finge fazer continência e eu dou um meio sorriso torto. - Deveria sorrir mais vezes, sr. irônico. - eu ergo a sobrancelha, pronto para retrucar, mas a baixinha me surpreende com um beijo no rosto, que a faz ficar vermelha e me pega de surpresa, me deixando sem ação. - Obrigada, meu protetor!

Depois disso ela se afasta, sorri do jeito mais lindo, sobe na moto, põe o capacete e acena. Liga a moto e sai acelerando.

E eu fico parado, encostado no meu carro, que eu Estacionei ao lado da moto dela.

- Desde quando um beijo no rosto teve tanto significado pra você, Brandon Carter?! - murmuro sozinho. - Você está precisando esfriar a cabeça homem! Essa baixinha está te deixando maluco!

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Mateus Oliveira

Mateus Oliveira

Verdade

2025-01-17

0

Lurdes Rodrigues

Lurdes Rodrigues

quem tem fé em Deus sempre encotra a direção certa

2024-12-09

2

Patrícia Nascimento

Patrícia Nascimento

muinto bom

2024-11-13

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