Capítulo 7

A intensidade do olhar que ele me lançava parecia dar à ele o poder de enxergar até meus pensamentos mais profundos e escondidos, e acredite, eu não ficaria nada à vontade se ele soubesse o tipo de pensamentos que tive minutos atrás enquanto o Observava caminhar todo gato na minha direção.

E pra piorar, essa última frase me deixou totalmente desconcertada e acredito que devo estar muito, muito vermelha agora.

- Você não está acostumada a ser elogiada por um homem, não é mesmo?! - questiona, me observando.

Não respondo, só meneio a cabeça, negando.

Ok, eu já fui elogiada. Mas nunca um elogio me deixou tão desconcertada e sem ação como esse.

O Joshua me elogiava, bem pouco na verdade. Ele sempre dizia que eu continuava igualzinha à quando me conheceu, e quando me conheceu ele disse que eu era bonita, então...

Ele era um bom parceiro, preocupado comigo e principalmente muito empenhado em me fazer largar a faculdade de Medicina e investir na empresa da família. Mas eu nunca quis isso.

Valorizo e admiro muito meus bisavós, meus avós, tios, meus pais e primos, enfim, toda a família que trabalha no grupo Donartti.

Mas eu não quero isso pra mim. Nunca me imaginei no ramo empresarial. Sempre fui muito humana, de querer ajudar o próximo, fazer o bem, e eu me encontrei na Medicina.

Isso foi motivo de algumas discussões entre eu e Josh, mas nada sério. E ele sempre me dizia que ele iria trabalhar duro para garantir nosso futuro e um cargo de cobrança na empresa, para pode me dar uma vida de rainha...mas na maioria das vezes eu que o bancava, sempre emprestando dinheiro ou pagando o plano de saúde e tratamentos da avó dele, que sofre de Alzheimer.

E pensando nisso, não vou desampar a pobre senhora. Vou continuar arcando com o tratamento, porém agora sem contato com o Joshua. Ela não tem culpa do neto ser alguém sem um pingo de caráter.

Saio dos meus pensamentos com o Tenente estalando os dedos na minha frente.

-Se forçar mais um pouco, posso ouvir seus pensamentos gritando aí dentro. - ele aponta pra minha cabeça, o que me faz dar um leve sorriso.

- Desculpa. - digo e suspiro. - E...acho que te devo uma por ter me defendido.. Obrigada!

- Na verdade você me deve mais que uma. - ele sorri de lado e eu o encaro, confusa. - Eu explico...Por ter te ajudado e defendido do cretino covarde você não me deve nada! Nunca deixaria um homem bater em uma mulher na minha frente. - diz, agora sério. - Mas, eu impedi, muito a contra gosto devo dizer, que seu pai desse um fim na vida daquele verme, e aí você já me deve uma. Apaguei as imagens que os curiosos fizeram da belíssima surra, aí já são duas. Parei minha corrida matinal por conta dessa confusão toda, opa! agora são três...acho melhor parar por aqui, princesinha. Sua dívida comigo já está bem extensa, não acha, princesinha do papai?!

Fecho os olhos e puxo o ar com força, enchendo meus pulmões, e solto devagar, buscando paciência.

- Relaxa doutora Blake, sei uma forma de começar a quitar sua dívida.

- Espera, como sabe que...

- Que você é médica? - ele sorri de lado e pega meu crachá do hospital, que caiu e eu nem percebi. - Intuição talvez...- me entrega o crachá. - Está realmente bem para ir de moto? - ele parece preocupado, mas deve ser só impressão minha, até porque, ele não tem motivos para se preocupar com uma estranha, não é mesmo?!

- Estou sim...- respondo, dando um sorriso fraco.

- Que bom. - ele pega o capacete na traseira da moto e sobe, me fazendo olhar, incrédula e muito, muito constrangida com essa proximidade.

- O...o que...o que pensa que ...está fazendo?! - O encaro pelo retrovisor.

- Ajudando à quitar sua dívida, não parece óbvio? Pense comigo, eu te ajudei e isso interrompeu minha corrida matinal, agora estou cansado pois tive que bater naquele cretino, segurar seu pai para impedir um assassinato, o que eu preciso dizer que não foi fácil pois ele estava com sangue nos olhos e é bem forte, e também eu moro à caminho do hospital, então não vai te trazer problemas me dar uma carona, além do que eu acho bem justo você me levar na sua garupa.

- E quem ....quem disse que...que vou te levar? Desce...desce daí. - falo, irritada.

- Olha, se continuar gaguejando desse jeito vou começar a achar que minha aproximação te incomoda, princesinha. - diz, sorrindo de lado e aproximando o peitoral das minhas costas, me causando arrepios. - Relaxa, morena. É só uma carona.

As palavras ditas num tom mais baixo, com a voz rouca, não estavam me ajudando em nada.

Mas que droga! Desde quando meu corpo passou a ter essas reações perto de um homem? Eu nunca tinha sentido essa palpitação no coração antes, essa sensação de boca seca e mãos suando....preciso de um check-up urgente! Eu devo estar doente ou algo assim.

- E então, princesinha, podemos ir ou quer deixar seu pai com a expressão mais fechada do que já está?

Sigo a direção pra onde o Tenente aponta e vejo meu pai, encostado no carro, de braços cruzados e com cara de poucos amigos.

Ah, meleca! Sr. Blake novamente mal humorado, era tudo o que eu precisava...e tudo por culpa desse Tenente!

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Comments

Natacha Manoell

Natacha Manoell

culpa do tenente gostoso n
culpa sua quis casar por consideração n por amor da nisso aí...
N precisaria passar por isso s tivesse escutado seus pais...
oxi

2024-11-24

0

Luzia aparecida Araújo

Luzia aparecida Araújo

Eita tenente coronel cara de pau! 🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣

2025-02-25

0

Isa Abreu

Isa Abreu

Já quero esses dois grudadinhos.

2025-02-05

0

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