Capítulo 9

Chego ao hospital e minha chefe vem me perguntar se preciso sair mais cedo para organizar alguma coisa do casamento, então tenho que explicar que não haverá mais casamento, e sabe o olhar de pena que tanto detesto? Ele não veio!

- Dra. Blake. - minha chefe aperta meu ombro com carinho. - Tem certas situações que não são para te entristecer, na verdade são livramentos que você recebeu. - ela sorri amigável. - Vamos fazer o seguinte, tire esse jaleco, vá pra casa, tome um belo banho, ouça uma boa música e beba um bom vinho. Celebre sua liberdade desse relacionamento que não te acrescentou em nada! Vá curtir sua família e não quero ver sua cara aqui pelos próximos dias, entendido?!

- Mas...dra. Margaret..- tento retrucar.

- Sem mais! Vá logo, obedeça sua chefe, anda menina! - ela bate palminhas discretamente e sorri, me incentivando a ir. - E não admito que fique arrastando corrente por aquele canalha. - ela torce a boca, pois contei à ela o que aconteceu. - Nunca fui com a cara dele, e agora sabemos o porquê. E quanto à Kimberly, bom, ela vai aparecer para o plantão, mas fique tranquila que colocarei vocês em alas diferentes quando você voltar.

- Obrigada doutora. De verdade. - eu acabo quebrando o protocolo e a abraçando, e ela retribui.

- Minha filha quase a sua idade, querida. Gostaria que cuidassem dela se algo assim acontecesse. - ela dá leves tapinhas na minha mão. - E eu gosto de você, menina. - sorri, maternal. - Você tem futuro e será uma excelente médica, tenho certeza disso.

Sorrio, agradeço e me despeço dela. Se minha chefe me liberou então eu é que não vou ficar aqui.

Vou ao vestiário, pego minhas coisas, tiro meu jaleco e quando estou saindo, vejo de longe a Dra. Kimberly entrando com o Josh numa cadeira de rodas, fazendo um escândalo completamente desnecessário dizendo que "seu namorado" foi covardemente agredido por dois bandidos e precisava de atendimento urgente.

Vejo alguns colegas cochichando e me escondo para ouvir a "fofoca"...meu lado fofoqueira não resiste, gente?!

- Mas aquele não é o noivo da dra. Blake?!

- Não pode ser...Nossa! É ele mesmo! Será que eles terminaram?

- Como?! O casamento deles é amanhã, esqueceu? Eu fui convidado pois sou residente e conheço a noiva...

- É mesmo! Então qual das duas era a amante?

- Tá na cara né?! A dra. Blake era a noiva, então quem você acha que era o lanchinho e agora se acha a oficial?

- Verdade! Ih, mas eu vi a dra. Blake entrando na sala da dra. Margaret ainda há pouco. Se ela encontrar o noivo com a amante? Xiii

- Ah, isso está melhor que novela mexicana!

As enfermeiras e dois residentes saem rindo e vão ver de perto o show que a dra. sem vergonha está armando na recepção.

E daí eu penso...que sujeitinha burra!

Como a criatura trans@ com o noivo da pseudo melhor amiga, é pega em flagrante no ato, debocha da minha cara, mas nem se dá conta de que está no hospital onde NÓS DUAS trabalhamos, com o MEU EX, que há algumas horas atrás era atual, às vésperas do casamento, gritando pra todo mundo que ele é NAMORADO DELA? É querer ser chamada de talarica mesmo!

Mas essa sem vergonha tá se afundando...vou dar um empurrãozinho.

Pego meu celular, e calmamente digito uma mensagem no grupo do hospital, lamentando ter que desmarcar meu casamento, mas dizendo que o motivo do cancelamento todos podem ver com seus próprios olhos na recepção da emergência.

Pronto! Mas claro que mandei mensagem pros meus tios figurinhas repetidas, Adrian e Allan, porque ter advogados na família é sempre bom né?! E além disso, a safada xingou meu pai e o Tenente Carter de bandidos, onde já se viu?! Ofender dois homens de bem.

- Acompanhando o show, doutora Blake? - dou um pulo ao ouvir a voz atrás de mim, e me viro assustada, com a mão no peito.

- Quer me matar, assombração?! - reclamo e ele dá aquele sorrisinho ridículo e sínico...e lindo, nossa que sorriso lindo...Acorda Maria Isis! - O que está fazendo aqui Tenente Carter?! - questiono. - Está me seguindo, por acaso?

- Talvez eu seja um stalker...- eu arregalo os olhos e ele dá uma gargalhada gostosa de se ouvir. - Calma, doutora. Eu vim fazer uns exames de rotina, afinal aqui é um hospital, não é?! - dá de ombros, colocando as mãos nos bolsos da calça jeans que se ajusta à perna torneada...foco Isy, pensa na insulina, no desfibrilador...- Vai ficar aí me olhando com essa carinha de boba ou vai me dizer porque está aqui escondida vendo o circo pegar fogo?

- Eu...eu não estou com cara de boba! - resmungo. - E eu estava de saída...mas...bom...

- Mas você viu o circo armado e resolveu acompanhar o espetáculo dos dois palhaços ali, né?! - aponta o Joshua e a Kimberly, cercados por curiosos.

- Pode ser...- dou de ombros. - Mas a palhaça lá chamou você e meu pai de bandidos e os acusou de agredir covardemente o "namorado" dela. - digo, com desdém.

- Mas que filha da mãe! - ele diz, fingindo indignação. - Roubou um partidão daqueles e ainda quer denegrir minha imagem! O que acha de tomarmos um belíssimo Milk shake como prova de toda a nossa indignação e demonstração do quanto nos importamos com a opinião deles? - ele diz, ainda fingindo estar bravo.

- Poderíamos trocar por um belo chocolate quente? - pergunto.

- Com marshmalow? - sugere.

- Eu topo! - sorrio divertida e ele me estende a mão, que eu encaro com receio.

- É só um chocolate quente, morena. Não pensa tanto, só aceita. - diz, me olhando com carinho.

Ponho minha mão sobre a dele, que dá um leve aperto, e a sensação que percorre meu corpo é surreal!

Novamente aquele frio na barriga, aquele arrepio na pele, as borboletas batendo asas desenfreadamente no meu estômago, o coração acelerado, a respiração suspensa...e isso se intensifica ainda mais quando nossos olhares de cruzam, e eu me perco nos olhos dele.

Tentei puxar minha mão, mas ele sorriu, desviou o olhar e entrelaçou nossos dedos, e logo olhou em meus olhos novamente.

- Não precisa ter medo, Maria Isis. - ele suspira levemente. - Eu sou diferente, eu sou um homem de verdade, e não me pergunte o porquê, mas eu sinto que devo cuidar de você...e eu vou!

E sem nenhum aviso, ele se aproxima, solta minha mão, e me envolve num abraço tão forte, acolhedor e com gostinho de aconchego, de lar, de familiaridade...como é possível sentir que estou exatamente onde deveria estar? Nos braços de quem eu deveria estar...

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Comments

Mateus Oliveira

Mateus Oliveira

oO amor 😍❤️ está no Ar kkkkk literalmente

2025-01-17

1

Isa Abreu

Isa Abreu

Segura esse homem Isy! Quê caiu de paraquedas nos seus braços.

2025-02-05

0

Claudia Pastore

Claudia Pastore

estou gostando desse tenente coronel 😁

2025-03-16

0

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