Capítulo 14

Tio Kevin, pensa rápido! - jogo o balão cheio de água na direção dele, que se esquiva e eu acerto no tio Don Vicenzo, que me olha sério, e eu e meus primos arregalamos os olhos.

- É ponto extra pra quem acertar no tio Vicenzo! - tia Manu grita e todo mundo sai correndo atrás do tio Vicenzo, que só sabe rir da nossa cara...ele corre mais que todo mundo.

- É bom te ver sorrindo, sabia? - tia Manu me abraça de lado, fazendo carinho no meu ombro.

- É bom sorrir com vocês. - respondo, deitando a cabeça em seu ombro. - Sinto falta de vocês, tia. Dos meninos, e até da carranca do tio Vicenzo e do tio Bruno. - minha tia sorri.

- Também sentimos falta de vocês. Mas tanto eu quanto sua tia Fernanda nos apaixonamos por esses irmãos Massilli teimosos, então..- dá de ombros.

- Eu entendo...- observo meus primos correndo pelo gramado. - Tia, será que um dia eu vou viver um amor assim? Sabe, que me faça ter coragem de largar tudo e seguir atrás dele?

Vejo um carro entrar na estrada do sítio e meu coração já acelera no mesmo instante, pois já vi esse mesmo carro no estacionamento do hospital.

- Isy, seu telefone está tocando! - Martina me chama. - É um tal Tenente Carter.

- Humm..um Tenente é?! - tia Manu sorri de lado. - Acho que teremos um militar na família...- ela bate o ombro no meu, que sinto meu rosto aquecer na mesma hora. - E pelo corar das bochechas, posso até estar enganada, mas acho que a resposta para a pergunta que você me fez está dentro daquele Jeep. - ela só sorri, beija minha testa e dá um leve tapinha no meu bumbum. - Vai lá gata! Arrasa o coração do Tenente.

- Tia...nós...nós somos...somos só...amigos...ou melhor...

- Ih, sai gagueira que esse corpo não te pertence! - ela diz, rindo da minha cara. - Mari, a gagueira é de família?! - ela grita, mas é meu pai quem responde.

- Não deixa água perto dela não, Manu! Capaz de engasgar igual à mãe. Gaga e entalada, lembra morena? - meu pai cai na risada e minha mãe meneia a cabeça, rindo. - A Mari quase morreu afogada com uma garrafa d'água coitada, quando chamei ela de..- ele olha pro carro estacionando e depois olha pra mim. - Mas não é que ele veio mesmo? Agora entendi o motivo da gagueira ...- meneia a cabeça.

- Pai! - reclamo. - Até o senhor?

- E desde quando paternidade causa cegueira, minha filha?! Lerdeza pode até ser, mas cegueira pra mim é novidade! - responde, indignado. - É só olhar pra essa sua cara vermelha aí pra entender que o motivo da gagueira tá te ligando e parece bem impaciente, já que seu telefone não para de tocar. - meneia a cabeça. - Vai logo, vai! - ele quase me empurra dali. - Oh Davi! Liga o som aí meu filho. Mas não bota funk não...- ele murmura baixo. - Se não minha mãe, tia Ali e tia Nanda capaz de vir lá da cozinha e querer dançar até o chão usando bengala! Aquelas três...ninguém tem coragem de falar, mas elas já passaram da idade dessas coisas gente...três senhorinhas...daqui a pouco vão montar o bailão da terceira idade...

Minha mãe dá risada e abraça ele, que estava de costas, junto com tio Bruno e Tio Allan, colocando as carnes no espeto.

- Ah, meu velhinho. Falando sozinho já gente...é a idade né amor...- ele se vira e estreita os olhos.

- Puts! Chamou de velho na cara! - tio Bruno até larga as carnes de tanto que ri.

- Te mostrar o velhinho...vai brincando vai...- meu pai sorri de lado.

- Eca! - eu e Lary falamos juntas.

- Tô indo pra piscina! Isso traumatiza minha mente! - minha irmã sai fingindo indignação e meus tios só sabem rir.

- Eu tô indo lá receber o Tenente. E vocês dois...- Faço um sinal de tô de olhos pros meus pais. - Juízo!

- Vai cuidar da sua vida, garota! - meu pai bufa e eu saio rindo. - Tenho tanto juízo que fiz você e seus irmãos! - ele grita e eu faço careta, vendo ele, minha mãe, tia Manu e tio Bruno e Tio Allan caírem na gargalhada.

Caminho até o estacionamento, e de longe ouço tio Allan cantando...

" Do jeito que você me olha, vai dar namoro...do jeito que você me olha, vai dar namoro...vai dar namoro vai..." 🎵

Os ridículos entram no coro...essa minha família é demais. Não tem como ficar triste perto deles.

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