Capítulo 6

Minutos depois meu pai entra no carro. Suado, com a camisa meio aberta e com um sorrisinho no rosto.

Encaro o Sr. Nicollas Blake e ele apenas respira fundo, soltando o ar com força, antes de me olhar.

- Como você está, minha princesinha? - seu olhar era de carinho e preocupação.

- Ah, pai...- eu também dou um longo suspiro. - Não é como se eu tivesse perdido o "amor da minha vida", mas era o homem com quem eu pensei em contruir uma família, ter meus filhos...machuca sabe?! - ele assente e me abraça, beijando meus cabelos.

- Vamos pra casa. Você precisa de carinho, amor, sorvete e chocolate! E em casa tem tudo isso.

- Mas eu preciso ir ao hospital pai. - ele se afasta um pouco e me olha, incrédulo. - Meus pacientes não tem culpa dos meus problemas pessoais. E além disso, o idiota do Josh não merece que eu fique curtindo fossa por causa dele. Acredito que esse sentimento estranho vai passar e, bom, tudo tem um propósito não é mesmo. E o que não te mata, te fortalece. - sorrio levemente. - Mas quando eu chegar em casa aceito o carinho, os abraços, sorvete e muito chocolate. - ele sorri, carinhoso.

- Você tem certeza disso? - pergunta e eu assinto. - Você é uma verdadeira miniatura da sua mãe, sabia? Mesmo com tudo desabando, você segue ver um lado bom ou tirar uma lição. Tenho muito orgulho da mulher que você está se tornando, minha filha.

- Obrigada, pai. Eu amo o senhor.

- Também te amo, minha filha. - sou envolvida nesse abraço que é meu abrigo desde sempre. - Mas eu te levo de carro até o hospital.

- Não precisa, pai. É sério, eu prefiro ir de moto. - ele nega, mas eu continuo. - Eu estou bem. Não sou irresponsável de subir na minha moto sem ter certeza disso. Eu vou chegar bem ao hospital.

- Então vou te seguindo de carro, e se eu ver qualquer coisa estranha, eu vou piscar o farol e você vai parar e vai comigo pra casa, ouviu?

- Ouvi, sr. Blake! - digo, e saio do carro, indo até a portaria para pegar minha moto.

Quando chego, ainda tem alguns curiosos olhando e ...Nossa! O Joshua está horrível, todo sujo, machucado e...A Kimberly está ajudando ele. Claro, não é de surpreender, né?!

- Veio ver o tamanho do estrago que seu pai fez, sua corna?! - a cobra nojenta grita assim que me vê. - Olha o estado do Josh! O coitado mal se aguenta de pé, deve estar com vários ossos quebrados! Vocês vão pagar por isso, seus loucos!

Bufo, meneando a cabeça e resolvo ignorar, porque eles não valem à pena.

Pego as chaves da minha moto na mochila, subo e quando ia colocar o capacete, vejo o Tenente que me ajudou, pegando o telefone de um homem, mexendo e depois devolvendo, fazendo o tal homem sair irritado.

Franzo a testa, confusa. E logo ele vem caminhando na minha direção, com as mãos nos bolsos e aquele sorriso arrogante. Mas não posso negar, ele é um homem com H, e bota H nisso!

Maria Isis, toma jeito! Você acabou de pegar seu ex noivo com outra. Para de ficar secando o tenente-coronel... Repreendo à mim mesma e meneio a cabeça levemente.

- Então a princesinha do papai brinca de pilotar moto? - diz, num tom irônico, erguendo a sobrancelha, me olhando da cabeça aos pés.

- Então o Tenente gosta de xeretar no telefone alheio? - devolvo a ironia, aponto discretamente para o homem que teve o telefone fuxicado e agora reclama, visivelmente inconformado, com uma jovem.

- Era isso ou ele iria repassar as imagens do seu pai dando uma surra épica no seu ex. - ele joga os ombros, despretensioso. - E convenhamos, aquele cara é um péssimo lutador. Ele mal conseguiu se defender. - ele meneia a cabeça e eu sorrio de lado.- Princesinha do papai, vou te falar uma coisa...você tem um péssimo gosto pra homens! - eu reviro os olhos e bufo, irritada.

- E quem é você pra julgar, mesmo?! - faço cara de deboche. - Você nem me conhece!

- Correção, eu te conheço! - ele me olha nos olhos e esse olhar intenso me deixa desconcertada, e eu desvio o olhar. - Seu nome é Maria Isis, você era noiva desse tal Joshua, e pegou ele com a boca na botija ou melhor, com a boca e outras partes do corpo que não convém citar pois sou um cavalheiro...- eu arregalo os olhos. - Bem, você pegou ele e, se você for minimamente inteligente, sua ex melhor amiga em uma situação bem comprometedora na casa onde vocês iriam morar, e isso tudo nas vésperas do seu casamento, o que eu acho, foi bom. Já que, se não tivesse acontecido o flagrante, você seria traída por muito tempo ainda. Ah, e antes que eu me esqueça, seu ex noivo é um cara de péssimo gosto.

- O que.. por que?! - O encaro sem entender.

- Imagino que aquela magrela, loira falsa com cara de boa bisca era a sua ex melhor amiga e o lanchinho do seu ex noivo. - sorrio de como ele definiu a Kimberly e assinto, confirmando ser ela. - Imaginei...e confirma minhas suspeitas de que ele tem mal gosto...- ele se aproxima mais de mim, parando ao meu lado, com os braços agora cruzados sobre o peitoral, que o fez parecer ainda maior.

- E porque diz isso...- pergunto, meio sem jeito com a aproximação.

- Um homem com a oportunidade de ter uma morena linda como você do lado jamais deveria sequer olhar pra outra mulher!

Wow! De onde veio essa direta?!

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