Já que o Senhor espaçoso não ia mesmo descer da minha garupa, decidi sair dali antes meu meu pai ficasse ainda mais irritado.
Coloquei meu capacete e vi que o Tenente também fez o mesmo. Dei partida na moto e logo parei ao lado do carro do sr. emburrado Blake!
- Posso saber o motivo da demora e porque o Tenente está na garupa da minha filha? - meu pai me encara, agora já mais arrumado e com os braços cruzados e uma sobrancelha erguida.
Ergo a viseira do capacete para responder, mas o Tenente Carter é quem diz.
- Nos desculpe, sr. Blake. Sua filha estava me agradecendo por tê-la ajudado, e assim como o senhor, ela disse ter uma dívida comigo e insistiu para que eu aceitasse uma carona até o prédio onde moro. Eu recusei e disse não ser necessário, mas ela realmente insistiu e, bom, não achei de bom tom recusar um gesto tão bondoso, não é mesmo?!
O que?! Eu bufo e reviro os olhos...que cara de pau!
- Maria Isis te ofereceu uma carona e ainda insistiu? - meu pai diz, desconfiado. - Olha, isso pra mim é novidade. Ela quase não carrega ninguém nessa moto...
- Para o senhor ver. Sua filha é uma moça muito educada, deve se orgulhar da criação e educação que deram à ela senhor.
Meu pai sorri, todo orgulhoso...ah não! Ele caiu na conversa do Carter?!
- Filha...- ele me tira dos meus pensamentos.
- Sim, papai.
- Está mesmo bem para pilotar? - me olha atento.
- Estou sim, pode ficar tranquilo.- sorrio fraco, e logo abaixo a viseira do capacete.
- Tudo bem, vou seguindo você de carro. - vejo ele parar bem próximo do Tenente. - É minha filha, minha princesinha, e você sabe que se fizer alguma gracinha, por menor que seja, não é uma patente que vai fazer você se safar, não sabe?
- Fique tranquilo, senhor! - a voz grossa responde, e mais uma vez aquela ciência de que ele está aqui, com o corpo bem próximo ao meu, faz uma sensação nova tomar conta de mim, me deixando inquieta e nervosa.
Meu pai entra no carro e eu dou partida na moto. Assim que pego a estrada, é como se tudo se apagasse, todos os problemas fugissem e só restasse eu e minha bebê. Eu me conecto ao que há de melhor dentro de mim quando estou pilotando.
É uma corrente maravilhosa de adrenalina que corre em cada veia do meu corpo, me fazendo sentir viva e livre!
Respiro fundo, sentindo o vento contra meu corpo, até que duas mãos grandes envolvem minha cintura, fazendo meu corpo tencionar imediatamente.
O toque firme, mesmo por cima do tecido da jaqueta, me trazem sensações ainda mais fortes e intensas, e isso me assusta um pouco, pois nunca senti uma atração tão forte por alguém, ainda mais por um desconhecido.
Ele dá um leve aperto em minha cintura e olho pelo retrovisor, com a respiração suspensa, vendo ele sinalizar para que eu pare.
Paro a moto em frente à um prédio que fica à poucas quadras do hospital.
O prédio é bonito e novo, pois ainda me lembro de quando ainda estava fazendo estágio, passava por aqui e ele estava em fase de acabamento. É pequeno, tem apenas 6 andares, mas bem sofisticado.
Sinto o aperto em minha cintura se afrouxar e as mãos do Tenente se afastarem, me causando estranheza, e isso me deixa mais confusa ainda.
Ele desce da moto, e vejo meu pai passar por nós e estacionar poucos metros à frente, mas estranhamente ele não sai do carro.
- Você até que pilota direitinho, princesinha do papai. - olho para o homem grande e forte, agora de braços cruzados, de pé ao meu lado.
Tiro o capacete e confiro se ele prendeu o capacete reserva corretamente.
- Relaxa, mocinha. Não sou principiante. Sei prender um capacete. - me olha, fingindo indignação.
- Só estou conferindo. - respiro fundo,pois a presença dele, assim tão próximo, me perturba.
- Olha, tudo bem estar confusa. - diz, me fazendo olhá-lo. - Muitas emoções pra um só dia, menina. E antes que me julgue, eu só te provoquei porque queria te fazer sorrir e esquecer um pouco a tragédia grega que enfrentou mais cedo. - suspiro longamente.
Ele tem razão. Com todo esse jeito arrogante, essas provocações e sensações, eu realmente tirei o foco do problema, e meu problema é um casamento pra desmarcar, parentes que vieram de longe pra participar, presentes para devolver, a expressão de pena das pessoas para lidar, e um ex noivo traidor e uma ex amiga pilantra para ignorar, pois eu não sei ela, a falsa amiga, mas o Joshua não vai largar o osso assim tão fácil. Ele vai me procurar, tenho certeza disso. Os crerinos sempre voltam, infelizmente.
Sorrio levemente e olho pra ele, que sorri de lado.
- Tudo vai se ajeitar, fique tranquila. - ele faz um carinho em meus cabelos. - Você parece ter muita garra e força, porque não é qualquer pessoa que passa por isso e consegue se controlar. Admiro isso, menina. - ele olha para o carro do meu pai, e volta o olhar pra mim. - E você parece ter uma família que te ama e cuida de você. - assinto, pois é verdade. - Seu pai virou uma verdade fera pra te proteger e fazer aquele idiota pagar pelo que te fez.
- Meu pai é meu herói. - digo, meio sem pensar, mas logo fico sem jeito.
- Não precisa ficar com vergonha. Feliz é a menina que pode dizer isso, que tem um pai como seu herói. Eu não sou pai, mas também sou herói de alguém especial, que significa muito pra mim.
Sorrio fraco. Claro, imagino que seja a namorada, ou até esposa...não sei porque, mas isso me faz sentir estranha, e me dá vontade de sair daqui.
- Eu preciso ir, Tenente. - digo, engolindo em seco e ele me olha, confuso. - Tenho plantão daqui a pouco e pacientes para atender.
- Certeza que está bem para trabalhar? Poderia pedir uma folga hoje ou...
- Não é necessário. - o interrompo. - O trabalho vai manter minha mente ocupada. - respiro fundo. - Mas obrigada pela preocupação e, mais uma vez, obrigada por me ajudar.
- Não tem nada que agradecer, doutora Blake. - diz, agora sério. - Fiz meu dever como soldado e cidadão.
- Ótimo. - respondo. - Adeus, Tenente!
Ponho o capacete e minha garganta aperta...mas que droga! Porque estou me sentindo assim? Nunca vi esse homem na vida!
- Até breve, doutora. Se cuida!
Ele diz, faz um breve aceno em direção ao carro do meu pai, que põe o braço pra fora e acena de volta. Depois acena levemente com a cabeça na minha direção e sai, caminhando em direção ao prédio.
Respiro fundo algumas vezes, controlando ou pelo menos tentando controlar, essas emoções estranhas dentro de mim.
Assim que me sinto mais calma, dou partida na moto e sigo até o hospital. Estaciono na minha vaga e vou me despedir do meu pai.
- Obrigada pai. - sorrio e ele beija minha testa.
- Não tem nada que agradecer, minha princesinha. Papai vai estar sempre aqui, aconteça o que acontecer. E acredite, foi sua mãe quem sentiu que algo errado estava para acontecer. A ligação de vocês é muito forte, sabia?
- Sei sim. - sorrio. - Minha rainha é uma mulher incrível pai, e tem muita fé, por isso tem coisas que Deus permite que ela sinta, para ajudar à todos nós. Amo muito vocês e sou grata pelos pais maravilhosos que tenho.
- Também amamos muito você, minha pequena Isy.- ele me abraça forte, depois se afasta e acaricia meus cabelos, me olhando com carinho. - Qualquer coisa me ligue que venho correndo te buscar, ok? - eu sorrio e assinto. - Vê se pega leve no plantão hoje, e não esqueça de se alimentar, mesmo que não esteja com fome, faça uma forcinha.
- Ok, dona Mariana. - digo e ele faz uma careta e sorri. - Sério, eu vou ficar bem.
- Eu sei que vai, meu amor. Você é uma Blake, afinal.- diz, com orgulho.
- Sim, eu sou! - sorrio mais animada.
- E...filha..- ele pressiona os lábios um no outro, respirando fundo, antes de continuar..- Não se feche para o que seu coração te diz. Sei que você se decepcionou muito hoje, mas também sei que não amava o Joshua e sim a ideia de construir sua própria família. Mas se casar com alguém amando somente um ideal, um sonho, isso não garante felicidade conjugal. E...não tenha medo dos seus sentimentos. Apenas se permita viver e sentir. - ele aperta levemente meu nariz. - Só quero que seja feliz, minha princesinha. Pense nisso!
Eu o encaro, confusa. Mas ele só sorri de lado, beija minha testa e sai.
Mas antes de entrar no carro, me olha e diz...
- Gostei do Tenente Carter...acho que vou convidá-lo para um churrasco no domingo...- arregalo os olhos, mas meu pai dá uma risadinha, pisca pra mim, entra no carro e vai embora, me deixando com a maior cara de boba!
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Atualizado até capítulo 70
Comments
Emely
Hmmmmm sabia que ele já tinha te conquistado Nick hehehe 🤭🤭🤭
2024-12-09
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Emely
Será que ele percebeu a tensão entre ela e o tenente??
2024-12-09
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Emely
Ele já conquistou o futuro sogrão hehehe 🤭
2024-12-09
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