Botas Aladas.

Euscribo respira fundo e então revela mais um detalhe sobre as botas aladas:

- Prestem bastante atenção, porque essas palavras precisam estar com vocês para que entendam, é como um enigma... - faz uma pausa e após perceber todas as líderes atentas diz - no ponto mais alto do seu reino terá que se rebaixar até que seus instintos se aflorem; quando perceber que é o momento deverá se entregar; e quando se entregar estará livre - um complexo enigma.

- Não entendi nada... - Brenda fica se lamentando.

- Pode repetir? - May pede.

- Claro - Euscribo fala e, então, repete o enigma.

- Ponto mais alto... - Ras pensa em voz alta.

- É o primeiro lugar que temos que ir, certo? - Malika, que estava atenta, pergunta.

- Exato. Cada reino de vocês possui um ponto mais elevado, deverão ir até lá - o sábio comenta.

- Então só lá saberemos... - Amélie também pensa em voz alta.

- Podemos ir? - Kira pergunta.

- Por favor, vão... e vão sozinhas, para que ninguém siga vocês. Quanto mais discretas forem menores as chances de os inimigos as encontrarem - um último conselho.

Todas deixam a Guilda e vão para seus reinos. May, que é a líder dos mestiços, na verdade, já estava em seu reino, porque é lá que fica a Guilda. Euscribo a encontra ap lado de fora da construção e fala:

- Pensando onde seria o ponto mais alto do nosso reino? - logo percebeu o motivo de ela estar imóvel, apenas olhando ao redor.

- Sim, eu não sei... pode me ajudar? - pede ajuda mais uma vez.

- Claro que sim. Venha, irei com você... é naquela elevação - e aponta para... a própria Guilda.

- Está brincando. Como assim? - a guerreira fica confusa.

- Eu te mostrarei, vamos lá - o sábio já vai andando de volta para a construção.

May o acompanha... os dois sobem para o segundo andar e vão até uma das janelas. Lá, Euscribo coloca-se sobre o espaço e vai escalando a construção pelo lado de fora do prédio. É uma subida difício, pois o topo é arredondado.

- Venha - ele consegue subir um pouco e pede para May fazer o mesmo movimento.

A guerreira prende bem seu escudo em suas costas e vai subindo... e quase cai, porém Euscribo a segura pelo pulso e a puxa. Os dois ficam juntos no teto arredondado da construção:

- Uma queda daqui... se eu sobrevivesse ficaria toda quebrada, agradeço muito - May não poupa palavras em seu agradecimento, reconhecendo que o homem salvou sua vida.

- Faria isso quantas vezes fossem necessárias... agora veja - e ficou de pé.

May também ficou de pé e, no topo daquela construção, olhou ao redor e realmente não viu nenhum ponto acima até onde era os limites do reino... de fato, a Guilda estava no lugar mais alto.

Enquanto isso, as outras líderes iam chegando aos seus reinos e seguiram o conselho de Euscribo para irem sozinhas. Brenda, líder dos bárbaros, tinha que ir ao mar até um lugar conhecido como Ilha da Mulher; Ras, líder dos magos, estava pronta para uma elevada subida pelo Monte Kily; Kira, líder dos rangers, também tinha que ir até um monte de topo nevado, o Monte da Fuga; Amélie, líder dos paladinos, precisava ir até um lugar conhecido como Alpes Centrais; e Malika, líder dos pacificadores, tinha como destino um lugar seco conhecido como Monte da Lua Minguante.

Enquanto as outras líderes se preparavam para a subida, May teve a sorte de já estar no lugar certo e o melhor, com a presença do sábio que também tinha botas aladas:

- Bem, se já estamos no ponto mais alto do meu reino onde estão as botas aladas? - perguntou para Euscribo.

- Lembre-se das palavras... - ele comenta e conclui relembrando - no ponto mais alto do seu reino terá que se rebaixar até que seus instintos se aflorem; quando perceber que é o momento deverá se entregar; e quando se entregar estará livre - repete com exatidão.

May fica pensativa... já está no ponto mais alto... precisa se rebaixar para que seus instintos se aflorem.

- Como faço para ativar meus instintos? - ela pergunta, confusa com essa parte.

- Quando foi a minha vez eu tive que sentar e fechar os olhos e me desliguei mentalmente de tudo e tive um momento comigo mesmo... esse é o caminho - o homem fala e senta-se.

May senta-se em sua frente e fecha os olhos... inicialmente nenhum pensamento interessante vem... a mesma começa a rir por sentir o vento em seus cabelos... isso a fez lembrar de quem ela era, com aqueles cabelos praticamente únicos em cor... lembrou-se que foi criada apenas pela mãe e começou a chorar...

- Ei... o que foi? - Euscribo pergunta.

- É que... não sei muito sobre meu pai, apenas que era um paladino... minha mãe contou que ele não poderia aparecer para mim, porque era comprometido com outra mulher - entre soluços, a garota revela.

- Isso que sua mãe disse? - Euscribo fala como se soubesse de algo.

- Sim... - May confirma.

- Não foi bem assim... - o sábio responde.

May enxuga as lágrimas e o observa. No fim, Euscribo é um... paladino, loiro de olhos azuis tal qual sua mãe descrevera. Pensava se ele poderia ser seu pai quando o homem fala:

- Vamos ver sua mãe, ela precisa te falar mais... isso te ajudará a encontrar as botas aladas - e ficou de pé, oferecendo a mão para a guerreira.

Eles ficaram de mãos dadas se olhando, ela com uma expressão de confusa e ele com um sorriso, então deixaram aquele momento e foram descendo novamente até a janela... de lá foram na casa da mãe da garota, que é uma bárbara. Após a recepção, a mulher fala:

- Euscribo... já faz algum tempo - revelando que conhecia o sábio.

- Sim, minha amada... May precisa saber toda a verdade - ele fala.

- Mãe, não estou entendendo... ele é... - a guerreira ia perguntar, mas foi interrompida.

- Sim, ele é seu pai - e a mulher ruiva revela.

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