Capítulo 11

Tanto Giselle como Isaac tinham muito o que conversar, um desses temas era o do seu casamento, que aconteceria em apenas dois dias.

— O rei está a implorar-me para fazer um banquete de honra após a cerimónia de casamento... Não aceitei até saber da tua opinião, Giselle.

— Oh, eu gostaria da ideia. A minha mãe merece uma distração... Afinal, ela acabou de se separar do meu pai.

— Eu percebo... Ela deve estar devastada por isso.

— Não, pelo contrário, ela está feliz e eu também. O meu pai não era um homem de família e muito menos amoroso. Gostaria do banquete para que ela conhecesse alguém...

— Então, assim será.

— Mas... Se a minha mãe ainda não se sentir confortável depois disso, espero que não seja um grande incómodo, mas queria pedir-lhe para vir comigo para Rember.

— Não tenho problema nenhum que ela vá, prometi-te que estarias bem lá, e se me pedes isso, aceitarei, além disso... — sorri enquanto caminham lado a lado — gostaria de conhecê-la... Sinto que ela é uma grande pessoa.

Caminhando um pouco mais pelo jardim, Isaac viu Giselle a sorrir inconscientemente, aparentemente, a jovem parecia estar confortável ao seu lado.

Então ele pensa que é conveniente contar-lhe algo sobre si.

— Giselle... Sabes por que razão existem tantos rumores sobre mim em qualquer lugar que vou?

— O que ouvi dizer é que o príncipe é um monstro, um ser maligno e entre outras coisas que não gosto de mencionar porque sinto que não são verdadeiras... Esses rumores exageram o que és... Por isso, gostaria de ouvir a tua versão.

— Está bem, no meu reino, existe uma lenda que diz que os nascidos com olhos da cor do sangue são aqueles que trarão guerra, caos e sofrimento ao seu povo, pois dentro deles existe uma poderosa besta adormecida que a qualquer momento despertará. Desde criança, sempre fui observado com medo e até com ódio por isso, pois não queriam que alguém como eu estivesse no trono, muito menos depois da minha magia se desenvolver.

Isaac mostra-lhe o seu poder, uma chama ardente surge na sua mão por completo e com total domínio.

— Eu era a única pessoa que conseguia controlar a magia do fogo e, ao manifestar o meu poder, as pessoas ao meu redor continuaram a comentar que eu traria o caos a Rember e que eu era um monstro por causa do meu poder, esses rumores continuaram, até que se espalharam e tornaram-se permanentes e, não importava para onde fosse, as pessoas olhavam-me com medo, chamando-me assim sem eu ter feito nada de mal... — apaga o fogo — Aprendi a suportar tudo graças ao Leonard. Ele também tem olhos da cor carmesim, por isso sabe como é ser tratado de forma diferente pelos outros. Mas tudo mudou para ele quando conseguiu proteger o reino como um grande general, demonstrando que não é um homem que trará o caos, mas sim a sua proteção, por isso quero seguir o seu exemplo...

Giselle olha para o lado melancolicamente, diz um pouco triste.

— O Leonard também é apontado, o mais curioso é que vocês dois são as pessoas mais nobres que já conheci... Mas tudo porque uma lenda fez as pessoas pensarem mal de vocês...

— É verdade, ao contrário do Leonard, eu sou o único que usa magia. Além disso, ele e eu somos os únicos que temos essa cor de olhos. Sem o Leonard, eu não saberia como lidar com os olhares e as conversas dos outros. Ele ensinou-me tudo o que sei, e quero seguir o seu exemplo, gostaria de ser um bom rei, mesmo que nem todos acreditem em mim... O Leonard é mais do que um mestre, é como um pai para mim. O meu verdadeiro pai só me vê como um objeto com grande poder mágico, ele só me apoia quando precisa de poder... — Isaac desvia o olhar.

Giselle segura-lhe as mãos, pois consegue entender tudo o que ele explicou, principalmente a parte sobre o pai.

— Isaac, a partir deste momento, já não terás de carregar o teu fardo para seres um bom rei e mudar o que dizem de ti, quero que contes comigo para isso. Eu sabia desde o início que não eras uma má pessoa e vou ajudar-te a provar que essa lenda não é verdadeira.

— Giselle... — aperta-lhe as mãos com mais força, mas sem a magoar — E se essa lenda for verdadeira? Se algum dia eu me transformar numa besta?

Sem hesitar, ela responde-lhe.

— Eu abraçarei-te para que saibas que não estás sozinho e que só tens de confiar em mim. Se algum dia isso acontecer, abraçarei o mais profundo do teu coração...

"Na história original, o príncipe nunca se transformou numa besta, por isso duvido muito dessa lenda que faz o Isaac e as pessoas que têm essa cor de olhos parecerem más... Mesmo assim, não vou deixar o Isaac sozinho, ele está a confiar em mim aos poucos e não o desiludir ei estando ao seu lado."

Isaac, sem pensar, abraçou Giselle. O príncipe sempre viveu isolado, julgado sem ser conhecido e, quando Giselle não foi como os outros, sentiu algo quente no seu coração solitário.

Isso apanhou Giselle de surpresa, sentir as mãos dele a apertarem a sua cintura, os seus corpos estavam muito próximos um do outro, mesmo assim, ela colocou as mãos nas costas dele e também o abraçou.

— Giselle... Eu... — afasta-se dela rapidamente — Desculpa-me, agi de forma imprudente...

Ela aproveita para ser também imprudente, mas de uma forma doce. Giselle aproveita a distância e beija o rosto daquele homem, deixando-o com as bochechas coradas.

— Em breve serei tua esposa, por isso não tenhas medo de continuar como até agora... — disse ela, com um sorriso — ... Isaac, obrigada por me dizeres isso. Quero que saibas que, mesmo sabendo dessa lenda, só sei que devo ficar mais ao teu lado, ajudando-te como tua futura esposa...

— É o que realmente queres? — perguntou ele, segurando-lhe as mãos novamente, Giselle acena com um sorriso caloroso — ... Então... — beija-lhe uma das mãos — serás a única rainha na minha vida, garanto que serás feliz em todos os sentidos...

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