DUAS MULHERES GRÁVIDAS

♡LYANA NARRANDO♡

Fito as meninas por um tempo, mas elas só conseguem chorar.

—Dá pra parar de chorar e me dizer o que está acontecendo?-perguntei aos berros.

Os meus gritos ecoaram no quarto, Mariana e Michele ficaram assustadas, eu quase nunca grito, mas quando faço, significa que as coisas podem ficar bem complicadas.

Muito receosa, Mariana vem até mim e me entrega 2 testes de gravidez, vendo aquilo, eu sinto as minhas pernas falharem, isso só pode ser uma brincadeira sem graça, o mundo está caindo sob minha cabeça, perdi o meu pai, o grupo Mancini faliu e ainda tenho que lidar com uma gravidez não planejada.

Caio de joelho no chão frio, Nana se aproximou de mim e tentou me acalmar, foi inútil.

—O grupo Mancini acabou de declarar falência, estamos devendo muito dinheiro em direitos trabalhistas e processos intermináveis, se estivermos com sorte ficaremos pelo menos com o apartamento do centro, estamos vivendo o pior momento de nossas vidas e agora vem uma infeliz e me diz que está grávida, de quem é esses testes? Quem envergonhou a família Mancini?-falei em prantos enquanto olhava fixamente para Michele que não para de chorar.

Tentando me manter calma para não espancar essas duas desmioladas, levantei-me do chão, sentei-me na cama, cruzei as minhas pernas e aguardei uma resposta, nessa hora, Michele parou de chorar, se posicionou bem perto de Mariana e disse:

—A conta é simples, dois testes, duas mulheres grávidas, eu sinto muito irmãzinha, eu tentei me prevenir, mas eu não consegui e agora estamos ferradas-disse Michelle já voltando a chorar.

Acho que é agora que devo matar essas infelizes e depois me jogar do segundo andar, eu não quero me sujeitar a isso, eu fico com tanto ódio que eu logo quis bater nas duas, mas Nana me segurou e disse:

—Tente se acalmar, uma criança é sempre uma benção, vai dar tudo certo-disse Nana e logo me deu um abraço apertado.

Depois de me acalmar um pouco, respirei fundo algumas vezes e logo chamei as meninas e juntas fomos para o escritório, mandei elas sentarem e logo falei:

—Me falem um pouco sobre os pais dessas crianças, eles já sabem?-perguntei e logo cruzei os braços aguardando uma resposta plausível, nessa hora Michele deu um sorriso amargo e disse:

—Eu contei para o meu namorado, mas ele disse que não iria assumir essa criança, pois ainda é jovem e não quer estragar a sua vida e por isso eu vou abortar a criança, eu não vou cuidar dela sozinha-Disse Michele trazendo a minha raiva de volta.

—É tarde pra querer tirar o corpo fora, você não vai tirar o bebê, porque se o fizer pode esquecer que eu existo-falei sinceramente a olhando nos olhos.

É fato que eu não estou feliz com a chegada repentina desses bebês, mas não posso apoiar essa barbaridade.

—E você Mariana? Cadê o pai do seu bebê?-perguntei já imaginando mil coisas, hoje não é o meu dia de sorte.

Com o rosto vermelho,  talvez de vergonha, Mariana tossiu levemente e logo falou:

—Ixi esquece aquele infeliz, ele é da alta sociedade e por isso acredita que pode fazer o que quer, eu disse que estou grávida, mas ele não acreditou, me expulsou do apartamento e disse que me mataria se eu o incomodasse novamente-disse Mariana me fazendo perder completamente as esperanças nos homens de verdade, daqueles que fazem e tem grãos pra assumir.

Fiquei em silêncio por um tempo, a gravidez das meninas me fizeram mudar de planos, eu não vou mais para a França, vou ficar aqui e ajudar essas duas doidinhas a cuidarem de seus filhos.

—Bem, nós vamos desocupar a mansão e colocá-la a venda, os carros luxuosos também, nós agora precisamos nos unir, arranjar um trabalho digno e criar esses bebês para serem pessoas de bem, mas esses são os meus planos e só tem chance de dar certo se vocês estiverem dispostas a lutar comigo.

Elas apenas balançaram a cabeça positivamente enquanto choravam baixinho, tive pena das minhas irmãzinhas, as abracei e choramos juntas por um tempo.

Quando aquela comoção passou, subi as escadas e fui para o quarto, tomei um banho revigorante, fiquei muito tempo debaixo do chuveiro, na verdade eu desejava que todo esse sentimento de fracasso descesse pelo ralo, mas isso não aconteceu.

—Chega disso, as suas lágrimas estão me deixando irritada-digo a mim mesma e logo enrolei o meu corpo em uma toalha branca e daí sai do banheiro.

Caminho até o closet e escolho uma roupa confortável, passo um pouco de perfume e logo desci as escadas, eu preciso comer e tem que ser agora rsrs. Logo me dirigi para a sala de jantar, Mariana e Michele chegam logo em seguida.

—Posso mandar servir o jantar agora?-perguntou Nana rindo das meninas que não larga o celular.

—Sim mamãe, coma conosco, vamos nos mudar amanhã e daí adeus mordomia-falei fazendo todas sorrirem.

Nana sentou-se e logo a Ilda trouxe a comida, começamos a comer e conversar sobre assuntos relacionados a nossa nova realidade: quatro mulheres sozinhas e dois bebês a caminho, isso é muito assustador.

Após terminarmos de comer, eu e as minhas irmãs resolvemos assistir a um filme, daqui a pouco estaremos morando em um apartamento bem pequeno e trabalhando feito condenadas, então nós temos que aproveitar tudo aqui.

Escolhemos assistir o filme os 4 malfeitores, que filme maravilhoso, é terror, ação e comédia, eu estou me sentindo melhor agora que estou de estômago doendo de tanto rir.

Me despeço das minhas irmãs, planejando ir dormir, mas nessa hora um dos seguranças veio até nós e disse:

—Boa noite senhoritas, tem umas pessoas lá fora, estão procurando pela representante da família Mancini, eles estão armados e possuem cara de poucos amigos-disse o segurança me deixando nervosa.

—Vamos lá Dion-falei e logo caminhei na direção da porta principal, as meninas me seguem e entrelaçam os seus braços aos meus e caminhamos as três até o grande portão.

O portão se abriu e daí eu vi cerca de 8 homens armados, enfileirados e olhando fixamente para nós três.

—Boa noite, eu sou Lyana Mancini, em que posso ajudá-los?-perguntei tentando manter a calma, eu estou prestes a sair correndo daqui, não gosto de armas.

Um homem robusto se aproxima de nós, dou alguns passos para trás e falo:

—Eu não tenho problema de audição, pode falar de onde está-falei já um pouco irritada, eu tive um dia péssimo e já é quase 23:00h, então a minha paciência está zero.

As minhas palavras causaram uma algazarra um pouco afastado dali, dois homens sorriam muito, aquilo me deixou chateada, mas as armas apontadas pra mim me faz manter o foco.

—Viemos cobrar uma dívida do seu pai...

—Nós não temos mais dinheiro, o grupo está falido, eu sinto muito, o senhor não vai conseguir nada com a gente, tenha um boa noite-falei e logo me virei planejando adentrar a mansão.

Nesse momento surgiu um homem tão lindo, parece  um Deus, o corpo é bem notável e o rosto muito bem desenhado, esse eu pegaria se ele não  fosse um bandido, ele tem áurea assustadora que de súbito eu congelei.

—Houve uma falha na nossa comunicação, o seu pai não me deve dinheiro e sim 3 jovens, de boa aparência, boa índole, estudiosas, valorizam a família, não são preguiçosas, bla,bla, bla-,disse ele enquanto lia algo em um papel que se assemelha a uma nota promissória.

—Nós fomos vendidas pelo nosso pai?-Mariana perguntou já com os olhos lacrimejando.

—Sim, vocês me pertencem até o último fio de cabelo-disse ele e logo soltou uma risada diabólica.

“Lorenzo Mancini, eu te odeio”, penso enquanto sinto lágrimas escorrer pelo meu rosto.

Muito assustadas damos alguns passos para trás, nós íamos sair dali correndo, mas fomos cercadas por vários homens armados, aquele Deus dos inferno parece ser o líder, ele mandou abaixar as armas e disse:

—Vocês tem direito a uma ligação-disse ele rindo de nossa cara.

Nesse momento outro infeliz se aproximou de nós, percebi que Mariana estava tremendo de medo e o seu rosto estava pálido.

—Você conhece ele?-sussurrei ao ouvido dela.

—Eu nunca o vi, eu só estou assustada com a situação-respondeu Mariana e logo me abraçou.

Eu fingi acreditar em suas palavras e fiquei ali aguardando os próximos capítulos desse filme de terror.

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