capítulo 6: uma nova rotina

_ Leandro meu filho, o que faz aqui? a Lucília pergunta assim que me ver parecendo mesmo surpresa.

_ o que foi MAMÃE? não gostou de me ver?

_ Filho achei que passaria o seu primeiro dia de casado com a Ana Luiza já que vocês não vão viajar de lua de mel por enquanto.

_ Se enganou! falo frio , eu vim trabalhar inclusive se encarregue de espalhar entre os funcionários que teremos uma reunião importante as treze horas e quero todos presentes.

_ ok! eu vou cuidar disso agora mesmo.Qual o assunto da reunião?

_ em breve você e todos os outros saberão querida mamãe.

Olho para o relógio no meu pulso e são dez e trinta , ainda demora um pouco para o horário da reunião então tomo um café com uma fatia de torta de calabresa que eu particularmente adoro e começo a trabalhar, os funcionários parecem tão surpresos quanto a minha mãe em me ver afinal todos sabem que eu me casei ontem então para todos os efeitos eu deveria estar com a doce e meiga adorada pela maioria aqui Analu, de doce e meiga ela não tem nada mas os demais não precisam saber detalhes da minha vida particular então eu não me importo em parecer o vilão da história.

As doze e cinquenta viro a plaquinha de aberto para fechado na frente da padaria e reuno todos os funcionários no salão, inclusive os da produção, todos me olham com anciedade e se inicia um burburinho enquanto me dirigi para a frente de todos e pedi silêncio. Depois que todos se calaram eu peguei alguns papéis da minha pasta redigidos pelos advogados do meu atual sogro e pedi que a Janaína , a moça do caixa e uma das funcionárias mais antigas e confiáveis da panificadora ler em voz alta, após a leitura muitos ainda não haviam entendido então tomei a fala para mim e comecei a explicar.

_ pessoal o que esse documento quer dizer é que apartir de agora eu sou o único proprietário da panificadora Maia como também de todo o patrimônio que era dos meus pais, eu sou o novo patrão de vocês e a partir de agora irão se referir a mim sobre qualquer assunto que envolva tanto a produção como a venda dos nossos produtos aqui ou em qualquer lugar. Alguma dúvida?

O chefe de produção um senhor de quase cinquenta anos gordo e alto pergunta com um tom desinibido, o Marcos é mais que um funcionário ele sempre foi o mais próximo que tenho de um amigo aqui então ele tem total liberdade para falar pelos funcionários desse lugar.

_ vai haver alguma demissão Leandro?

_ Não seu Marcos a menos que alguém não queira permanecer, eu não pretendo demitir ninguém, mas haverá algumas mudanças por aqui tanto no espaço físico quanto no quadro de funcionários, eu pretendo crescer e assim que o nosso caixa permitir irei melhorar tanto a infraestrutura como o salário de vocês.Apartir da próxima semana as mudanças serão implementadas e a primeira delas eu vou anunciar agora mesmo.

_ Dona Janaína venha aqui por favor!

A mulher de uns quarenta e cinco anos arregala os olhos e caminha em minha direção um pouco receosa e eu continuo.

_ Maju, venha aqui também e a senhora minha mãe também, papai venha aqui. chamo o vendo também arregalar os olhos. Apartir de agora a senhora, dona Janaína será a minha subgerente, se aceitar o cargo é claro. Maju vai deixar de servir as mesas e será a nova operadora de caixa, a senhora dona Lucília irá assumir o posto deixado por Maju e vai atender os clientes e anotar os pedidos no balcão e o senhor papai irá voltar para a cozinha e ajudar o seu Marcos com o que ele precisar.

Todos me olham chocados enquanto a minha mãe fala revoltada.

_ Leandro você enlouqueceu? eu não vou servir mesas e anotar pedidos. Eu sou a sua mãe e exijo respeito.

_ sugiro que pense bem mamãe, servir mesas e anotar pedidos é um trabalho honesto e muito digno e na sua idade não será fácil conseguir um emprego melhor e já ia me esquecendo, agora a senhora e o senhor meu pai irão viver dentro da realidade de um assalariado, irão trabalhar e receber como o tal e terão que se adequar como todos fazem. Eu não lhes darei nenhum centavo a mais que não seja do suor de cada um. Um silêncio se instala pelo lugar e é bom que vejam que não estou para brincadeira.

Alguma dúvida? vocês querem questionar alguma coisa? pergunto em tom ainda mais frio que o que comecei.

Na verdade quase todos ali tinham algo a questionar, mas perante o olhar frio de Leandro e a indiferença com que tratou os pais ninguém ousaria questionar nada.

_ então estamos encerrados por enquanto, voltem as suas funções e os demais passem na minha sala um por vez para discutir os detalhes e questões salariais.

Desde a sua retomada ao trabalho Leandro mandou que fizessem um pequeno escritório para ele num quartinho de entulhos que tinha ali, o local não era enorme mas dava para o gasto e depois que os entulhos foram tirados e uma pequena reforma feita se adequa a como um espaço de trabalho.

Os seus pais foram os primeiros a entrar , a sua mãe indignada com a revolta transparecendo por seus olhos enquanto o seu pai parecia tranquilo e não questionou as atitudes do filho.

_ como você pode nos humilhar dessa maneira, filho ingrato , nós te criamos com tanto amor e sacrifício para agora nos++ virar as costas.

_ chega! grito irritado e a minha mãe se assusta , eu lhes ofereci um emprego e estou sendo generoso deixando que permaneçam na casa então não irão morrer de fome agora pare de reclamar ou lastimar e digam se aceitam ou não o trabalho? O salário como sabem é o mínimo com direito as horas extras que fizerem e a senhora minha mãe poderá ficar com as gorjetas que receber, é claro que para isso precisa tratar bem os clientes mas isso caberá a senhora ter bom senso se quiser manter o emprego.

_ Lucília cale a boca, toda ação tem uma reação e o Leandro só está retribuindo o que fizemos a ele. Eu aceito o trabalho meu filho e obrigado por apesar de tudo ainda está sendo generoso conosco.

_ generoso? você está ficando louco Marcelo! esse moleque nos humilha e trata feito lixo na frente de todos e você ainda acha que ela está sendo generoso?