capítulo 19

Capítulo 19

Layla

- Layla... - ele disse baixo meu nome.

- Eu... Eu... Eu... não vi nada! - gaguejei e encostei minhas costas na parede que estava atrás, ao lado da porta onde tinha acabado de ver Lion.

- Não? - ele perguntou me encarando - porque eu acho que viu! Você teria que ser cega para não ter visto! - caminhou ele na minha direção e meu corpo estremeceu, ao perceber ele parou.

- Eu vi, eu vi! As fotos! Eu vi! - disse com a voz estridente e lágrimas começaram a descer violentamente pelo meu rosto.

- Sei que deve parecer que sou um maluco perseguir...

- E não é? - perguntei o interrompendo e Alexander deu mais um passo em minha direção.

- Não! Sei que parece que sim, mas não! - falou ele parecendo calmo, Alexander não parecia que iria me deixar passar por ele, mas eu precisava - Fomos colegas de escola! - ele admitiu e então olhei em seus olhos, prestando agora mais atenção.

- Co... colegas? -  gaguejei novamente.

- Sei que não se lembra. Foi meu maior medo, quando a chamei para a entrevista. Mas você entrou sorridente e conversou com tranquilidade e ainda voltou, após aquelas duas propostas.

- Seu nome não é Alexander? -minha pergunta saiu baixa.

- Sim, sou Alexander. Alex para meus amigos e familiares! Mas enfim, fomos colegas nos últimos anos da escola. Porém, eu era espinhento e um pouco obeso.  Quando a vi pela primeira vez, foi como se o mundo ao meu redor tivesse parado, foi como se nada mais importasse, somente você! Mas, para o meu desalento você começou a namorar o Lion. Sabia que ele praticava bullying com todos que não fossem perfeitinhos como ele? Sabe, roupas de marca e da moda, cabelo bem cortado e espetado para cima. Servia também para as meninas, se elas fossem baixinhas, gordinhas ou usassem óculos, ele caia matando com ofensas.

- Não sabia... - murmurei baixo.

- Claro que não sabia! - ele falou e sorriu, se aproximando ainda mais - você sempre foi muito gentil com todos, sua língua era afiada, mas nunca fez mal a ninguém. Me ajudou uma vez, quando deixei meus materiais caírem no chão.

- Também não lembro disso - admiti.

- Eu sei que não! - Alexander deu mais um passo, ficando muito próximo.

- Foi você o responsável pelo acidente do Lion? Você era amigo dele? Eu vi as fotos! - achei melhor o lembrar disso, para que não mentisse.

- Eu não era amigo daquele desgraçado. Ambos acabamos enriquecendo após a faculdade, criamos nosso legado e achei que o grande momento tinha chegado. O chamei para fazer negócios. Você estava desaparecida, eu nunca mais tinha visto você! Fiz amizade muito rapidamente com Lion, porque ofereci muito dinheiro para ele. Em menos de um mês, ele já estava me contando tudo. Falou brevemente de você, mas sem muitos detalhes, soube que estava viva, o que me aliviou um pouco. Mas fiquei furioso quando soube que ele tinha amantes. Disfarcei bem é claro. Quanto mais eu ganhava confiança, mais ele se abria. Minha decisão de matá-lo veio quando ele comentou "às vezes é preciso dar um bom corretivo na mulher, para que ela saiba quem manda”. Eu achava que com você ele era diferente, pois parecia isso. Mas quando Lion falou aquilo, comecei o plano. Nunca pretendi matar ele, até aquele momento. Pretendia conquistar você de outras formas.

- Me conquistar? - perguntei com a voz fraca de medo - você é um perseguidor, dedicou pelo menos quinze anos da sua vida a me fotografar!

- Fiz isso por amor! - falou ele e tocou meu rosto com sua mão.

- NÃO TOQUE EM MIM! - gritei.

- Desculpe! - ele retirou a mão e pareceu se encolher - só preciso que saiba de tudo e depois me julgue.

- Matou sua esposa também? - perguntei e novamente minha voz falhou.

- Não! - Alexander fez uma pausa e respirou fundo - ela se matou.

- Duvido! - disse bufando.

- Ela se matou! - ele disse baixo e pareceu ficar com raiva por eu duvidar dele - quando descobriu esse lugar, Brihana surtou. Teve um ataque de fúria. E depois entrou numa depressão profunda, que a levou à morte.

- Se me ama e é obcecado por mim, por que se casou? Principalmente se pretendia me conquistar? Aposto que daria um jeito de se livrar dela, caso eu cedesse a você.

- Eu... - ele disse e apertou os lábios com raiva - eu pediria o divórcio, simples assim.

- E o Nick? - perguntei sentindo meus olhos arderem das lágrimas que estavam ameaçando descer novamente.

- Eu o amo muito, muito mesmo e jamais faria algo para prejudicá-lo como por exemplo, matar a sua mãe! E... - ele fez uma pausa e retirou seu celular do bolso - Me casei com Brihana, porque ela me lembrava muito você.

Alexander virou seu celular para mim e olhei para uma foto, realmente sua esposa e eu éramos parecidas. Quando olhei em seus olhos, vi que estavam marejados.

- Sei que não vai acreditar, mas eu a amei. Ainda a amo. E eu tentei, juro que tentei me esquecer de você, principalmente quando estava no começo da paixão. Mas não consegui, você me atormentava até mesmo nos sonhos.

- Você pode não tê-la matado com as próprias mãos, mas fez com suas atitudes! - falei quase cuspindo as palavras em sua cara.

- Eu sei e isso me destrói todos os dias, principalmente quando Nick chamava por Brihana, aquilo partia meu coração em milhões de pedaços.

- A culpa é sua! - disse em alta voz. - Você é um desgraçado perseguidor, um maníaco, psicopata que só pensa em si mesmo e em sua felicidade!

- Tudo que eu fiz, foi por você! Foi por nós! Para que tivéssemos algo como a noit... - ele parou e olhou para o chão.

Desviei meu olhar do seu rosto e segui para onde seus olhos estavam fixos.

Ah merda, eu tinha acendido a luz do lugar onde Lion estava e com o susto que levei quando ele abriu os olhos, acabei esquecendo de apagar antes de fechar  a porta.

Meu coração voltou a errar as batidas no peito e num reflexo tentei correr, mas braços e mãos firmes me seguraram com intensidade. Bati minhas pernas as remexendo, tentando me soltar, meus braços estavam presos contra o seu corpo. Ele me tirou do chão, me apertando ainda mais. Eu gritei e me debati, mas foi em vão.

- Você não podia ter visto isso! - ele falou no meu ouvido e um de seus braços afrouxou e então senti meu corpo amolecer.

Não senti mais meus braços, nem minhas pernas. Minha visão ficou turva e a escuridão me engoliu por completo em questão de segundos.

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