capítulo 4

Capítulo 4

Layla

Caminhei lentamente até a porta, onde Alexander esperava com aquele lindo menino loiro e de olhos verdes brilhantes em seu colo.

- Boa noite! - falei.

- Boa noite querida! - ele disse e beijou minha bochecha, depois me olhou de cima a baixo.

Eu fiz o mesmo, o que tinha de errado com minhas roupas? Precisei de todo o meu autocontrole para não sair correndo.

O menino, deu risadinhas ao apertar um brinquedo que fazia barulho e eu fiquei um pouco menos tensa.

- Filho - disse Alexander com a voz suave - essa  é sua nova amiga, mamãe Layla.

- Nick não tem mamãe! - o menino disse, se referindo a ele  mesmo na terceira pessoa, o que era super normal em sua idade e eu achava muito fofo, porém a frase partiu meu coração.

Alexander me olhou um pouco nervoso e eu sorri para o menino tocando sua mãozinha pendurada ao lado do corpo.

- Agora o Nick tem a mamãe Layla! - falei calma e tranquilamente, eu não teria dito isso de imediato, teria feito totalmente diferente. Com o tempo ele se acostumaria e conversaríamos sobre isso com o menino, mas Alexander atropelou tudo, nos deixando numa situação muito complicada.

- Não, Nick não tem! - falou ele sério.

- Eu vim para ficar! Não vou embora e de agora em diante, eu serei sua melhor amiga!

- Não! - o menino disse cruzando os braços e franzindo as sobrancelhas.

- Filho, não fale assim com a mamãe Layla! - Alexander o repreendeu, porém de forma carinhosa, o que me espantou um pouco, visto que ele era muito sério e todo cheio de si. - Vamos entrar querida!

Ele colocou a mão em minhas costas e me guiou, ainda com o filho nos braços. A sensação dele me chamando de querida e me acompanhando para dentro, fez meu estômago se revirar.

Assim que entrei, me deparei com uma casa linda, toda decorada com itens luxuosos. Lustres gigantes pendendo. Lareira no centro da sala, com sofás cor de creme circulando ao seu redor. Aparadores espelhados e muito bem polidos com bebidas obviamente caríssimas em cima. Uma escadaria de mármore com corrimão de pedra entalhada, mais a frente um corredor com portas francesas de vidro dividindo o que imaginei ser uma sala de jantar, devido a uma cadeira estofada de um marrom claro que aparecia bem ao fundo.

- Sua casa é linda! - falei e senti um pequeno vazio ao lembrar do passado.

- Obrigado! - ele disse largando Nick no chão e o menino correu para um tapete colorido e cheio de brinquedos por cima. Duas moças com roupas azul escuro estavam ali sentadas o esperando, o menino se jogou no chão e elas começaram a brincar com ele.

- São as babás? - perguntei enquanto observava.

- Sim. São! Já sabem sobre você! - ele disse baixo e colocou as mãos em seus bolsos.

- O que exatamente elas sabem? - perguntei com medo da resposta.

- Que você teve um surto, estava internada em uma clínica, Nick não se lembra de você e que agora ganhou alta! Eu disse também que você poderia dizer coisas estranhas, ou fazer... e que não era para elas ligarem!

- Meu... Deus! - falei fazendo uma pausa. - Elas pensam que sou uma maluca que estava no sanatório! Não vão me querer perto do seu filho!

- Nosso! Nosso filho! - ele falou baixo e entre os dentes.

- Isso, nosso! - concordei irritada, ainda não tinha tido tempo para me acostumar.

- Sim, elas pensam que você estava em uma clínica! Mas avisei que está bem melhor e que jamais a colocaria perto de nosso filho se não tivesse certeza, agora - ele disse e me puxou pela cintura, colando seu corpo ao meu - vamos as apresentações!

- Achei que em casa, seríamos só amigos! - falei o mais baixo que pude, conforme caminhávamos até elas.

- Sim, quando estiver apenas eu e você! - ele respondeu - Susana e Olivia, essa é minha esposa  Layla!

- Muito prazer! - falei.

- Muito prazer - as duas repetiram praticamente juntas.

- A partir de agora, peço que ajudem ela no que for possível com respeito ao Nick, ela vai ter que se habituar novamente a ser mãe! Então tenham paciência! - ele disse de modo condescendente, o que me irritou.

- Eu ainda me lembro de como se cuida de uma criança! - falei sorrindo, mas meu tom era mordaz.

- Sim, mas faz tempo, não se esqueça! - ele disse baixo e apertou minha cintura. - Agora, vou levar ela para se trocar e tomar um banho!

- Eu não preciso ser levada! - disse sorrindo, porém minha vontade era de chutar suas canelas.

As babás ficaram apenas nos olhando, muito seriamente e Nick seguiu com seus brinquedos como se não existíssemos.

Alexander, praticamente me empurrou escada acima. E assim que não podíamos mais ser vistos, eu o empurrei.

- O que está fazendo? - ele perguntou quando chegamos no segundo piso.

- Pergunto o mesmo a você! Quer que elas pensem que sou uma maluca inválida que não sabe cuidar de uma criança?

- A questão - ele disse dando um passo na minha direção - é que é exatamente essa a história que contei!

- Me desculpe, mas não vou me fingir de louca, isso não está no contrato!

- Escute aqui - Alexander deu mais um passo e fiquei encostada contra a parede - vai fazer o que eu disser, para que tudo corra como o combinado!

Me encolhi ficando com medo e por impulso fechei meus olhos, esperando que ele me batesse ou algo assim.

- Por favor, não... - pedi baixo e senti quando seu corpo se afastou, ele tinha dado um passo para trás.

O ar finalmente encheu meus pulmões.

- Eu... eu não ia... o que você achou que eu ia fazer? - ele perguntou baixo.

- Nada! - falei esticando minha coluna.

- Alguém por acaso já fez algo assim com você? - Alexander me olhou de uma forma diferente.

- Não! - falei voltando a me sentir normal - onde será meu quarto? - perguntei mudando de assunto.

Alexander me olhou por vários segundos e após suspirar disse:

- Venha, por aqui! - ele foi na frente a passos lentos e eu o segui respirando calmamente para acalmar meu coração.

Ele abriu uma porta de madeira cheia de detalhes entalhados e um lindo quarto em tons de madeira e azul royal iluminou minha visão.

- Obrigada, agora eu realmente gostaria de tomar um banho e se puder pedir que tragam minhas coisas, agradeço! - falei.

- Ok, pedirei. O banheiro é ali - Alexander apontou a porta do lado direito do enorme quarto. - Aqui do lado esquerdo fica uma piscina com hidromassagem e vista para o gramado e o closet é ao lado é o closet, já deixei uma parte desocupada para você!

- Como assim uma parte desocupada? - perguntei confusa.

- Vamos dividir o quarto e o closet! - um sorriso enigmático se formou em seu rosto.

Meu peito ardia agora, mas era de raiva. Nem pensar, isso não iria acontecer!

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