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Amar pode machucar

Amar pode machucar às vezes

Mas é a única coisa que eu conheço

Quando fica difícil

Você sabe, às vezes pode ficar difícil

É a única coisa que nos faz sentir vivos — Photograph — Ed Sheeran

Bianca Drummond

A sede do FBI não é nada parecida com os filmes. O lugar parecia uma mansão com vários cômodos, na entrada damos de cara com uma enorme sala, cheia de computadores e com muitas pessoas trabalhando. Kayla fala com algumas pessoas e continua caminhando, ando de mãos dadas com Connor por todo o caminho, algumas pessoas cumprimentam nós dois e respondemos com um sorriso. Andamos por um corredor e paramos na porta de uma sala, Kayla abre, e entramos. É um lugar grande, uma sala de interrogatório, eu acho, Inácio está do outro lado da sala, podemos vê-lo pelo vidro.

— Se quiser, posso ficar lá dentro com você — Kayla propõe.

— Não, eu vou sozinha. Ele não é louco de fazer algo contra mim.

— Está bem, nós vamos estar aqui do outro lado e ouvindo tudo — Kayla diz, e eu concordo. Solto a mão do Connor, ele sorri para mim me encorajando e dá um beijo em minha testa, caminho até a porta e abro, entro e me sento. Inácio fica me olhando por um tempo sem falar nada, eu sou uma mistura dos dois, do Inácio eu puxei os olhos e os cabelos loiros desde criança, da minha mãe foi o sorriso, assim como meu corpo, eu sou a minha mãe quando jovem.

— O que quer comigo? — tomo coragem e pergunto.

— Queria te ver, a vagabunda da sua mãe sumiu com você.

— Não fala assim dela, ela fugiu de você para me proteger. Eu me lembro de tudo, de todas as vezes que você surrou a cara dela, não sei quantas vezes foram e infelizmente ela demorou muito para sair da sua vida.

— É, eu errei nisso, devia ter matado ela e criado você à minha maneira, com certeza você já estaria casada com um homem digno e não com aquele frouxo do Connor.

— E quem te garante que eu não mataria você?

— Numa coisa sua mãe não errou, você é uma princesinha, incapaz de ferir alguém.

— Eu não sou uma garota frágil, e sim, eu teria coragem o suficiente para acabar com você. Porque se tem uma coisa que me motiva muito é a proteção dos meus, e saber que vai apodrecer na prisão me dá uma sensação ótima.

— É, eu provavelmente vou apodrecer na cadeia mesmo, ainda mais aqui, tenho uns assuntos inacabados, eu vou para o presídio de segurança máxima e lá tem algumas pessoas que querem me matar. Foi por esse motivo que quis te ver.

— Você está dizendo que provavelmente vai morrer e ainda assim diz todas essas coisas, me fazendo te odiar ainda mais?

— Você por acaso se importa comigo?

— Eu não sei — respondo sincera.

— Era essa a resposta que eu esperava. Quando tudo acontecer, eu não quero velório ou coisa do tipo, quero ser cremado, não mereço um túmulo ou uma homenagem.

— Eu não quero ficar ouvindo essas coisas. Eu vou embora. — E me levanto.

— Espera, Bianca. Eu tenho uma herança grande que é tudo seu por direito, é minha filha.

— Eu não quero dinheiro sujo.

— Não é sujo, é uma herança da família. É um dinheiro que guardei com a venda de todas as empresas antes da falência total, não é muito, mas é seu. Seu e da sua irmã.

— Como é? Irmã? Quem é?

— Alice.

— Que merda é essa?! Você dormiu com a melhor amiga da minha mãe e ainda a engravidou, na mesma época que minha mãe?! Ela sabe disso?

— Sua mãe sabe de tudo e Carina também, na verdade foi estranho. Ela estava bêbada e não me reconheceu, e eu me aproveitei, sempre achei a Carina linda.

— Você é nojento.

— Eu sei, filha. Sabe que Carina ficou morrendo de vergonha da sua mãe? Clarissa sempre foi muito compreensiva e eu diria que foi naquele momento que ela descobriu minha verdadeira índole, acredito que por sua causa ela não se separou de mim naquele momento. Quando Carina descobriu que estava grávida, queria de toda lei tirar, foi sua mãe quem a convenceu do contrário, ela concordou contanto que nenhuma das crianças soubessem da verdade algum dia.

— Por que está me contando então?

— Por que eu vou morrer, querida. A herança tem que ser dividida entre vocês duas.

— Estou chocada! Eu vou embora, já ouvi demais.

— Está bem, conte a verdade a Alice, por favor, é a única coisa que peço.

— Por que não pede para vê-la também?

— Porque Alice me odeia e ela nunca acreditaria, agora você sabe que eu estou falando a verdade.

— Tem razão, por algum motivo eu sei que fala a verdade. — digo e saio da sala, chocada com a revelação. Alice, minha melhor amiga, é minha irmã. Em que mundo isso não seria estranho?

— Como você está? — Connor pergunta assim que o vejo.

— Nada bem, eu só preciso de um abraço — falo. Ele sorri e me abraça, e nesse momento é tudo que eu preciso.

Minha casa não é mais a mesma, estou nervosa demais, as coisas que o Inácio disse me deixaram em choque. Faz dias que estou ficando na casa do Connor, mas hoje eu preciso estar aqui, na minha casa. Alice ainda não chegou do trabalho, hoje foi tudo muito corrido e ainda teve essa revelação dele. Ouço a porta abrir, é ela, mas não está sozinha.

— Bibi? Achei que estaria com o Connor — diz assim que me vê. O que me surpreende mesmo é ela estar com Gary depois de dizer que não queria nada com ele.

— Oi...

— Você está bem? Está estranha, brigou com o Connor?

— Não, estamos bem. Fui visitar o Inácio hoje.

— O quê? Por que fez isso? — pergunta se sentando do meu lado, Gary senta na poltrona que tinha na sala

— Temos que conversar, Ali.

— Estamos conversando, Bibi, não estou gostando disso. Você está aérea e isso nunca é um bom sinal.

— Eu fui almoçar com os pais do Connor hoje e depois fui falar com aquela amiga dele, Kayla, do FBI.

— Minha irmã convenceu você a falar com o escroto do seu pai. Não acredito nisso, ela não muda mesmo — reclama Gary.

— Você tem uma irmã? — Ali perguntou chocada

— Eu também fiquei chocada quando descobri, eles não se falam há três anos.

— Sim, tenho. Somos gêmeos. Se sabe que não conversamos mais deve saber o porquê também.

— Eu sei, Gary. E na minha humilde opinião, vocês deveriam conversar como dois adultos que são. Não é sobre isso que eu quero falar com você, Alice.

— O que quer falar, então? Está me deixando preocupada. — Ali fica instável quando se fala em sentimentos, ainda mais sobre os dela.

— Ali, Inácio me contou que nós duas somos irmãs. — Ela me olha surpresa.

— O quê?

— Ele me disse que eu tenho uma irmã e que é você, isso te torna filha dele.

— Isso é mentira. Você não acredita naquele louco, não é?

— Eu sei que ele está dizendo a verdade, por incrível que pareça eu sei.

— Você está me dizendo que minha mãe dormiu com esse cretino e engravidou, isso logo depois da tia Clarissa engravidar também, porque nós nascemos com apenas dois meses de diferença.

— É isso que estou dizendo, Ali. Inácio falou que encontrou com a tia Carina em uma festa e ela estava bêbada, ele se aproveitou dela. Essas foram as palavras dele.

— Quando ele diz que se aproveitou da minha mãe, isso significa que eu sou fruto de um estupro?

— Isso eu não sei, Ali. A única maneira de saber é falando com as nossas mães.

— Pois então é isso que eu vou fazer, vou para o Brasil amanhã mesmo.

— Eu vou com você.

— Meninas, isso é muita doideira...

— Eu que o diga, Gary...

— Como você está em relação a isso? — Ali pergunta, seus lindos olhos estão vermelhos.

— Eu não sei, mas isso não tem importância. Eu amo você, Ali, sempre vou amar. E se for minha irmã mesmo, meu amor por você só vai triplicar, porque antes mesmo de ele dizer isso nós já somos irmãs e isso nunca vai mudar — digo e a abraço, choramos juntas no sofá. No final daquela noite, Connor também veio para ficar comigo, e finalmente Ali e Gary estavam tentando algo sério.

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Comments

Regina Celia Dugaich

Regina Celia Dugaich

porque repete o capítulo,coisa chata

2023-03-01

0

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