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A vida inteira esperei uma resposta

É engraçado como tudo aconteceu

Quando parei de esperar.

Destino, NX Zero.

Bianca Drummond

Desde que Nick morreu, nunca me senti tão feliz como nesse final de semana. A entrega desse bolo de casamento meio inusitado foi perfeita, a decoração estava linda e o bolo ficou exatamente como os noivos desejavam. Mas como nem tudo é perfeito, na segunda-feira recebi uma visita um tanto inesperada na minha casa.

— Quem é você? — pergunto ao abrir a porta. Eu me lembrava desse homem, eu o vi no consultório da doutora Sandra, mas dessa vez ele está acompanhado

— Quem está aí, Bibi? — Alice diz aparecendo na porta. — Gary?

— Conhece eles? — questiono, virando-me para ela.

— Sim. A empresa dele sempre encomenda as coisas da confeitaria e eu às vezes eu levo até a empresa. — diz apontando para eles homem.

— Sei, mas o que estão fazendo aqui?

— Preciso falar com você. Bianca, não é? — o homem do consultório diz.

— Sim, mas acredito que não temos nada para falar. Não nos conhecemos. — retruco.

— O que eu tenho para lhe dizer é do seu total interesse.

— O que seria do meu interesse? Afinal de contas eu nem te conheço.

— Meu Deus, como você é difícil, garota. Eu hein... — fala, começando a se irritar.

— Não me chama de garota. Eu tenho nome, sabia? — digo irritada. Quem esse cara pensa que é para aparecer na minha casa assim?

— É garota, sim. Estou aqui tentando conversar com você e você fica dando chilique.

— Ah, mas você vai ver quem é a garota, seu insolente... — digo e entro em minha casa novamente.

— Não deveria ter falado isso... — ouço Alice dizer.

Pego um copo com água e volto para a porta, jogando a água no rosto do homem atrevido. Alice começa a rir descontroladamente, o amigo do homem também ri.

— Sua maluca! Qual é o seu problema? — Ele me parece bem irritado.

— Experimente me chamar de garota novamente, seu ridículo.

— Deveria controlar sua amiguinha, Alice. — fala irritado, tentando se secar

— Lembrou de mim, querido? — ela retruca, divertida.

— Claro, nós nos esbarramos algumas vezes na minha empresa, e você sempre foi grosseira comigo, Alice.

— É claro, você se acha o dono do mundo.

— Não, eu apenas não dou liberdade para algumas pessoas e certamente você sempre me pega nos dias ruins. — diz ácido.

— Ainda quero saber o que estão fazendo na minha casa. — interrompo a briguinha dos dois.

— Você é bem chatinha, hein. Coitado do meu filho se puxar esse seu gênio.

— Agora você ficou doido, acho que está precisando se refrescar novamente — ameacei, sem ter ideia do que ele está falando.

— Fica calma, Bianca. Entrem, vamos ver o que vocês têm para dizer. — Alice diz educadamente

— Nenhum de vocês vai entrar na minha casa. — reclamo.

— Bibi, se controla. Você lembra do Gary? Ele já foi na confeitaria várias vezes.

— Sei, eu lembro sim.

— Então sabe que eles não são tão estranhos assim — argumenta Alice.

— Ele sim, mas esse aí, não conheço. Nem sei o nome — falo apontando para o homem.

— Não seja por isso. Meu nome é Connor, e você está carregando um filho meu — diz tranquilamente.

— Como é que é? Você está louco. Como sabe que eu posso estar grávida? Eu nunca te vi, só naquele dia no consultório da doutora Sandra. É impossível eu estar grávida de você. Eu tenho consciência do doador que eu escolhi e com certeza não é você. — digo.

Seus olhos se transformam em uma mistura de raiva com decepção e, não sei por qual razão, isso machuca meu coração.

— Olha, aqui na porta não é lugar para essa conversa. Entrem e se sentem — Alice insiste, eles entram e se sentam. Eu me sento na poltrona na frente deles.

— Eu não sou nenhuma maluca, mas você me insultou na minha própria casa e isso eu não admito, posso ter passado dos limites e agido como uma menina mimada, mas isso que você está dizendo é loucura. O que te leva a pensar que eu estou grávida de um filho seu? Eu fiz um procedimento para ser mãe solo, mas você não é o doador que eu escolhi. — falo, da maneira mais educada possível. Aquele olhar dele me tocou de uma maneira estranha e me desarmou completamente.

— Sei que é estranho, mas houve um erro médico naquele dia. Você foi atendida pela Anelise, certo? — Connor começa a falar.

— Sim, a Sandra teve um problema naquele dia. Conheço bem o trabalho da Sandra, então me consultei com a doutora Anelise pois acredito que ambas possuem a mesma competência.

— Naquele dia, uma amiga faria uma inseminação artificial, mas você que fez no lugar dela.

— Como isso é possível? — O medo toma conta de mim, isso não pode ser verdade.

— Vocês têm o mesmo nome, as funcionárias fizeram uma confusão no prontuário e acabou acontecendo essa confusão…

— Isso só pode ser brincadeira... não tem como ser verdade isso. Isso não... — Eu estou desesperada, o meu desejo de ser mãe solo está indo pelo ralo, um momento especial que deveria ser apenas minha, está prestes a se tornar de outra pessoa.

— Eu sei que é loucura, mas você não tem que se preocupar, já pensei em tudo — Connor fala despreocupado

— Em tudo o quê?

— Você segue com a gravidez. Quando o bebê nascer, você me entrega e seguimos nossas vidas separados. Assim não precisará ter contato nenhum com o bebê. — ele explica de uma maneira tão natural que está me dando uma ânsia horrenda.

— De maneira nenhuma vou aceitar isso, eu quero ter um filho e esse foi o motivo da minha inseminação, não posso simplesmente entregá - lo a você como se isso não significasse nada para mim, isso é loucura. — quase grito, mas me arrependo em seguida porque não posso me estressar dessa maneira, caso contrário pode ser prejudicial para o bebê.

— E por qual motivo eu estaria louco? É meu filho, você não precisa, ou melhor, não tem direito algum sobre ele.

— Escuta, Connor, de maneira alguma eu vou aceitar isso. É o meu corpo e esse bebê é meu, está no meu ventre e você não irá tirá-lo de mim.

— Bianca, é o meu filho! Eu tenho o direito de fazer o que eu quiser! — grita nervoso.

— Você está na minha casa, abaixa o tom de voz! Está pensando que é quem?! Eu já disse e repito: você não vai tirar esse bebê de mim. — grito de volta.

Ninguém nunca ousou gritar comigo e não vai ser um estranho que vai fazer isso, porque é isso que Connor é, um estranho.

— Por favor, não gritem, para tudo tem uma solução, vocês podem ter a guarda compartilhada, agora não é hora de discutir isso. Se continuarem a brigar assim, ambos não serão uma boa influência para essa criança — Alice diz.

Ela é a pessoa mais sensata que conheço, não grita com ninguém e é um doce de pessoa, mas se alguém levantar a voz um pouquinho com ela, Alice se transforma completamente.

— É verdade, vocês deveriam se controlar. Acredito que uma criança tem que crescer em um lar harmonioso e com pais que se respeitam, independente se estão juntos ou não. Eu lhe disse que talvez dividir a guarda com a mãe seja a opção, Connor ela quer o bebê tanto quanto você, e a solução é vocês terem uma relação harmoniosa e dividirem a guarda do menor. — Gary concorda com Alice, nada me tira da cabeça que esses dois têm algum lance.

— Pois bem, vamos fazer assim: quando começar a sentir os sintomas de gravidez, você me liga e conversaremos melhor sobre o assunto. — Connor sugere.

— Só vou te ligar quando tiver a confirmação. Antes disso, não.

— Por que gosta de complicar as coisas? — diz em um tom irônico.

— Por que acha que tudo tem que ser do seu jeito? — provoco.

— Por favor, sem brigas — Alice pede.

— Estamos combinados então. Voltamos a nos ver em breve. Connor, vamos? — Gary diz.

— Vamos. Até qualquer dia, Bianca.

— Espero não te ver tão cedo, Connor.

— É recíproco, querida. — Seu tom de ironia me irrita e ele parece saber disso. — Adeus — diz assim que fecho a porta.

— O que foi isso, amiga? — digo me deitando no sofá onde Alice está sentada e colocando minha cabeça na sua perna.

— Eu não sei, Bibi. Agora o que nos resta é esperar para saber se a inseminação realmente funcionou e você está grávida do Connor, acho que seria legal você falar com aquela doutora para tirar todas as suas dúvidas e depois seguir com as nossas vidas.

— Ali a minha vida vai mudar completamente. Não quero ter outra pessoa na minha vida além do bebê.

— Você não quer que o Connor faça parte da sua vida?

— Eu realmente não quero isso, é loucura pensar que uma coisa que eu sonhei tanto, está se tornando um pesadelo. Eu penso no Nick, esse era o nosso sonho, agora vou ter que dividir isso com outra pessoa além de mim. Eu penso nele todos os dias da minha vida, desde a hora que levanto até quando vou dormir.

— Sei o quanto ama o Nick, mas está na hora de seguir com a sua vida. Você o ama isso é fato, mas não tem por que ficar desse jeito, você precisa viver e não sobreviver, como tem feito nos últimos anos.

— Eu sei, Ali. Mas o Nick é uma parte de mim, e eu o amo.

— Todos que te conhecem sabem disso, vocês se amavam muito, era lindo ver o amor que exalava de vocês. Infelizmente, a vida o tirou de você, mas não é preciso continuar vivendo assim, apenas se lembre dos momentos que tiveram juntos, dos momentos felizes.

— Vou tentar fazer isso. E quanto ao que eles disseram?

— Vamos esperar e ver no que vai dar, mas lembre-se da palavra Maktub: já estava escrito. É para acontecer — Ali diz acariciando meus cabelos.

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Comments

Virginia

Virginia

Que loucura!

2023-03-27

1

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