DIGA SIM AO AMOR
Andava rápido pelas sombras da madrugada, não podia ser vista e o medo era seu guia. Aquela figura quase insignificante junta uns trocados e compra uma passagem de ônibus, tentando fugir para o mais longe possível do seu passado. A touca do blusão tampava parcialmente o rosto, apenas uma pequena mochila nas mãos e aquele resto humano entra num ônibus de viagem rumo a liberdade, temendo ser pega e com medo do que a esperava, mas sabendo que qualquer coisa era melhor que continuar ali...
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Rute andava o mais rápido que as suas pernas cansadas permitiam . No alto dos seus cinquenta e três anos , a sempre alegre governanta dos Villas Boas , precisava chegar em tempo na praça logo à frente, para pegar carona com o seu marido Carlos, ele era o motorista da família e eles viviam um casamento sem filhos, para a tristeza de Rute, mas esse vazio sempre foi suprido pela presença do patrão que ela amava como a um filho e os seus pequenos bebês: Roberto de 6 anos e Mariana de 4 anos.
Estava irritada e eram poucas as vezes na vida que experimentou esse sentimento. Fez a entrevista com cinco possíveis babás na agência, mas nenhuma tinha o que Rute procurava. Marcou na agência e não deu o nome da família para evitar mocinhas atrás de casamento ou algo comprometedor com o patrão. Mas apareceram, moças sem qualificação: uma fumou durante a entrevista, a outra cheirava álcool, outra tinha aparência de quem queria ir a um baile e não um emprego. Resumindo, nada deu certo.
Ao chegar na praça, sentou-se num banco a espera do seu marido. Então começou a olhar ao seu redor e avistou num banco próximo, uma moça comendo um lanche, mas mesmo com uma aparência de fome, ela comeu apenas metade, guardando a outra parte no interior da mochila.
O seu coração compadesceu da moça, ela tinha o olhar assustado, mas, no fundo, tinha um brilho diferente. E quando a moça pegou uma pequena borboleta que estava no banco e colocou a numa flor no jardim ali perto, percebeu uma característica preciosa. Ela era boa de coração, os puros protegiam os pequenos animais. Rute resolveu puxar conversa com aquela pobre alma.
— Bom dia! Hoje será um dia quente, não é mesmo?
Ao ouvir a pergunta, a moça esboçou um tímido sorriso.
— O quê você faz aqui menina?
— Cheguei do interior, hoje pela manhã, estou a procura de emprego. — a moça tinha uma voz hesitante, mas falava bem, parecia ser educada, apesar da triste figura. As roupas eram de boa qualidade, mas pareciam pertencer a alguém maior, ela tinha boa postura.
Rute teve uma boa ideia , quem sabe se contratasse a moça para ajudar as outras funcionárias, ela daria mais atenção as crianças que tanto amava. Afinal tinha um quarto vago na ala de serviço.
— Você procura algo especial?
— Não, preciso de um lugar para pernoitar, estou sem dinheiro para pagar uma pensão ou algo do tipo.
— Que tal você ser ajudante de serviços gerais no meu trabalho? Posso conseguir que durma no emprego.
— Você me ajudaria mesmo sem me conhecer?— questionou a moça, com certa apreensão e insegurança.
— Menina, eu sou uma conhecedora da índole humana, não costumo errar nos meus julgamentos e lá na casa, tem tanta segurança que seria difícil alguém se dar bem em algum ato de maldade.
Se lá é tão seguro, ela estaria protegida trabalhando para essa família.
— Os Vilas Boas são uma família de prestígio. O patrão sai sempre nas redes e colunas sociais. — falou a senhora com orgulho.
Mas ao observar o rosto inexpressível da jovem, percebeu que ela não fazia ideia de quem era essa família. Mais um ponto a favor da garota.
— Qual o seu nome, minha filha? E a sua idade?
— Priscila... acabei de completar vinte e três anos.
Ruth estranhou, a moça na sua frente parecia uma jovem adolescente, apesar dos olhos refletirem vivência. Reparando melhor, o pouco que ela deixava mostrar do corpo era quase sem carne e pálido, como se não saísse ao sol, era uma triste figura.
Estendendo a mão para a moça, se apresentou:
— Sou Rute, a governanta de onde você irá trabalhar. Serei a sua sombra menina, até ter certeza de que você é digna de confiança. Nós temos dois pequenos tesouros na casa.
Priscila ficou em silêncio, não queria se envolver ou falar muito sobre si. Ficou muito satisfeita por essa senhora não perguntar o seu sobrenome ou pedir documentos, ela tentaria ser invisível enquanto pudesse, seria bem mais seguro agir com muita cautela.
Foi quando encostou um carro preto de vidros escuros, o seu coração gelou no peito, mas aquela senhora foi ao encontro do carro e o motorista desceu e beijou a mulher na boca, Priscila percebeu haver uma áurea de bondade vinda daqueles dois.
— Querido ,não contratei uma babá, mas uma ajudante!
— Minha querida, não foi para isso que saiu de casa. Precisamos de um babá.— questionou o homem.
Mas Rute parecia saber como convencer aquele homem aceitar tudo que ela dissesse.
— Não se preocupe, tudo dará certo. — virando-se para a Priscila falou — Venha meu bem. Pegue as suas coisas onde estão?
— Isso é tudo que eu tenho senhora. — falou envergonhada.
— Venha. Providenciarei uniformes para você. Na mansão terá uma boa cama e uma alimentação farta. Está muito magra minha filha.
Os olhos de Priscila encheram-se de lágrimas, mas ela controlou. Fazia muito tempo que ninguém se preocupava com o seu bem-estar ou que ouviu alguém com uma voz tão doce.
— Quando chegarmos, não precisará trabalhar por hoje. Eu apenas ensinarei as suas funções e você ajudará um pouco na cozinha, sendo onde eu mais permaneço.
Ela olhou fixo para Priscila, que ficou com medo dela perceber as suas quase lágrimas e questionar, se ela fizesse isso desabaria, estava no meu limite.
— Esse senhor bem-vestido e distinto, é Carlos meu marido. Nós trabalhamos a cerca de vinte anos com os Vilas Boas. Moramos lá, o senhor Vilas Boas cedeu-nos um pequeno chalé para morarmos na propriedade, assim ficamos num espaço independente da casa. Acariciando o braço do marido, virou-se para mim e falou:
— Descansa um pouco criança, você parece precisar e o caminho é um pouco longo, esse trânsito irá custar-nos um bom tempo.
Priscila assentiu com a cabeça e fechou os olhos, assim evitaria qualquer tipo de pergunta indesejada. Ainda não havia preparado uma boa história para contar aos futuros patrões.
A sua mente vagou no passado, trazendo na memória fatos que pareciam terem acabado de acontecer...
💥💥💥💥
AMADINHAS...
ESTOU TENTANDO ALGO NOVO NESSE ROMANCE, ESPERO QYE GOSTEM E CURTEM COM 👍 CADA CAPÍTULO PARA AJUDAR NA PONTUAÇÃO. SEYS COMENTÁRIOS ME AJUDAM A DAR UM RUMO NO ENREDO.
BJS DE Luz 💓💓
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Arlete Fernandes
Começando e parece ser uma história que promete vamos bora seguir e se deliciar e já sabem se não gostar é só sair e procurar outras okay!
2024-10-31
2
Luna Noir
começando a ler dia 16/11/2024
2024-11-17
0
Marilene Lena
Iniciando...15/11/24
2024-11-15
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