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DIGA SIM AO AMOR

CAPÍTULO 1 -Rute, um anjo.

Andava rápido pelas sombras da madrugada, não podia ser vista e o medo era seu guia. Aquela figura quase insignificante junta uns trocados e compra uma passagem de ônibus, tentando fugir para o mais longe possível do seu passado. A touca do blusão tampava parcialmente o rosto, apenas uma pequena mochila nas mãos e aquele resto humano entra num ônibus de viagem rumo a liberdade, temendo ser pega e com medo do que a esperava, mas sabendo que qualquer coisa era melhor que continuar ali...

*********

Rute andava o mais rápido que as suas pernas cansadas permitiam . No alto dos seus cinquenta e três anos , a sempre alegre governanta dos Villas Boas , precisava chegar em tempo na praça logo à frente, para pegar carona com o seu marido Carlos, ele era o motorista da família e eles viviam um casamento sem filhos, para a tristeza de Rute, mas esse vazio sempre foi suprido pela presença do patrão que ela amava como a um filho e os seus pequenos bebês: Roberto de 6 anos e Mariana de 4 anos.

Estava irritada e eram poucas as vezes na vida que experimentou esse sentimento. Fez a entrevista com cinco possíveis babás na agência, mas nenhuma tinha o que Rute procurava. Marcou na agência e não deu o nome da família para evitar mocinhas atrás de casamento ou algo comprometedor com o patrão. Mas apareceram, moças sem qualificação: uma fumou durante a entrevista, a outra cheirava álcool, outra tinha aparência de quem queria ir a um baile e não um emprego. Resumindo, nada deu certo.

Ao chegar na praça, sentou-se num banco a espera do seu marido. Então começou a olhar ao seu redor e avistou num banco próximo, uma moça comendo um lanche, mas mesmo com uma aparência de fome, ela comeu apenas metade, guardando a outra parte no interior da mochila.

O seu coração compadesceu da moça, ela tinha o olhar assustado, mas, no fundo, tinha um brilho diferente. E quando a moça pegou uma pequena borboleta que estava no banco e colocou a numa flor no jardim ali perto, percebeu uma característica preciosa. Ela era boa de coração, os puros protegiam os pequenos animais. Rute resolveu puxar conversa com aquela pobre alma.

— Bom dia! Hoje será um dia quente, não é mesmo?

Ao ouvir a pergunta, a moça esboçou um tímido sorriso.

— O quê você faz aqui menina?

— Cheguei do interior, hoje pela manhã, estou a procura de emprego. — a moça tinha uma voz hesitante, mas falava bem, parecia ser educada, apesar da triste figura. As roupas eram de boa qualidade, mas pareciam pertencer a alguém maior, ela tinha boa postura.

Rute teve uma boa ideia , quem sabe se contratasse a moça para ajudar as outras funcionárias, ela daria mais atenção as crianças que tanto amava. Afinal tinha um quarto vago na ala de serviço.

— Você procura algo especial?

— Não, preciso de um lugar para pernoitar, estou sem dinheiro para pagar uma pensão ou algo do tipo.

— Que tal você ser ajudante de serviços gerais no meu trabalho? Posso conseguir que durma no emprego.

— Você me ajudaria mesmo sem me conhecer?— questionou a moça, com certa apreensão e insegurança.

— Menina, eu sou uma conhecedora da índole humana, não costumo errar nos meus julgamentos e lá na casa, tem tanta segurança que seria difícil alguém se dar bem em algum ato de maldade.

Se lá é tão seguro, ela estaria protegida trabalhando para essa família.

— Os Vilas Boas são uma família de prestígio. O patrão sai sempre nas redes e colunas sociais. — falou a senhora com orgulho.

Mas ao observar o rosto inexpressível da jovem, percebeu que ela não fazia ideia de quem era essa família. Mais um ponto a favor da garota.

— Qual o seu nome, minha filha? E a sua idade?

— Priscila... acabei de completar vinte e três anos.

Ruth estranhou, a moça na sua frente parecia uma jovem adolescente, apesar dos olhos refletirem vivência. Reparando melhor, o pouco que ela deixava mostrar do corpo era quase sem carne e pálido, como se não saísse ao sol, era uma triste figura.

Estendendo a mão para a moça, se apresentou:

— Sou Rute, a governanta de onde você irá trabalhar. Serei a sua sombra menina, até ter certeza de que você é digna de confiança. Nós temos dois pequenos tesouros na casa.

Priscila ficou em silêncio, não queria se envolver ou falar muito sobre si. Ficou muito satisfeita por essa senhora não perguntar o seu sobrenome ou pedir documentos, ela tentaria ser invisível enquanto pudesse, seria bem mais seguro agir com muita cautela.

Foi quando encostou um carro preto de vidros escuros, o seu coração gelou no peito, mas aquela senhora foi ao encontro do carro e o motorista desceu e beijou a mulher na boca, Priscila percebeu haver uma áurea de bondade vinda daqueles dois.

— Querido ,não contratei uma babá, mas uma ajudante!

— Minha querida, não foi para isso que saiu de casa. Precisamos de um babá.— questionou o homem.

Mas Rute parecia saber como convencer aquele homem aceitar tudo que ela dissesse.

— Não se preocupe, tudo dará certo. — virando-se para a Priscila falou — Venha meu bem. Pegue as suas coisas onde estão?

— Isso é tudo que eu tenho senhora. — falou envergonhada.

— Venha. Providenciarei uniformes para você. Na mansão terá uma boa cama e uma alimentação farta. Está muito magra minha filha.

Os olhos de Priscila encheram-se de lágrimas, mas ela controlou. Fazia muito tempo que ninguém se preocupava com o seu bem-estar ou que ouviu alguém com uma voz tão doce.

— Quando chegarmos, não precisará trabalhar por hoje. Eu apenas ensinarei as suas funções e você ajudará um pouco na cozinha, sendo onde eu mais permaneço.

Ela olhou fixo para Priscila, que ficou com medo dela perceber as suas quase lágrimas e questionar, se ela fizesse isso desabaria, estava no meu limite.

— Esse senhor bem-vestido e distinto, é Carlos meu marido. Nós trabalhamos a cerca de vinte anos com os Vilas Boas. Moramos lá, o senhor Vilas Boas cedeu-nos um pequeno chalé para morarmos na propriedade, assim ficamos num espaço independente da casa. Acariciando o braço do marido, virou-se para mim e falou:

— Descansa um pouco criança, você parece precisar e o caminho é um pouco longo, esse trânsito irá custar-nos um bom tempo.

Priscila assentiu com a cabeça e fechou os olhos, assim evitaria qualquer tipo de pergunta indesejada. Ainda não havia preparado uma boa história para contar aos futuros patrões.

A sua mente vagou no passado, trazendo na memória fatos que pareciam terem acabado de acontecer...

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BJS DE Luz 💓💓

CAPÍTULO 2 - Eu, Priscila

Quando cheguei no orfanato foi um choque de realidade. Lembro-me que não me deixaram despedir-me de

minha mãe, eu tinha 9 anos e mesmo sem ter o carinho que toda a criança precisa, ela era a minha única família.

Estava na escola quando recebi notícias da morte dela por atropelamento, ela estava vagando embriagada pelas ruas , como sempre .

Autoridades vieram e levaram-me como se eu fosse uma criminosa, sem direito a nada, mandaram-me para um orfanato onde as aulas eram administradas ali. Eu não posso dizer ser ruim, mas as regras rígidas incomodavam e os castigos eram severos.

Como nem tudo é sofrimento nessa vida , existia a irmã Dulce que sempre tinha um afago para mim, uma palavra de carinho e as vezes, até algum doce escondido,era assim a minha infância e adolescência. Eu nunca fui adotada. Afinal quem iria querer uma filha que não fosse um bebê? Eu nunca tive esperanças de um dia ter um lar e o medo de completar 18 anos era grande, pois nessa idade éramos convidadas a sair.

No ano em que eu iria completar 18 anos, as freiras arrumaram-me um emprego numa loja de shopping. Irmã Dulce apresentou-me a três moças recém-saídas da instituição, elas dividiam o aluguel e estavam dispostas a aceitar-me para que a despesa diminuísse.

Ao completar 21 anos já é a gerente da loja, tinha um bom salário e vida estável. Nesse dia resolvi comemorar essa data importante para mim num barzinho com algumas amigas da loja, mesmo não bebendo nada de álcool, o suco e a música ao vivo era maravilhosa e quando começaram a tocar uma seleção de músicas românticas, um rapaz educado e bonito chamou-me para dançar, com o incentivo das amigas, eu fui e desse dia em diante,a minha vida mudou por completo. Comecei a namorar o Nicolas que era muito carinhoso e atencioso, um sonho para qualquer jovem, o meu primeiro namorado. Ele foi meu primeiro beijo, primeiro amasso, foi o primeiro homem na minha vida e mesmo a nossa primeira vez ter sido horrível, ele convenceu-me a morarmos juntos com apenas quatro meses de namoro, afinal eu não era mais virgem, quem iria querer-me?

Iríamos dividir as nossas vidas como num conto de fadas, afinal eu não tinha família e ele também não. Por um tempo, vivemos relativamente bem, mas quando eu falava que o sonho era ser mãe, ele desconversava. Com o passar do tempo, ele começou a chegar tarde em casa, já não era mais o companheiro tão carinhoso. Também percebi que ele andava bebendo diariamente, isso me incomodava, pois, traziam lembranças do meu passado com a minha mãe alcoólatra e isso me machucava. Certa noite, quando chegou tarde eu questionei-o, em resposta levei um soco no meu rosto e tive que carregar na maquiagem por 15 dias. No dia seguinte a agressão, ele levou café da manhã na cama junto com um pedido de desculpas e beijos apaixonados. Então eu perdoei-o, mas aí vieram os empurrões, os beliscões... Mas quando eu pensava em ir embora, ele podia perdão e os olhos dele enchiam-se de lágrimas. Falava em construirmos uma família linda, teríamos dois filhos e um cachorrinho.

Certa vez,resgatei um filhotezinho e levei para casa toda feliz, iria dizer-lhe que estávamos iniciando os nossos sonhos de ter uma família completa, pois, eu suspeitava estar grávida. Quando falei, eu não sofri uma punição, mas o pobre do filhotezinho teve a sua cabeça e esmagada com o impacto ao se chocar contra a parede.

Naquela noite ele usou-me com brutalidade, mesmo eu estando ainda em choque pela morte do cãozinho. Esperei que ele dormisse e fiz uma pequena cova no jardim, onde enterrei aquele pequenino. Chorei em silêncio com toda aquela brutalidade, mas como sempre, culpei a bebida e continuei.

Quando eu completei 22 anos, ele não me deixou sair com as minhas amigas da loja para comemorar ,dizia que: "mulher minha não fica andando por aí". Arrumei uma desculpa para as amigas para não ir. Naquela noite, cheguei em casa com um buquê de rosas e uma pizza para comermos juntos. Tomei um banho, me perfumei e esperei por ele até adormecer no sofá. Fui acordada com tapas na cabeça e ele fedia não só ao costumeiro álcool , mas também a perfume barato. Enfurecida reclamei dizendo que esperei para comemorar com ele o meu aniversário e que a pizza esfriou em cima da mesa. Ele surtou e gritou:

— Não arrumei mulher para comer pizza quero uma janta decente, agora!

Levei mais alguns algum chutes e socos enquanto estava no chão, depois ele me arrastou até o fogão para cozinhar. Fiz a comida , mas planejava meu futuro, seria meu último dia ali,no dia seguinte eu iria embora , não seria mais maltratada dessa forma.

Mas não, no dia seguinte ele viu-me pronta, com as malas feitas e aquele foi o meu fim. Tentei explicar, mas não adiantou. Ele espancou-me de cinto, pedi que parasse, disse que provavelmente estaria grávida levei socos na barriga e chutes violentos, desmaiei...

Quando eu abri lentamente os meus olhos, percebi que já estava escurecendo, tentei levantar e senti tinha uma corrente presa aos meus tornozelos e estava deitada em meio a uma poça de sangue, eu havia perdido o meu bebê! Chorei, tentei soltar-me e nada. Passaram-se três dias quando ele apareceu, arrastou-me até o banheiro, ligou o chuveiro e violentou-me ali mesmo. Sentia-me suja, nojenta e cada vez que ele invadia o meu corpo, eu vomitava.

Não fui mais ao trabalho e à minha esperança era que alguém viesse procurar-me. Mas ninguém sentiu a minha falta, a corrente do meu pé em um ano de uso, aumentou de tamanho para eu poder limpar a casa e cuidar dos afazeres domésticos.

As vezes durante a noite ele usava-me para não apanhar eu aceitava e fingia prazër, mas eu tinha nojo, nojo dele e de mim mesma. Não tinha mais o meu celular, televisão muito menos o rádio. Eu apenas continuava viva por saber que não devia tirar a minha própria vida. Nunca entendi como fui chegar a esse ponto, eu era um nada, um ser sem vida, sem perspetiva de melhorar.

Com o passar dos meses comecei a ter um fio de esperança. Quando ele estava embriagado, dormia como uma pedra e as vezes até se esquecia de colocar a corrente novamente nos meus pés após me usar. Eu já estava juntando algumas moedas há algum tempo que eu encontrava sempre nos seus bolsos ou caídas pela casa.

Escondi num local seguro os meus documentos e a pequena economia, esperando por uma oportunidade. Tentava não falar, não questionar e apenas obedecer, os meus dias se resumiam em esperar...

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BJS DE Luz 💓💓

CAPÍTULO 3 - Um lugar

Priscila abriu os olhos apenas quando sentiu que o carro estacionava, respirou o fundo tomando coragem para começar a sua nova vida.

O lugar era imenso... um belo jardim ligo na entrada chamou a atenção de Priscila que amava a natureza. Só em olhar fachada da casa, já imaginava o luxo que era, os muros altos e opressores, eram disfarçados com plantas, dando um ar mais leve.

Aquele lugar era enorme tinha tanto espaço que lembrava o orfanato

— Venha Priscila vou levar você até a área de serviço,anda menina.— chamou e Priscila a seguiu de cabeça baixa.

Priscila olhou o quarto onde ficaria, ele era pequeno, mas confortável. Tinha um pequeno banheiro e até uma pequena geladeira, ali pelo que notou, o conforto dos funcionários era prioridade.

Rute abriu o armário e mostrou alguns uniformes. Todos da mesma cor azul-escuro e consistia em: vestido, lenço, avental e sapatilha no mesmo tom. A moça pensou em como foi sorte ter conhecido Rute. Ela tinha apenas a roupa do corpo e peças pequenas. Quando fugiu, trouxe apenas o necessário e vestiu a primeira roupa que encontrou.

— Tome um banho. Coloque o uniforme e vem até a cozinha, ou melhor, espere-me aqui que venho te buscar . Ruth saiu apressada deixando Priscila ali pensando em como poderia ficar invisível naquela casa. Nicolas jamais me encontraria! Era só não ligar para ninguém, não ter rede social, aliás nem tinha para quem ligar. Seria fácil para ela ficar longe da ameaça que aquele homem lhe afligia.

Tomou o seu banho rapidamente, colocou o uniforme e esperou por Rute. Assim que a governanta apareceu na porta, a moça foi rapidamente ao seu encontro, caminhou hesitante pelo pátio seguindo os passos da senhora. Ao entrarem na cozinha, já havia algumas panelas no fogão e o cheiro delicioso de comida tomava conta do ambiente.

— Menina, lave a salada, depois vá lavando a louça, assim o meu dia irá render.— enquanto falava, ia tomando conta das panelas.— Nessa casa vive o senhor Leonardo e os seus dois filhos, o patrão é viúvo a dois anos, mas não falamos sobre esse assunto nessa casa.— o tom de voz dela deixava claro que não era algo para ser falado na casa.

Rute percebeu que aquela moça não era de muita conversa ,que não se interessava pela vida dos novos patrões e isso era bom .

Observou por algum tempo a desenvoltura da jovem no trabalho, ela sabia o que fazer. Algo intrigava a mulher… Porquê mesmo com o calor que fazia, a menina estava usando meias e uma blusa longa por baixo do uniforme? Dava a impressão de que ela escondia algo.

Priscila percebeu o interesse mudo da governanta, mas fingiu não notar. Se quisesse ficar ao menos por um tempo ali, precisava se manter em silêncio e apenas cumprir os seus deveres. Que Deus lhe ajudasse e ninguém descobrisse sobre o seu passado.

— Além dos patrões, moramos eu e o meu Carlos num chalé, nos fundos da propriedade, uma generosidade do senhor Leonardo. Temos aqui mais duas senhoras que chegam de manhã e à tardezinha vão embora, um jardineiro que também cuida da piscina e está aqui diariamente. Também temos uma lavadeira que vem para cuidar apenas das roupas. os cinco seguranças se revezam no serviço.

Vendo que a moça se mantinha em silêncio, Rute continuou:

— Você terá contato apenas comigo, as vezes com as duas senhoras da limpeza, gradualmente entenderá a rotina da casa. Aqui todos circulam pelo ambiente de uniforme, é proibido andar pela propriedade sem a devida identificação.— apontando em direção a uma varanda, continua — no espaço ao lado é onde nós empregados nos alimentamos. No piso superior, onde ficam os quartos é expressamente proibido subir sem autorização. O patrão não gosta de estranhos por lá. E sou eu que fico responsável pelas contratações, pagamentos e tudo o que diz respeito aos funcionários da casa, apenas os seguranças ficam sob as ordens do senhor Leonardo.

Quando tudo ficou pronto na cozinha, Priscila preferiu ir para o seu quarto, não tinha fome, mas aquela menina era uma incógnita ela não levantava os olhos, olhava sempre para o chão e era muito assustada, se envolvia a qualquer barulho.

— Carlos levará uma TV para você é como combinamos pode descansar, só deverá encontrar-me aqui na ala das refeições às 7 horas da manhã sem atraso.

— Sim, senhora. — Priscila sentiu-se aliviada, queria estar sozinha, aprendeu viver assim nesse um ano de isolamento.

Rute ficou a observar a moça se afastar e percebeu que ela andava com certa dificuldade, parecia faminta apesar de recusar o almoço.

Priscila tirou a sapatilha,deitou-se na cama sem tirar as meias. Não gostava de ver aquelas feridas no seu tornozelo. Esperava que ela sumisse com o passar do tempo e assim pudesse esquecer de vez aquele martírio que viveu e a sensação do peso daquelas correntes que ainda sentia no seu tornozelo, ainda contava os passos para não andar além e os grilhões ferirem. Será que algum dia deixaria de contar os passos? Um ano era muito tempo acorrentada.

Estava deitada na sua cama, numa posição fetal, como se acostumou a dormir para evitar deixar o corpo exposto para as agressões, quando acordou com uma batida leve na porta. Ela ouviu a voz de Rute:

— Priscila? Vamos entrar.

Com um salto a moça sentou-se na cama numa postura ereta e alerta. Era Rute com o seu marido trazendo uma pequena tv. e um radinho.

— Para você passar o seu tempo será bem tratada apenas guarde as regras que lhe passei, trouxe também algumas frutas para você comer quando der fome e algumas bolachas. Mantenha sempre água e alimentos. Por conta dos seguranças, não é bom ficar andando fora de hora você intende-me?

Priscila concordou com a cabeça, pegou o prato com o almoço que Rute havia feito para ela. Não estava com fome havia acabado de comer o resto do sanduíche que guardara na sua mochila, mas aceitou em silêncio o prato.

— Bem menina… bom descanso e espero você amanhã, a chave está na porta. — Rute esperou por uma resposta, mas vendo que a moça se mantinha em silêncio, saiu sem puxar mais conversa.

💥💥💥

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VAMOS DESENROLANDO AOS POUCOS ESSA TRAMA.

BJS DE Luz 💓💓

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