capítulo 15

Após ler a carta da minha mãe foi inevitável as lágrimas rolarem pelo meu rosto. Fiquei algum tempo no meio da rua me recuperando, até que finalmente peguei o ônibus e retornei para casa.

Passo pela porta e vou em direção a cozinha, alí encontro meu pai adotivo preparando o jantar.

— Fazendo o jantar? — perguntei.

— E… precisava me distrair um pouco — fala ele com um tom baixo e desanimado.

— O cheiro parece ótimo. Você cozinha bem mais do que a mamãe comentava.

— Ela tinha ciúmes da cozinha… por isso ela sempre levantava esses boatos — abriu um meio sorriso.

 Me aproximei do fogão, peguei uma colher e retirei um pouco do molho. Assim que experimentei meus olhos brilharam, aquilo realmente estava muito bom.

— Nossa… Mas o que a mamãe falava sobre senhor, deveria ser considerado um crime! Isso está ótimo — argumentei enquanto meus olhos estavam arregalados.

— Obrigado filha…  sabia que antes de conhecer a Patrícia, participei de um programa de TV sobre cozinha. Porém, fui eliminado logo no início, desde então enterrei meu sonho de ser um famoso chef de cozinha.

— Você poderia tentar, sabia? Nunca é tarde para correr atrás de seus sonhos.

— Talvez… Mas, largar assim… Meu emprego e investir em um sonho?

— Isso é bem mais do que um sonho papai, cozinhar é sua principal paixão. Não deveria ter desistido no primeiro obstáculo que apareceu!

— Talvez você tenha razão… Poderia colocar a mesa por favor? — falou educadamente.

Me afastei do fogão e fui até o armário pegar as coisas necessárias para arrumar a mesa. Assim que terminei, o jantar foi servido. Por um breve momento o silêncio predominou sobre o ambiente, meu pai não parava de olhar a cadeira vazia que estava entre mim e ele.

— Aonde foi hoje filha? — falou ele na tentativa de puxar assunto e tirar sua atenção da cadeira.

— Eu não te contei… Esqueci… Meus pais de sangue mandaram um advogado atrás de mim.

Meu pai adotivo para de comer e fica apreensivo.

— O que eles querem com você depois desse tempo todo?

— Eles morreram, e mandaram o advogado atrás de mim para herdar todos os bens deles, além disso vou assumir o clã. Amanhã vou à mansão, reivindicar esse direito. Mas tudo isso não é nada, o que realmente importa para mim é que meu pai de sangue me pediu desculpas e suas últimas palavras disse que me amava, isso significa muito mais para mim do que qualquer bilhão de dólares.

— Isso quer dizer que minha lobinha, vai sair de casa para viver sua vida em uma alcatéia? Aura, não acha que pode ser muito perigoso?

— Papai, não se preocupe… sou uma loba, quantos ladrões já coloquei para correr? Vou ficar bem!

— Aura, ladrões… não são nada comparados a vampiros lobos… seja lá o que tiver pelo mundo! Quando assumir o clã de lobos, você também entrará no mundo desses seres poderosos. Será que dará conta se alguma coisa acontecer?

— Eu sei… eu também estou com medo, mas eu preciso fazer isso. Não posso ficar aqui e me esconder para sempre, preciso ir ao encontro da minha alcatéia.

— Eu entendo… Acho que no fundo sabia que um dia isso iria acontecer, afinal você não é humana. Era questão de tempo para se unir aos lobos.

— Obrigada por entender.

— Filha, por favor… a única coisa que vou te pedir é para tomar cuidado, não quero te perder  como perdi sua mãe.

— Tomarei cuidado Senhor Estevan, pode ficar tranquilo — abri um sorriso.

Após o jantar, lavei a louça e fui para meu quarto. Tirei a carta do meu pai de sangue, da minha bolsa e coloquei na gaveta. A seguir segui em direção a janela e olhei com tristeza em direção a lua.

— Eu te perdoo, papai, por tudo que disse e o que fez. Afinal você assim como minha mãe só queriam me proteger… Mas eu prometo, que vou achar o miserável que fez isso com vocês e vou matá-lo com minhas próprias garras! — falei fechando os meus punhos, enquanto sentia meu sangue ferver.

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