capítulo 9

Assim que que aquele imbecil saiu da loja, Dona Ju, apareceu segurando um pequeno vaso com margaridas, suas flores favoritas. Ela colocou sobre o balcão e se assustou ao ver meu rosto mais vermelho do que um tomate.

— Meu Deus Aura, que bicho te mordeu hoje?! — falou ela espantada.

— Não foi nada Dona Ju, apenas um adolescente com muitos hormônios... Imbecil! — gritei em direção a porta por onde ele havia saído.

Ela abriu um meio sorriso, em seguida olhou para o relógio em seu pulso.

— Bem... De qualquer forma seu turno acabou por hoje. Já pode ir, só tomei cuido com o cupido. No dia dos namorados ele costuma estar a espreita, pronto para disparar suas flechas em pessoas solitárias — falou ela em um tom como se estivesse contando uma história de terror.

— Isso nunca vai acontecer, sempre estou bem precavida quando o assunto é área sentimental — Falei enquanto tirava o avental.

A seguir peguei minha bolsa. Estava prestes a sair, quando um homem alto usando terno entrou.

— Bom dia, Aura trabalha nesse estabelecimento? — perguntou ele.

Assim que ele fez essa pergunta, girei os olhos imaginado que ele estava ali sobre orders de mais um idiota apaixonado.

— Sinto muito, o turno dela acabou e está indo embora, quer deixar recado? — respondi.

— Meu nome é Jorge Atlas, sou advogado. Estou aqui para entregar uma carta, que a mãe dela mandou entregar antes de morrer — falou ele enquanto tirava o envelope da sacola.

Assim que ouvi as palavras dele, sobre minha mãe imediatamente meu coração ficou apertado.

— Você está falando de Lara? Como assim ela morreu? — perguntei incrédula.

— A cerca de de dois anos atrás, Lara e seu Marido morreram em um acidente. Mas antes disso... Ela passou no meu escritório e me deu esse envelope, juntamente com esse pingente e me mandou entregar na data de hoje para alguém chamada Aura — fala ele exibindo os objetos em mãos.

— Como disse... Aura acabou de sair... — falei enquanto tentava controlar minhas lágrimas.

Dona Ju, olhou para mim incrédula, mas não interferiu. Afinal sabia que era uma decisão que cabia a mim.

Sai da loja, andei alguns metros pela calçada, até que encontrei um beco, entrei sem nem pensar duas vezes e então as lágrimas desceram sem controle. Porquê apesar da grande mágoa que sentia de Lara, e por mais que negasse que ela era minha mãe, ainda a amava.

Após alguns minutos consegui me controlar. Sai do beco e continuei a minha rotina normalmente, fui para faculdade, assisti as aulas normalmente, peguei o ônibus de volta para casa. Porém assim ué cheguei em frente a porta, inexplicavelmente as lágrimas começara a brotar novamente sem controle.

Abri a porta rapidamente e corri o máximo que minhas pernas podiam em direção ao meu quarto, já que não queria que minha mãe adotiva descobrisse o que tinha acontecido. Abri a porta e assim que entrei, larguei a bolsa no chão e me joguei na cama.

Neste momento não me segurei e deixei tudo sair, apenas peguei um travesseiro e coloquei na boca para que ninguém conseguisse me ouvir. Não queria deixar meus pais preocupados.

Porém, da nada adiantou. Escutei alguém bater a porta, era Patrícia minha mãe adotiva. Levantei da cama e enxuguei meus olhos, caminhei e levei minhas mãos até a chave e destranquei a porta.

— Sim mamãe? — falei enquanto olhava nervosa em direção aos olhos castanhos dela.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou desconfiada.

Como não adiantava nada esconder, resolvi falar tudo o que tinha acontecido. Conduzi ela em direção a cama e sentamos no colchão, ali fiz o resumo do meu dia e a aparição do tal advogado.

— Porque não falou com ele filha? — perguntou perplexa.

— Sei lá... Eu ainda sinto ódio dela, o fato dela ter escolhido a fortuna e a riqueza do meu pai ao invés de mim! — falei enquanto levantava da cama.

— Será que ele vai voltar amanhã? — perguntou minha mãe adotiva.

— Provavelmente... — respondi angustiada.

— Então não fuja! Você é uma loba e lobos não tem medo de nada! — falou com a voz forte, na tentativa de me passar coragem.

— É diferente mamãe... Depois de tantos anos não me esqueci as palavras horríveis que meu pai de sangue falou — levei minhas mãos para meus olhos.

— Eu sei que você está ferida... Mas não pode fugir disso, está no seu sangue — fala ela tirando as minhas mãos dos meus olhos.

— Eu não sei... Estou com medo... Não sei o que aquele advogado quer comigo — falei olhando diretamente nos olhos dela.

Minha mãe olha diretamente para a janela, e nota que naquela noite a lua estava cheia.

— Hoje é noite de lua cheia... Enquanto está fora, porque não vai aliviar essa cabecinha? As melhores soluções sempre aparecem assim — abre um sorriso discreto.

— Está bem... — falei.

Saímos do quarto, e descemos em direção ao quintal da casa. Alí pude ver melhor a luz do luar que ganhava a noite. Não demorou muito para sentir que minha loba queria sair. Porém, antes de me transformar olhei para trás e falei já com a voz um pouco alterada.

— Te vejo amanhã...

Me transformei em minha forma de loba, e assim que a transformação terminou uivei para a lua e sai em disparada.

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Comments

Rosaria TagoYokota

Rosaria TagoYokota

essa sim e mae mesmo sendo loba ela afotou ela com amor

2025-03-24

0

Fátima Ramos

Fátima Ramos

Será que o pai queria um filho macho?

2024-12-10

0

sandra helena barbosa

sandra helena barbosa

Será que eles morreram mesmo 🤔

2024-12-27

0

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Atualizado até capítulo 75

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