Capítulo 9

Melinda abriu os olhos, e entre as brumas, vislumbrou um par de braços musculosos que o cercavam. Quando sua visão se tornou clara novamente, Melinda foi surpreendida pela presença de um homem sem camisa que a abraçava tão firmemente.

— Aaahh! — Melinda gritou, chutando reflexivamente o homem até que ele caísse no chão de forma trágica.

— Ah! — gemeu o homem de voz grave, despertando Melinda para o fato de que quem ela havia chutado era seu próprio marido.

— Senhor Son! — exclamou Melinda enquanto saía apressadamente da cama. Melinda ficou chocada ao ver as costas das mãos de Allison liberando sangue fresco de debaixo do curativo que cobria sua ferida.

— Senhor, você está ferido!

Melinda se aproximou e tentou ajudar Allison a se levantar. No entanto, Allison afastou delicadamente sua mão e gritou: — Afaste-se!

Foi apenas um empurrão leve para Allison, mas foi o suficiente para fazer o corpo de Melinda cambalear e bater nas beiradas da cama. Felizmente, Melinda estava bem e não se machucou.

Enquanto Allison se levantava sozinho e saía do quarto com impaciência, deixando Melinda sozinha, a atitude áspera de Allison não machucou o coração de Melinda. Ao contrário, ela sentiu-se culpada por ter ferido Allison.

— Quando ele se machucou? — , Melinda se perguntou curiosa sobre como Allison havia se ferido nas costas das mãos. Afinal, um príncipe deveria ser protegido, então como ele poderia estar machucado? Várias perguntas surgiram na mente de Melinda.

Melinda saiu do quarto em busca de Allison e o encontrou sentado no sofá da sala de estar, enquanto um jovem médico suturava sua ferida aberta. Melinda sentiu arrepios ao vê-lo. Era estranho, quando ele mesmo estava ferido, Melinda estava bem e não sentia medo algum. Por que ela se sentia assustado e culpado ao ver Allison ferido por sua causa?

— Eu não deveria ter feito isso, afinal de contas ele é meu marido. Minha vida, meu corpo são dele. Mas foi culpa dele por dormir no meu quarto! — , murmurou Melinda, justificando a si mesma.

— Esqueça tudo isso, agora tenho que encontrar uma maneira de pedir desculpas. Eu preciso dele para investigar a morte de meu pai e descobrir o paradeiro de Molina — , pensou Melinda, ponderando intensamente.

Melinda sorriu amplamente ao pensar em uma ideia. Ela se apressou em direção à cozinha, planejando fazer café para Allison. Desde que se casaram, Melinda nunca havia feito café, mas desta vez ela faria como um pedido de desculpas.

— Posso ajudar em alguma coisa, senhorita? — perguntou o empregado com educação e simpatia.

— Eu só quero fazer café, Bia. Posso fazer isso sozinha.

— Certo, senhorita. Me chame se precisar de alguma coisa — , respondeu ela. Melinda assentiu com a cabeça em resposta.

— Só tem café comum, espero que ele ainda goste.

Com uma xícara de café especial pronta, Melinda a levou para a sala de estar. De longe, ela pôde ver Allison sentado no sofá, ainda sem camisa, e ficou nervosa ao ver os músculos robustos que adornavam seu corpo musculoso. O médico e o assistente Juan não estavam mais lá. Parecia que o assistente Juan havia saído para levar o médico embora.

— Senhor — , chamou Melinda com uma voz muito suave, mas ainda audível para os ouvidos atentos de Allison.

Allison apenas lançou um breve olhar para Melinda e fechou o documento em cima da mesa. — O que é? — foi a resposta curta, direta e clara de Allison. Ele economizava palavras, e sua voz grave como o mar parecia tão valiosa. No entanto, Melinda se sentiu um pouco aliviada por Allison não estar mais em silêncio.

— Por favor, tome o seu café, Senhor Son — , Melinda colocou a xícara de café bem diante de Allison, que não olhou para ela.

Allison olhou para o café por um longo tempo, então pegou a xícara e a bebeu de uma só vez. Melinda suspirou aliviada, pelo menos Allison não fez o mesmo que seu pai costumava fazer, jogar o café quente em seu rosto.

— Embora seja econômico em palavras, pelo menos o temperamento de Senhor Son não é tão ruim quanto ao de meu pai — , murmurou Melinda baixinho.

Melinda instintivamente cobriu a boca com medo quando Allison lançou um olhar afiado na sua direção. — Eu não disse nada, Senhor.

— Sai! —

— Ta-bem — , Melinda se virou rapidamente, sem se esquecer de trazer a xícara vazia com ela.

***

Naquela manhã, Melinda estava pronta com seu uniforme escolar. Ela foi para a escola de bicicleta, enquanto Allison já havia saído para a empresa.

Na metade do trajeto, Melinda parou a bicicleta por causa de uma ligação que estava recebendo. Melinda franziu a testa de surpresa porque era a assistente de Juan ligando para ela. Melinda atendeu imediatamente.

— Olá, o que está acontecendo, assistente Juan?

— Que bebida a Srta. Fay lhe deu? — , perguntou o assistente de Juan, indo direto ao ponto.

— Bebidas? — Melinda de repente girra.

— Sim.

— Ah, eu dei café ao Sr. Allison esta manhã como um pedido de desculpas. Mas, por que está perguntando?

— Oh, meu Deus! — , respondeu o assistente de Juan, frustrado.

— O que está acontecendo, assistente Juan? — , perguntou Melinda com o rosto subitamente pálido.

— O Sr. Allison é alérgico à cafeína! De agora em diante, você deve se lembrar disso!

— Onde está o Sr. Son agora?

— Ainda na estrada para o hospital de Oesterian.

Melinda desconectou imediatamente a chamada e, em seguida, partiu em sua bicicleta em alta velocidade para alcançar Allison, que já havia sido levada ao hospital.

***

BRUK!

O corpo de Melinda foi parar no chão do hospital depois de ser violentamente empurrada por Diana, que não era outra senão a avó de Allison.

— Pensei que você fosse uma garota boa e inocente, tão boa e inocente quanto minha nora, Cleona. Mas acho que me enganei. Por sua causa, quase perdi meu neto! — , esbravejou Diana, que ainda parecia jovem e forte, apesar dos 60 anos de idade.

Melinda não se defende de forma alguma, ela admite sua falta de cuidado. Ela deveria ter perguntado antes de dar o café a Allison. Ao ouvir a rainha Diana dizer que Allison quase perdeu a vida, Melinda se sentiu ainda mais culpada. Na verdade, ela nem se importou com o sangue que escorria de sua testa ao bater no canto da cadeira.

— Sua desgraçada azarada! Saia daqui! — , esbravejou Diana com raiva. A condição de seu neto era tão ruim que ela teve de ser levada para a sala de UTI.

— Deixe-me ver como está o Sr. Son, senhora.

Apesar de ser chamada de amuleto da má sorte pela avó de seu marido. No entanto, Melinda não ficou nem um pouco triste, pois os insultos haviam se tornado seu pão de cada dia.

— Quase tirou a vida do meu neto e agora você quer ver? Juan, não espere por isso!

— Sim, senhora.

Melinda ficou impotente ao ser forçada a se afastar pelo assistente de Juan. — Quero ver o estado do Sr. Son. Tenho que me desculpar com ele, por favor, deixe-me vê-lo, só por um momento — , implorou Melinda ao assistente de Juan.

— Não piore as coisas, senhorita. A grande dama Diana está com um ataque de fúria, é melhor ir para casa agora. O estado do Sr. Allison está melhor, ele já saiu da sala de UTI — , persuadiu o assistente Juan a Melinda.

— Sério?

— É claro que é melhor você ir para casa agora.

— Por favor, transmita minhas desculpas ao Sr. Son

— Está bem, vou lhe contar

Melinda não pôde deixar de ir para casa, porque ir para a escola era inútil, ela já estava atrasada. Melinda também não conseguirá estudar com tranquilidade até que peça desculpas diretamente a Allison.

Melinda não sabia que Allison era alérgico à cafeína. Por que Allison beberia seu café imediatamente? — Qual é exatamente a sua natureza, Sr. Son? — , murmurou Melinda enquanto pedalava para casa.

Além de pensar muito sobre Allison. Melinda também estava pensando e fazendo alguns planos. Melinda planejava transformar sua casa em um orfanato. Dessa forma, seus irmãos mais novos viveriam em um lugar mais decente.

No entanto, seus bons planos foram frustrados quando ela viu que as chamas haviam consumido sua casa, a residência de Plavius.

— Mamãe!

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