Capítulo 19

Quando a equipe de bombeiros terminou de fazer seu trabalho, imediatamente informou o chefe da equipe por meio de um radinho de comunicação que o homem que estava dentro do carro, infelizmente, tinha morrido queimado. Próximo dali, havia um corpo de uma mulher, e afirmaram que a mesma estava gestante.

A equipe também informou que o pulso estava bastante fraco e achavam que ela não sobreviveria por muito tempo, a menos que a socorressem rapidamente.

Quando Ruan ouviu a notícia, imediatamente lembrou-se de Madalena e de sua filha, na qual não queria reconhecer. Ele franziu o cenho e achou um pouco estranho ter pensado em Madalena naquele momento.

A equipe de paramédicos vinha segurando uma maca, e a mulher gestante estava sobre ela. Porém, ele não viu o rosto, porque quando foi ver quem seria a pessoa, seu amigo Jonathan o chamou. Os dois trocaram algumas palavras e foram interrompidos por um integrante da equipe de médicos.

O jovem enfermeiro vinha com o documento da paciente em mãos e então mostrou para Jonathan. O mesmo pegou o documento e atentou bem ao nome da paciente.

— Madalena? É um nome muito bonito, tanto quanto a dona, e parece muito alguém que já socorri no passado. Levem ela imediatamente para o hospital.

— Madalena?

O coração de Ruan disparou fortemente no peito, não sabendo se sentia medo de ser Madalena naquela ambulância, ou se era ela ali, e tinha medo de não vê-la nunca mais. Mesmo que aquele momento não fosse apropriado para lembrar de seu passado, não teve jeito, Ruan lembrou-se de Diana e da péssima notícia que recebeu quando ela morreu. Não queria que esse péssimo dia se repetisse novamente com ele.

Ruan imediatamente pediu para o homem parar e tomou o documento das mãos dele, e então pôde comprovar que aquela mulher era Madalena e sua filha que estava correndo risco de vida. Ele passou as mãos nervosas e trêmulas pelos cabelos negros, enquanto encarava o amigo à sua frente.

— O que houve, cara? De repente ficou pálido?

— Essa mulher é a mãe da minha filha, Jonathan. Você tem que socorrê-la.

Ainda em choque, Ruan passou por Jonathan que não estava entendendo absolutamente nada, e caminhou até a ambulância. A equipe de paramédicos estava tentando reanimá-la e com todo o esforço da equipe, Madalena não conseguia retornar.

Jonathan tentou tranquilizar Ruan e entrou na ambulância. Estavam se preparando para saírem dali. Enquanto Ruan tentava passar para vê-la de perto, a equipe não o deixou passar para evitar distrações, já que Ruan estava muito nervoso e se sentia culpado.

A ambulância foi ligada e saiu dali levando-a para o hospital. Ruan, que ainda estava completamente nervoso, entrou em seu carro e seguiu a ambulância. Quando chegou na frente do hospital, estacionou o carro e entrou apressadamente para dentro. Ruan ia acompanhar Madalena, mas foi impedido de entrar na sala cirúrgica.

— Sou o dono dessa porra, querem me impedir de entrar?

— Estamos fazendo isso para o seu bem, senhor. Sei o quanto está nervoso, e isso não ajuda.

Dando-se por vencido, Ruan ficou ali no corredor esperando notícias. As horas se passaram rápido. Ruan levantou-se e caminhou pelo corredor, e nada de notícias. Até que avistou Jonathan saindo de dentro da sala de cirurgia, e o parou.

— Jonathan, me fala. O que está acontecendo, caramba, para que essa demora toda?

Jonathan olhou com calma para o amigo, e disse que está tudo sob controle, e que teve que tirar a bebê, que por ser apenas de sete meses, teria que ir para uma incubadora e ficar em observação.

Por um certo momento, Ruan se sentiu aliviado. Ele voltou a sentar-se sobre uma das cadeiras que havia ali, e tentou manter a calma e pensar nas coisas.

Ruan pensou que poderia dar seu sobrenome à sua filha, e que daria tudo a ela, tudo o que precisasse, mas jamais casaria com Madalena. E ele tem deixado isso bem claro desde o princípio.

Não é porque não gosta dela, ele gosta e muito. Porém, não quer admitir seus sentimentos, e após sua esposa ter morrido, colocou em sua cabeça que o amor para ele é clichê, e que não conseguiria se entregar a outra mulher, pois para Ruan é uma traição, porque mesmo que esteja viúvo, ainda respeita seu casamento inexistente.

Desde que a esposa de Ruan faleceu, ele só tem saído com algumas mulheres para manter as aparências, por conta da imprensa que tem lhe seguido como uns abutres, esperando que ele tenha um caso para saírem fazendo fofocas e colocarem em jornais, a fim de ganharem mídia em cima de suas costas. Ruan nunca gostou desse tipo de situação.

Lembrou-se de um ano atrás, quando casou com Diana, sua residência se encheu de paparazzis, jornalistas, e tudo que poderia imaginar. Não teve paz o ano inteiro. Todos queriam saber de sua vida, e aquilo lhe cansava. Para Ruan era ruim, porque não podia ter uma vida normal com uma pessoa, não tinha privacidade em lugar algum.

Uma enfermeira passou com uma criança embrulhada em panos, e entrou em uma sala. Ruan a acompanhou, porém quando chegou lá, a enfermeira não estava, e na sala que entrou, não havia nenhum tipo de incubadora, nem bebês.

Ruan estranhou, apressou-se subindo alguns degraus até a área das câmeras, e afastou o rapaz que estava cochilando.

— Senhor, o que pensa que está fazendo?

— Estou fazendo seu trabalho, e a propósito, está demitido.

Ruan não lhe deu mais atenção, olhou as câmeras e viu a mulher entrando no carro e indo embora pelas portas do fundo do hospital. Ruan esmurrou o monitor com raiva, e o mesmo ficou um buraco no meio, suas mãos pingavam sangue por estar cortada, mas não se importou.

Ruan saiu da sala de monitoramento e entrou no escritório de seu amigo Jonathan.

— Levaram minha filha, onde está minha mulher?

— Como assim, Ruan? Como levaram sua filha? Sua esposa está no quarto em recuperação.

— Levaram, ou quer que desenhe pra você?

— Calma, vamos resolver! Vou chamar a polícia.

— Chamar a polícia não vai adiantar de merda alguma, eu mesmo vou atrás.

Ruan saiu do escritório de Jonathan, e entrou em seu carro fazendo uma ligação importante.

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