Capítulo 14

"Por ter passado cinco meses sem ter notícias de Madalena e tentando rastreá-la junto com um detetive, Ruan ficou feliz por ter conseguido, depois que ela ligou o aparelho celular. Imediatamente, arrumou suas malas e viajou até a Inglaterra.

Ruan estava na casa de Madalena. Bom, aquele lugar com poucos móveis, tão simples, paredes rachadas, para ele não era uma casa, mas um lugar que precisava de reformas urgentes. Por mais que Ruan não quisesse reconhecer, achou que a mãe de seu filho escolhera um lugar pouco confortável para a chegada do bebê, que até agora ele não sabe nada, se está bem, qual o sexo, e gostaria de saber.

Porém, os hematomas em seu rosto tão macio e delicado chamaram a sua atenção. A raiva surgiu de imediato. Não gostava da ideia de alguém tê-lo tocado para lhe fazer algum mal.

Ao ouvir o que ouvia, Ruan pensou em ir atrás dos desgraçados que a tocaram, e faria eles pagarem. Um por um, e é o que faria quando saísse da casa de Madalena.

Ruan saiu de sua cidade e do conforto de sua mansão. Sabia que seria difícil Madalena o receber, mas estava decidido a trazê-la de volta com ele. Mesmo que tenha ouvido um "não" vindo de seus lábios, ele conseguirá levá-la. Foi o que ele pensou. Só não sabia que Madalena era tão teimosa e cabeça dura. Mesmo assim, ele não a obrigou, mas decidiu continuar no lugar por alguns dias, até Madalena finalmente aceitar acompanhá-lo.

— Madalena, entenda, você precisa de um lugar mais adequado para viver e eu...

— Adequado, Ruan? Adequado como a luxuosa mansão de Ruan Castilho? Por que está se importando tanto agora? Depois que passei por várias situações complicadas, venci quase um câncer sozinha. Onde estava? Estava no conforto de sua casa, cheia de riquezas, mandando em seus empregados, vivendo sua boa vida, comendo uma e outra.

— Quase câncer?

Ruan a encarou com cautela, enquanto passava as mãos nos cabelos, bagunçando-os, tentando entender aquela história. Seu coração palpitava no peito pela forma alterada que ambos discutiam. Madalena havia falado muitas coisas para ofendê-lo, mas o assunto do "Câncer" foi o que lhe chamou a atenção em toda aquela conversa.

— Sim! Câncer e ....

— Espera aí, Madalena. Mas engraçado nessa história toda, é que você me culpa por ter vivido desgraças que você mesma escolheu que fosse dessa forma. E o que eu estou fazendo? Estou aqui pedindo gentilmente que volte comigo, que more comigo, que me deixe cuidar de você. Tá bancando a rebelde que fugiu da casa dos pais e não quer mais retornar.

— Não, o impressionante aqui, é você bancar de preocupado agora. E quando falei de minha gravidez, você simplesmente pulou fora, caralho. Não venha bancar de vítima pra mim, que não vai funcionar.

— Mas eu estou arrependido por tudo, e estou aqui pra te ajudar.

— Não quero sua pena. Agora que falei desse assunto de câncer, você mudou em poucos segundos.

— Porra. Como você é complicada pra cacete. Difícil falar com você, está mais alterada que eu.

Ruan soltou a respiração pesada que prendia, ainda encarando Madalena. Ele sentiu vontade de beijá-la, não porque sentiu pena, mas porque queria saber o que sentia por ela. Tudo aquilo era estranho pra ele, não estava entendendo a confusão de seus sentimentos perturbados.

Com calma, Ruan aproximou-se de Madalena, e tomou seus lábios sem aviso. Madalena relutou por alguns instantes, e depois cedeu aos beijos calorosos de Ruan. E através daquele beijo, Madalena sabia que amava Ruan. Isso explica porque sentia tanta atração por ele.

— Me deixa cuidar de você!? — Ruan sussurrou entre beijos. Porém, aquela pergunta fez com que Madalena retornasse do mundo bonito que estava vivendo por alguns segundos, e o afastou.

— Se pensou em me comprar com seus beijos, saiba que minha resposta continua sendo a mesma. Agora sai fora da minha casa.

Ruan desistiu por alguns segundos. Então, sem dizer nada, ele saiu dali, entrou no carro e fez algumas ligações para alguém importante. Queria fazer com que os cafajestes que bateram em Madalena paguem com a vida, e conseguirá, já que ele tem bastante influência e muitos contatos.

Depois que Ruan saiu, Madalena sentou-se sobre a cama, e pensou bastante sobre aquela proposta tentadora vinda de Ruan. Porém, ela o amava, desenvolveu um novo sentimento por ele, mas não queria ser magoada, porque Madalena sabia que Ruan não a amava na mesma capacidade, e ela não queria luxo, queria apenas ser correspondida na mesma intensidade de sentimentos. E pensou que continuaria dizendo um não a ele, até saber que ele também a ama na mesma proporção. Caso contrário, não sairá de sua casa humilde, por pequena e inapropriada que seja. Criará sua filha com muito amor, e em um lar que tenha paz e harmonia.

Já pelo lado da noite, Madalena tomou um banho, arrumou-se, e deitou sobre sua cama. Era desconfortável pra ela, mas está em paz, era melhor ainda. Madalena pegou um controle da TV, e ligou pra ouvir um pouco do jornal. A TV era pequena, e o sinal era bem ruim, mas dava pra assistir.

Enquanto escutava repórteres falando, ela foi até a cozinha e preparou um chá de camomila, e voltou a sentar na cama enquanto esfriava a mesma. Um noticiário começou a passar, e lhe chamou a atenção, porque se tratava da morte de quatro jovens, e um deles ela reconheceu, por ter tomado a bolsa dela no dia do assalto.

Madalena não pensará coisas ruins de Ruan, mas tudo indica que ele teve algo a ver com essas mortes. Madalena começou a andar nervosa pelo quarto, e sentiu que estava quase entrando em um estado de ansiedade.

Mas também pensou que não poderia ser ele. Pelo pouco que conhece Ruan, ele não seria capaz disso!

Madalena desligou a TV, arrumou-se e ia saindo, mas percebeu que havia dois homens altos, vestidos de terno social, que a impediram de sair.

— Não pode passar, senhora. Ordens do senhor Castilho.

— Miserável.

Madalena ronronou de ódio, e voltou para dentro de casa batendo a porta."

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