Capítulo 16

Que ódio, que tonta eu sou!

Augusto sai atrás da sirigaita da Vitória sem ao menos me falar alguma coisa, ainda entrelaça o braço ao dela como se não estivesse prestes a me beijar no minuto anterior.

Entro batendo a porta e subo para tomar um banho, deixo a água gelada bater em meu corpo tirando o cansaço e forço a mente a parar de pensar em tudo que vem acontecendo, no beijo, penso que gostaria daquele beijo.

Após um longo banho acompanhada de reflexões, saio do quarto envolta a toalha com uma enrolada na cabeça, me assusto ao ver que Nicole está no quarto me aguardando.

— Amiga! — rio cumprimentando-a.

— Oi! Está distraída heim, te chamei várias vezes e não me disse nada— Ela fala se levantando.

— Eu estou distraída e você é uma fofoqueira de primeira né? Aposto que mal esperou o dia passar pra vir saber o que houve.

Falo e nós duas caímos na risada, afinal, sabemos que é verdade. Conto tudo que houve no domingo, em como me senti e também a vontade que Felipe está sentindo de enfiar a cara do Augusto em um estrume de vaca.

— Não consigo acreditar! — Ela fala boquiaberta.

— Calma que ainda não acabou, tem mais caroço nesse angu. — Vou contando enquanto me visto.

A cada palavra que eu digo mais passada Nicole fica, explico o que houve pela manhã quando ela me encontrou e ela me dá total razão, eu não esperava menos, ainda que eu estivesse errada ela deve me apoiar, amigas são para isso.

— Ele gosta de você, eu concordo com Felipe, porém está sendo um babaca agindo dessa maneira.

— Ainda não acabou! Agora vem a pior parte. — sinto meu sangue ferver só de lembrar.

— Dia agitado o de vocês hoje, heim? — Ela fala se ajeitando na cama para ouvir.

— Vamos lá pra cozinha, estou faminta! Te conto tudo enquanto adianto a janta, minha mãe avisou que hoje vem mais tarde. — Digo enquanto termino de pentear os cabelos.

— Vamos, mas conta logo... Fabrício está me esperando. — Ela fala e eu rio da situação.

— Sua fofoqueira de carteirinha, deixou ele esperando, coitado!

Na cozinha, enquanto coloco as panelas no fogão vou contando que Augusto esteve aqui na Varanda me pedindo desculpas, todo delicado.

— Que fofo amiga, porque você não cede um pouco? Esse coração está gelo puro! — Ela fala encantada.

— Fofo? Me diz agora se ele é fofo... — Falo ríspida, não por ela e sim pelo acumulado de emoções — Ele se aproximou de mim todo dengoso, com aquele cheiro de homem bruto, gostoso, me olhou de um jeito que me prendeu, me fazendo perder a postura de chateada...

— E aí? — Ela me interrompe toda animada.

— Aí que eu cedi e quando estávamos a milímetros de nos beijar, a antipática da Vitória apareceu chamando por ele. — Falo e dou um tapa na mesa, voltando as panelas a fim de não deixar Nicole ver minha decepção.

— Tinha que ser aquela mixuruca pra atrapalhar, o que o Augusto fez? — Ela pergunta nervosa.

— Ele? Simplesmente entrelaçou os braços dele nos dela e saiu sem me dizer absolutamente nada, sabe o que é nada? Pois bem, Nada! — Desabafo e não consigo esconder minha contrariedade.

— Quem ele pensa que é? Ele acha que pode vir aqui fazer o que bem entender e ir embora como se fosse tudo normal? — Nicole quase grita de tão estressada que está.

— O que está acontecendo aqui meninas? Que alteração é essa? — Minha mãe pergunta entrando em casa.

— Nada não dona Marília, desculpa! — Nicole fala tímida, nem parece que estava toda explosiva segundos atrás.

— E eu não as conheço desde quando andavam catarrentas pela fazenda? — Mamãe provoca.

— Augusto de novo! — Desabado!

— O que ele aprontou dessa vez? — Minha mãe já está armada para a guerra.

Mesmo magoada não posso dar vazão a esses acontecimentos, explico para ela de forma suave e até faço uma piadinha para quebrar a tensão.

— Se eu imagino, eu juro que a xícara de café tinha escorregado nas fuça daquela insuportável! — Ela fala dando um soco no vento.

— Mamãe! — Repreendo sorrindo.

— Só a senhora dona Marília para nos fazer rir de tudo isso.

Conversamos mais um pouco, troquei o assunto para o dia de mamãe até que Nicole se lembra do Fabrício.

— Amiga! Esqueci do Fabrício ele deve estar cansado de esperar — Gargalha enquanto levanta — Outro dia eu venho com mais tempo, e me deixa a par de tudo que estiver acontecendo, se precisar a gente dá um corretivo naquele Playboy metido a peão.

— Isso mesmo Nicole, eu apoio! — Mamãe complementa.

— Ninguém vai fazer nada, só eu mesma que tenho de fazer, eu tenho de manter distância. — Falo soprado.

— Ele vem atrás e depois vacila no mesmo minuto, Felipe vai ficar com mais raiva ainda dele quando souber, estou até vendo!

Nicole fala, me abraça, se despede da mamãe e vai embora, eu termino o jantar e como bem pouco, estou sem apetite algum.

A noite passa carregada de sonhos com esse peão prepotente, não sei mais o que faço para tirar Augusto dos meus pensamentos.

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