Capítulo 13

Giovana

Entro em casa aos prantos, Augusto me humilhou de uma forma que jamais pude imaginar ser algum dia em minha vida.

Minha mãe tenta falar comigo enquanto sigo para meu quarto, mas a deixei para trás com Felipe, entro no banheiro e tomo um banho regado a lágrimas, não posso acreditar que esteja passando por algo assim.

Saio enrolada na toalha e me deito na cama, respiro fundo enquanto penso no que farei, minha mãe bate a porta e Felipe também me chama, dou um suspiro profundo e me sento, então digo que podem entrar.

— Oh minha menina, como você está? Felipe me contou o episódio monstruoso que Augusto lhes proporcionou, mas não se preocupe que isso não vai ficar assim… — Ela fala triste e preocupada.

— Vai ficar tudo bem mãe! Não precisa fazer nada não— respondo com um nó na garganta, e vejo Felipe em pé nos observando. — Vou me vestir e descemos para tomar um café, só o bolo de cenoura com chocolate da senhora pode me fazer melhorar agora. — Levanto e ela me abraça e me dá um beijo na cabeça, acarinhando meu ombro com a mão.

Ambos saem e Felipe me lança um beijo antes de fechar a porta. Escolho uma bermuda jeans e uma camiseta justa de cor preta, coloco um chinelo de dedos, amarrei o cabelo num rabo de cavalo e fui de encontro a eles na cozinha.

— Está mais calma? - Felipe pergunta, servindo uma xícara para mim.

— Sim, daqui a pouco nem me lembrarei disso— respondi me sentando de frente a ele e minha mãe me serviu um pedaço de bolo — Obrigada mamãe, a senhora é a melhor só mundo.

Ficamos os três sentados e por escolha minha deixamos esse episódio ruim de lado e conversamos sobre os momentos alegres da noite passada.

Já me sentindo leve em relação a tudo, sorrio com minha mãe e Felipe, é muito bom ter braços calorosos para me acolher.

Ouvimos bater à porta, uma descarga de adrenalina corre no meu corpo e o silêncio toma conta da cozinha, todos fazemos ideia de quem seja mas no momento é tudo que eu não queria.

— Eu vou lá abrir, e se precisar eu coloco para correr daqui embaixo de vassouradas, não me importo que seja o filho do Patrão, ele magoou você minha filha— Minha mãe fala realmente furiosa.

— Não precisa disso, dona Marília, pode deixar que eu mesmo acabo com a raça dele— Felipe interrompe se levantando para ir até a porta.

— Não! Não vamos rebaixar a nível que ele chegou, mamãe abre a porta por favor e veja o que ele quer, se necessário eu coloco os pontos finais em tudo isso hoje mesmo— intervenho com a voz magoada, se necessário eu deixo a fazenda para sempre mesmo não sendo justas as ações de Augusto.

— Tudo bem minha pequena, você quem sabe. Vou até lá!

Mamãe sai eu e Felipe ficamos em silêncio um olhando para o outro até que ela retornou.

— Augusto quer falar com os dois, vão até lá ou eu o mando ir embora? — Ela pergunta com as mãos na cintura.

— Nós vamos! — Felipe responde depois de me olhar e eu assenti com um sorriso sem graça.

Saímos caminhando firme rumo a varanda, Augusto está sentado de costas para a casa mas se levanta rápido e para em nossa frente, sua expressão está tão carregada quanto a nossa, meu sangue ferve e eu não seguro a raiva dentro de mim.

— Que brincadeira é essa Augusto? O que veio fazer aqui? Veio me humilhar novamente? Se for isso dá o fora da minha porta, agora! — assim que falo, Felipe dá um passo à frente e encara Augusto de perto e muito irritado.

— Se disser mais uma palavra destratando a Nina eu não responderei por meus atos— Felipe fala e volta para o meu lado.

— Então fala logo o que veio fazer aqui? — falo irritada.

— Eu sei que fui um troglodita, não sei onde estava com a cabeça… Agi feito um animal mas eu vim aqui pedir desculpas tanto a você Nina quanto a você Felipe. — As palavras de Augusto me surpreendem, poderia jurar que essa situação se estenderia por mais algum tempo.

— Se para Nina estiver tudo bem, as desculpas estão aceitas. — Felipe responde firme sem perder uma expressão sequer de Augusto.

Olho fixamente para Augusto que está com olhar abatido e com o orgulho visivelmente ferido, por mãos que eu o esteja odiando tem alguma coisa que mexe comigo quando estamos próximos.

— Tudo bem! Está desculpado desde que não volte a ocorrer. — Respondo e aperto a mão que ele estendeu para mim.

— Agora se nós dá licença eu e Nina estamos de saída, passar bem Augusto. — Felipe fala me pegando de surpresa, eu apenas o acompanho até a camionete, não olho para trás.

— Para onde vamos? Tá maluco? Não estou nem em trajes de sair por aí. — Questiono, mas a realidade é que estou aliviada por sair daquele clima tenso.

— Dar uma volta, dormir fora… amanhã te trago cedinho, em tempo de trabalhar. — Felipe avisa e dá partida, vejo de relance Augusto encarando com ira nos olhos.

— Doido! Eu não estou trazendo nada…

— Funcionou! — Felipe me interrompe com um sorriso irônico.

— Do que está falando? O que funcionou? — Pergunto sem entender.

— Augusto mordeu a isca, ele tá pilhado de ciúmes de você… aliás pode ir fundo que esse peão é todo seu! — Felipe fala com um sorriso largo.

— Ele pode ser da nojenta da Vitória, para eles eu sou só a empregada da fazenda. Vamos mudar de assunto! — Puxo o foco para outro tema, meu coração não está pronto para lidar com um assunto tão delicado como esse.

Felipe assenti e dirigi a camionete em direção a sua casa, e como já era de se imaginar sou extremamente bem recebida pelos pais dele.

— Minha menina, eu sabia que Felipe não poderia estar em outro lugar se não com você, vamos entrar, tomar um café. — A mãe dele me abraça e me guiou para dentro, nos encontramos com o pai dele na varanda.

— Veja só, se não é minha nora querida, agora que a faculdade já acabou, podemos começar a pensar no casório…

— Papai já conversamos sobre isso, deixem Nina em paz — Felipe interrompe e me puxa para dentro.

Tomamos um café com a mãe dele e depois subimos para o quarto dele onde assistimos um filme, descendo apenas para o jantar.

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