Nina,
Estacionamos em frente a fazenda com o dia ainda escuro, para nossa surpresa Augusto está na varanda de seu quarto e fica nos olhando.
Felipe para provocar, desce e me abraça me acompanhando até a porta de casa. Convido-o para tomar café antes de eu ir para o serviço mas ele não aceita, enquanto me despeço dele Augusto passa ao longe nós encarando com muita raiva.
— Não sei que bicho mordeu esse homem! Ele só pode estar doido. — Falo irritada, pois foi assim que ele começou o show dele ontem.
— Você ainda não percebeu que o nome disso é ciúme? Ele está te querendo e acha que temos algo. — Felipe fala e eu sinto minhas bochechas corarem.
— Definitivamente, não! Agora deixa eu cuidar da vida que o dia vai ser extenso. — Me despeço e vou me arrumar.
Entro e vejo que minha mãe já saiu para o casarão, no entanto deixou meu café posto, adoro os mimos dela. Tomo meu café com paciência, ainda tenho tempo, arrumo a mesa e vou me vestir.
Em meu quarto as palavras de Felipe sobre Augusto ficam repetindo em minha mente e uma chama faz meu corpo esquentar, tento afastar esses sentimentos de mim, a fama dele o precede e eu não quero ser só mais uma.
Abano a cabeça como que desfazendo essa imaginação e vou rumo a maternidade, de longe vejo os rapazes se reunindo, inclusive Augusto.
— Bom dia a todos!— Cumprimento-os assim que me aproximo.
— Bom dia! — ouço em uníssono.
Todos saem um por um para desempenhar suas funções, restando somente eu e Augusto, ele se aproxima e eu sinto meu coração acelerar.
—Nina…— Augusto fala em tom apelativo.
— Pensei que viesse para o trabalho de campo somente após o almoço, já que veio antes por que não olha os bezerros enquanto eu cuido daquela vaca ali? — Interrompo saindo com minha maleta, porém Augusto vem atrás de mim.
— Nina, nós precisamos conversar! Será que pode me ouvir? — ele fala parando em minha frente.
Não pude deixar de contemplar a visão privilegiada, ele está ainda mais bonito hoje. Trajando uma camisa xadrez uma calça que valoriza seu corpo, uma bota que dá um charme especial e claro o chapéu, um verdadeiro espetáculo.
— O que você quer? Não temos nada o que conversar! O que passou, passou! Pronto!— Olho com indiferença e minha voz sai mais ríspida do que planejado.
— Não quero ficar nesse clima desagradável, não com você— Ele fala e faz cara de gato abandonado.
— Entendi! Você quer me humilhar e que depois eu aja como se nada tivesse acontecido, isso?— pergunto irritada e volto a atenção para a vaca, ignorando totalmente a presença dele.
Augusto fala algo que não compreendo e sai batendo botas, respiro fundo e fico pensativa, será que Felipe tem razão?
— Droga! — Desabafo em voz alta.
— Aconteceu alguma coisa? — Nicole pergunta e eu me assusto pois não a vi chegar.
— Bom dia! Não, não… na verdade sim! É o Augusto— Não adianta, ela vai saber de todo modo.
— Passei para ver o Fabrício antes de ir para a escola, meu tempo é curto mas eu vou querer saber tudo que está acontecendo, e com riqueza de detalhes. Beijos, se não vou me atrasar.
— Prometo! — gesticulou com os dedos cruzados, uma mania que temos desde que nos conhecemos— Até mais tarde, tenha um bom dia— Falo enquanto ela sai.
— Você também, amiga.
Faço o parto da vaca e nem consigo ir em casa para almoçar, a tarde foi uma agitação só e eu nem vejo o passar das horas, graças a Deus.
No caminho para casa até penso em ir até o casarão, mas encontro com Vanessa no caminho e desisto, exausta como estou não mereço lidar com as implicâncias dela.
— Isso mesmo, desvia o caminho. Quando eu for a patroa vou te proibir de entrar pela porta da frente.
— Você? A patroa? — Pergunto sorrindo e com deboche — Continua sonhando e me erra!
Deixo-a falando sozinha e volto para minha casa, até melhor assim, necessito urgente de um banho e com toda certeza Nicole ainda vem por aqui, conheço a amiga que tenho.
Chego na varanda de casa e divago admirando o pôr do sol, ao invés de entrar, me sento no banco e permaneço alheia a tudo, só volto a realidade quando ouço a voz de Augusto me chamando.
— Nina? Nina!
— Que isso Augusto? Perseguição? — Pergunto revirando os olhos.
— Você me evitou o dia todo, me perdoa, por favor!
— Não há o que perdoar, já falei que está tudo certo. Fica com sua consciência tranquila, porém é você no seu canto e eu no meu. — Respondo firme.
— Nina!
Augusto chama meu nome e fica tão próximo de mim, que consigo sentir o ar quente da sua respiração, perco completamente o domínio do meu corpo.
— Augusto...
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Atualizado até capítulo 68
Comments
Denise
Até quando essa birra da NINA vai prosseguir? Ao invés de ficar dando cortada no AUGUSTO, melhor, e mais adulto, sentar e conversar pra resolver logo esta situação.
2024-09-27
2
Tania Cassia
que história maravilhosa parabéns autora
2023-06-26
8