Capítulo 14

Nina,

Estacionamos em frente a fazenda com o dia ainda escuro, para nossa surpresa Augusto está na varanda de seu quarto e fica nos olhando.

Felipe para provocar, desce e me abraça me acompanhando até a porta de casa. Convido-o para tomar café antes de eu ir para o serviço mas ele não aceita, enquanto me despeço dele Augusto passa ao longe nós encarando com muita raiva.

— Não sei que bicho mordeu esse homem! Ele só pode estar doido. — Falo irritada, pois foi assim que ele começou o show dele ontem.

— Você ainda não percebeu que o nome disso é ciúme? Ele está te querendo e acha que temos algo. — Felipe fala e eu sinto minhas bochechas corarem.

— Definitivamente, não! Agora deixa eu cuidar da vida que o dia vai ser extenso. — Me despeço e vou me arrumar.

Entro e vejo que minha mãe já saiu para o casarão, no entanto deixou meu café posto, adoro os mimos dela. Tomo meu café com paciência, ainda tenho tempo, arrumo a mesa e vou me vestir.

Em meu quarto as palavras de Felipe sobre Augusto ficam repetindo em minha mente e uma chama faz meu corpo esquentar, tento afastar esses sentimentos de mim, a fama dele o precede e eu não quero ser só mais uma.

Abano a cabeça como que desfazendo essa imaginação e vou rumo a maternidade, de longe vejo os rapazes se reunindo, inclusive Augusto.

— Bom dia a todos!— Cumprimento-os assim que me aproximo.

— Bom dia! — ouço em uníssono.

Todos saem um por um para desempenhar suas funções, restando somente eu e Augusto, ele se aproxima e eu sinto meu coração acelerar.

—Nina…— Augusto fala em tom apelativo.

— Pensei que viesse para o trabalho de campo somente após o almoço, já que veio antes por que não olha os bezerros enquanto eu cuido daquela vaca ali? — Interrompo saindo com minha maleta, porém Augusto vem atrás de mim.

— Nina, nós precisamos conversar! Será que pode me ouvir? — ele fala parando em minha frente.

Não pude deixar de contemplar a visão privilegiada, ele está ainda mais bonito hoje. Trajando uma camisa xadrez uma calça que valoriza seu corpo, uma bota que dá um charme especial e claro o chapéu, um verdadeiro espetáculo.

— O que você quer? Não temos nada o que conversar! O que passou, passou! Pronto!— Olho com indiferença e minha voz sai mais ríspida do que planejado.

— Não quero ficar nesse clima desagradável, não com você— Ele fala e faz cara de gato abandonado.

— Entendi! Você quer me humilhar e que depois eu aja como se nada tivesse acontecido, isso?— pergunto irritada e volto a atenção para a vaca, ignorando totalmente a presença dele.

Augusto fala algo que não compreendo e sai batendo botas, respiro fundo e fico pensativa, será que Felipe tem razão?

— Droga! — Desabafo em voz alta.

— Aconteceu alguma coisa? — Nicole pergunta e eu me assusto pois não a vi chegar.

— Bom dia! Não, não… na verdade sim! É o Augusto— Não adianta, ela vai saber de todo modo.

— Passei para ver o Fabrício antes de ir para a escola, meu tempo é curto mas eu vou querer saber tudo que está acontecendo, e com riqueza de detalhes. Beijos, se não vou me atrasar.

— Prometo! — gesticulou com os dedos cruzados, uma mania que temos desde que nos conhecemos— Até mais tarde, tenha um bom dia— Falo enquanto ela sai.

— Você também, amiga.

Faço o parto da vaca e nem consigo ir em casa para almoçar, a tarde foi uma agitação só e eu nem vejo o passar das horas, graças a Deus.

No caminho para casa até penso em ir até o casarão, mas encontro com Vanessa no caminho e desisto, exausta como estou não mereço lidar com as implicâncias dela.

— Isso mesmo, desvia o caminho. Quando eu for a patroa vou te proibir de entrar pela porta da frente.

— Você? A patroa? — Pergunto sorrindo e com deboche — Continua sonhando e me erra!

Deixo-a falando sozinha e volto para minha casa, até melhor assim, necessito urgente de um banho e com toda certeza Nicole ainda vem por aqui, conheço a amiga que tenho.

Chego na varanda de casa e divago admirando o pôr do sol, ao invés de entrar, me sento no banco e permaneço alheia a tudo, só volto a realidade quando ouço a voz de Augusto me chamando.

— Nina? Nina!

— Que isso Augusto? Perseguição? — Pergunto revirando os olhos.

— Você me evitou o dia todo, me perdoa, por favor!

— Não há o que perdoar, já falei que está tudo certo. Fica com sua consciência tranquila, porém é você no seu canto e eu no meu. — Respondo firme.

— Nina!

Augusto chama meu nome e fica tão próximo de mim, que consigo sentir o ar quente da sua respiração, perco completamente o domínio do meu corpo.

— Augusto...

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Comments

Denise

Denise

Até quando essa birra da NINA vai prosseguir? Ao invés de ficar dando cortada no AUGUSTO, melhor, e mais adulto, sentar e conversar pra resolver logo esta situação.

2024-09-27

2

Tania Cassia

Tania Cassia

que história maravilhosa parabéns autora

2023-06-26

8

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