13. Capítulo

Parando no banheiro do restaurante, faço na frente do espelho o que fazia quando pequeno.

Eu… eu falo comigo mesmo.

Leandro (Fora do espelho): Eu, eu seria um depravado se levasse uma coisa dessa para casa, o que Edgar pensaria de mim?

Leandro (Dentro do espelho): Pensaria que você quer intimidade, coisa mais normal desse mundo e entre casais, quer dizer, você não é um depravado por querer experimentar coisas novas, você só é criativo.

Leandro (Fora do espelho): Mas e se ele achar ruim comigo?

Leandro (Dentro do espelho): Acha mesmo que Edgar brigaria com você por querer transar com ele?

Leandro (Fora do espelho): Não…

Fico pensando se Edgar já não pensou o mesmo, quer dizer, não comprar produtos na sex-shopping, mas querer intimidade comigo, e se eu não sou atraente o suficiente? Ou se ele não se acha atraente o bastante para mim? - Meu Deus, que dúvida!

Saindo do banheiro, eu deixo esse assunto para esclarecer com o próprio Edgar a noite, claro, se nenhum tema já não estiver rolando em casa e nos tira a atenção do nosso casamento. Espero mesmo que ele esteja sentado no sofá à minha espera.

Voltando a trabalhar, Luca faz várias brincadeiras sexuais comigo, como forma de me treinar para uma prática sexual com o meu marido. Sim, ele me trata como se eu fosse um virgem que precisasse de informações para o grande momento.

Na saida, eu peço para o motorista parar no meio da caminho e entro no sex-shopping para comprar o tal spray que não quis levar mais cedo. Nem sei onde esse negócio vai, mas confio que a internet vai me ensinar e me mostrar o caminho.

Ao chegar em casa, eu nao tive sorte nenhuma, pois eis minha sogra bonita e linda sentada no sofá da sala conversando com o meu marido.

Edgar: Leandro?! Você chegou meu anjo.

Me aproximo dos dois.

Leandro: Sim, como a senhora está se sentindo?

Eu sei, eu sei! Noah me disse que Lúcia estava bem, mas mesmo mentindo pra mim, ainda é a mãe do meu marido.

Lúcia: Estou bem melhor na verdade.

Edgar: Eu conversei com a minha mãe, Leandro.

Leandro: Ah é? O que?

Lúcia: Que você não tem culpa pelo o que me aconteceu.

Leandro: Mas a senhora achava que eu tinha?

Lúcia: Pra ser sincera, se eu nao tivesse saído com você, aquilo não teria acontecido.

Leandro: É, mas a ideia de sair foi sua minha senhora.

Edgar: Leandro, vai acabar com esse assunto.

Leandro: Ok! Que bom que esteja bem!

Dou as costas para os dois chateado, não posso acreditar que me passei com outro filho de papai, quer dizer, com o queridinho da mamãe.

Que LÁSTIMA!

No meu quarto de solteira e não o que divido com Edgar, tiro o meu rosto, abro o vinho que acabo de roubar da geladeira e encho o meu copo, coloco uma música ambiente e ascendo uma vela aromatizada. Preparo um banho na banheira e tiro minhas roupas.

Quando me dou por mim, estou esquecendo tudo.

Com os olhos fechados me lembro de uma pessoa que até hoje eu nao pude esquecer nunca e essa pessoa é o Zayn, o meu filho. Agora ele deve ter 16 pra 17 anos e eu não estou mais presente para acompanhar a sua adolescência, até hoje eu tento entender por que ele não quis mais saber de mim.

A porta se abre e eu abro os meus olhos, ouço passos e a porta do banheiro se abre.

Edgar: Relaxando?

Leandro: Sim.

Edgar: Com raiva de mim? Olha, eu só acalmei um possível atrito porque não vale a pena, Leandro. Ela já é uma senhora e tem senhora que costuma ser um pouco manhosa.

Leandro: Meu problema não é ela ser manhosa, mas querer colocar a culpa em mim, tipo, aquele acidente poderia ter matado ela, c eu que me joguei no lago para salvá-la.

Edgar: E eu serei eternamente grato por isso.

Leandro: Está aí, não é o bastante.

Edgar: Leandro, você não está realmente bravo, está?

Pego a garrafa de vinho e aponto para ele.

Leandro: Não, eu nao estou.

Edgar pega a garrafa e coloca no canto do chão, em seguida pega o meu copo e bebe do meu vinho.

Edgar: Você escolhe bem.

Leandro: Assim como você.

Edgar: O que?

Leandro: Disse que acho que escolhi um bom marido.

Edgar: Digo o mesmo.

Olho ele nos olhos.