Maurício
— Mãe, pode me dizer o que a senhora está fazendo aqui? — Emma me olhou e sorriu, ela sempre faz isso quando quer me dizer alguma coisa e sabe que eu irei discordar.
Com licença! — Louise pediu e saiu andando em passos largos.
— Ôh! Não se preocupe, amanhã eu estarei indo para casa, mas antes quero te pedir uma coisa. — Eu não gosto quando ela também fala nesse tom, soa muito convincente e eu não consigo dizer "não" para ela.
— A senhora sabe que me tem nas mãos, mas por favor mãe, não abuse!
— Eu quero levar Louise comigo. Meus desfiles de moda estão indo bem e como eu represento a diversidade ela se encaixa muito bem na categoria de mulher foda.
— O que a senhora tem a me oferecer? — Sorri de lado enquanto ela se ajeitava na cadeira para preparar um breve discurso cujo qual eu irei reprovar seja lá o que for.
— Uma boa vida para essa garota, Maurício. Eu fui uma mulher muito sofrida e você mais que ninguém sabe o quanto eu sofri para chegar onde eu cheguei, você sabe o infeliz do pai que você teve. Não quero que essa jovem tenha um final quase igual ao meu ou até mesmo pior.
— Mas isso não vem ao caso agora, Dona Emma. Eu não faço nem farei nada semelhante ao que meu pai fez, ela ou com qualquer mulher, a senhora me conhece e deve ter pensando pelo menos uma vez sobre o que eu tenho vontade de fazer com pai dela, não por ele ter trocado ela, mas pelas coisas que ele deixou ela passar. — Eu não faço ideia do que ela já passou nas mãos do Parkinson. Mas ela está sempre acolhida, principalmente quando eu chego perto, é como se eu fosse atacar ela a qualquer momento.
— Mais um motivo para ela ir comigo. Lá tem várias garotas, eu sei que ela poderá se dar bem. Não esqueça que você nunca poderá ser dono de ninguém, ela não pediu para vir parar nas duas mãos, assim como nenhum arestas jovens pediram, mas ultimamente todas estão vindo por livre e espontânea vontade então eu não me meto mais. Mas eu quero levar a garota comigo.
Conversamos até chegarmos a um acordo, mas eu não quero negociar nada. Emma me criou com o gênio forte, não é tão fácil me convencer, assim como também não é nada fácil fazê-la mudar de ideia.
— Deixarei ela se adaptar aqui, se caso não acontecer a senhora a leva e faz dela uma modelo de grande nome! Ou então eu a pegarei de volta.
— E o que vai fazer com ela até mudar de ideia? Porque está nítido que ninguém se acostuma aqui Maurício, a não ser Juliana e Roberto que tem carta branca para fazer o que bem quer.
— Meu secretário pediu demissão hoje, eu preciso de uma nova secretária e espero que ela tenha potencial para isso, caso contrário a senhora a leva e…
— Ok, eu aceito. Estarei indo embora ainda hoje, caso mude de ideia sabe onde me encontrar, agora por favor me deixe conversar com ela sem me interromper.
Fui de encontro a Roberto que estava aflito e com uma cara péssima, como se estivesse me esperando para dizer alguma coisa.
Louise
Meu coração estava saltitante e meu corpo estava frio, ouvir boa parte da conversa e temi por ser tratada feito uma mercadoria que se não tiver serventia aqui dentro irie servir como sei lá o que para a mãe dele, ela parece ser uma boa pessoas, mas fora de casa meu pai também era uma boa pessoa e olha só onde eu vim parar.
Antes da conversa entre os dois darem início eu sair, o mais depressa possível. Mas Emma veio atrás de mim em seguida.
— Então meu anjo, conte-me um pouco sobre você. — Ela pediu encarecidamente e me olhou terno.
— Não tem muita coisa para saber sobre mim. Eu não sou uma pessoa interessante, ou conquistei muita coisa. Na verdade, não conquistei absolutamente nada. — Respondi torcendo para que ela mudasse de ideia, mas ela continuou me olhando esperando alguma resposta. — Eu trabalhava antes de vir parar aqui, não era um ótimo trabalho, mas eu gostava de lá. Nunca tive muitos amigos e depois que aconteceu esse acidente comigo a maioria se afastou de mim e os que ficaram eu que me afastei deles também. Enfim, sozinha e comigo mesma, eu sempre estive assim.
— Era nesse ponto que eu estava querendo mesmo chegar. Como aconteceu isso? Não minta querida, eu não irei julgar você, sei o tipo de pai que você tem e meu filho não é um monstro, embora pareça ser.
O que ela quis dizer sobre o filho dela não ser um monstro? Ele é o que afinal? Um anjo? Eles julgam o Parkinson como se fossem diferentes, o filho dela vende mulheres como se elas não fossem nada e ela… eu não quero nem pensar o que essa mulher faz da vida e fora daqui. Jamais conseguiria falar abertamente sobre o que aconteceu comigo com alguém, além de ser humilhante; é constrangedor e vergonhoso.
— Que ponto? Eu só não quero falar sobre mim para uma pessoa que eu não conheço. A senhora é mãe do homem que vende mulheres e trata isso como se fosse normal! — Soltei entre frutos e suspiros, eu queria me sentir aliviada, mas a única coisa que eu senti foi vergonha.
— Ôh meu anjo, elas não estão contra suas vontades. Antes Maurício até fazia essas coisas, mas eu não permito. As mulheres que estão aqui, a maioria estão por livre e espontânea vontade, querem se dar bem na vida e são vendidas sob um contrato! — Hum… quem me dera ter a sorte de ser vendida também.
— Queria ter a sorte e a beleza delas para quem sabe ser uma dessas mulheres, mas… — Triste mesmo é saber que eu vou ter que ficar aqui por um bom tempo, até que eu consiga um jeito de sair daqui.
— Mas quem te disse que não tem homens interessados em você? Mas como eu te disse, meu filho não é ruim, se souber lidar com ele.
Legal! Queria saber se o que ela diz é verdade, por que será que ele não quer me deixar ir? Quer mesmo uma boa empregada? Por que ele não paga uma boa, agora eu tenho que me matar lavando banheiros e forrando camas sem ganhar nada, porque agora eu mal estou almoçando quem dirá ganhando!
A conversa encerrou quando ela soube que eu não tenho interesse nas coisas do filho dela e nem em nada dela, dei as costas e saí. Maurício estava na porta do quarto e quando eu saí me senti muito desconfortável com ele me olhando, sei lá, é bem estranho.
Roberto
O lance da Alicia era pra ser segredo, mas nós nunca mentimos um para o outro e não iria ser agora que eu iria esconder que a ex-noiva dele estava aqui e querendo falar com ele. Ele me falou um pouco sobre a Alícia e depois saiu para ver se tia Emma já havia conversado com a Louise, antes mesmo dela sair ele estava na porta e eu estava indo de encontro a ele…
— Qual foi Maurício? Vai me deixar falando sozinho mesmo? — Abri os braços e perguntei bem irritado por ele ter me deixado falando sozinho.
— Eu quero saber que papo é esse de que a Alícia tá atrás de mim, algum dos dois poderia me explicar isso e o porquê de não terem me dito? — Pelo visto ele descobriu antes mesmo que eu contasse, melhor assim.
— Isso mesmo, ela está atrás de você e dizendo que tem um filho teu. Que papo é esse que eu sou avó Maurício? — Tia Emma estava tranquila demais, como se isso fosse a pior coisa do mundo, ser avó!
A discussão foi longa e quando eu saí da sala vi Louise pegando um balde de água pesado e a torneira estava vazando. Me aproximei e ofereci ajuda. Tirei o blazer e fiquei apenas de camisa, a água batia em minha roupa, a água fazia a camisa ficar colada em meu corpo. Me molhei um pouco porque o cano na verdade estava quebrado, enquanto eu tentava consertar Louise estava olhando pelas minhas costas, como se isso fosse uma coisa muito grave.
— Pode desligar o registro da água pelo menos? — Ela foi depressa procurar o receptor. Tirei a camisa pra tentar fazer parar a água e Louise não voltou. Já estava quase conseguindo parar a água, quando tudo apagou.
— Que porra é essa? — O grito de Maurício foi alto e me fez rir, mas a água ainda estava correndo e agora sem luz. — Tenta o receptor de cima que vai dar certo.
Quando a luz voltou veio se aproximando uma Louise toda encharcada e me olhando sem jeito.
— Obrigada, mas acho que você só fez piorar a situação. Agora você me deixou pior do que eu estava. — Ela sorriu e abaixou a cabeça, como se tivesse vergonha de fazer tal coisa.
— Se uma Louise é um desastre não quero nem imaginar duas. Vamos Roberto, chame alguém para acabar com isso logo. — No mesmo instante Maurício retirou a camisa e começou a puxar a água com o rodo, para que não chegasse até a cozinha.
Depois de muito tentar eu consegui fazer o vazamento parar, agora ela se vira com o restante. Dei uma piscadela pra ela como forma de "por nada" e ela riu envergonhada. Fui até o quarto de Maurício e quando a porta foi aberta vi dois riscos de coca em cima de uma bandeja de prata e duas taças de vinho. O computador estava aberto em uma aba de aplicativo de banco, o faturamento deste ano foi ótimo.
— Olha só onde nós estamos chegando irmão! — Maurício tinha um brilho nos olhos, sem acreditar, assim como eu também estava.
— É… há alguns anos atrás nós estávamos na pior, quem diria que hoje iríamos chegar tão longe.
Tia Emma nos criou sozinho. O marido dela batia nela então ela o matou antes que ele pudesse fazer o mesmo com ela. O tempo passou e ela começou a investir em uma pequena agência de modelos, depois passou a ser sócia e hoje tem três agências em NY e várias outras por aí. Eu e Maurício entramos em alguns negócios que são "proibidos" e até hoje isso está nos fazendo valer a pena o investimento. Estamos agora com algumas vinícolas espalhadas por aí que também estão nos dando uma boa grana.
— Mas então, o que ela disse?
— Quem disse o quê? Se está se referindo a Louise, ela não disse nada, apenas me agradeceu e foi terminar de limpar o restante! Por quê?
— Porque meu secretário hoje pediu demissão e eu não posso ficar sem uma secretária. Louise é formada em economia e…
— E que uma coisa não tem nada haver com a outra. Ela é digna para trabalhar em um banco, não formada para ser secretária. Se quer colocar ela nesse cargo é melhor inventar outra desculpa.
— Acha que ela seria uma boa?
Maurício não é de me pedir opinião quando o assunto é algo que não tem importância, por isso agora eu não tenho mais dúvidas que ele tá afim da Louise.
— Só tentando! Acha que vale a pena?
— Não sei… eu queria poder falar com ela, mas não sei como Roberto. Ela parece que tem medo de mim e eu também não quero forçar nada.
— Tentar chegar nela de forma natural. Você sempre tá com essa cara de demônio amuado, assim até eu se não te conhecesse teria medo dessa tua cara.
— Quem sabe algum dia eu tente! Agora vamos beber que eu ainda tenho negócios para resolver hoje e nossas vidas andam muito paradas, tava afim de colocar aqueles dias de putarias em dia, o que acha?
— Eu vou achar o máximo. Faz um tempão que eu não sei o que é isso.
(...)
Louise
Finalizei meu trabalho e pela primeira vez agradeço por estar sozinha e não ter que dividir o banheiro com ninguém. Depois daquele vazamento eu lavei até tudo mais rápido e quando olhei o relógio já era quase dez horas. Tinha um rápido perto da cama da Maria. Vi alguns livros dentro de alguns armários que estavam desocupados e os peguei, assim passarei a noite lendo e imagino que elas estarão de volta amanhã.
O barulho do carro me chamou a atenção, abri a janela para olhar para fora e vi os dois entrando no carro, esse seria o momento perfeito para colocar meu plano em ação. Mas Emma ainda estava lá no quarto dela e os seguranças todos postos em suas poses aos redores da casa. Desisti dessa hipótese por hoje e fui até a cozinha pegar um chá, o ruim é que a cozinha fica na casa dele e não aqui perto do dormitório.
— Ainda acordada garota? Tá sem sono? — Roberto era um gato, mas se eu o vi lá fora então não era ele? — Acabei esquecendo minha carteira, tenha uma boa noite!
— Boa noite pra você também! — Ah então foi isso, ele só esqueceu a carteira.
Emma estava na cozinha quando eu cheguei lá e ficamos conversando alguns minutos até que o celular dela tocou.
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Atualizado até capítulo 111
Comments
Rutiéle Alós
Mjkkkk comecei receosa com o Roberto, e agora acho graça e gosto dele
2023-08-02
1
Rutiéle Alós
Louise pelo amor de Deus, se ajuda mulher
2023-08-02
1
Jéssica Araújo
bora se aliviar que tenso não podemos ficar kdkskdkskkdksks
2023-07-17
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