— Filho, onde está Roberto que eu ainda não o vi hoje?
— Deve estar por aí! Então a senhora deve ter um bom propósito para estar aqui hoje e não apenas querendo saber sobre a minha vida! — Discorreu de forma autoritária, o que me fez rir.
— Você está certo, mas eu preciso que pare de implicar com o Norely, ultimamente ando recebendo muitos e-mails, reclamações dos desentendimentos de vocês. Como vejo seu silêncio está consentindo com os boatos, pude ver a desgraça com os meus próprios olhos o que pretende fazer agora e o porquê de toda essa violência?
— Tenhos meus motivos, mãe. Agora tenho que sair, preciso refrescar minha mente antes que eu enlouqueça.
— Time cuidado, meu filho. Não faça nada que venha se arrepender depois e lembre-se: previna-se, pois estou muito nova ainda para ser avó.
— A senhora nunca muda! Caso eu não retorne até às sete fique tranquila, eu ligarei e por favor, se ver Louise peça para que ela descanse. E a senhorita não vá se meter em enrrascada por aí.
Com as mãos ensanguentadas ele saiu e me deixou com um aperto no peito, às vezes me arrependo de não ter tido um segundo filho, assim ele seguraria Maurício. Mas tenho Roberto, que além de meu filho é meu sobrinho e não há ninguém melhor que Roberto para parar Maurício em seus dias de surto.
Louise estava lavando às louças quando percebi seu olhar distante, via desconfortamento em seu rosto. Contudo que ela já viveu aqui dentro, não acho que ela se sinta oprimida apenas por sua aparência, em seu rosto está estampado que não é apenas isso, ela esconde muitas coisas e posso ver em seu olhar. Não a atrapalhei e fui visitar uma antiga amiga que não via há anos.
Parkinson
— Pelo seu olhar vejo que não há boas notícias, ele não aceitou a proposta? — Pergunto ansioso após ver Norely com o rosto roxo.
Norely se ofereceu a liquidar a dívida e estava disposto a pagar a quantia que Maurício pedisse, mas isso não aconteceu e eu estava tão chateado quando ele. Concordamos que eu pagaria ele com juros se Maurício aceitasse, mas...
— Qual é a porra do seu problema Parkinson? Olha só pra mim, aquele desgraçado quase quebrou o meu nariz e por pouco ele não o quebrou. Eu cansei de jogar limpo, Parkinson, sua filha será minha nem que seja da maneira mais suja possível, mas não estou disposto a oferecer mais dinheiro por aquela ser ridículo.
— Se tocar essa sua mão nojenta na minha filha, eu juro que eu não irei responder por mim, Norely. A obsessão do seu filho ferrou com a vida dela, agora você! Deixe-a em paz, ela já me odeia o suficiente.
James é filho único de Norely, ele foi o causador de todos os traumas que Louise carrega, quase a engravidou e eu sou um cara muito miserável, pois na época não fiz nada para amenizar sua dor. Mas, um passo infalso meu, nós dois estaríamos mortos agora.
— Meu filho deveria ter dado um fim naquela bastarda enquanto era tempo, mas como sempre ele sempre pensava com o coração quando estava fazendo as coisas sérias. Mas, haverá marcas dele em sua filha até seu último dia de vida.
A riqueza de Norely fazia dele uma pessoa querida, respeitada e procurada. Enfrentar Norely era a mesma coisa que comentar suicídios, ele não média esforços para absolutamente nada. Mas, minha filha será vingada, eu ainda o matarei!
— De já falou o que queria pode ir, já não tenho mais nada para falar e preciso sair. Vou tentar a sorte nas bancas, preciso pagar o que te devo antes que me perca em dívidas com você também.
— Exato! Além disso você não tem nada de bom para me oferecer.
(...)
A água gelada fazia eu senti o tamanho do peso na consciência. Maurício é um homem sem escrúpulos, sei que ele é capaz de qualquer coisa quando quer algo, não estou disposto a arriscar a vida da minha filha ao tentar resgata-lá. Vou tenta ganhar nas bancas e quem sabe talvez depois eu vá procurar Maurício e quem sabem ele e eu fazemos um acordo amigável.
Louise
Sopa de ervilha, eu detesto! E mais uma noite irei dormir sem jantar, simplesmente porque sou alérgica a ervilha. Ouvia a barriga roncar de fome, já que não como bem há dias.
— De novo vai dormir sem comer nada, garota? Espera um pouco que daqui a pouco as megeras vão deitar e eu faço um pão na chapa pra gente. Eu comprei, portante não há porquê dizer não.
— Eu estou bem, Maria. Não quero que fique se preocupando comigo, não quero colocar você em encrenca com elas. Eu já te agradeço por tudo que fez por mim.
Maria tinha um bom coração, embora isso viesse lhe prejudicar futuramente, ela não me deu ouvidos e continuou a falar:
— Ah, eu não devo explicações a ninguém e o Maurício nos deixa usar a cozinha após às 22:00hrs, então não vejo problema algum nisso. Além de disso se não se alimentar não terá forças para nada, é isso que você quer?
De oito para às dez não será muita coisa, posso esperar tranquilamente. Enquanto as outras ainda estavam jantando, eu fui tomar banho e aproveitei que estava sozinha e lavei os cabelos. Arrumei todas as camas e finalmente faltava apenas meia hora para às dez.
— Como passam o tempo aqui? É sempre a mesma rotina? Acorda; trabalhar; dormir. Acordar; trabalhar; dormir todos os dias?
— Não, aqui não é tão ruim o quando parece ser. Aos fins de semana tem lugarzinho aqui que podemos ir após as 22:00hrs. Qualquer coisa que queira fazer aqui terá que ser após essa hora, pois já não precisavam mais do nosso serviço, somente em dias de leilões.
— E o que fazer nesse lugar? Há algo de especial para que fale tão empolgada?
— Bebemos até o amanhecer o dia. Tiramos férias e vamos visitar nossa família, há quem queria ficar aqui também e outras pedem demissão. Não somos escravas do Maurício, Louise. Trabalhando aqui porque ele nos paga muito bem, e imagino que você saiba o quão difícil é para uma pessoa sem estudos conseguir um bom trabalho. Ou um que simplesmente lhe aceite.
— Comigo não funciona simples assim, Maria. Gostaria muito de poder pedir demissão disso aqui. — Meus olhos estavam fixados na janela, admirando a bela vista.
— Eu imagino! Mas sabe de uma coisa, você é a primeira mulher que não é empregada e também não é vendida. Isso faz com que as outras fiquem com inveja de você, sabe por quê? Acho que não está aqui por acaso, peço que seja forte. Dezembro está muito perto, virá outra para me substituir nas festas, assim como virá para substituir todas as outras.
Que maravilha, agora terei que conviver com a incerteza de que Maria possa voltar. Aturar Maurício não será nada fácil, ainda mais sem Maria aqui comigo.
— Amanhã vamos beber em um lugar novo, se quiser ir pode se sentir a vontade. Mas tem que tomar muito cuidado, pois Maurício não quer nem mesmo que você respire fora daqui, combinado?
Lembro quando James espalhou para todo mundo o que havia acontecido comigo, A culpq do acidente caiu toda sobre mim e todos achavam que eu era uma depressiva tentava se matar, fazendo meu corpo arder em Chamas. Depois que ele cometeu todo o ato comigo eu tive q certeza que iria morrer ali mesmo, naquele maldito campo de futebol que não havia mais ninguém além de mim, ele e minha solidão; angústia e vontade de morrer. Enfim... espero que nada se repita aqui dentro, que nada venha acontrcer comigo e que Maria não me deixe tão cedo, eu ficaria igual uma perdia em um labirinto.
— Eu prometo que irei tomar muito cuidado. Mas... e as outras não irão falar nada?
— Não vamos para o mesmo lugar que elas. Olha só, dez horas, vamos. — As demais forma para o dormitório e a cozinha ficou vazia, assim como todo o restante da casa.
Maria preparou 4 pães, mas comi apenas um deles. Ela me deu de sobremesa uma maçã, que será meu café da manhã amanhã. Dava para ouvir algumas risadas vindo da sala, sem dúvidas de Maurício pelo grave tom da sua voz.
— Há quando tempo trabalha aqui?
— Muitos anos! Como eu disse: o salário é muito bom e para mim que não tenho estudos isso é uma mina de ouro na minha vida. Eu vim parar aqui após um destraste amoroso, depois que minha filha nasceu. Mas o assunto é pessoal e doloros, se não quiser ouvir pode falar.
— Se você se sente confortável para falar sobre isso eu sou toda ouvidos, mas caso isso ainda lhe incomode não precisa falar nada. Quando a assuntos dolorosos, eu sei me dar bem com eles.
Maria começou dizendo que sofria agressão física do seu marido, desde que havia se casado com ele. Foi um casamento obrigatório pelos pais.
— Seis anos após o casamento eu engravidei e mais uma vez perdi o bebê, desta vez não foi por agressão, foi pela falta de alimentação e cuidado. Eu fazia esforços que uma mulher jamais deveria fazer, ainda mais quando se encontra no período gestacional, mas eu não reninha ninguém para me ajudar. Senti o sangue quente escorrer por entre as minhas pernas, fazia com que a culpa que eu sentia só aumentasse cada vez mais e mais... Mas, eu não tinha mais forças para lutar contra aquilo.
— Apesar de tudo você o amava a ponto de nao ter forças para fugir dele? — Perguntei de forma espontânea, sem julgamentos.
— Eu fui obrigada a me casar com ele ainda na adolescência, jamais o amei. Ás vezes que tentei fugir ele me encontrou e eu tive castigos drásticos que eu não desejo a ninguém. O castigo se tornava cada vez pior e sem forças eu parei de tentar. Ele continuou a me usar todas as noites, como se não houvesse limites, ninguém fazia nada porque apesar de tudo eu era sua esposa. Até que um dia eu descobri que estava grávida novamente e era uma menina. Eu não quis perdê-la por nada, me sentia vazia de todas as formas e ela me preenchia mesmo sendo tão pequena. Foi então que em uma bela noite, após ele chegar bêbado e me bater, envenenei ele com um copo de água que ele me pediu antes de ir deitar. Consegui levar minha gestação até os 7 meses. Eva nasceu prematura e doente, mas, Deus é bom o tempo todo e hoje ela é saudável e bem. Devo muito aos pais de Maurício por me ajudarem tanto, por isso digo que ele não é uma má pessoa. Se a vingança não vier até você, faça ela com suas próprias mãos. Lhe tenho como uma filha, Louise, lembre-se disso sempre que precisar de mim.
— Saiba que tenho grande afeição por você também, Maria. — Nos abraçamos e em seguida fomos para o dormitório, amanhã será um dia cheio.
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Atualizado até capítulo 111
Comments
Maria Da Conceição Silva
Este que fez isto com ela deve pagar e logo. Ela viver a vida de sofrimento e magoas, nao dar ja sofreu demais.
2024-03-02
1
Angel Caldas
Tenho até pena do James e do pai dele, qdo o Maurício souber a verdade, rum
2024-03-01
2
Rutiéle Alós
Maurício tinha que saber tudo que aconteceu com a Lou
2023-08-02
1