Capítulo 13 — O retorno da Tentação

Laerte 

 A propostas de Norely confesso que é muito tentadora, mas eu não irei tentar convencer ao Maurício apenas para dar Louise de bandeja a Norely depois, todo mundo sabe que ele e Parkinson sempre tiveram uma certa rivalidade. Não vou me meter no meio disso. 

 James sempre foi o filho bastardo de Norely, mas essa fissura dele pela garota me despertou um certo interesse, de fato não é apenas pela rivalidade que ele tenha com Parkinson. Vejo desespero em seus olhos, ele teme que alguém descubra alguma coisa sobre James e agora que eu me interessei pelo assunto irei até o fim para saber do que se trata e porque tanto interesse na garota. 

 Estava na sala do meu escritório quando Vanusa entra com o telefone na mão. 

— Senhor, é Charlie de novo. Ele insiste que quer falar com o senhor ou não irá parar de ligar. — Peguei o telefone e o trouxe até meu ouvido. 

Ligação Ativa

— Propostas indecentes seu babaca? — Ouvi seu riso cínico do outro lado da linha.

— Desta vez não. Fiquei sabendo que Maurício tem uma noviça e está querendo tomar posse dela sem querer dividir com ninguém.

— Pelo visto já chegou na sua boca também, mas então, qual a parte que eu entre nessa história? 

— Eu sei que você também quer a tal Louise, Parkinson está tentando o que pode para tê-la novamente em sua casa e pelo que eu soube o James, filho do Norely tem alguma coisa haver com a vida da garota. 

— Tá, mas onde eu entro nessa história? Eu até ofereci uma certa quantia pra ele por ela, mas ele recusou sem falar nada e a gente ainda discutiu por causa disso, falando sério eu já tirei isso da cabeça, se ele quer que ela seja dele e tenha sorte na vida. A vida dela não poderá ser mais infeliz! 

 De fato todos nós sabemos que Maurício nunca foi uma boa pessoa. 

— Ok… então era só isso mesmo, agora como sei que você não quer mais nada vou tentar sorte. 

Ligação Inativa

 Isso tem cara de encrenca. Charlie nunca foi disso e sempre que ele está trabalhando para alguém ele vem até mim e joga uma verde, mas como eu já não sou mais nenhum otário sei que agora tem outro cara querendo a noviça, acho que Maurício não vai gostar nada de saber que agora ele tem dois concorrentes, porque aquela ali será minha nem que ele me mate depois. 

Roberto

 Tia Emma estava sentada na beira da cama quando eu entrei em seu quarto. Bati antes de entrar e ela me olhou com felicidade. 

— Bom dia tia, como a senhora está? — Ao me ver ela me deu um belo sorriso largo. 

— Muito bem meu filho, e você como vai? 

— Muito bem tia, obrigada. A senhora mandou a Betina me chamar, é algo importante? 

— Sim, sente-se que o assunto que eu tenho é muito importante e do seu interesse. 

 Emma pediu para que eu fechasse a porta e eu já saquei que o assunto deve ser muito sério mesmo, espero que não seja nada que me envolva. Quero distância de problemas ultimamente. 

— Roberto, você lembra da Alícia, aquela noiva que o Maurício teve aos 20 anos? — Seu semblante estava sério e de certa forma ela tinha raiva em seus olhos. 

— Lembro-me muito bem dela, mas o que tem haver ela com ele agora? Estão separados há mais de anos, tia. A traição dela com o James pegou Maurício em cheio, ele tem rancor disso até hoje e a senhora sabe. — Respondi e a vi me repreender como se eu falasse demais. 

— Calma garoto, eu ainda nem acabei de falar e você já vem com suas respostas sem sentido. Pois bem, ela reapareceu com uma criança e jura que esse filho é do Maurício, mas o garoto é a cara do Norely, e sabemos que os dois tiveram um caso de anos também. 

— E o que a senhora quer que eu faça? Assuma essa criança? — Recebi um tapa no braço que doeu. Tia Emma sempre anda com um leque e suas investidas em meu braço doem pra caramba. 

— Eu não sei como falar isso para o Maurício. Além disso, preciso saber o que ele está querendo com aquela garota, ela não me parece nada bem e meu filho pode fazer a cabeça dela revirar seus pensamentos. O que você sabe sobre aquela jovem? 

— Pra falar a verdade eu não sei nada, tia. Ela é filha do Parkinson e foi parar nas mãos do Maurício por causa de uma dívida do pai, mas como a senhora pode ver, ninguém iria querer investir nela, foi aí que ela virou a nova empregada da casa e cá entre nós, ela é bem eficiente, a senhora não achou? 

— Até demais. Ela é uma pessoa digna e não merece isso que o pai fez com ela, é sacanagem a forma como estão tratando ela. Maurício terá que me convencer antes de eu a levar comigo quando voltar para casa. 

 Emma passa por cima de qualquer coisa e qualquer pessoa quando ela quer alguma coisa, pelo visto ela pegou afinidade pela Louise antes mesmo de eu ou Maurício imaginar isso. Tia Emma além de ser uma mulher foda, ela não é uma pessoa fácil de lidar, muito menos gostar de alguém, assim de cara. 

— A senhora já conversou com ele sobre isso? Sabe que seu filho tem a sua personalidade e… — Antes mesmo de terminar de fato ela me cortou. 

— E que cobra criada conhece sua cria e se, eu mando ele tem que me obedecer. Eu não nego que gostei bastante da garota, ela tem um carisma incrível, além das dores que ela carrega, ela não tem brilho algum nos olhos e se continuar a ser tratada desse jeito acabará cometendo algum atentado contra si mesma. É isso que vocês querem? 

— Não mesmo. Mas… 

— Sem mas. Agora pode ir, se ver Maurício diga-lhe que eu quero falar com ele o mais rápido possível e a garota sabe onde ela está agora? 

 Até onde eu sei é que ela saiu com a Maria, mas como cheguei a pouco tempo também não sei onde possa estar agora. 

— Maurício é quem deve saber dela! Com licença. — Pedi mesmo estando em meu quarto.

— Não comente nada sobre a Alícia com ele ainda, precisamos pensar em algo e depois que tivermos certeza de que esse filho é dele mesmo ou não. Até lá não abra sua boca sobre isso com ninguém. 

 Emma me olhou desconfiada antes que eu saísse ela me lançou um olhar de dúvida e eu sei que ela está mais que desconfiada sobre a hipótese de está rolando alguma coisa entre os dois, o que eu acho impossível também.  

Maurício

 A reunião de hoje estava marcada para às 10:00 da manhã no meu escritório, mas eu tive alguns imprevistos e acabei me atrasando. O domingo é ótimo para colocar os assuntos nos eixos e estou com muitas encomendas atrasadas por causa da incompetência de alguns, pelo visto terá coisas que eu terei que resolver hoje mesmo. 

— Bom dia senhor. — Jordan diz ao me passar o resumo dos gastos e dos ganhos do mês anterior. 

— Obrigada Jordan, mas o que ainda faz aqui? Hoje é sua folga! — Disse ainda andando e o mesmo estava me seguindo. 

— Desculpe senhor, é que eu estou precisando conversar com o senhor e é urgente. 

— Agora não dá. Fiquei por aqui até a hora em que eu sair, terei alguns minutos para ouvir meu jovem. 

 Entrei na sala e todos estavam conversando e pararam assim que me viram. Juliana ajeitava a saia justa que insistia em ficar subindo a cada movimento que ela fazia. 

— Marquei essa reunião hoje apenas para falar sobre assuntos que ainda estão muito atrasados. Há dois meses atrás eu pedi que o Vicente fizesse o pedido de algumas safras de vinho de 92 e 85, mas você o fez? Não. Sabe no que isso resultou? — O silêncio era constrangedor e ao mesmo tempo maravilhoso. 

— Desculpe senhor é que eu não pensei que o senhor tivesse pressa. — Indagou Vicente com o cenho franzido e me deixando irritado. 

— Vicente, caso eu atrase o seu salário, como você irá se sentir? Pense que através dos meus negócios gira o seu emprego e você vem me dizer que "achou" que eu não tinha pressa? Agora pense como um bom degustador das melhores safras do mundo e me diga como você se sentiria quando não achasse o que procura no lugar que nunca o decepcionou?

— Eu ficaria muito irritado sem dúvidas, o senhor tem toda razão de estar bravo comigo, mas, eu confesso que não foi por mal, eu me esqueci. — Confessou e eu senti o meu sangue ferver e meus punhos fecharem. 

 Fiquei a mesa a minha frente o que fez com que todos me olhassem com apavoro, se continuar desse jeito eu irei a falência mais rápido do que álbum dia eu pude imaginar. 

— Essa é a última chance que eu lhe daria Vicente. A sua única função aqui é fazer a porra dos pedidos e se até a próxima semana o que eu te pedi a dois meses não estiver nas prateleiras daquelas vinícolas pode se considerar demitido. 

 Continuei com a reunião e despejei todo meu ódio em quem mereceu. Sou um ótimo patrão, nunca questionei nada e eles abusam da minha paciência achando que eu iria ser compreensível quando na verdade eles são uns acomodados. Juliana tentou falar comigo mas eu dispensei e fui de encontro ao Jordan. 

— Vamos para minha sala Jordan. — O chamei e antes que eu desse as costas ele me chamou novamente. 

— Não será preciso senhor, o que eu tenho a dizer é bem direto. 

— Então que diga o quanto antes!

 Jordan pediu demissão e quando eu perguntei o porquê ele não respondeu, apenas disse que precisa do dinheiro do acerto e eu não insisti. Até onde eu sei ele não tem família, esposa ou filhos, mora com a sua mãe e seu irmão mais velho. 

— Amanhã acertaremos tudo e você já sairá daqui com o seu acerto. Você foi um ótimo assistente, rapaz, tem um bom futuro pela frente. 

— Obrigada Maurício, você também foi um excelente patrão. 

 Seguimos nosso caminho e eu fui direito para casa, alguma coisa dentro de mim quer ver a Louise o quanto antes e isso está me enlouquecendo. Sempre que a vejo um sentimento de euforia toma conta do meu corpo e quando impossível resistir aquela criatura tão ingênua e indefesa. 

(...)

Louise 

 Ja havia acabado de lavar quase todos os banheiros e por fim estava lavando a louça para guardar. A casa é enorme e já são quase quatro horas da tarde e eu ainda não comi nada. Greta é a cozinheira que veio hoje, mas ela não é muito comunicativa e assim é até melhor. Fiz tudo na calma e sem Maria tagarelando no meu ouvido, Maurício não estava em casa e o próximo cômodo que eu iria arrumar seria o quarto dele. 

— Louise, será que tem um tempinho para mim? — A senhora que segundo é mãe do Maurício estava parada na minha frente e com um sorriso largo no rosto. 

— Claro que sim, senhora. 

— Senhora tá no céu e eu sou uma pecadora filha, me chame apenas de Emma ou como preferir. Venha comigo, eu tenho algumas perguntas para lhe fazer. 

 Por um breve momento eu pensei no que ela queria falar comigo e quais as perguntas que ela tem a me fazer. Meu estômago estava roncando de fome e eu estava tentando controlar isso ao máximo. Segui ela por entre os corredores e essa casa é maior do que eu imaginei. Muitas portas e entradas obscuras e algumas portas tem cadeados que já estão empoeirados. 

 Entramos em uma sala onde as cortinas vermelhas ganham destaque. Os móveis todos coberto com panos brancos e alguns quadros enormes e com pinturas estranhas espalhados pela sala, pelo jeito esse cara é mais rico do que parece. 

 Sentei a sua frente mas antes mesmo que ela falasse algo o filho dela adentrou a sala, fixou seus olhos em mim como se eu fosse uma fugitiva. 

— Precisamos conversar mãe. — Indagou ele, sem nenhum abuso prévio. 

— Com licença, senhora. Emma. — Pedi ao me retirar, mas a voz grave me fez parar antes mesmo que eu chegasse a cruzar a porta. 

— Onde pensa que vai? — A voz de Maurício me fez estremecer de uma forma única. Parei e continuei inerte até que senti suas mãos me tocarem. 

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***