Uma semana depois…
Louise
Os dias passaram até que meio rápidos demais, achei que iria ser desgastante e que eu iria acabar não suportando esta minha nova vida, mas Maria sempre me alegra de alguma forma.
Ainda estou horrorizada com aquele lance de venda de mulheres, mas cada um faz o que lhe convém e se eu não estou no meio delas devo agradecer por isso!
Maria não parava de falar no meu ouvido, ela tem muito assunto e do nada saí de um para outro. Maurício vinha me tratando "diferente" das demais. Às últimas noites ele me pedia para que levasse whisky até o seu quarto, acho que ele é feito de álcool, pois todas as noites ele bebe.
Ultimamente Maurício vinha me cumprimentar com um boa noite ou um bom dia, isso é pra lá de estranho.
— Você é mesmo cega se não vê como ele te olha. — Maria retrucava enquanto enxugava os pratos que eu estava enxaguando. — É sério Lu, ele te olha diferente. Não sei explicar! Mas, eu nunca o vi assim, ele está diferente e…
— Você no mínimo está vendo coisas, Maria. Onde já se viu, Maurício olha para mim com outros olhos, eu que não sei o porquê disso tudo! — Retruquei baixinho e ela continuou falando sem parar. — Acho que você está vendo coisas onde não existe, além disso ele só deve sentir pena de mim e mais nada que isso. Não vê que faço tudo que ele manda, assim como todas as outras? Deve falar comigo para me envergonhar, isso sim.
— Pois eu duvido muito. Já se olhou no espelho, garota? Você é linda Louise, tem um carisma maravilhoso e é simpática, quem não se interessaria por você, garota? Só quem estivesse louco mesmo. Maurício é louco, mas acho que naquele coração está faltando algo.
— Pois é isso que deve ser quem ousar se interessar por mim, completamente louco. Agora vamos voltar aos serviços que eu já estou cansada, estou morrendo de cólicas e não tenho como amenizar isso.
— Aproveita que estamos fazendo o mesmo trabalho hoje e senta um pouco, você sempre me ajuda quando eu preciso então não vejo porque não ajudá-la também.
— Nem pensar, e te deixar trabalhar mais por isso? Há, nem pense nisso.
(...)
Meu último dever era lavar os banheiros e eu já estava quase terminando quando senti meus dedos ficando dormentes. A água estava mais feia que os outros dias, além disso a minha roupa já estava encharcada. Maria já acabou os afazeres dela e eu estou sozinha. Apoiei as mãos no joelho quando senti meu corpo fraquejar, meus lábios estavam se batendo de frio e eu estava ficando tonta, minha visão estava indo para o espaço e meu corpo indo ao chão.
Maurício
Esses últimos dias têm sido muito corridos para mim, minha mãe desde que conheceu Louise não para de encher minha cabeça sobre tirar ela daqui e fazer acordo com o Parkinson, mas não tem mais volta. A imagem dela com aquele batom vermelho ficou impregnada na minha mente e fica cada vez mais difícil esquecer aquela cena, principalmente quando a vejo em minha frente, o bom humor dela todos os dias mesmo tendo a vida que tem me deixa surpreso.
Louise estava com as mão no joelho e olhando para o chão, percebi que algo estava errado e corri para perto dela, rápido o bastante para segurar sua cabeça e não a deixar que batesse no chão.
— Meu Deus! Eu mandei ela ir descansar um pouco senhor Maurício, mas ela não quis me ouvir e deu no que deu. — Maria falava enquanto pegava os cacos de vidro, creio que era um copo d'água que estava tomando.
— Termina o serviço e pode ir, por hoje está liberada.
Maria apanhava os cacos de vidros olhando eu caminhar com Louise em meus braços, essa é a Mauro loucura que já fiz em minha vida, nunca levei ninguém ao meu quarto e Louise estaria sendo a primeira mulher.
(...)
—Ah… — Seu murmurinho me fez levantar e o alívio que eu senti por vê-la acordar era inexplicável, uma sensação que jamais havia sentido. — Né desculpa por isso! — Pediu ao me ver parado ao lado da janela.
— É seu dever avisar as demais que está doente, não quero que ninguém se machuque por aqui. Você está bem?
De um jeito desengonçado ela levantava e sentava na cama, arrumando sua roupa que estava suja e ainda úmidas.
— Eu não estou doente, só tive um apagão. Estou bem, obrigada novamente por me ajudar. Preciso limpar isso aqui, eu estou causando desastres demais ultimamente!
— Vá descansar por hoje, não se preocupe e procure se alimentar. Sei que não come há alguns dias e queria saber o porquê?
— Não há motivos, Sr. Novamente agradeço, mas se permitir, será que posso me retirar? — Suas mãos estavam juntas e trêmulas, ela não me olhava nos olhos e era óbvio que ela se sentia encurralada quando estávamos a sós.
— Não precisa ter medo de mim, eu não sou o monstro que você pensa. Pode ir, como eu disse: vá descansar.
A aparência dela estava desgastada, seus olhos fundos e sua palidez não era algo normal, mas a deixei ir como ela mesmo me pediu e ao sair do quarto dou de cara com Roberto, que sem dúvidas estava ouvindo a conversa enquanto andava pelo corredor.
— Então, agora vai negar que está interessado na filha do Parkinson? — Roberto se aproximou e sorriu, dando um tapa em meu ombro.
— O que você faria se visse uma mulher caindo na sua frente? A deixaria morrer com um pedaço de vidro enterrado na sua cabeça ou ajudaria? Acha que eu também sou o monstro que ela pensa que sou?
— Por mim ela morreria. — O maldito sorriso surgiu em seus lábios, ele sabe o quanto eu odeio isso. — Claro que eu ajudaria, mas isso só aconteceu porque você estava vigiando ela sempre que surgia um tempo, estou mentindo?
Não posso dizer que estava espionando a mesma, digamos que eu estava observando como ela se sai neste trabalho e quem sabe colocar ela pra assumir algum posto que esteja precisando dela. Parkinson me disse que ela é formada em contabilidade e quem sabe pode surgir alguma oportunidade pra ela, quem sabe…
— Enfim… eu não quero saber qual teu lance com ela, Norely está te esperando no escritório!
— Por que não dispensou o babaca? Eu já tive um dia cheio demais por hoje.
— Até tentei, mas sabe como é, ele nunca desiste do que quer e nós sabemos o que ele quer!
— Pois se ele acha que terá Louise, está muito enganado. — Nem mesmo esperei o idiota do Roberto falar mais nada.
(...)
— Minha proposta se põe de pé, Maurício. Só você não vê potencial na garota, aposto que pegaria uma boa grana nela, mas eu estou disposto a pagar o valor que você quiser por ela!
A vontade que eu tenho de socar a cara desse desgraçado até que ele esteja com o rosto todo desfigurado, não suportando as palavras ridículas que estavam saindo de seus lábios não pensei duas vezes antes de desferir um soco em seu rosto, fazendo seus lábios serem cortados por seus dentes e sujar minha mão de sangue.
— Eu não vou mais repetir, mas irei dizer pela última vez só para que fique bem claro: ELA NÃO ESTÁ A VENDA, Norely. Espero que essa conversa esteja encerrada por aqui. — Virei as costas e antes de chegar a porta ouvi o burburinho dele muito baixo.
— Você ainda vai se arrepender muito de ter feito isso, vai sentir mais ainda quando eu pegar ela do jeito que eu quero na sua frente e você não não poder fazer nada, sabe por quê? Porque ela será minha, queira você ou não!
Meu sangue ferveu e quando eu me dei por conta do que estava fazendo quando matei o homem vadio que está a minha frente. Ouvi os gritos da minha mãe, o olhar de apavoro de Louise e Roberto me segurando enquanto Norely limpava o sangue que escorria pelo canto da boca e continuava com o sorriso maldito no rosto.
Meus punhos estavam fechados, eu estava pronto para deixar a cara do infeliz desfigurada quando a porta foi aberta e vi a imagem da minha mãe me olhando, ao seu lado estava Louise com o olhar paralisado.
Emma
Meu filho só pode ter enlouquecido. Como se tudo que ele faz não fosse o suficiente agora decidiu manter uma moça presa, apenas por sentir vergonha que veja ela e eu acho isso um absurdo. Agora deu pra espancar os outros, como se quisesse tirar a vida do inquilino usando as mãos. O olhar de Louise estava perdido, como se tudo que está vendo fosse muito novo pra ela.
— Venha querida, vamos, deixe que esse brutamonte se acalme. — A peguei pela mão e tentei tirar ela dali o mais rápido possível, mas ela estava um pouco paralisada no tempo.
— Vai Louise, escute minha mãe, saiam daqui! — Maurício fixou seus olhos em Louise e a mesma permaneceu inerte diante toda a situação.
Saímos em direção ao meu quarto, Louise recebeu olhares de inveja sobre si, não inveja da aparência física, mas do que ela pode conquistar por aqui.
— Foi muita generosidade da parte da senhora em me ajudar, mas agora eu tenho que ir. As louças não lavam sozinhas.
— Você é teimosa e esse seu lado que não se rende a ninguém está intrigando meu filho, toma cuidado minha jovem. Maurício não é uma pessoa ruim, mas não está acostumado com pessoas boas ao seu redor.
— A senhora não me parece ser nada ruim, mas se este é o conselho que tem a me dar eu lhe agradeço e juro que permanecerei o mais longe possível de seu filho.
— Não foi isso que eu quis dizer, você me entendeu, mas… faça o que achar melhor para você. — Pela primeira vez eu a vi sorrir e por um momento eu percebi que ela é inocente demais para está aqui, ela tem muita coisa a aprender ainda.
Antes que Louise saísse, Maurício cruzou a porta com fúria em seus olhos e antes de tudo, comeu Louise com os olhos. Ficou visivelmente estampado o brilho que esboçaram em seu olhar, mas dá parte de Louise não houve respostas, ela estava com o pensamento distante e rapidamente passou por Maurício e foi embora…
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Atualizado até capítulo 111
Comments
Rutiéle Alós
Mmeeeeu chapéu! As outras vai enlouquecer quando souberem que ele levou a lou pro quarto dele
2023-08-02
1
Jéssica Araújo
isso só faz ele ficar ainda mais curioso
2023-07-17
0
Jéssica Araújo
Exato. o fato é que ele está interessado e não assimiliou isso ainda
2023-07-17
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