Capítulo 17

Carla estava contando aos fotógrafos, mentiras sobre Rafaela, sempre sorridente já nem se importava mais com o tapa que havia levado, até Rafaela chegar por trás dela e a puxar pelo cabelo a fazendo cair no chão.

-Sua louca me solte... Socorro! -Gritava Carla desesperada.

-Eu vou acabar com você... -Subindo em cima dela. -Você vai se arrepender de ter nascido sua idiota! -Gritou Rafa lhe dando um tapa.

-Ai! Sua louca... Igor! -Gritava à loira empurrando Rafaela.

-Alguém tem que fazer alguma coisa... -Disse Fabi olhando a cena e fazendo o possível pra não rir.

-Isso é por ter se aproveitado da minha filha, pra aparecer nas fotos! -Gritou ela lhe dando outro tapa. -E isso por ter marcado o braço da minha filha! -Gritou ela lhe dando um tapa mais forte ainda.

-Alguém me ajuda! -Gritou Carla chorando.

-Meu Deus... -Disse Paola entrando na sala. -Eu devia ter vindo pra cá há mais tempo... -Disse sorrindo.

-Se encostar em um fio de cabelo da minha filha novamente... -A puxando pelo cabelo. -Eu vou te picar inteira com uma faca! -Gritou ela a soltando e saindo de cima dela. -Agora vocês podem tirar fotos, tirem fotos da babá e da patroa estirada ao chão... -Saindo e ajeitando a roupa.

-Rafa, você está bem? -Perguntou Fabi assustada.

-Estou ótima Fabi. -Saindo sem olhar pra trás.

-Parem de tirar fotos, seus idiotas! -Gritava Carla escondendo o rosto machucado.

A boca sangrava, os olhos estavam com a maquiagem borrada e os fotógrafos não paravam por nada. Igor pediu aos fotógrafos que deixassem a casa, e declarou a festa como terminada. Rafaela voltou ao quarto da filha, que chorava pedindo por ela.

-Mamãe! -Gritava a garotinha.

-Pronto meu amor... -Entrando no quarto. -Vem com a mamãe... -A pegando no colo. -Vamos dormir está bem? Você está com soninho... -A acariciando.

-Rafaela... -Chamou Igor entrando no quarto.

-Agora não Igor... -Dando atenção somente a filha. -Ninguém nunca mais vai tocar em você pra te machucar, minha vida... -Beijando a filha. -A mamãe te protege com a própria vida se for preciso... -Disse ela chorando.

-Onde está à marca, Rafa? -Perguntou Igor preocupado.

-Aqui... -Estendendo o braço de Clara.

-Como ela pode fazer isso? -Perguntou ele indignado.

-E como você pode deixar ela sozinha com aquela idiota? -Perguntou ela indignada.

-Eu não ia adivinhar que ela faria uma coisa dessas com minha filha...

-Escute aqui Igor, você quer continuar me tratando com frieza você continue, mas, deixe minha filha longe de tudo isso...

-Ela também é minha filha e...

-Me deixe terminar. -Pediu ela o olhando nos olhos. -Você já deixou bem claro que a nossa convivência é quase impossível, então vamos estabelecer regras.

-Como assim regras? -Perguntou ele sem entender.

-Eu fico morando aqui com Clara, mas, não vamos nos falar, não vamos brigar, nem conversar, vamos nos ignorar. -Disse ela olhando a filha dormindo.

-Porque está inventando essa bobagem agora, Rafaela? -Perguntou ele sério.

-É melhor que seja assim, você segue sua vida e eu a minha, mesmo que eu não siga a minha do jeito que sempre quis... -Porque você me odeia tanto, Igor? -Perguntou ela chorando. -Se eu escondi Clara por três anos, foi por medo, você precisa me entender... -Agarrando o terno dele. -Precisa me entender e me perdoar...

-Fique calma está descontrolada... -Disse Igor assustado com o jeito dela.

-Igor... -Disse Rafaela chorando e o abraçando.

-O que você tem, Rafaela... -A abraçando. -Fique calma... -Sem entender.

Assim se passou o resto da noite, Rafa chorando nos braços do motivador de suas lágrimas, Igor acariciava os cabelos dela tentando acalmá-la.

"Não gosto de vê-la assim, mesmo sentindo raiva dela não suporto vê-la assim...".

Ela se sentia sozinha e desprotegida, não tinha mais o apoio dos pais, não podia contar mais com ajuda de Paola e nem de Fabiana, já que a amiga pretendia sair da casa também.

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Alguns dias se passaram, Paola foi embora sem dizer uma só palavra ao filho, logo depois, Fabi e Sandra também foram embora, Clara era a única que não percebia o clima pesado da casa, brincava e pulava o dia todo tendo, toda a atenção da mãe e do pai, Igor passava muito tempo trabalhando e quando ficava em casa se limitava a ficar com a filha e se trancar no escritório, às vezes passava dias sem cruzar com Rafaela pelos corredores da casa. Rafa cuidava da filha e quando Clara dormia, lia alguns livros na biblioteca, ainda mandava cartas aos pais pedindo que a perdoassem, mas, nunca era correspondida.

-Rafa... -Disse Fafá entrando na biblioteca. -Tem uma pessoa querendo falar com você, querida... -Disse a senhora sorridente.

-Quem é Fafá? -Perguntou ela estranhando.

-É uma mulher... -Disse antes de sair da sala.

Rafaela desceu as escadas e teve uma grande surpresa ao entrar na sala de visitas, seus olhos encheram-se de lágrimas, Júlia sua amiga estava sentada sorrindo pra ela.

- Júlia! -Disse Rafa antes de correr até ela e lhe dar um grande abraço.

-Rafa, amiga... -Retribuindo o abraço. -Que saudade.

-Não acredito que está aqui Júlia... -Disse ela chorando. -Também senti saudades de você.

-Está diferente, mais elegante... -Disse Mai reparando a roupa dela.

-Isso não combina comigo... -Disse ela triste. -Mas, como você está? O que faz aqui em Londres?

-Estou muito bem, estou grávida! -Exclamou Júlia super feliz

-Que ótima notícia Júlia. -Disse Rafa acariciando a barriga dela. -Que bom que está feliz amiga... -Disse com um pequeno sorriso.

-Onde está a bonequinha?

-Está dormindo, ela brincou a manhã toda, estava cansada... -Disse Rafa sorrindo.

-Você não está feliz. -Disse Júlia séria. -O doutor não a trata bem, Rafa?

-Não vamos falar nele agora Júlia, vamos falar de você, onde está morando? -Perguntou ela sorrindo.

-Estou morando em um apartamento no centro, a sua casa é bem longe de lá por sinal. -Disse Júlia respirando fundo.

-É... A casa é bem afastada mesmo... -Disse Rafa olhando o jardim pela janela. -Não estou feliz aqui Júlia...

-Eu percebi isso assim que a vi... -Disse Júlia séria. -Eu sinto muito... -Pegando a mão dela. -Ele não mudou em nada?

-Quando cheguei, aqui as coisas estavam muito piores, brigávamos sempre, às vezes até na frente de Clara, um dia ele me bateu...

-Te bateu? -Perguntou Júlia assustada. -Que horror Rafa...

-Depois desse dia a situação ficou ainda pior, a irmã e a mãe dele foram embora, e nós vivemos como dois estranhos... -Disse Rafa séria.

-Mas, vai ficar assim o resto da vida? -Perguntou Júlia preocupada. -Você só está pensando no futuro da Clarinha, e o seu futuro? Você precisa fazer alguma coisa...

-Eu não sei o que fazer...

-Você o ama, não é? -Perguntou Júlia séria.

-Sim Júlia, talvez eu nunca chegue a amar alguém como eu o amo. -Disse ela cabisbaixa.

-Porque não usa o seu amor, para atrair o amor dele? -Perguntou Júlia sorrindo.

-Usar o meu amor para atrair o amor dele? Acho que a única coisa que posso atrair dele, é ódio...

-Rafa, sei que ele deve ter magoado muito você, mas, ele não vai mudar... -Disse Júlia com sinceridade. -É só você quem pode fazer isso, e quando ele enxergar quem realmente é Rafaela, ele vai pedir perdão por tudo...

-Eu não tenho a sua fé amiga... -Sussurrou ela sentindo uma lágrima escorrer.

-Sempre que possível entrarei em contato com você amiga... -Sorrindo pra ela. -Você não está mais sozinha...

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