Capítulo 16

No consultório médico, o clima estava cada vez mais que quente, Igor e Carla estavam se amassando em cima da mesa do escritório.

— Doutor Valas... — Começou a secretária entrando. -Minha nossa, desculpe doutor, eu...

— Já disse pra bater na porta! — Gritou ele ajeitando-se. — Espere lá fora, eu te digo quando puder entrar... — Ofegante.

— Sim, doutor... — Saindo apressada.

— Mas, que idiota... — Reclamou Carla ajeitando o cabelo. — Podemos continuar na minha casa, querido... — Limpando o batom da boca dele.

— Não Carla, e acho que vou até agradecer a Helen por ter entrado... — Ajeitando a gravata. — Eu ia cometer a maior estupidez, nessa altura da minha vida...

— Então você acha que se relacionar comigo, é uma estupidez? — Perguntou ela indignada.

— Nessa altura da minha vida sim. — Disse ele respirando fundo. — Carla, eu tenho trabalho agora, está bem?

— Já entendi o recado. — Pegando a bolsa e saindo. — Se precisar relaxar eu estou te esperando amor... — Dando um selinho nele e saindo.

— Helen, pode entrar agora... — Disse sério.

— É que... O... O novo enfermeiro chefe acaba de chegar.

— E você só me diz isso agora? — Perguntou ele respirando fundo. — Mande ele entrar agora...

— Prazer doutor, eu sou Christian Sanches... — Estendendo a mão.

— Prazer, sente-se. — Se sentando. — Então, o que fez você mudar de uma cidade pequena, pra Londres? Não me diga que foi só o emprego.

— Não, minha esposa também queria muito vir pra cá, então não tive muitas escolhas... -Disse sorrindo. — Trabalhei durante muito tempo como enfermeiro, depois fui nomeado chefe. — Explicou ele.

— Você leva jeito pra isso... Pode começar amanhã Christian? — Perguntou Igor sorrindo.

— Sim, claro...

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Na mansão os preparativos para o jantar, estavam a todo vapor, Clara estava dormindo, o que facilitou para Rafa e Fabi acabarem de organizar as coisas, Paola conversou com Rafaela e disse a ela que o melhor era ir embora da casa, Rafaela tentou mudar a idéia dela, mas, não adiantou. A casa ficou maravilhosa, com flores do campo e muita comida e bebida. Igor chegou quase em cima da hora e não encontrou Rafaela no andar de baixo.

— Você fez um ótimo trabalho, Fabi... — Disse ele reparando o lugar.

— Eu não conseguiria se Rafa não tivesse ajudado... — Se preparando pra subir.

— Fabi... — A segurando pelo braço. — Eu sinto muito...

— Igor, não foi em mim que você bateu, e se você teve coragem de fazer isso, com certeza vai ser moleza pra você pedir perdão... — Se soltando e subindo.

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Rafaela colocou um conjunto vestido preto com detalhes em azul, a calça era skinny de courinho e a parte de cima em tomara que caia, prendeu um pouco os cabelos com uma presilha brilhante e os deixou de lado, fez uma maquiagem leve, preferindo evidenciar mais a boca bem desenha. Muito mais bonita, ficou se olhando no espelho e deu graças por seu rosto estar muito melhor. Clara também ficou uma graça em seu vestido azul, os cabelos ficaram soltos com um arco na mesma cor

— Mamãe, voxe e eu é linda... — Disse a pequena sorrindo.

— É sim, meu amor... — Pegando a filha. — Mas, se diz nós somos lindas... — A olhando pelo espelho.

-Meu papai ta lindo mamãe... -Disse ela sorrindo. -Voxe vai beja ele? -Perguntou a garotinha rindo.

-Clara meu amor, porque não vai ajudar a sua priminha... — A descendo. — Ela precisa de você lá...

-É vedade... -Correndo pra fora.

Igor entrou no quarto devagar, estava vestindo off white, muito elegante e sensual. Entrou devagar, observando Rafaela colocar os brincos.

"Está perfeita, como posso sentir tanto desejo por alguém que odeio?".

Rafa notou que havia alguém no quarto, e se assustou ao constatar que era ele, ficou trêmula, pegou o colar de ouro que emprestou a filha à noite e tentou colocar, mas, a tremedeira não estava colaborando.

-Essa noite merece algo mais especial... -Se aproximando dela com uma caixa de veludo. -Deixe-me colocar em você... -Abrindo a caixa.

Um colar de diamantes reluzia chamando atenção, Rafaela engoliu a seco quando ele encostou as mãos no seu pescoço prendendo a jóia fria e luxuosa. Igor prendeu a jóia e a virou pra olhá-la no fundo dos olhos. Rafa não tinha coragem de olhá-lo sentia medo de trair a si mesma.

"A Igor, se você me amasse, se me amasse como eu te amo..."

-Você gostou do presente? -Perguntou ele a fitando.

-Obrigada... É muito bonito... -Disse ela tocando a jóia.

-E... Seu rosto? -Perguntou ele reparando.

-Está ótimo... -Se distanciando dele.

-Rafaela, eu... Eu fiquei nervoso, você me deixou nervoso e me fez perder a cabeça, eu...

-Os convidados já estão chegando... -Acabando de passar o batom. -Vamos descer pra você recebê-los.

-Eu ainda não acabei de conversar com você... -A segurando pelo braço.

— Vamos ter... Muito tempo, Igor... — Disse ela trêmula. — Por favor, vamos descer... — Pediu ela com medo.

-Está tremendo? -Observando o jeito arredio dela. -Eu nunca mais vou tocar em você pra machucá-la...

— Então vamos descer Igor... — Tirando a mão dele. - Clara está ansiosa, e você não pode fazer os convidados esperarem... — O olhando nos olhos. — Eu já esqueci o que aconteceu, e quero que faça o mesmo... Agora vamos?

— Rafaela, eu...

— Vamos Igor... — Sorrindo e pegando na mão dele.

"O que está havendo com ela? Como pode ser tão amável depois de tudo que aconteceu? Ela está jogando comigo, está se fazendo de santa pra mim...".

Os convidados estavam chegando, mulheres muito sofisticadas e homens cultos e elegantes, todos muito bem vestidos e com uma classe invejável. Igor desfilava pela casa com a filha no colo, apresentando a pequena a todos os amigos que se encantavam com os belos olhos azuis, Clara sorria muito, estava adorando toda aquela agitação. Rafaela estava se sentindo um peixe fora d`água, em nenhum momento Igor a chamou e lhe apresentou aos amigos, Paola não saiu do quarto, Fabi estava sorrindo e cumprimentando os conhecidos, e Rafaela sentada na sala rodeada de pessoas desconhecidas que lhe dirigiam olhares de desdém.

— Eu sabia que ela viria... — Disse Fabi olhando a porta de entrada.

— Quem, Fabi? — Perguntou Rafa procurando com os olhos.

-A loira mequetrefe, Carla...

Carla usava um vestido vermelho muito ousado, com um grande decote nas costas e na frente, e uma fenda aberta na perna exibindo as sandálias de salto altíssimas. Os cabelos levemente ondulados e o batom vermelho estavam fazendo o efeito desejado, chamando muita atenção. A loira se dirigiu em direção a Igor e o cumprimentou com um selinho, Rafa sentiu um aperto no peito, e a dor piorou quando a loira posou para fotos com Clara e Igor, como uma bela família feliz.

— Vamos até lá... Você é quem devia estar tirando aquelas fotos... — Disse Fabi a puxando.

— Não Fabi, não quero criar problemas nessa festa... — Disse Rafa séria. — Se Igor quer assim, por mim tudo bem...

— O que está tentando fazer Rafa? — Perguntou Fabi pegando uma taça de vinho.

-Estou tentando mostrar a ele, que eu não sou como a mãe dele foi Fabi, estou começando a seguir o seu plano. — Esclareceu ela.

— Não sei se me alegro ou se temo por você... — Disse Fabi sorrindo. -Meu irmão ainda vai perceber o que está perdendo...

Clara estava começando a ficar enjoada com tantos flashes, Clara a pegou no colo sorrindo e dando um beijo no rostinho da menina, Clara não demorou muito e começou a chorar, Igor tinha se afastado pra receber outros convidados.

— Fique quieta, menina malcriada... — Disse Carla sorrindo.

-Mamãe... Eu quelo minha mamãe... -Pediu ela chorando muito.

— Vá se acostumando, eu vou ser sua mãe... — Disse a loira apertando o bracinho dela.

-Mamãe! -Gritou a menina assustada.

Rafaela sentiu o seu sangue ferver olhando aquela cena, a filha chorando e pedindo por ela, e a loira sorrindo e apertando a menina. Fabi viu que aquilo não ia dar certo e começou a se apavorar, Rafaela largou a taça, que se espatifou em mil pedaços e saiu em direção à filha, sem pensar duas vezes acertou um tapa no meio da cara de Carla e pegou a filha.

— Não ouse tocar na minha filha com as suas patas imundas, sua cadela de canil clandestino! — Gritou Rafaela cega de ódio. — Eu acabo com você, eu arranco os seus cabelos, eu mato você sua desgraçada...

— Rafa, se acalme... — Pediu Fabi vendo que os flashes só se faziam aumentar.

— O que está havendo aqui? — Perguntou Igor assustado.

-Oh, Igor, essa babá louca me atacou... -Disse Carla escondendo o rosto no ombro dele.

-Babá? -Gritou Rafa aturdida. -Diga a ela Igor, diga a todos eles, quem sou eu... -Pediu ela ofegante.

— Rafaela venha comigo, pare de fazer uma cena em público. — A pegando pelo braço.

-Diga quem sou eu! -Gritou ela se soltando.

— Mamãe... — Disse Clara assustada.

— Está tudo bem meu amor... — Acariciando a filha. — Eu não sou ninguém pra você, não é Igor? Nunca vou representar nada pra você. — Disse ela baixo. — Com licença... — Saindo da sala.

— Porque não disse, Igor? — Perguntou Fabi séria. — Porque não disse a eles, que ela é mãe da Clara?

— Agora não Fabi... — Indo atrás dela.

Rafaela apertou a filha em seu peito, lágrimas de humilhação banharam o seu rosto, estava magoada e cansada de toda aquela situação.

— Deixe a mamãe ver o seu braçinho, meu amor... — Pediu Rafa deitando a filha na cama.

— Dói mamãe... — Disse a menina fazendo bico.

-Eu sei minha anjinha, mas, eu preciso olhar... -Pegando o bracinho dela.

O braço estava com uma marca roxa, Rafa na mesma hora chamou Fafá e pediu que ela ficasse com Clara um instante. Clara chorava e Fafá ficou assustada olhando a marca na menina.

— Fique calma Rafaela, o que pensa em fazer? — Perguntou Fafá entregando a chupeta a Roberta.

— Vou fazer exatamente o que aquela vagabunda fez a minha filha, ela não vai se esquecer jamais do que fez a minha Clara... — Saindo do quarto bufando.

— Onde está indo, Rafaela? — Perguntou Igor a segurando.

— É bom você me soltar, eu sou capaz de fazer coisas que você nem imagina quando mexem com a minha filha! — Gritou ela o olhando no fundo dos olhos. — Não ouse me interromper, vá ao quarto da nossa filha e veja no braço dela a marca que aquela vadia fez... — Saindo em direção a festa.

— Rafaela, espere... — Indo atrás dela.

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