Cap. 19

Os dias que se seguiram foram de muita tensão para Vitória que tentava de todas as formas não lembrar de Enzo, mas parecia impossível esquecer o que havia acontecido entre os dois, mesmo não tendo visto ele desde  aquele dia.

_ Por que ainda não consigo esquecer o que aconteceu? Se perguntava e as vezes se sentia culpada pela forma que falou com ele, pois Enzo não sabia dos seus problemas passados, mas mesmo assim resolveu não ligar ou procurar por ele.

Haviam momentos em que ela pensava em falar com Vivi sobre o beijo e como estava se sentindo desde então,  mas tinha receio que a irmã ficasse outra vez empolgada pensando que ela estaria apaixonada por Enzo.

Quando Vitória se distraia, sempre se pegava pensando no beijo dele.

_ Eu não estou apaixonada por ele... Falou alto no meio do restaurante batendo o garfo no prato. Algumas pessoas olharam para ela que ficou envergonhada voltando a comer o seu almoço.

“ Não tenho a interesse em ter um relacionamento sério com alguém...só amei uma vez na vida, e não vou amar de novo”.

Vitoria se lembrou do que Enzo disse no dia que se encontraram na cafeteria, e essas palavras agora pareciam magoá-la de alguma forma.

_ Eu não vou amar você… não devo me preocupar com isso. Falou perdendo o apetite.

Voltou para o hospital, e mais uma vez conferia a no sistema o nome dos pacientes que atenderia naquela semana, e dentre eles, ela buscava encontrar um nome, o de Celina. Finalmente o nome da menina apareceu na lista de retorno da próxima semana e Vitória ficou feliz pois veria a menina novamente e também veria Enzo. Ao pensar no encontro que teria com ele, o coração disparou.

_ Não Vitória, não deixe esse sentimento crescer... Falava sozinha.

Celina ficou chateada ao acordar e não encontrar Vitoria naquele dia. Enzo tentou explicar da melhor maneira possível que a médica precisou ir embora quando a chuva passou, e nos dias seguintes se virou para distrair a filha que sempre pedia para ele ligar para Vitória. Celina parou de pedir para o pai ligar para Vitoria quando o pai disse que ela a veria a médica na semana seguinte quando tinha retorno para mostrar os resultados dos exames.

Quanto ao que Enzo estava sentindo, ele tentava esquecer se concentrando no trabalho, mas estava difícil.

Enzo refletiu sobre o sentimento que tinha pela ex, antes pensava ter amado Mariah, agora duvidava se um dia chegou a amá-la quando estavam juntos, pois nunca sentiu falta dela da mesma forma que sentia de Vitória, e essa constatação mexia com o seu humor.

_ Nossa, você passou a semana inteira com a cara e o humor péssimos. Comentou Daniel vendo Enzo mais sério que o normal. _ Se quiser conversar…

Enzo cerrou os punhos, precisava conversar com alguém.

_ Sabe quando você percebe que estava enganado...

_ Sei, mas em que você estava enganado? Perguntou curioso.

_ Eu não cheguei a amar a Mariah, eu gostava dela, não posso negar, e chegaria a amá-la um dia se ela não tivesse me traído, mas amar, não amei...eu sofri mais pelas ameaças que ela fazia a minha filha do que pelo flagra que eu dei dela com outro na cama.

_ E porque você chegou a essa conclusão somente  agora?

_ Porque eu estou gostando de alguém, e está doendo não vê-la…

_ Esta falando da médica da sua filha? Sabia que você estava gostando dela. Falou sorrindo.

_ Pensei que era atração física, desejo porque Vitória é muito bonita, mas o que eu estou sentindo é mais que isso, o jeito dela, a delicadeza… tudo nela me atrai.

_Eu não acredito que você vai abrir seu coração outra vez para um relacionamento.

_ Não, eu não vou abrir…eu não sou correspondido, ela me rejeitou de uma forma tão enérgica… E eu não sei porque.

_ É só insistir,  demonstrar o seu interesse quem sabe ela muda de ideia.

_ Não, um não já me basta, talvez seja um sinal para eu continuar como estou, sozinho… mas dessa vez dói aqui. Diz batendo no peito.

_ Vai desistir fácil assim?

_ Não estou desistindo pois nunca tivemos nada…

_ Mas…

_ Daniel, não insista, já estou me arrependendo de te contar essa história. Agora vou continuar a minha vida, tenho que cuidar da minha filha e esquecer o que sinto por ela, ela deixou claro que não quer nada comigo.

_ Está bem, mas que tal parar um pouco, respirar. Vamos a cafeteria, estou com saudades de um bom café.

_ Se quiser pode ir, estou evitando os lugares onde posso encontrar com ela. Falou voltando a atenção para a tela do computador.

_Só tenho um conselho para te dar, se você gosta dela, insista mais um pouco. Falou saindo, mas Enzo não pensava em mudar de ideia.

O dia do retorno de Celina chegou e uma inquietação tomou conta de Vitoria durante toda a amanhã. Quando finalmente chegou a hora da consulta de Celina, Vitória estava ansiosa para rever a menina e Enzo. Antes de chamá-los, olhou-se no espelho conferindo o cabelo e a pele, chegou a beliscas as bochechas para ficarem coradas.

_Eu estou bem… Falou tentando controlar a respiração antes de chamar a menina. Abriu a porta do consultório. _ Celina Vasconcelos. Chamou o nome da menina vendo ela se levantar e para a surpresa de Vitória, ela estava acompanhada por Emília.

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