Cap. 12

No dia seguinte, Enzo descobriu com a mãe, que a consulta da filha com a pediatra seria na terça feira, próximo ao horário do almoço. Na segunda ,organizou sua agenda de terça para acompanhar Celina ao médico, tinha certeza que veria Vitória outra vez.

Na terça, Vitória atendia o seus pequenos pacientes com sempre, todos eram apaixonados pela medica, que além de uma excelente profissional, deixava a consulta sempre mais leve e divertida, pois sabia bem como lidar com as crianças de forma paciente e gentil. Acompanhou um paciente e a mãe até a porta, e teve a impressão de ver Enzo sentando na sala de espera. Imediatamente o seu coração acelerou.

Vitória voltou ao seu consultório e constatou que Celina era a última paciente daquela manhã. Quando saiu para chamar Celina, Enzo estava olhando para o seu consultório e o seu coração disparou de vez quando ele sorriu  para ela.

Totalmente desconcertada, Vitória desviou o olhar para Celina que vestia uniforme escolar, e mexia no celular do pai. Algo que chamou a atenção de Vitória, foi o cabelo de menina que estava penteado exatamente como o do pai.

_ Vamos Celina. Celina assim que ouviu a voz Vitória, entregou o Celular para o pai olhando para a médica, correndo para abraçá-la.

_ Vitória... Sabia que agora eu sou sua paciente?

_ Pois é, eu estou sabendo. Falou segurando a mão de Celina entrando no consultório sendo acompanhada por Enzo. _ Você é a minha paciente preferida.

_ E bom saber.

_ Bom dia Doutora. Cumprimentou Enzo.

_ Bom dia. Vitória evitou olhar para Enzo olhando para Celina. _ E você se divertiu bastante no final de semana? Perguntou para Celina.

_ Muito, fiz muitas coisas com o meu papai.

_ Que bom.... E chegou a sentir falta de ar nesses dias?

_ Não, não senti nada.

_ Isso é bom... E antes de passar mal na semana passada, você se lembrar quando foi ao médico pela última vez, e quando fez exame de sangue?

_ Eu só ia ao médico quando passava mal, exame de sangue eu não lembro se eu já fiz.

_ E o senhor sabe quando a sua filha foi pediatra pela ultima vez? Perguntou a Enzo.

_ Antes de Celine vir morar comigo, eu só a via de quinze em quinze dias, e não tenho essa informação. Respondeu sério fazendo Vitória perceber que ele sentia alguma culpa por não estar perto da filha no passado.

_Não tem problema, vou pedir alguns exames de rotina para ver se está tudo bem com ela.

_ Fazer esses exames vai doer? Celina perguntou um pouco assustada.

_ Não precisa ficar assustada, vai sentir só uma picadinha para tirar um pouquinho do seu sangue, e os demais exames, você não vai sentir nada.

_ Não se preocupe filha, estarei com você. Celina fez que sim com a cabeça para o pai que segurou sua mão passando confiança.

A consulta seguiu e Celina se deitou na maca para que Vitoria a examinasse.

_ Sua pressão está ótima, o seu coraçãozinho também. Falou Vitória quando terminou de examinar Celina ajudando a menina a se sentar na maca, mas antes de ajudá-la a descer, Vitória perguntou sobre o seu cabelo.

_ No dia que nos conhecemos, você disse que o seu pai não sabia pentear o seu cabelo. Você queria que ele penteia seu cabelo desse jeito?

_ É... Falou baixinho chamando Vitória para se aproximar. _ No meu primeiro dia de aula, alguns dos meus colegas chegaram a pensar que eu era um menino. Falou no ouvido da médica.

_ Sério?

_ Sim... mas eles já sabem que eu uma menina.

_ Quem bom... E eu vou dar um jeito nesse penteado agora. Falou arrumando o uniforme de Celina indo até sua bolsa e pegando uma escova de cabelo. _ Tem gel no seu cabelo? Perguntou ao notar que o cabelo de Celina estava com gel.

_ Papai passou um pouquinho do que ele estava usando no dele.

Vitória encarou Enzo séria.

_ Senhor...

_ Por favor, me chame apenas de Enzo. Vitoria suspirou antes de prosseguir.

_ Eu gostaria de pedir para que senhor não utilize produtos para adultos no cabelo da sua filha. Existem produtos específicos para a idade dela. Falou olhando para ele que se sentiu envergonhado.

_ Eu ainda estou me adaptando a essas questões...

_Entendo... E quanto ao cabelo da Celina, o melhor penteado para ela não é um topete como o seu. Vitória penteou o cabelo de Celina fazendo uma franja e colocando as pontas atrás da orelha. _ Celina, você gosta do cabelo assim? Vitória entregou um espelho para a menina se olhar.

_ Eu gosto, eu fico bonita assim. Respondeu com um sorriso no rosto.

_ Espero que tenha prestado atenção, não é difícil cuidar do cabelo dela.

_ Eu prestei atenção, não vou fazer topete na minha filha outra vez.

_ Ela agradece. Vitória voltou para a sua mesa e fazia os pedidos de exame enquanto Celina olhava atentamente para ela.

_Vitória, quantas vezes eu tenho que vir me consultar com você?

_ Se seus exames estiverem normais e você não se sentir mal, você se consultará comigo somente no ano que vem.

_ No ano que vem? É muito tempo, eu não quero ficar sem te ver...

_ Celina...

_Vitória, você não quer ser minha amiga? Assim eu poderia te ver mais vezes... Os grandes olhos azuis da menina encaravam Vitória que diante do pedido da menina, e do que sentia por ela, diria sim.

_ Claro que eu quero ser sua amiga.

_ Então nos podemos nos ver fora do hospital?

_ Podemos, mas somente se o seu pai deixar...

_ Papai... eu posso ver a Vitória? Pediu segurando a mão de Enzo.

Enzo notou que a filha estava se apegando rapidamente a Vitória, e não sabia se a proximidade com a médica seria boa para a menina, ou se aquele sentimento continuaria a crescer , ou seria passageiro

_ Pode filha. Mas diante do olhar esperançoso da filha ele não conseguiu dizer não.

_ Gostaria de perguntar mais alguma coisa Celina?

_Sim Vitória,  mais duas. Falou mostrando os dedos da mão. _ A primeira  coisa que eu gostaria de saber, é se ir a psicóloga é bom?

_ Sim, ir a psicóloga faz bem. A psicologia cuida de problemas que muitas vezes não podemos ver e que estão atrapalhando aqui. Diz batendo com o indicador na cabeça.

_ Ahhh tá, entendi....papai disse que semana que vem eu tenho consulta com uma psicóloga e eu fique com medo...

_Não precisa ter medo, será bom para você. E qual seria a segunda pergunta? Vitoria fez um carinho na bochecha de Celina que segurou sua mão

_ Não seria bem uma pergunta, mais sim, um pedido... Você poderia me dar o seu número de telefone, prometo não ligar muito e nem na hora do trabalho.

Enzo sorriu feliz com o pedido da filha, pois ele teria o contato de Vitória que o pegou em flagrante sorrindo.

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