O Que Eu Consigo Ver
Vitória finalizava o dia de trabalho no seu consultório do hospital e sairia mais cedo pois seu último paciente do dia cancelou a consulta na ultima hora.
Vitória amava o que fazia, ser pediatra era a vocação que abraçou com todas as forças.
_ Doutora, precisamos da sua ajuda no pronto atendimento. Uma criança chegou agora com uma grave crise de asma e no momento estamos sem pediatra para atendê-la. Uma atendente chegou ao consultório de Vitória agitada.
_ Onde estão os profissionais do pronto atendimento? Perguntou Vitória pegando o estetoscópio na bolsa para atender a emergência.
_ Nesse horário temos apenas um profissional atendendo, mas justamente hoje ele faltou e não conseguimos até o momento substituí-lo.
_ Vamos, não podemos deixa-la esperando. Vitória foi rapidamente para o pronto atendimento.
_ Eu não consigo respirar... Escutou a voz de uma menina reclamando de falta de ar deitada na maca.
Fique calma eu vou cuidar de você. Falou Vitória se aproximando da menina. Como você se chama?
_ Eu me chamo Celina e tenho sete anos. Falou com dificuldade.
_ O seu nome é lindo Celina, e eu me chamo Vitória.
_ Eu vou morrer Doutora Vitória?
_ Não, eu vou cuidar de você e logo estará melhor. Vitória começou a examinar Celina quando o pai invadiu o consultório.
_ Enfim a senhorita apareceu, achei que ia deixar minha filha passando mal o dia inteiro. Fala se dirigindo a Vitória de forma arrogante.
_ Por favor, eu preciso que o senhor mantenha a calma, estamos em um hospital...
_ Como pede que eu tenha calma se minha filha está passando mal e se quem devia cuidar dela estava por ai fazendo corpo mole. Diz apontando o dedo para ela nervoso.
Vitória ficou indignada com a forma com aquele homem estava falando com ela. Encarou bem o seu olhar furioso
_ Por favor, espere do lado de fora, está atrapalhando meu trabalho. Pediu com educação pois sua prioridade era atender bem Celina.
_ Estou acompanhando minha filha, tenho o direito de ficar aqui para ter certeza de que vai fazer bem o seu trabalho. Os dois se olharam nos olhos e faíscas saiam de ambos os lados.
_ Eu não consigo respirar. Repetiu a menina e Vitória perdeu a paciência com aquele homem e chamou o segurança para retira-lo da quarto para que ela conseguisse atender a menina adequadamente.
_Você não pode fazer isso, você vai me pagar... Ameaçou enquanto era retirado pelos seguranças.
Vitória suspirou voltando sua atenção para Celina. Após examinar a menina de forma preliminar, pediu a aplicação de um broncodilatador que fez efeito quase que imediato em Celina.
_ Você está melhor? Quis saber Vitória vendo que a menina voltava a respirar tranquilamente.
Ahhh, agora eu estou, já consigo respirar. Falou com um sorriso bonito que mostrou duas covinhas nas bochechas. Obrigada Doutora ou eu posso te chamar de Vitória?
_ Pode me chamar de Vitória. Agora me conta Celina, foi a primeira vez que você sentiu falta de ar dessa forma?
_ Dessa forma sim, mas já senti outras vezes por isso eu uso um bombinha como essa, porque a médica que eu fui lá onde morava com a minha mãe disse que eu tenho asma.
_ E você chegou a usar o seu remédio hoje?
_ Não... Falou abaixando a cabeça.
_ E por que não?
_ Tem alguns dias que o meu acabou.
_ E porque não falou com o seu pai para comprar mais.
_ Porque eu não quero dar trabalho a ele, eu tenho medo de pedir as coisa e chatear o meu papai e ele não gostar de mim e me mandar embora. Eu não quero voltar para a minha mamãe, ela não gosta de mim. Ela me batia...Fala nervosa mostrando as marcas que tinha no braço.
_ Seu pai sabe que a sua mãe te batia?
_ Ele não sabia... E quando descobriu me trouxe para morar com ele na semana passada, por isso eu não quero incomodar para ele não parar gostar de mim também.
_ Ele disse que não gosta de você? Perguntou Vitória tentando entender a situação.
_ Mamãe dizia que papai não gosta de mim. Os olhos claros da menina se encheram de lágrimas.
_ Olha, seu papai estava muito preocupado quando estava aqui, e isso prova que ele gosta muito de você.
_ Verdade Vitória? Porque eu amo muito, muito, muito ele, pois ele sempre me trata com carinho, nunca bateu em mim, brinca comigo me dá um montão de presentes. Falou ficando feliz
_Está vendo, então não tenha medo de dizer a ele que está passando mal, que seu remédio acabou, dos medos que tem...
_ Humm mesmo se ele ficar preocupado? Falei que tinha que ir para a escola e ele fez uma cara estranha e eu não sei se ele vai conseguir arrumar uma escola para mim.
_ Deve contar tudo, e não se preocupe há muitas escolas de qualidade na cidade e você não vai ficar sem estudar.
_ Eu amo estudar, e eu preciso estudar muito. Quando eu crescer vou ser médica, mas não médica de gente, vou ser médica de animais, uma veterinária.
_ Que bom mocinha, os animais precisam muito do nosso cuidado.
_ Eu amo animais, adoraria ter um cachorro mas minha mãe não deixava, dizia que era muito caro cuidar de um e já bastava ela cuidar de mim. Falou ficando triste novamente.
Vitória abraçou Celina e acariciou seu rosto redondo e bonito.
_ Não fique triste, garanto que tudo vai ficar bem. O sorriso de Vitória acalmou Celina.
_ Sabia que você é linda Vitória, parece até uma boneca. Falou levando a mão na face da médica.
_ Você que é uma bonequinha.
_ Você trabalha há muito tempo aqui?
_ Trabalho há mais de um ano, não nesse setor, mas onde acontecem as consultas.
_ Ahhh... Você tem quantos anos?
_ Eu tenho 28 anos.
_ O meu pai tem 32 anos, e você tem filhos Vitória?
_ Não, eu não tenho, mas tenho muito sobrinhos, inclusive um da sua idade que se chama Miguel.
_ Eu acho que você será uma ótima mãe.
_ Obrigada, e tenho certeza que você é uma excelente filha. As palavras de Vitória conseguiram arrancar um sorriso de Celina que a abraçou e pareceu se arrepender em seguida do que fez.
_ Me desculpa te abraçar...
_ Por que está pedindo desculpas? Vitória viu certo medo na menina.
_ É que mamãe não gostava quando eu a abraçava e me empurrava para longe... As palavras cortaram o coração de Vitória. Pensava como uma mãe recusava aquela demonstração de amor.
_Mas eu gosto do seu abraço. Agora vou pedir alguns exames para que você ...
_ Eu vou ter que ficar aqui? Eu não gosto de hospital.
_ Não ficará, se os resultados estiverem bons.
_ Está bem. Vitória aguardou os exames de Celina ficarem prontos e a menina estava bem e receberia alta. Preparou a receita com o remédio para controle da asma e algumas recomendações para o pai. Sua cabeça doeu ao pensar que veria aquele homem outra vez.
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Atualizado até capítulo 50
Comments
Anoan Rodrigues
Você que está lendo esse livro agora, ele é maravilhoso. Depois que ler esse, corre pra ler a história de Celina.
2024-10-14
6
mandinha
Pense que problema horrível esse viu , meu esposo é meu filho de 8 anos é e sempre que ataca ele toma a bombinha , minha filha de 3 anos teve uma crise horrível de falta de ar , minha mãe levou ela no emergência e a médica disse que ela estava com começo de asma , ela por ser muito pequena toma um remédio líquido para o cansaço dela ( ela não faz uso de bombinha ) só Deus sabe o que eu passo , quando os dois estão dando uma crise.
2024-11-05
0
Fatima Sitta Vergueiro
começando a ler 17/11/24
2024-11-17
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