Capítulo 19

Paul

Senti a insegurança e o ciúmes da minha menina assim que pisei na sala de jantar e isso de alguma forma me deu esperança, de que ela não vai demorar a voltar para mim, não acredito que Natasha vá interferir em minha decisão, infelizmente quem mais me preocupa é o Lincoln.

Quando o sorriso da minha menina se abriu para mim mesmo que de modo rápido e involuntário uma chama poderosa se acendeu em meu peito, essa chama com certeza se chama esperança.

Tudo o que envolve o meu sonho, um dos que eu tive com ela, e esse a princípio me deixou muito confuso e um pouco assustado na época e não é algo que eu quero ou gostaria de trazer para o nosso meio agora.

- Diga logo o que quer – digo entrando na sala do meu irmão que estava fuzilando a sua secretaria de modo que parecia que ele estava prestes a engoli-la.

- Não sabe bater na porta não? – Peter diz enquanto a secretaria tenta controlar as batidas no coração devido ao susto.

- Se eu tivesse em minha mesa isso não teria acontecido – a secretaria diz e eu a encaro, ela é nova aqui pois a antiga senhora já deve ter se aposentado, não costumava vir aqui com frequência, porém eu sabia que a secretária era uma senhora – Prazer senhor, sou a Giane – diz estendendo as mãos para mim

- Jane – meu irmão diz parecendo um rosnado, eu o encaro confuso

- é Giane senhor – diz corrigindo o meu irmão que revira os olhos – Giane Cros.

- Ok, Giane, sou o Paul Mason – digo ainda apertando sua mão, para uma pequena secretaria ela tem um aperto bem firme.

- Oh, finalmente conhecendo um Mason que preste – sussurra e ela mesmo parece assustada com o que disse.

- Disse algo Jane? – rosnou o meu irmão e eu tive que prender o sorriso por vê-lo furioso com alguém que finalmente conseguisse tirá-lo do sério. O meu irmão é bastante calado, na dele e não a nada que o tire da sua “paz” pelo visto era o que eu pensava.

- Nada senhor Piter – a secretaria responde e noto um tom irônico – eu não disse nada, Piter

- é Peter – o meu irmão diz furioso – saia – imediatamente a mulher fica calma empina o nariz e sai após me dar um sorriso fraco – secretaria dos infernos.

- Se é tão ruim porque não a demite? – indago prendendo um sorriso enquanto ocupo uma cadeira a sua frente – ou ela é boa?

- Boa até demais – diz e arregala os olhos – quero dizer, boa no que faz, e é filha de um amigo do meu pai infelizmente não posso demiti-la – diz e arranha a garganta – nosso pai.

- Tudo bem, não me importo – digo após engolir em seco e decido provocá-lo – afinal, eu sei que no final das contas, eu sou o único Mason que presta

- Vai se fod3r – diz jogando uma caneta na minha direção, eu a pego e jogo nele de volta, eu odeio ser provocado e pelo visto temos algo em comum – eu vou para a empresa que vamos adquirir no Brasil, preciso que fique aqui.

- Vou fingir que não entendi Piter – digo sarcástico errando o nome como a secretaria fez.

- Eu sei que a sua amizade com o Lincoln não está na melhor fase possivelmente ele vai te demitir e ... – imediatamente eu o interrompo

- Já demitiu – afirmo

- Então, mais um motivo para assumir o comando aqui – diz dando de ombros – você largou tudo lá, só falta a minha assinatura, e além do mais, esse império é tão meu quanto seu, você merece se tornar o CEO.

- Pensei que eu fosse só um bastardo – ironizo, era assim que ele me chamava quando a mãe estava viva principalmente, eu odiava cada minuto que eu passava naquela casa convivendo com aquelas pessoas, sorte de a Julia não ter passado por isso.

- Paul – diz parecendo ter dificuldade em prosseguir.

- Sabe que eu nunca me interessei por essa empresa – digo convicto e ele respira fundo.

- Eu entendo você irmão, você conseguiu sozinho – começa e eu o interrompo.

- Eu tive ajuda, uma família me adotou – digo me lembrando de como os Evans me ajudaram, se hoje eu sou um dos melhores advogados do país devo isso a eles que sempre me incentivaram.

E você paga engravidando a irmã do seu amigo, a minha mente aquela parte preconceituosa e que está sofrendo agora me acusa

- Eu quero conquistar isso irmão, eu quero conquistar o meu espaço, assim como você fez – Peter fala e só então noto uma ponta de orgulho em seu tom, algo dentro de mim se comove, sei que isso é o máximo que eu vou ter dele – você pode tentar por mim? Eu pediria ao nosso pai, mas eu acredito que quem vai gostar disso aqui é a Julia, e enquanto ela não estiver preparada você pode cuidar por ela, por nós?

- é alguém, tem que sustentar os gastos de Sophia – brinco para aliviar o clima – eu preciso mesmo mergulhar a cabeça em alguma coisa.

- Eu sei, você sempre foi irmão dele, sei que uma hora vão se acertar, você não fez nada de mais, Lilith já é de maior e dona das suas escolhas, quando ele perceber isso vai perdoar você porque mais do que ninguém ele sabe o que você sente, não há como lutar contra o que se sente, quando o amor vem ele toma de conta, ficamos a deriva pois ele domina tudo. – Peter diz sem me olhar nos olhos

- Você fala com tanta propriedade – jogo verde, porém ele só nega, e então eu paro para pensar, eu não sei quase nada da vida dos meus irmãos, a mãe deles nunca permitiu uma aproximação e sempre fez a cabeça deles contra mim, estamos mais próximos agora por causa de Júlia, mas eu já sinto uma grande diferença.

- Lute pela sua família irmão, se você quer aquela mulher vai atras, se sente que ela vale a pena se esforce, eu vou estar aqui do seu lado para você – ele diz me olhando nos olhos eu sinto um aperto no coração quase como uma vontade de chorar, primeiro eu lembro do modo rude como me tratavam, mas eu também lembro de uma aproximação quando criança não acredito que eles gostavam de me desprezar. Agora quando olham para mim percebo um pouco de arrependimento e um amor que eu nunca tinha visto antes.

- Eu vou lutar por eles não se preocupe – digo e um silencio é quase gritante na sala, ouço a sua secretaria soltar um palavrão – e a secretaria é de brinde?

- Vou me livrar dela graças aos deuses – diz como se agradecesse, mas noto como engole em seco, se ele fosse sincero com ele mesmo tenho certeza de que a última coisa que ele queria fazer era agradecer.

Talvez eu não seja de todo modo bonzinho, pois não vou dizer a ele que não pode lutar contra o destino, pois ele sabe disso e foi ele quem me avisou.

Já basta um Mason sofrendo por amor, porque não soube valorizar a pequena grande mulher que tinha.

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