Capítulo 14

Lilith

Sinto um peso em minha barriga que está se tornando incomodo, porque é quente, pesado, forço os meus olhos a se abrirem, creio que ainda seja madrugada, a primeira coisa que percebo é que o quarto está escuro.

O que eu fiz o dia todo foi dormir, acordava para comer algo, sem sal, sem gosto, o que não ajudava em nada a aliviar o enjoou que senti durante o dia todo, ainda sentia o meu corpo fraco, se eu ficasse em pé parecia que a qualquer momento eu fosse desmaiar, a médica disse que é porque eu ainda não recuperei totalmente o peso e pelo estresse que passei hoje, então juntou tudo e a minha pressão aumentou junto com o estresse fiquei completamente fraca.

Quando abro totalmente os olhos começo a tatear a mão em minha barriga e encontro uma mão, primeiro paraliso porque a enorme mão me fez ter uma certeza, não eram as mãos delicada de minha mãe. Assim que eu fiquei com medo inalei o ar profundamente e fui tomada pelo cheiro dele e automaticamente o meu corpo relaxou ao contrário do meu cérebro que ficou atento a proximidade dele e várias coisas começaram a passar por minha cabeça.

- Você está bem? – ouço Paul perguntar, ele se afasta e noto quando vai até a porta do banheiro e abre deixando que um pouco de luz entre – fiquei preocupado com vocês – diz engolindo em seco encarando o meu ventre onde as minhas mãos ainda estão, ele se aproxima novamente se sentando na poltrona ao meu lado, eu não me levanto, apenas viro de lado para olha-lo.

- eu estou gravida Paul – falo em um sussurro, noto a sombra de um sorriso se despontar em seus lábios – você não vai me perguntar se é ...

- não se atreva Lilith – diz firme se aproximando pegando em minhas mãos – eu sei que ele é nosso, que o bebê em seu ventre é o meu filho – diz e noto os seus olhos vermelhos emocionados.

- eu ia te contar – digo – um dia, mas não hoje.

- você se vingaria de mim dessa forma? – perguntou em um fio de voz, não há julgamentos, só está triste.

- nunca, eu sei oque um filho significa para você, e por mais que eu esteja chateada com você eu nunca faria isso, eu não ia permitir que o nosso filho nascesse sem ter você por perto – digo e ele parece relaxar

- eu sei que eu fui um idiota minha menina, eu pensava que era o certo a se fazer, eu não podia me afastar, me afastar do Lincoln significava me afastar também da minha irmã e dos meus sobrinhos – tenta se explicar

- eu nunca te pediria isso – falo magoada

- Mas Lincoln faria isso minha menina, assim que ele soubesse que eu e você, que nós nos amamos ele faria – diz e noto um sorriso triste em seus lábios, e só então percebo que está machucado, ergo as mãos e toco em seu rosto ele fecha os olhos apreciando o meu toque.

- Está doendo? – indago por mais que o meu rosto esteja tomado por preocupação no fundo eu achei pouco, claro que ele nunca vai saber que eu gostei que o meu irmão deu um pequeno soco nele.

- não mais do que a dor que está aqui dentro Lili – ele diz e pega a minha mão leva até os lábios deixa um beijo delicado e então leva ela até o seu peito, o seu coração bate tão acelerado que só agora me dou conta de que o meu está do mesmo jeito – dói porque eu sei que eu perdi você, sei que eu a magoei, e sei que está chateada, sei que não vai me perdoar tão cedo pelo modo como eu lidei com tudo, fui imaturo, tive atitudes que nem mesmo quando eu era um adolescente eu fui capaz de cometer, mas eu precisava tentar arrancar você aqui de dentro, nós não podíamos, eu não podia – diz e o desespero em sua voz me deixa abalada – eu te amo tanto minha menina – eu choro silenciosamente – eu prometo ser melhor que ontem, ser melhor que hoje e eu prometo lutar para me tornar o homem que você e o nosso filho merecem só me der uma chance.

- eu não posso Paul – digo mesmo que o meu coração doa ele deixa as lagrimas correrem livremente por seu rosto – Você é incrível, é um homem perfeito, só deixou que o seu medo e o seu próprio preconceito fosse maior do que o seu coração, mas eu te amo tanto – digo e subo a minha mão para limpar a as lagrimas de seu rosto – mas você ainda não estar pronto para mim assim como eu ainda não me sinto pronta para você, sei dos seus questionamentos consigo mesmo, sei o que sente, percebo os seus temores.

- Por favor minha menina – diz se aproximando e encosta o rosto em minha barriga eu levo as mãos até os seus cabelos fazendo uma massagem nos seus fios sedosos.

- eu estou fazendo o que é certo para nós Paul, estou fazendo o que é certo para Mim, eu quero ser feliz, eu quero me amar, eu quero me permitir buscar a minha felicidade, eu sou sua, eu sou completamente sua, mas você ainda não está pronto para ser meu – ele distribui vários beijos em minha barriga enquanto eu falo, eu sei o quanto Paul é carente, não é atoa que ele praticamente morava conosco, mesmo quando já não morava, eu era pequena, mas lembro de ele ir em casa buscar Lincoln e os conselhos do meu pai, lembro de ele sempre querer as vitaminas da minha mãe que eram como se ele tomasse um antidoto para suportar todas as vezes que ele ia para casa do pai onde ele não era amado, ele sabia que mamãe, papai e meu irmão iam estar lá para ele, até eu mesmo com pouco mais de cinco anos entendia isso, eu via, eu sentia.

Então eu entendo os seus medos, eu entendo que de uma hora para outra tudo o que ele sentia por mim mudou, a diferença entre nós é gritante, eu nunca o vi como um menino, ao contrário dele que as vezes tinha que me aturar implorando para que trocasse as minhas bonecas ou que tomasse chá de mentira comigo mesmo que ele já tivesse seus vinte anos e saia com uma quantidade horríveis de garotas.

E agora tudo mudou novamente, ficamos juntos, depois ele decidiu se afundar em viagens mulheres, academia para me esquecer e devo concordar, foi um jeito bem escroto da parte dele de fazer, mas agora vem um bebê, eu sei que ele vai querer estar lá para tudo, e os meses que ele perdeu as primeiras consultas ele vai se perguntar onde estava que não fez, ele vai achar que está ignorando o filho como o antigo Parker fazia com ele.

Eu o amo, mas não vou voltar agora, não vou dormir ao lado dele sabendo que ninguém consegue esquecer de uma noite para outra, sei que os pensamentos dele ainda são confusos, se um dia eu perceber que ele soube separar a menina que eu fui um dia, para a mulher que eu me tornei agora, só então eu vou poder dizer sim, eu te dou uma chance, até lá, serei só eu e o meu filho.

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