Capítulo 05 - Mais Do Que Cruel, É Desumano

(Alan, 28 anos. Amigo do Adam)

Alan: Então é verdade?

Adam: Demorou otário!

Alan: Estava em um festinha particular. Não vai mesmo apresentar a sua noivinha cega. Aliás, que discurso de merda!

Adam: Alan essa é a Sara, Sara esse é o Alan.

Sara: Estendo a mão e o tal Alan dá um beijo nojento nela. Puxo rapidamente a mão.

Alan: A sua gata é arrisca Adam.

Sara: Adam conversa um pouco com o Alan, e fico parada ao lado dele. As horas passam e começamos a nos despedir dos convidados, me despeço do meu pai e choro junto com ele. Sigo com o Adam, imagino que estamos da propriedade dele porque vamos caminhando. Tropeço várias vezes com a brutalidade que ele me arrasta e não trocamos uma palavra se quer.

Adam: Sara continua em silêncio, arrasto ela até o meu quarto e a jogo na cama.

Sara: Adam esse casamento é só de fachada!

Falo assustada sentindo o Adam me jogar numa cama.

Adam: Não tenho interesse algum em você, vai dormir no meu quarto porque ninguém sabe que esse casamento é um contrato e permanecera assim.

Sara: Na mesma cama?

Adam: Pode dormir na cama ou no chão se preferir.

Sara não responde, ela senta e fica imóvel por um tempo. Me sento na poltrona, pego um copo com whisky e fico apenas tentando entender como isso vai funcionar.

Sara: Precisa me falar como é o quarto, assim vou construir a imagem dele na minha cabeça e saber onde ficam as coisas.

Adam: Terá que se virar esposinha!

Sara: Respiro fundo, tiro os saltos altos e coloco no chão e arrasto até encostar eles na parede para evitar tropeçar. Me levanto e dou alguns passos pequenos, encosto a mão na parede e vou caminhando explorando o quarto atrás do banheiro.

Adam: Sara caminha em direção a um móvel grande, mas baixo que ela não vai identificar com as mãos na altura que está. Como Imaginei ela bate nele.

Sara: Finalmente encontro uma porta e identifico o banheiro. Entro e não escuto mais nada, não sei onde está o Adam, mas imagino que ele não me ajudaria com o vestido. Tenho muita dificuldade em tirá-lo, e quando finalmente tiro escuto em seguida o barulho da porta e passos saindo do quarto.

Adam: Depois de algumas minutos, com dificuldade a Sara chega ao banheiro, fico em silêncio e ela parece não se importar se estou vendo ela ou não. Ela tira o vestido com dificuldade, está sem sutiã, com uma cacinha quase infantil de algodão branca, virada de costas para mim, noto um hematoma grande próximo da costela dela, então era isso que a estava incomodando. Me levanto e saio do quarto e fico algumas horas no escritório.

Sara: Com muita dificuldade encontro um roupão e coloco ele na bancada que parece ser da pia. Exploro todo o banheiro e acho o registro do chuveiro, banho rápido na água gelada, não sei como regular o chuveiro e termino me tremendo de frio, coloco a mesma roupa íntima sem opção e o roupão. Faço o mesmo caminho de volta, exploro mais um pouco o quarto e me sento no que parece ser uma poltrona, me ajeito como dá e pego no sono mesmo com frio.

Adam: Volto ao quarto, o vestido de noiva da Sara está no móvel que ela bateu, ela está com o meu roupão encolhida na poltrona. Parece estar com frio, ignoro. Tomo banho, me visto, me deito, ligo o ar condicionado, me cubro e rapidamente pego no sono.

Sara: Acordo sentindo muito frio. O quarto está gelado, fico ainda mais encolhida, as horas passam e durmo me tremendo de frio vencida pelo cansaço.

Adam: Acordo cedo e bem disposto depois de uma ótima noite de sono. Sara continua dormindo, ela está em posição fetal toda encolhida. Faço a minha higiene, banho, me visto e chuto com força a poltrona que a Sara está dormindo, ela acorda assustada.

Levanta, vou te apresentar aos empregados.

Sara: Bom dia Adam. Não tenho roupas comigo.

Adam: O seu pai mandou entregar cedo as suas roupas, estão nas malas no meio do closet. Vista-se e desça.

Sara: Antes que possa falar qualquer coisa, Adam sai. Não sei como vou descer se não conheço nada aqui. Respiro fundo e com muita dificuldade batendo em alguns móveis encontro as malas no closet. Conheço todas as minhas roupas, memorize até mesmo as cores delas. Pego um vestido nude, com mangas e visto. Todas as minhas coisas estão aqui, penteio os cabelos, faço a minha higiene com o dedo mesmo e passo um gloss.

Adam: Se passa uma hora e nada da Sara descer. Subo atrás dela com ódio e a encontro sentada na cama.

O que ainda faz aqui?

Sara: Adam, não parece óbvio? Sou cega! Como acredita que vou saber aonde te encontrar quando tudo que disse foi, vista-se e desça?

Adam: Pego com raiva o pulso da Sara e arrasto ela até o andar de baixo.

Katy reúna todos os empregados agora.

(Katy, empregada do Adam)

Katy: Sim senhor.

Sara: Permaneço em silêncio parada sem saber nem ao menos aonde estou.

Adam: Como já devem saber me casei e essa é a minha esposa, Sara. A Sara é cega e independente, a minha querida esposa não gosta de ajuda, então se ver qualquer pessoa aqui se aproximar dela será demitido! Podem voltar ao trabalho.

Sara: Era só isso?

Adam: Todos aqui tem família para sustentar Sara, se qualquer um lhe ajudar estará na rua!

Sara: Adam...

Adam: O café da manhã é servido às sete horas, almoço meio-dia e jantar às dezenove horas, se perder as principais refeições terá que se virar para comer.

Sara: Adam, não sei nem ao menos onde estou agora, isso muito mais do que cruel, é desumano.

Adam: Querida esposa, nem mesmo pena sinto de você.

Sara: Me dê um dia, um dia com qualquer funcionário para conhecer os cômodos da casa, depois eu me viro!

Adam: Terá de se virar sozinha e se lembre do que disse, qualquer um que lhe ajudar, será demitido!

Sara: Adam sai me deixando sozinha, fico sem saber para aonde ir. Sinto cheiro de café e sigo na direção que escuto o som dos talheres. Bato em várias coisas no caminho, e chego até uma cadeira. Me sento e sinto um prato a minha frente, continuo explorando a mesa e pego o que parece ser um bolo, experimento e gosto do sabor. Adam está na mesa, o seu perfume é muito marcante, ele não fala uma palavra, também fico em silêncio. Ele sai depois de um tempo, fico sozinha na mesa sem saber como vou chegar ao quarto e assim se passam horas.

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