Capítulo 04 - A Que Custo?

Adam: Encaro sério a Sara, o seu olhar perdido, a Mileide saindo praticamente correndo da igreja arrastando a empregada.

Que merda está falando?

Sara: Estamos na casa de Deus, Adam.

Adam: Perco toda a minha paciência.

Sara: Continuo parada e escuto o Adam caminhar com passos firmes, ele parece bufar de ódio.

Adam: Seguro com uma mão o rosto da Sara sem gentileza alguma, ela nem se quer muda a expressão.

Acha que está segura por estar numa igreja? Saiba que o seu inferno, começa hoje.

Sara: Não tenho medo de você Adam, estou apenas de mudança de um inferno para outro.

Adam: Pois, deveria ter Sara!

Solto o rosto da Sara e seguro o seu pulso com força para sairmos da igreja. A Mileide realmente estava correndo, não tem nem sinal dela aqui fora.

Sara: Sou jogada no carro com brutalidade. Me acomodo e procuro o sinto de segurança, coloco e fecho os olhos um pouco na esperança de ter alguns minutos de paz.

Adam: Seguimos para o salão da festas da propriedade, observo o pulso e o queixo da Sara vermelhos. Mal sabe ela que não irei descansar enquanto não acabar com ela.

Terá que agir como a minha esposa Sara, lembre-se que estaremos diante do meu pai, dos meus maiores investidores e do conselho da minha empresa.

Sara: Tudo bem.

Adam: Sara continua com os olhos fechados.

Espero que tenha entendido, caso contrário acabo com a empresa e com a vida do seu pai!

Sara: Te disse que tudo bem Adam. Nunca ouviu falar no ditado "tá no inferno, abraça o capeta"? Pois bem, assim farei.

Depois de alguns minutos o carro para e o Adam me ajuda a descer, imagino que tem pessoas olhando, pela gentileza que ele me trata. Ele começa a me apresentar a algumas pessoas no caminho me segurando firme pela cintura, sinto muita dor no lado que bati a costela e disfarço o máximo que dá.

Adam: Melhora a porra dessa cara Sara!

Sara: Está me machucando Adam, assim fica difícil.

Adam solta um pouco o braço em volta da minha cintura e consigo até respirar melhor.

Obrigada!

Adam: O meu pai está vindo na nossa direção, o nome dele é Marcos e a minha mãe se chama Lara.

Pai, enfim vai conhecer Sara.

Marcos: Sara, prazer te conhecer.

Estendo a mão para a Sara, que continua imóvel.

Sara: Amor, poderia me ajudar? Gostaria de cumprimentar o seu pai.

Marcos: Não entendi.

Adam: Que cabeça a minha, pai a Sara é cega.

Sara estende a mão e o meu pai a cumprimenta.

Marcos: Sara, minha querida foi um prazer te conhecer.

Adam, pode me acompanhar um instante.

Adam: Amanhã conversamos pai, não vou deixar a minha esposa sozinha na nossa festa de casamento.

Marcos: De onde se conhecem?

Sara: O Adam conhece a minha madrasta. A Mileide nos apresentou.

Marcos: A Mileide, viúva do Joseph?

Sara: Ela mesma.

Marcos: Joseph era um grande amigo. O seu pai parece ser um bom o homem Sara.

Sara: Ele é o melhor.

(Lara, 46 anos. Mãe do Adam)

Lara: Filho! Minha nossa que tesouro a minha nora, você é linda.

Sara: Sou surpreendida com um abraço caloroso.

Marcos: Meu amor a Sara, a esposa do nosso filho é cega, deve tê-la assustado.

Lara: Minha nossa, perdão minha nora.

Sara: Não se desculpe, está tudo bem.

Lara: Desculpa perguntar, mas não enxerga nada?

Sara: Não, perdi cem por cento da visão aos dezessete anos.

Lara: Sinto muito minha linda.

Sara: Está tudo bem. Se não se importarem os meus pés estão me matando, poderíamos sentar um pouco?

Lara: Claro, vamos cumprimentar algumas pessoas e logo nos juntarmos a vocês.

Adam sai com a Sara e tento disfarçar a minha preocupação. Ele não é paciente ou mesmo amoroso, foi uma criança mimada e mesmo sendo amado, falhamos compensando a ausência pelo trabalho dando tudo que ele queria na hora que ele queria. Conheço o meu filho e não é difícil saber que essa moça vai sofrer nas mãos dele.

Marcos: O que está te preocupado meu amor?

Lara: Essa moça vai sofrer meu amor.

Marcos: Talvez ela seja a redenção do Adam.

Lara: A que custo?

Adam: Nos sentamos e várias pessoas nos cumprimentam, vejo o Carlos entrar furioso com a Mileide. Me levanto e faço um brinde a ele na tentativa de evitar que ele faça uma cena.

Gostaria de um minuto da atenção de todos, o meu querido sogro acaba de entrar com a sua esposa no salão e gostaria de aproveitar para anunciar a recente fusão das nossas empresas.Como alguns já devem ter percebido a Sara é cega, escondemos o nosso relacionamento, pois não queríamos atenção da mídia enquanto estávamos nos conhecendo. Me apaixonei por ela e aqui estamos casados e felizes, obrigado a todos por terem vindo mesmo tudo sendo decidido tão repentinamente.

Carlos: Me aproximo do Adam e falo apenas para ele ouvir.

Acabou o acordo Adam, a minha filha volta comigo e pode ficar com a empresa, eu não ligo.

Adam: Infelizmente sogro as coisas não funcionam assim. Estamos casados agora.

Sara: Pai, vou ficar bem!

Mileide: Amor ela tá bem, não precisamos fazer uma cena aqui.

Carlos: Sara...

Sara: Foi uma decisão minha pai, dentro de um ano tudo acaba. O senhor que me ensinou que devemos ter palavra, eu dei a minha.

Meu pai me abraça e seguro o máximo que da as lágrimas. Conversamos um pouco e acalmo ele.

Carlos: Fico perto da Sara, estou com o coração destruído. Ainda não encontramos a Lize e mal respiro com a ideia da Sara ter se casado para salvar as empresas.

Adam: Sabe que vai pagar caro por isso não é mesmo Mileide?

Mileide: Acredito que ainda vai me agradecer por ter feito tudo isso.

Adam nem me responde, mas pelo olhar frio dele, sinto que estou com problemas.

Adam: Precisamos dançar para abrir a pista de dança.

Sara: Não sei dançar Adam, terá que me guiar pela pista de dança.

Adam: Uma noiva cega e inútil! Ótimo!

Sara: Me chamar de cega e inútil não me ofende.

Adam: Caminho em direção a pista de dança com a Sara. Seguro a sua cintura com a força que queria estar segurando o seu pescoço, ela geme abafado de dor mordendo os lábios com força. O que será que tem de errado com essa inútil?

Não me diga que além de ser cega ainda é uma moribunda!

Sara: Não tem tanta sorte assim Adam.

Dançamos uma música infinita, repouso a minha cabeça no peito do Adam, estou exausta. Ele me empurra bruscamente na mesma hora e quase caio.

Adam: Não abusa!

Sara: Foi involuntário, estou cansada!

Adam me puxa e continuamos a dançar.

Adam: É problema seu.

Sara: Tem medo do que Adam? Estava apenas escorando a cabeça em você.

Adam: Não tenho medo de nada!

Sara: Acredito que está com medo de se apaixonar pela sua noiva cega.

Falo em tom de brincadeira.

Adam: Você é uma criança. Gosto de mulheres, de preferência altas, loiras e gostosas. Nunca irei me apaixonar por você!

Sara: Nunca é muito tempo Adam, mas acredite, jamais iria querer que um homem como você se apaixonasse por mim.

Adam: Nunca iria me interessar por você!

Sara: Ótimo, isso é um alívio.

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