Capítulo 12

Não acordei com o som das minhas mãos batendo na janela do meu carro? O que diabos? Eu deveria estar dormindo na minha cama, com meus cobertores quentinhos, mas não. Tive que ficar preso no carro porque o chefe ingrato, idiota e sem noção decidiu que era uma ótima ideia me deixar do lado de fora. Abro a porta do carro, quebrando a fechadura, e entro em um motel procurando um quarto. Para a minha má sorte, não tinha nenhum disponível. Parece que a noite não seria nada boa. Mas então eu vejo Samael descendo as escadas.

- Seu desgraçado\, você realmente ia me deixar lá fora.

- Espero que tenha aprendido a lição. Vamos.

- Vou dormir com você? Podemos dormir de conchinha?

- Pare de besteira ou vou te deixar do lado de fora.

- Que rabugento...

Ambos entram no quarto, onde há duas camas. Samael tira os sapatos e deita em uma das camas, apenas mexendo no celular.

- Ei\, você não deveria usá-lo. Podem nos rastrear.

- Acho que isso não vai acontecer. Comprei-o de um dos hóspedes.

- Espertinho você...

Eu tiro o casaco e me enfio debaixo das cobertas, pelo menos o lugar tinha aquecimento. Samael solta um suspiro e logo adormece. Eu me levanto e observo pela janela. Mesmo que ninguém esteja nos seguindo, não consigo relaxar. Ao contrário de Neal, tenho dificuldade para dormir. Desligo as luzes, deixando apenas uma fraca luminosidade vindo da janela, a luz do letreiro do motel. Enquanto tento dormir, observo o rosto de Neal. É incrível como ele consegue dormir tão tranquilamente depois de tudo o que aconteceu.

- Se continuar me observando desse jeito\, vou pensar que você está interessado em mim.

Neal abre os olhos e recebe um travesseiro arremessado por Samael.

- Me surpreende que você consiga dormir tão bem\, considerando a situação insegura em que estamos.

- Sou sensível\, você só estava me olhando e eu acordei.

- Ou talvez você não estivesse realmente dormindo...

- Talvez...isso você nunca saberá. Anne...ela vai ficar bem\, não é?

- Ela está bem. Preocupado? Pensei que não gostasse dela.

- Se algo acontecer com ela\, eu perco o emprego.

Neal dá de ombros. Mesmo que ele não esteja falando sério, é claro que ele ficaria chateado se algo acontecesse com Anne. Ela se tornou sua nova confidente.

- Anne choraria se te ouvisse.

- Ela saberia que é brincadeira...Anne é uma boa garota e tem senso de humor. Dylan não sabe o quão sortudo ele poderia ter sido.

- Eu diria que você gosta dela. Essa sua atitude de flertar comigo é apenas um jogo\, eu sei.

Neal franz a testa e tira o lençol para sentar na beirada da cama.

- Não estou atuando...mulheres podem ser minhas amigas\, mas meus interesses são homem.

Neal cruza os braços. Parece que Samael acredita que tudo isso é apenas uma brincadeira.

- Então vai me declarar seu amor?

Samael pergunta com um sorriso irônico.

- Gostaria\, mas não\, além disso\, e se eu já tiver um amante?

- Você está sempre em casa\, se tivesse um amante\, não ficaria um minuto sequer em casa.

Neal estala a língua, ele só queria provocar.

- Vai ver\, terei um amante lindo e milionário\, você vai até ter inveja.

Porque tenho certeza de que Samael vai sofrer quando Emily o rejeitar, já que ela sabe de sua existência, mais cedo ou mais tarde eles vão se encontrar.

- Teria inveja se fosse uma mulher\, mas por um homem\, nunca.

Neal se levanta e vai para a cama de Samael, ficando perto dele e apoiando a mão no peito do castanho.

- Como você sabe se não gosta de homens se nunca tentou?

- E como você sabe que não gosta de mulheres se nunca tentou?

- Nunca disse que não tentei e por isso tenho certeza.

Neal sorri vitorioso, enquanto Samael apenas afasta sua mão.

- Vá dormir logo\, chefe...

Samael não consegue dizer mais nada, pois seus lábios são selados pelos lábios de Neal. Isso foi uma grande surpresa, mas se fosse qualquer outra pessoa, a situação seria bem diferente. Com Neal, algo parece diferente, esse beijo não é nada desagradável. Segurando o ombro do azabache, ele tenta afastá-lo, mas Neal se recusa a parar. Assim, o beijo continua, Samael vai correspondendo lentamente, se aprofundando. Neal cai na cama e Samael se deita em cima dele, aproveitando seus lábios.

- Ei...chefe...acorda...acorda...

Samael abre os olhos de maneira repentina e Neal não estava debaixo dele, sente-se confuso até que alguém toca seu ombro.

- Desculpa tê-lo acordado do seu agradável sonho\, mas precisamos ir embora.

Samael reage e Neal estava em pé diante dele, apontando para algo. Samael abaixa o olhar, notando um volume na coberta, então cobre-se rapidamente com ela.

- V-você e eu não...

- Hein?

Neal olha para ele com estranheza, mas se levanta e vai ao banheiro. Não pode acreditar que teve aquele tipo de sonho de novo e nem mesmo se lembra de quando adormeceu. Isso não importa, o que importa é aquele maldito sonho e a reação do seu corpo.

- Ei\, não quero interromper sua diversão\, mas eles já vieram nos buscar.

Samael sai do banheiro já calmo, mas lança um olhar zangado para Neal, que apenas se surpreende, supondo que ele está de mau humor porque interrompeu seu sono. Já no carro, Samael está mais desperto e sim, lembra de quando adormeceu, foi depois que Neal adormeceu, pensou em como ele podia dormir tão tranquilamente e, enquanto pensava nisso, acabou dormindo. Aquela conversa sobre seus gostos, foi apenas um sonho, mas tão real. Samael olha discretamente para Neal, o rapaz era atraente, não há dúvida quanto a isso, tinha um olhar feroz.

Seu corpo era magro, mas não ao ponto de ser esquelético, percorre com o olhar até fixá-lo nas pernas dele, que estão em uma calça justa, é fácil dizer que ele tem pernas bonitas; sacode a cabeça e melhor desvia o olhar para a janela, não é hora de pensar nessas coisas.

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