CAPÍTULO 12 - Acidente de Ester

Acidente de Ester

— Senhora Maya?

— Sim! Sou eu.

— Bom dia! Chamo-me Rafael e estou falando do Hospital Central, nessa madrugada deu entrada na

emergência uma moça, que pela sua identidade se chama Ester Silva, a senhora

conhece?

— Conheço sim! O que aconteceu com ela?

— Senhora, infelizmente, não posso passar informações pelo

telefone, peço, por favor, que venha até o hospital, onde o responsável pelo

atendimento passará todas as informações, peço que quando chegar vá direto ao

terceiro andar.

— Eu! Eu estou indo.

Foi a única coisa que eu consegui falar antes de desligar o

telefone, meu coração parecia que iria sair pela boca, minhas mãos tremiam tanto,

que eu mal conseguia segurar o telefone, liguei para a enfermeira e contei tudo

o que tinha acontecido e inclusive quis saber onde ficava esse hospital. Ela disse que o hospital era um

dos melhores e o mais caro de Londres e que todo motorista de táxi sabia chegar

lá.

Desligo o telefone e não espero ela chegar, saio correndo vou até

meu quarto pego minha bolsa, nem aviso a minha tia, que ainda está dormindo. Saiodo apartamento e assim que

chego à rua, dou sinal para o táxi, informo que preciso ir ao Hospital Central,

no caminho não consigo controlar as lágrimas, que caem sem parar, vejo o senhor

que está dirigindo me olhar, ele pega no porta luvas uma caixa de lenços e me

entrega. Mas não me pergunta nada e continua dirigindo e assim que paramos na

porta do hospital, ele me deseja boa sorte e que tudo irá ficar bem, saio do

carro sem respondê-lo, estou muito nervosa.

Já dentro do hospital, na recepção, informo o nome de minha amiga

e eles me entregam um crachá de visitante, me indicaram o elevador que deveria

subir. Assim que

chego à recepção do terceiro andar, me mandaram esperar pelo médico

responsável. Como estou nervosa nem percebo que a alguns passos têm dois homens

sentados, vejo que um deles está visivelmente nervoso assim como eu. Não demora

muito quando o médico se aproxima.

— Bom dia! Vocês

devem ser os familiares do meu paciente?

— Eu sou o irmão dele! Como ele está doutor? —disseo loiro.

— Ele chegou aqui com hemorragia interna, foi necessária a

cirurgia para tirarmos o excesso de sangue de seu pulmão, tem duas costelas fraturadas, mas vai se recuperar,

daqui a pouco ele irá para o quarto, mas ficará desacordado por um tempo, aconselho

que volte depois para vê-lo.

— Doutor e a mulher que meu irmão atropelou, o senhor tem alguma

informação?

— O estado dela é grave, o carro a jogou longe com o impacto,

causando fratura na sua coluna cervical, após a cirurgia é que saberemos se os

danos serão permanentes ou não.

— O que o senhor quer dizer com isso?

— Que talvez ela possa ficar sem andar para sempre.

Quando o médico relata que minha amiga poderá ficar sem andar, eu

não consigo me controlar.

— NÃO! Pelo amor de Deus. Diz que é mentira, que não é minha

amiga.

— Senhora, tenha calma!

— O estado de sua amiga é muito grave, estamos fazendo tudo para

que ela saia dessa cirurgia com uma possibilidade de poder andar, mas não quero

dar falsas esperanças, são muito raros os casos que isso acontece, se for o

caso dela, vai ser preciso muita fisioterapia por um período bem longo. Volto

mais tarde com mais informações, assim que a cirurgia acabar, ela será

transferida para o quarto e você poderá vê-la.

Assim que o médico se vai, minhas pernas perdem toda a forçam, só não caio ao chão porque

alguém me segura, sou colocada sentada na cadeira, uma das enfermeiras me

entrega um copo com água, tento segurar firme, mas minhas mãos estão tremendo tanto, que ela me ajuda a

beber, disse que se precisar de mais alguma coisa e só chamar, eu apenas

agradeço. Continuo sentada de cabeça baixa quando escuto uma voz rouca, que me

tira dos meus pensamentos, quando ele fala:

— O que a mulher do acidente é sua?

— Minha amiga!

— Não precisa se preocupar com as despesas do hospital, tudo será

pago enquanto ela estiver aqui e mesmo depois se for necessário.

— Nada mais justo vocês pagarem! Já que o acidente foi causado por alguém de sua família. Fique

sabendo, que se minha amiga não conseguir andar mais, eu irei processar quem

fez isso, tirarei cada centavo, tenho certeza de que a pessoa que atropelou

estava bêbada. Minha amiga Ester não merece ficar sem andar por um

irresponsável.

Assim que falei isso, me levantei e fui para bem longe deles, não

quero falar com ninguém nesse momento. Percebi que eles foram embora, as horas

estavam passando e minha angústia só aumentava, eu não sei o que fazer se ela não conseguir

andar novamente, estou rezando para que ela saia dessa cirurgia bem.

Já são dez horas, quando eu vejo novamente o mesmo médico vir em minha direção.

— Doutor, como ela está?

— A cirurgia acabou a pouco, vou explicar o que ocorreu com sua

amiga, para que entenda melhor a situação — ele respira fundo e começa a me

explicar. — Quando há lesão das costas em acidentes muito violentos, os ossos

podem ser quebrados ou tracionados para fora do alinhamento normal. Fraturas e

luxações da coluna vertebral são lesões muito graves, ocorre devido a uma força

de arrancamento de C2 sobre C3, o que leva a um escorregamento de uma vértebra

sobre a outra, por isso o tratamento cirúrgico é indicado, em grande parte dos

casos, implicam em danos neurológicos e sequelas permanentes — eu o olho

confusa. Ele continua. — Então, só saberemos quando ela acordar e depois que o ortopedista

fizer sua avaliação. Mas por favor, não perca a esperança, já vi muito caso que

mesmo nos médicos dizendo que o paciente não voltaria a andar, fomos surpreendidos.

— Obrigada doutor! Quando eu poderei vê-la?

— Nesse momento ela está sendo transferida para o quarto, assim

que ela estiver acomodada mandarei chamá-la.

Fico parada vendo-o sumir pelo imenso corredor. Passou-se algum

tempo quando uma enfermeira me disse que eu já poderia ver minha amiga, assim

que abro a porta do quarto, quase caí para trás, ela estava cheia de aparelhos,

seu rosto estava totalmente inchado, fui me aproximando da sua cama, segurei sua mão e não me

contive, chorei, chorei muito. Estava ainda segurando sua mão, quando a porta

foi aberta, vi que era o mesmo homem que tinha me segurado para eu não cair.

— Oi! Falei com

o médico, ele me disse que provavelmente você estaria aqui, soube também que a

cirurgia deu certo, de que agora depende da avaliação do ortopedista, para ter

a certeza de que sua amiga voltará a andar novamente. Saiba que eu estarei aqui

para o que vocês precisarem, o meu amigo não é um cara irresponsável, ele

jamais bebeu ao ponto de causar qualquer tipo de acidente. Tenho certeza de que assim que ele puder andar, virá ver sua

amiga e pedirá desculpas. Mas por favor, não o julgue, tenho certeza de que a

partir do momento que o conhecer, verá que o que estou dizendo é verdade.

— Qual é o nome de seu amigo e o seu?

— Eu sou André e meu amigo Jaime!

— Então André, está me dizendo que seu amigo bebeu, mas que ele

não é um cara irresponsável, então me diga, como uma pessoa bebê e sai

dirigindo nesse estado, sem pensar se pode ou não destruir a vida de outra

pessoa? Minha amiga pode nunca mais andar, por culpa dele, então não

venha me dizer que ele não é irresponsável. Uma pessoa normal jamais faria uma

coisa dessas, sabendo que poderia acabar com a vida de outra pessoa, acha mesmo,

que se eu o conhecer poderei mudar a minha opinião a seu respeito? Vou lhe dizer que está muito enganado. Agora por favor,

saia, eu quero ficar sozinha com minha amiga.

— O hospital está autorizado a me ligar para me passar informações

sobre sua amiga, também pedi que um carro fique a sua disposição, sei que deve ter que ir

para sua casa e sei que é muito cansativo e como não sabia se tinha ou não

carro, tomei a liberdade de deixar um ao seu dispor, o motorista vai ficar aqui

fora. Vou deixar meu cartão, pode me ligar a qualquer hora, eu virei assim que

você me ligar. Eu vou ao quarto do meu amigo e continuarei aqui por um tempo se

quiser conversar.

— Vou precisar sim do carro, mas quero deixar claro que isso não

irá mudar o que aconteceu, só estou aceitando porque pretendo ir e vir e não

quero deixar minha amiga sozinha.

— Qual é o seu nome?

— Maya!

— Maya! Quando não puder vir, eu poderei ficar em seu lugar, basta me ligar.

— Não será necessário, pretendo ficar o mínimo possível longe

dela.

— Tudo bem! Agora preciso

ir.

Vejo-o sair pela porta e um sentimento de ódio me consome, como ele pode vir aqui dizer

que seu amigo é uma pessoa boa? E novamente

olho para minha amiga, toda machucada, a porta é aberta e por ela entra uma

enfermeira, que começa a verificar os

aparelhos e o soro.

— Menina! Por que não vai para casa?

Ela não irá acordar agora, ainda falta muito de sua medicação, pode ir, assim que sua

medicação terminar eu ligo para você, estou vendo que está cansada, poderá

voltar mais tarde e dormi aqui se quiser.

— Obrigada! Farei isso sim, voltarei mais tarde, mas, por favor,

me prometa que se ela acordar a senhora vai me ligar.

— Prometo! Pode ir, e fique despreocupada que eu mesmo cuidarei

dela, ela será a única que cuidarei como foi pedido.

— Quem pediu isso?

— O irmão do senhor Jaime, solicitou que sua amiga tenha toda a

assistência que precise e que uma enfermeira ficasse a sua disposição.

— Obrigada por cuidar dela!

— Eu vou indo, mas volto mais tarde.

Despedi-me e saí do quarto, assim que estava quase perto do

elevador, escutei me chamarem, quando me virei, um senhor de uniforme veio em

minha direção.

— Senhorita! Fui encarregado de levá-la onde queira ir.

— Por favor, eu só preciso ir para casa.

— Venha por aqui senhorita, o carro está na garagem do prédio e

não é por esse elevador que saímos.

Ele vai à minha frente, passamos por vários quartos, quando

estávamos quase perto do elevador, a mesma voz rouca me chama. Viro-me e fico

de frente para ele e escuto ele falar:

— Como está sua amiga?

Eu apenas me viro novamente, procurando o motorista e não o

respondo, entro no elevador e quando fico de frente posso ver que ele continua

parado no mesmo lugar, seu olhar está fixo em mim, e, antes das portas se

fecharem, pude o ouvir falar:

— Mulherzinha sem educação da porra!

Como se eu fosse obrigada a falar com ele, o que me importa agora

é minha amiga e como eu vou contar para minha tia e minha mãe o que aconteceu e além do mais, será impossível

eu ir embora em dois meses como tinha combinado.

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Comments

Euza Lisboa

Euza Lisboa

Todos com sentimentos e nervos abalados.

2023-07-09

0

Lena Macêdo E Silva

Lena Macêdo E Silva

educação, índole, sentimentos, etc ou tem ou não tem, só se adquire caso permita se adquirir 🤝

2023-04-08

0

Ver todos
Capítulos
1 CAPÍTULO 01 - SINOPSE
2 CAPÍTULO 02 - A morte do pai de Maya
3 CAPÍTULO 03 - Continuo vivo...
4 CAPÍTULO 04 - Encontro entre irmãos
5 CAPITULO 05 - A liberdade de Ester
6 CAPÍTULO - 06 ESTER
7 CAPÍTULO 07 - Nossa Formatura
8 CAPÍTULO 08 - MAYA
9 CAPÍTULO 09 - Voltando para Casa
10 CAPITULO - 10 ENCONTRO COM MEU PAI
11 CAPÍTULO 11 - A chegada em Londres
12 CAPÍTULO 12 - Acidente de Ester
13 CAPÍTULO 13 - O ACIDENTE
14 CAPÍTULO 14 - ANTHONY
15 CAPÍTULO 16 - A Realidade do acidente
16 CAPÍTULO - 16 ESTER
17 CAPÍTULO 17 - O Encontro de Ester e Jaime
18 CAPÍTULO 18 - ESTER
19 CAPÍTULO 19 - Tornando o sonho em realidade
20 CAPÍTULO 20 - A dor da despedida
21 CAPÍTULO 21 - A vida continua...
22 CAPÍTULO 22 - A proposta de emprego
23 CAPÍTULO 23 - O confronto
24 CAPÍTULO 24 - A viagem ao Canadá
25 CAPÍTULO 25 - De volta para Casa
26 CAPÍTULO 26 - Vou ser feliz
27 CAPÍTULO 27 - Pedido de desculpas
28 CAPÍTULO 28 - A verdade – Alguns anos atrás
29 CAPÍTULO 29 - O Jantar de comemoração
30 CAPÍTULO 30 - Não irei desistir
31 CAPÍTULO 31 - A volta de Ester
32 CAPÍTULO 32 - Uma nova chance
33 CAPÍTULO 33 - Declaração de Jaime
34 CAPÍTULO 34 - O passado está de volta
35 CAPÍTULO 35 - Nossa primeira noite
36 CAPÍTULO 36 - Sendo direta
37 CAPÍTULO 37 - A chegada de Isaura
38 CAPÍTULO 38 - De volta ao Canadá
39 CAPÍTULO 39 - Tornando-a minha!
40 CAPÍTULO 40 - Minha vingança
41 CAPÍTULO 41 - Contando toda Verdade
42 CAPÍTULO 42 - O Sequestro de Maya
43 CAPÍTULO 43 - Nossa Noite
44 CAPÍTULO 44 - Robert e Isaura
45 CAPÍTULO 45 - Grávida
46 CAPÍTULO 46 - Amo você
47 CAPÍTULO 47 - Nossa mudança
48 CAPÍTULO 48 - Maya Feliciano - EPILOGO
49 CAPITULO 49 - AGRADESCIMENTOS
Capítulos

Atualizado até capítulo 49

1
CAPÍTULO 01 - SINOPSE
2
CAPÍTULO 02 - A morte do pai de Maya
3
CAPÍTULO 03 - Continuo vivo...
4
CAPÍTULO 04 - Encontro entre irmãos
5
CAPITULO 05 - A liberdade de Ester
6
CAPÍTULO - 06 ESTER
7
CAPÍTULO 07 - Nossa Formatura
8
CAPÍTULO 08 - MAYA
9
CAPÍTULO 09 - Voltando para Casa
10
CAPITULO - 10 ENCONTRO COM MEU PAI
11
CAPÍTULO 11 - A chegada em Londres
12
CAPÍTULO 12 - Acidente de Ester
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CAPÍTULO 13 - O ACIDENTE
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CAPÍTULO 14 - ANTHONY
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CAPÍTULO 16 - A Realidade do acidente
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CAPÍTULO 17 - O Encontro de Ester e Jaime
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CAPÍTULO 18 - ESTER
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CAPÍTULO 19 - Tornando o sonho em realidade
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CAPÍTULO 20 - A dor da despedida
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CAPÍTULO 21 - A vida continua...
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CAPÍTULO 22 - A proposta de emprego
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CAPÍTULO 23 - O confronto
24
CAPÍTULO 24 - A viagem ao Canadá
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CAPÍTULO 25 - De volta para Casa
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CAPÍTULO 26 - Vou ser feliz
27
CAPÍTULO 27 - Pedido de desculpas
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CAPÍTULO 28 - A verdade – Alguns anos atrás
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CAPÍTULO 29 - O Jantar de comemoração
30
CAPÍTULO 30 - Não irei desistir
31
CAPÍTULO 31 - A volta de Ester
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CAPÍTULO 32 - Uma nova chance
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CAPÍTULO 35 - Nossa primeira noite
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CAPÍTULO 36 - Sendo direta
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CAPÍTULO 37 - A chegada de Isaura
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CAPÍTULO 38 - De volta ao Canadá
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CAPÍTULO 39 - Tornando-a minha!
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CAPÍTULO 40 - Minha vingança
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CAPÍTULO 41 - Contando toda Verdade
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CAPÍTULO 42 - O Sequestro de Maya
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CAPÍTULO 43 - Nossa Noite
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