CAPÍTULO - 06 ESTER

Ester Silva

Desde o dia em

que Maya me chamou para irmos juntas ver o resultado da faculdade, mesmo ela

não sabendo que eu também tinha prestado vestibular, ela se tornou minha melhor

amiga, sempre senti falta de ter alguém sincera para conversar, minha vida

nunca foi fácil. Perdi minha mãe aos 10 anos para o câncer, depois dessa

tragédia, meu pai começou a beber. Tinha dia que não tinha nada em casa para comer, todo o

dinheiro dele sempre era gasto em bares, muitas das vezes os amigos dele é quem

o trazia para casa carregado e quando ele estava assim, sempre me escondia

porque ele ficava muito agressivo.

Por várias vezes, ele vendeu algo de dentro de casa e quando não

achava serviçopara manter o seu vício, não importava se tinha algo pra comer, ele não ligava.

Eu sempre saía para as feiras atrás de algo. Os feirantes já me conheciam e antes de jogarem fora os

restos, eles faziam uma sacolinha para mim e muitas das vezes, eu os ajudava,

para ganhar algumas moedas que era para comprar pão.

Comecei a fazer faxina nas casas vizinhas com 13 anos. Mesmocom pouca idade, eu

conseguia dar conta do serviço, com o pouco que recebia, conseguia pagar a

conta de luz e de água, graças a Deus que a casa era nossa, isso até ele tentar

vender, dizendo que iríamos nos mudar e que ele melhoraria, mas meu bom Deus

fez com que desse tudo errado. Pois lá no fundo, eu sabia que ele jogaria mais

esse dinheiro no lixo e acabaríamos morando debaixo de qualquer ponte.

Quando completei meus 16 anos, consegui através de umas das

mulheres que eu trabalhava de faxina, um emprego num mercadinho perto de casa. Nãoera muita coisa, mas com o

tempo comecei a prestar a atenção em tudo que ela fazia, como ela era caixa,

ganhava bem mais do que eu, que só limpava e sempre que não tinha muita gente,

ela me deixava ficar em seu lugar, depois de um tempo, eu já sabia fazer o

serviço, então ela falou para o dono que poderia trabalhar em outro caixa,

assim não teria muita fila, que seria muito mais rápido atender as pessoas com

dois caixas funcionando, mesmo contra sua vontade, ele quis fazer um teste

comigo e graças a Deus deu certo, mudei de cargo e me ajudou muito, preferi

esconder isso do meu pai, achei melhor que ele pensasse que eu ainda só era

faxineira, pois ele sabia que com esse serviço, eu não iria ganhar muito, então

não aí ficar me pedindo dinheiro.

Passaram-se quase dois anos, nesse período uma grande construção

tinha começado no bairro, diziam que era uma grande rede de supermercados, que

iriam precisar de muitas pessoas para trabalhar, mesmo estando bem onde estava,

resolvi me candidatar a uma vaga e como já tinha experiência,não exigiria tantode mim.

Quando mudei de emprego, falei para o meu pai que ficou eufórico,

dizendo que agora ele não precisava mais trabalhar. Eu disse que o salário era

um pouco maior e como não tinha experiência, não iria receber como os outros

funcionários. Mas que mesmo assim deveríamos os dois estar trabalhando para que

a nossa vida fosse melhor.

Mas como sempre, ele não quis escutar e disse que era besteira os

dois trabalharem e que com o que eu ganharia, daria para manter a casa. Mesmo

com toda necessidade que passava, nunca deixei de ir para escola, porque em

alguns momentos, quando era pequena e não tinha nada para a janta, ficava

rezando pra que chegasse a hora do colégio, lá eles sempre davam café da manhã,

quando tinha dois pães eu trazia sempre um para o meu pai. Assim que terminei o

colégio, não queria ficar parada e vendo que os funcionários do supermercado

alguns estudavam e outros faziam faculdade,

eu resolvi também fazer e como eu não tinha condições financeiras para cursar um

particular, achei melhor tentar uma pública e se conseguisse, queria muito

fazer administração, era uma área que eu gostava muito. Eu só queria que Deus

me desse uma chance na vida de poder melhorar e ser alguém com um emprego melhor, não estou dizendo que aqui não é bom,

mas ter outras oportunidades de crescimento faz bem

para nossa autoestima, mesmo a minha sempre estando tão baixa, eu tentava dar o

melhor de mim. Nuncacontei para ninguém tudo

o que passei ou que ainda passava, não sou uma pessoa que consegue se abrir

facilmente e falar sobre minha vida, sou muito fechada.

Quem pensa que nesse tempo todo meu pai mudou, se enganou. Nunca mais conseguiu emprego

registrado, sempre fazia alguns bicos, masseu

dinheiro nunca era para casa e quando ele não tinha, ficava me pedindo, mas eu

sempre dizia que o meu dinheiro tinha acabado, ele ficava muito irritado e

acabava quebrando quase tudo dentro de casa.

Eu escondia o pouco que eu tinha debaixo de uma pedra no quintal e

só pegava quando era necessário. Do meu dinheiro, ele não viu um centavo para

manter seu vício.

Faltando apenas um dia para minha formatura, meu pai chegou como

um louco, gritando que estava precisando de dinheiro porque o dono do bar

estava cobrando o que ele ficou devendo há uma semana e por esse motivo foi

expulso, que só poderia aparecer lá se tivesse dinheiro para pagar a conta

antiga, ficou gritando que eu estava escondendo o dinheiro, que eu era uma

filha ingrata, que tinha me dado de tudo na vida e quando ele precisava eu

virava as costas. Eu disse que não tinha, mesmo assim não adiantou e quando eu

me virei para ir para o meu quarto, ele me pegou pelos cabelos me jogando no

chão, me chutou e me deu vários tapas, me xingando de todos os nomes possíveis

e impossíveis que existia de ruim. Ele nunca tinha chegado a esse ponto. Fiqueisem ação com essa atitude

dele, o meu corpo doía muito, eu não sei o porquê de ele ter sido violento

comigo dessa vez, apenas que todas as outras vezes que ele chegava bêbado, eu

sempre me trancava no quarto.

Ele me deixou caída no chão e chorando, não estava aguentando tudo isso e

estava na hora de colocar um ponto final, mesmo que doesse em mim, euestava decidida a ir embora.

Fui ao meu quarto, liguei para minha amiga e contei tudo que tinha

acontecido e que precisava de um lugar para ficar por essa noite e que depois

eu iria ver um outro lugar para morar, mas ela me disse que eu poderia ficar em

sua casa pelo tempo que fosse necessário ou até mesmo morar com ela e sua mãe.

Peguei a única mala que tinha dentro de casa e arrumei minhas

coisas. Nãodeixaria nada meu para trás, pois tenho certeza de que logo ele iria achar um

jeito de vender as poucas coisas que ainda existiam aqui. Quando saí do meu

quarto, eu o vi sentado no sofá de cabeça baixa e assim que eu cheguei até

porta ele falou.

— Onde você pensa que vai?

— Eu vou embora! Já deveria ter feito isso á muito tempo.

— Vai deixar seu pai,

é isso que está dizendo?

— Pai! Eu fiz de tudo, trabalhei desde pequena para manter a casa,

passei fome, fui trabalhar nas casas das vizinhas para ter o que comer e pagar

as contas, se não, nem água

e luz teríamos em casa. E mesmo assim você não deu valor, pensou apenas em você

e no seu vício, me deixou por várias vezes aqui, sozinha e com fome, se não

fosse a generosidade de outros e de meu esforço em nunca desistir, eu não sei

se estaria aqui hoje. Você só trabalhava para poder beber, quebrar tudo dentro

de casa a procura de dinheiro e hoje você chegou ao ponto de me agredir, coisa

que nunca tinha feito, o que deu pra entender é que a sua bebida é muito mais

importante do que sua filha. Nunca se

preocupou se eu comia ou não. Então para mim já chega, se você não quis

melhorar, eu não sou culpada disso. O que eu

pude fazer eu fiz, não tive infância, não tive uma mãe enão tive um pai.

— O que eu vou fazer se você for embora? Quem vai colocar comida dentro de

casa? Eu não tenho trabalho, ninguém quer me dá uma oportunidade de emprego, já

estou velho, você não tem dó de mim? Nãovê

que eu sofro todo esse tempo sem sua mãe.

— Pai! Você se entregou a bebida porque quis, quando a mamãe era

viva, eu nunca o tinha visto você beber desse jeito e agora usa a morte dela

como desculpa para seu vício maldito, não é justo. Eu sinto muito, mas não quero afundar a minha

vida junto com a sua. Vou continuar pagandoas

contas por um tempo, se não tentar melhorar e conseguir um emprego logo, fique

sabendo que não irei dar nenhum centavo para continuar com seu vício.

— Você é uma filha sem coração! Eu preciso de dinheiro para

comprar comida.

— Pagarei as contas e irei trazer comida, se quer dinheiro vá

trabalhar. Adeus.

O meu coração doí, mas eu não posso fazer nada, se ele não quer

mudar, não posso ficar num lugar onde uma pessoa se tornou violento ao ponto de

me bater, mesmo ele sendo meu pai, não vou permitir isso nunca.

Chamei um táxi, não olho para trás, não quero pensar em tudo que

acabou de acontecer, pelo menos quero esquecer essa noite. Eu sabia que no dia

da minha formatura não poderia contar com meu pai ao meu lado, ele nunca se

interessou pelos meus estudos e depois de hoje, se eu tinha alguma esperança,

acabou. Quando o táxi parou na casa de minha amiga, logo que desci do carro,

dona Isaura estava me esperando na porta, não consegui falar nada, apenas a

abracei e chorei tudo que eu tinha para chorar, nesse abraço encontrei mais que

uma amiga, eu encontrei uma mãe. Assim que entramos na sua casa, Maya apareceu

descendo as escadas, veio ao meu encontro já me abraçando.

— Vou para a cozinha, enquanto vocês conversam. Voupreparar alguma coisa para

Ester comer, sei que ainda não comeu nada.

— Não é

necessário dona Isaura, não estou com fome.

— Venha Ester, vamos para o meu quarto, tomar um banho e depois

poderemos conversar melhor e mesmo não querendo irá comer. Não poder ficar sem se

alimentar, isso nãovai ter de fazer bem.

Subimos para o quarto dela, enquanto ela desfazia minha mala, eu

fui para o banheiro. Não quis

dizer que ele também tinha me chutado e que estava doendo muito. Quando tirei a roupa, vi as

marcas de seu chute nas minhas costelas, já

estava ficando roxa, quando vi isso, às lágrimas voltaram a cair. De baixo do

chuveiro, deixei a água cair pelo meu corpo como se ela pudesse levar toda a

minha dor, não só física, mas também a que

está em minha alma. Jamais esqueceria esse dia, nem que se passe a eternidade.

Por que meu Deus, quem amamos é capaz de machucar tanto? Assim que saí dobanho, me

vesti com um pijama, sequei meu cabelo e quando abri a porta do banheiro, já

tinha uma bandeja com suco e sanduíches, minha amiga estava sentada na cama,

ela logo disse que era para eu comer tudo e que só falaria comigo quando

terminasse.

— Maya! Muito obrigada por me receber em sua casa desse jeito,

você sabe que não tenho mais ninguém e que é a única amiga que tenho, por isso

que te liguei, mas quero que saiba que assim que arrumar outro lugar, eu me

mudo, não quero ser um peso morto para você e sua mãe.

— Eu espero que você não deixe minha mãe escutar isso, Ester!

Porque com certeza ela irá ficar muito brava, sabe bem o carinho e amor que ela

tem com você, é como se fosse filha dela e não pense que irá sair dessa casa. Você nunca foi e nunca será um

peso morto, nem para mim e nem para minha mãe. Pode parar com isso.  Eu não acredito que

seu pai foi capaz de te bater desse jeito. O que foi que deu nele dessa vez?

— Não sei

Maya! Mais hoje ele estava pior que os outros dias. Quando ele me jogou no chão,

me chutando, tentei me proteger, mas, veio os tapas, fiquei com medo e por isso

tomei a decisão de sair de casa, não aguentava mais. Estou cansada de tudo isso. Eu tentei, eu juro que tentei, mas

ele não quer melhorar. Eu não posso fazer mais

nada por ele. Dói demais ter que fazer isso, mas não vejo outro jeito. Sabeo que mais dói Maya?

— Não!

— É ver as marcas da pessoa que mais amo em meu corpo. Elenão marcou só o meu corpo,

marcou também minha alma.

— Eu, sinto muito amiga, não queria que tivesse passado por isso,

já basta tudo que passou na sua infância, agora mais isso. Eu sei que difícil

vindo de alguém que a gente ama, mas tenta esquecer, quem sabe depois que ele

refletir o que fez, não tente melhor e talvez procure ajuda e pare de beber.

Eu apenas aceno com a cabeça.

— Vem, vamosdormir, que a amanhã será nosso grande dia.

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Comments

Euza Lisboa

Euza Lisboa

O mundo está cheio de pais omissos e covardes. Deixam os filhos à própria sorte ou espancam às vezes até a morte. É muito triste 😔😔😔

2023-07-09

1

Lena Macêdo E Silva

Lena Macêdo E Silva

na vida é tão bom ter amigos ter alguém que possamos contar e que está conosco pro que der e vier.

2023-04-08

0

Monica Lusia Rodrigues

Monica Lusia Rodrigues

tá muito boa a história, podia colocar fotos para os personagens.

2022-12-14

3

Ver todos
Capítulos
1 CAPÍTULO 01 - SINOPSE
2 CAPÍTULO 02 - A morte do pai de Maya
3 CAPÍTULO 03 - Continuo vivo...
4 CAPÍTULO 04 - Encontro entre irmãos
5 CAPITULO 05 - A liberdade de Ester
6 CAPÍTULO - 06 ESTER
7 CAPÍTULO 07 - Nossa Formatura
8 CAPÍTULO 08 - MAYA
9 CAPÍTULO 09 - Voltando para Casa
10 CAPITULO - 10 ENCONTRO COM MEU PAI
11 CAPÍTULO 11 - A chegada em Londres
12 CAPÍTULO 12 - Acidente de Ester
13 CAPÍTULO 13 - O ACIDENTE
14 CAPÍTULO 14 - ANTHONY
15 CAPÍTULO 16 - A Realidade do acidente
16 CAPÍTULO - 16 ESTER
17 CAPÍTULO 17 - O Encontro de Ester e Jaime
18 CAPÍTULO 18 - ESTER
19 CAPÍTULO 19 - Tornando o sonho em realidade
20 CAPÍTULO 20 - A dor da despedida
21 CAPÍTULO 21 - A vida continua...
22 CAPÍTULO 22 - A proposta de emprego
23 CAPÍTULO 23 - O confronto
24 CAPÍTULO 24 - A viagem ao Canadá
25 CAPÍTULO 25 - De volta para Casa
26 CAPÍTULO 26 - Vou ser feliz
27 CAPÍTULO 27 - Pedido de desculpas
28 CAPÍTULO 28 - A verdade – Alguns anos atrás
29 CAPÍTULO 29 - O Jantar de comemoração
30 CAPÍTULO 30 - Não irei desistir
31 CAPÍTULO 31 - A volta de Ester
32 CAPÍTULO 32 - Uma nova chance
33 CAPÍTULO 33 - Declaração de Jaime
34 CAPÍTULO 34 - O passado está de volta
35 CAPÍTULO 35 - Nossa primeira noite
36 CAPÍTULO 36 - Sendo direta
37 CAPÍTULO 37 - A chegada de Isaura
38 CAPÍTULO 38 - De volta ao Canadá
39 CAPÍTULO 39 - Tornando-a minha!
40 CAPÍTULO 40 - Minha vingança
41 CAPÍTULO 41 - Contando toda Verdade
42 CAPÍTULO 42 - O Sequestro de Maya
43 CAPÍTULO 43 - Nossa Noite
44 CAPÍTULO 44 - Robert e Isaura
45 CAPÍTULO 45 - Grávida
46 CAPÍTULO 46 - Amo você
47 CAPÍTULO 47 - Nossa mudança
48 CAPÍTULO 48 - Maya Feliciano - EPILOGO
49 CAPITULO 49 - AGRADESCIMENTOS
Capítulos

Atualizado até capítulo 49

1
CAPÍTULO 01 - SINOPSE
2
CAPÍTULO 02 - A morte do pai de Maya
3
CAPÍTULO 03 - Continuo vivo...
4
CAPÍTULO 04 - Encontro entre irmãos
5
CAPITULO 05 - A liberdade de Ester
6
CAPÍTULO - 06 ESTER
7
CAPÍTULO 07 - Nossa Formatura
8
CAPÍTULO 08 - MAYA
9
CAPÍTULO 09 - Voltando para Casa
10
CAPITULO - 10 ENCONTRO COM MEU PAI
11
CAPÍTULO 11 - A chegada em Londres
12
CAPÍTULO 12 - Acidente de Ester
13
CAPÍTULO 13 - O ACIDENTE
14
CAPÍTULO 14 - ANTHONY
15
CAPÍTULO 16 - A Realidade do acidente
16
CAPÍTULO - 16 ESTER
17
CAPÍTULO 17 - O Encontro de Ester e Jaime
18
CAPÍTULO 18 - ESTER
19
CAPÍTULO 19 - Tornando o sonho em realidade
20
CAPÍTULO 20 - A dor da despedida
21
CAPÍTULO 21 - A vida continua...
22
CAPÍTULO 22 - A proposta de emprego
23
CAPÍTULO 23 - O confronto
24
CAPÍTULO 24 - A viagem ao Canadá
25
CAPÍTULO 25 - De volta para Casa
26
CAPÍTULO 26 - Vou ser feliz
27
CAPÍTULO 27 - Pedido de desculpas
28
CAPÍTULO 28 - A verdade – Alguns anos atrás
29
CAPÍTULO 29 - O Jantar de comemoração
30
CAPÍTULO 30 - Não irei desistir
31
CAPÍTULO 31 - A volta de Ester
32
CAPÍTULO 32 - Uma nova chance
33
CAPÍTULO 33 - Declaração de Jaime
34
CAPÍTULO 34 - O passado está de volta
35
CAPÍTULO 35 - Nossa primeira noite
36
CAPÍTULO 36 - Sendo direta
37
CAPÍTULO 37 - A chegada de Isaura
38
CAPÍTULO 38 - De volta ao Canadá
39
CAPÍTULO 39 - Tornando-a minha!
40
CAPÍTULO 40 - Minha vingança
41
CAPÍTULO 41 - Contando toda Verdade
42
CAPÍTULO 42 - O Sequestro de Maya
43
CAPÍTULO 43 - Nossa Noite
44
CAPÍTULO 44 - Robert e Isaura
45
CAPÍTULO 45 - Grávida
46
CAPÍTULO 46 - Amo você
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CAPÍTULO 47 - Nossa mudança
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CAPÍTULO 48 - Maya Feliciano - EPILOGO
49
CAPITULO 49 - AGRADESCIMENTOS

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