Anthony Guerra
Depois que voltamos, Jaime me deixou aqui em seu apartamento, disse
que mandaria alguém trazer roupas e tudo mais o que eu precisasse. Tratei de tomar um longo banho como há muito tempo não tomava,
onde eu estava não tinha banheira e por isso vou ficar aqui dentro por um longo
tempo, relembrando o meu passado na casa do meu pai, onde eu tinha de tudo,
mas como sempre, fui rebelde e não consegui ver tudo
o que ele sacrificou por nós.
Nãovou dizer que não me arrependo por isso, se eu pudesse
voltar atrás, jamais faria aquela maldita viagem, mas não posso, então tenho
que encarar e assumir tudo o que aconteceu e seguir em frente.
Já de barba feita, sinto meu corpo mais relaxado, saio do banho e
quando entro no quarto, vejo que tem outra porta, presumo que seja o closet e
quando abro, tem muitas roupas, pego uma calça preta, uma camisa branca e uma
cueca da mesma cor e assim que estou vestido, vejo que tem também vários
sapatos, chinelos e alguns pares de tênis, mas como estou em casa, escolho usar
tênis. Já vestido, saio do quarto e vou para a cozinha fazer alguma coisa para
comer, mas assim que eu chego, vejo uma senhora mexendo nas panelas.
— Boa tarde!
— Boa tarde! Sou Anthony.
— Eu sei quem você é menino! Seu irmão me mandou aqui para cuidar
de você essa semana. Chamo-me
Clara!
— Éum
prazer conhecê-la.
— Digo o mesmo, pode se sentar que já vou colocar seu almoço.
Sento-me no banco em frente da bancada, ela me serve um prato com
bife, arroz e uma porção de salada.
O cheiro está divino. Depois que termino de comer,
ela me disse que existia outra sacola na sala que também tinha sido deixada
para mim.
Assim que chego à sala,
asacola está bem em cima do sofá, dentro contém um
celular de última geração da cor preta.
— Dona Clara, a senhora sabe onde tem um lugar por perto onde eu
possa cortar meu cabelo?
— Tem um na esquina da rua, menino.
— Vou dar uma saída, vou até lá cortar meus cabelos.
— Tudo bem, deixarei seu jantar na geladeira e vou fazer um bolo para mais
tarde. Se você quiser comer alguma outra coisa,
a geladeira e os armários estão bem abastecidos.
— Muito
obrigada! E até amanhã Dona Clara.
— Até menino.
Saio do apartamento e vou à procura do salão e assim que chego
vejo que não tem muita gente, vem até mim uma senhora loira perguntar o que eu
desejo, digo que
preciso cortar meu cabelo. Sou levado a outra
sala, onde uma mulher bem bonita pede para eu me sentar e começa seu trabalho,
vejo que ela fica me encarando pelo espelho,
mas não falo nada, apenas observo e quando ela
termina, me levanto e quando vou pagar, ela me
dá seu cartão. É sempre assim, todas são
iguais. É só ver um homem que logo se jogam.
De volta ao apartamento, procuro algo para fazer. Nunca gostei de ficar sem fazer nada e então pesquisei sobre a
empresa. Vejo que tem várias matérias falando
que a empresa já não é a mesma desde que o presidente a deixou há dois anos.
Vejo as fotos de meu irmão e esse tal de André, que é filho do outro sócio de
meu pai. Perdemos muito capital e as ações da
empresa caíram um pouco.
Continuo com minha pesquisa, só que agora, estou à procura de outros investidores
ou de empresas que queiram fazer uma fusão, assim podemos melhorar e muito. Procuro outras empresas
que também estão no meio. Pretendo fazer uma proposta assim que eu assumir o meu cargo.
Vou querer também que seja feita uma auditoria, pois
tenho que apresentar um bom resultado se quero ter não apenas uma, mas várias junções. Se der tudo certo, podemos até pensar na
possibilidade de expandir a empresa para outros países. Espero apresentar esse
projeto ao meu pai e se ele concordar, não quero perder tempo, em um ano já
quero ter pelo menos dois investidores grandes e que ela seja mundialmente
conhecida.
O
processo é demorado, mas com a junção certa podemos
até expandir para outros países. Sei que terei muito trabalho para colocar
esses planos em prática, mas quero provar que não me chamo Anthony Guerra a toa, quero mostrar meu valor ao meu pai e a minha família.
Darei tudo de mim. Nem que para isso tenha que trabalhar dia e noite. Esse será meu único objetivo na vida, além de cuidar de quem
cuidou de mim.
Os dias foram se passando, minha aparência está muito melhor, dona
Clara é minha única companheira nesse apartamento, tenho passado muito tempo no
computador, me atualizando sobre tudo da empresa, pois quero estar pronto
quando voltar. Jaime me ligou hoje cedo, me convidando para o jantar, falando que não tinha
contado ao meu pai sobre minha volta, deixaria que eu o fizesse.
O motorista da família veio me buscar as seis e meia. No caminho fui observado todo o
trajeto, parecia que eu nunca estive aqui, de tão mudada que estavam às coisas
e quando o carro parou em frente ao portão, meu coração disparou. Voltei no tempo e as lembranças que tive nessa casa, dos momentos
vividos antes da morte de minha mãe, veio em cheio. Éramos todos felizes, mesmo quando ela descobriu a doença, não
deixou de ter aquele brilho no olhar, podíamos ver que ela sofria, mas tentava
não demonstrar, principalmente em nossa frente
e foram dias e meses assim, até quando os
médicos disseram que não tinha mais o que ser feito. Ela só pediu ao meu pai que gostaria de passar seus últimos em
casa. Teve que adaptar um quarto no andar de baixo, para que ela não precisasse
ser carregada, nesse tempo meu pai não saiu do seu lado, mesmo tendo dois
enfermeiros cuidando dela. Todas as manhãs,
ele vinha tomar café com a gente, para que os enfermeiros pudessem dar banho
nela e aplicar sua medicação, mas em uma manhã ele não veio, ficamos todos na
mesa a esperando e quando ele apareceu, seus olhos estavam inchados e
vermelhos, não foi preciso dizer nada, sabíamos que nossa mãe tinha ido embora.
Minha mãe enfim tinha descansado, foram quase dois anos de tratamento depois da
descoberta do câncer, mas como ela descobriu tarde, nenhum dos tratamentos deu
certo. Assim que seu caixão desceu, sabíamos que nada seria igual, ela era tudo,
o pilar da nossa casa.
Cada um se fechou em seu mundo, a Barbara e o Jaime, usavam a escola como desculpas e sumiam,
meu pai se afundou cada dia mais na empresa, saia
cedo e voltava tarde.
Eu comecei a beber, me drogar e sair com pessoas erradas, que
gostavam só do meu dinheiro, as mulheres caiam em meu colo como moscas, perdi
as contas de quantas eu fodi. Numa noite eu extrapolei e num acesso de loucura,
chamei todos que estavam na boate para fazer uma festa particular em minha
casa, regada a bebidas, drogas e muito sexo. Eu achei que todos estariam fora
aquele dia, mas minha irmã estava em seu quarto, acho que quando ela viu toda a
baderna que estávamos fazendo chamou nosso pai e Jaime, que chegaram e ficaram
horrorizados com o que viam. Só me lembro dos gritos do meu pai, que foi ouvido
pela vizinhança toda.
Depois desse dia, tive uma conversa séria com o meu pai e depois decidi voltar
para a faculdade, também fui obrigado a estagiar na empresa e quando terminei a
faculdade, fui viajar, queria ver o mundo do meu jeito e não estava pretendendo
voltar.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Maria Aparecida Monteiro Firmino Cida
mera coincidência kkkkkkkkkkkkkkk
2023-12-05
0
Conceição Aparecida Guerra
Meu pai se chama Antonio guerra
2023-01-18
1