CAPÍTULO 11 - A chegada em Londres

Maya Feliciano

Assim que saímos do avião e fomos pegar as malas, quando passamos da porta, vi que

tinha um senhor com uma plaquinha com meu nome escrito, foi tão engraçado, que

tanto eu como a Ester caímos na gargalhada. Ele tinha sido enviado pela minha

tia, já que não conhecíamos nada e nem para que lado ir.

Mesmo fazendo faculdade, eu sempre quis aprender inglês e quando

houve a oportunidade de fazer junto com a faculdade, não perdemos tempo, mas

pretendia no futuro aprimorar mais o idioma.

O senhor nos levou até o carro e ajudou a colocar todas as nossas

bagagens no porta-malas e seguimos para o apartamento de minha tia. Ficamos encantadas com tudo que

víamos pelo caminho, os prédios luxuosos, o parque lindo. Parecia que estávamos em outro mundo de tão bonito que era. E

prometemos que íamos explorar assim que tivéssemos tempo cada lugar pelo qual

passamos.

Minha tia morava num prédio de classe média alta para os padrões

do Brasil. O prédio

tinha 15 andares, era um apartamento por andar. Fomos recebidas pela enfermeira, já que minha tia estava em seu

quarto e não conseguia andar mais. Ela nos levou até o quarto que seria nosso,

para que guardássemos nossas malas, depois fui levada até minha tia, quando a

enfermeira abriu a porta, pude perceber que seu quarto era muito aconchegante,

moderno e tinha uma janeira com uma vista maravilhosa de um parque, era para

ele que ela estava olhando quando entramos e assim que percebeu que eu estava

aqui, apenas sorriu, sem demora fui ao seu encontro e a abracei, ela estava

muito debilitada, muito magra, já não tinha mais cabelo, usava um lenço, depois

de sair de seus braços, apresentei a Ester.

Juntas, ficamos conversando por um tempo, a enfermeira veio trazer

seu almoço, aproveitei para ir até o meu quarto e tomar um banho e desfazer as

malas e depois de deixar tudo arrumado, tratei de procurar alguma coisa para

comer e quando cheguei na cozinha, encontrei uma senhora que tinha acabado de

colocar a mesa, pediu que eu sentasse que iria me servir, logo minha amiga se

juntou a mim.

Depois de almoçar, fui à procura da enfermeira, queria saber tudo

sobre rotina diária da minha tia.

Fui informada que seu banho era sempre de manhã,

assim não precisava mexer nela muitas vezes, seus remédios eram sempre

administrados depois das refeições, nunca

antes, porque era muito forte, se houvesse dores entre as medicações, existia

uma específica para isso. Depois que ela passou todas as informações, decidimos

que iríamos nos dividir para cuidar dela, então a enfermeira ficaria com o

banho e as medicações pela manhã, eu e a Ester cuidaríamos dela depois do

almoço. Assim não ficaria muito sobrecarregado

para dona Fátima e já que a empregada cuidava da casa, resolvemos que não era

necessário ela veio todos os dias, então seria apenas duas vezes por semana.

Seguimos essa rotina, já estávamos aqui há uma semana e tudo

estava indo muito bem. Minha tia gostou muito da minha amiga e passávamos muito tempo conversando. Era a maneira de distrair ela, contamos tudo sobre nossas

vidas, sobre nossa faculdade, o pai da Ester, de como minha mãe estava indo bem

em poder a exercer sua profissão novamente, e assim pude perceber que mesmo nos

dias em que estava com dor, minha tia ficava mais alegre.

Como minha amiga estava decidida a não voltar mais para o Brasil,

minha tia recomendou que ela estudasse para melhorar seu inglês, e indicou uma

escola que ficava apenas dois quarteirões de onde morávamos. Era uma escola que ensinava

principalmente brasileiros, a falar fluentemente a língua. E mesmo que minha

tia e Ester insistissem para que eu estudasse, eu neguei, pois não pretendia

ficar aqui por muito tempo, quando voltasse ao Brasil pretendia fazer um curso

mais avançado.

Minha amiga estava muito feliz e sonhava que logo que terminasse

seu curso, poderia procurar um emprego. Eu estava feliz por ela e, ao mesmo tempo triste, porque

perderia minha amiga quando voltasse ao Brasil. Entendia que ela estava tentando uma nova oportunidade de melhorar

de vida e que não poderia deixar passar já que estava aqui. E mesmo não tendo

mais notícia de seu pai, quis seguir em frente.

Segundo minha mãe, ele desapareceu nunca mais foi visto por

ela, a casa estava sempre fechada. O advogado da minha tia trouxe toda a

documentação que ela precisava assinar, tudo foi passado para o meu nome, o

apartamento, carro, e suas economias. Quando eu fosse embora, a Ester ficaria

morando no apartamento, eu pagaria todas as despesas e além de dividir o valor

que recebi, era justo porque minha amiga precisa de um incentivo para tornar

seu sonho real. Saio dos meus pensamentos quando a escuto me chamando.

— Maya! Já estou

indo.

— Ester toma cuidado! Hoje é sexta-feira e você

sabe que não é porque essa rua é tranquila que não devemos nos preocupar.

— Relaxa Maya! Sempre tomo cuidado.

— Eu sei amiga, mas hoje eu acordei com uma sensação ruim e não me

venha dizer que é porque estou com saudades de minha mãe, porque não é, eu sei

muito bem que ela está perfeitamente bem.

— Prometo que tomarei! Se eu tivesse uma irmã gostaria muito que

fosse como você, por isso te amo tanto.

— Eu também te amo! Agora vá logo antes que se atrase.

Assim que minha amiga saiu, a sensação de que iria acontecer

alguma coisa continuou, mas resolvi deixar para lá, afinal de contas o que

poderia acontecer.

— Tia! Está acordada?

— Sim! Não conseguir dormir, a Ester já foi?

— Sim, tia! Acabou de sair.

— Eu ainda não entendo você Maya.

Está aqui e não quer ficar, deveria tentar arrumar um

emprego na sua área e depois poderia muito bem trazer sua mãe para morar aqui,

com tudo que eu deixarei não passarão por nenhuma necessidade, seria uma

oportunidade única, veja se não há a possibilidade de ela vir.

— Não vou dizer tia, que não pensei nisso, porque estaria

mentindo, tenho medo dela não querer vir e por esse motivo nem perguntei. Eu

gostaria muito de poder mudar de vida, da próxima vez que eu ligar irei falar

sobre isso.

— Faça isso, Maya! Seria uma grande oportunidade, e você poderia fazer o mesmo

curso que a Ester, seria muito bom melhorar o seu inglês, será mais fácil de

conseguir um trabalho na sua área. Tenho um amigo que trabalha em uma das

maiores empresa de Londres, ele me prometeu que iria ajudar sua amiga, nada

impede dele ajudar você também.

— Obrigada tia! Farei o possível para que minha mãe venha morar

aqui, agora vamos tomar sua sopa que depois tenho que dar sua medicação.

E assim que terminei de cuidar dela, resolvi limpar a cozinha,

faltava pouco para que minha amiga voltasse para casa, eram apenas duas horas

de aula. Depois de tudo arrumado, fui assistir televisão, acabei cochilando e

quando dei por mim já tinha amanhecido e percebi que a Ester não estava aqui.

Fui olhar pela janela, mas parecia que estava tudo calmo, assim que voltei para

o sofá, meu celular tocou.

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