Quase um ano depois da
formatura
Já se passaram quase um ano da nossa formatura, não mudou muita
coisa. Começamos a procurar emprego em nossa área, mesmo trabalhando no supermercado, queremos
algo novo. Ester decidiu que continuaria morando na minha casa e ajudaria nas
despesas da casa. Seu pai muitas vezes bateu em nossa casa pedindo dinheiro,
dizendo que estava passando fome, mas era sempre mentira, porque minha amiga
fazia compra todo mês e entregava para ele ou íamos levar lá, o que ele só
queria era dinheiro para manter seu vício. Um dia, quando fomos entregar as compras, o encontramos todo machucado, tinha
apanhado do dono do bar, não vou dizer que senti pena dele não, pois mesmo isso sempre acontecendo, ele
continuava do mesmo jeito, até achei que a Ester iria mudar e voltar para casa
dele, mas graças a Deus ela se manteve firme e mesmo ele implorando, nada aconteceu,
percebemos também que a casa já não tinha quase nada, ele praticamente tinha
vendido tudo, só restava um colchão velho em que ele dormia e as coisas que
ainda estava no quarto dela, nem os armários da cozinha, para guardar as
compras tinham mais. Fomos embora e ela disse que não queria mais voltar nessa
casa. Depois desse dia, eu fui chamada para fazer uma entrevista numa empresa,
mas infelizmente não passei. Minhaamiga não
teve nem sorte de ser chamada. Estávamos sentadas na sala, jogando conversa fora,
quando o celular da minha mãe toca.
— Alô! Quem é? — mamãe ouve a pessoa do outro lado e responde.
— Boa noite, Lúcia! —
minha mãe aciona o viva voz do aparelho. — Lembro sim de você, foi você que nos
esqueceu, que foi embora depois do enterro de seu irmão e nunca mais entrou em
contato com a gente. No que posso te ajudar?
— Isaura! Eu sei que eu sumi, mas
para mim é muito difícil, eu ainda sinto muito a
falta do meu irmão, você sabe que ele era a minha única família, além de vocês,
sei que para vocês também não deve ter sido fácil à vida sem ele. Queropedir perdão pela minha falta, mas não pense que eu não passei
esse tempo pensando em vocês, porque eu pensei, que me deixei ser consumida
apenas pela minha dor e esquecendo que vocês também estavam sofrendo.
— Tudo bem Lúcia! O que você deseja de nós agora, depois desse
tempo todo sumida?
— Isaura! Há um ano eu descobri estava com câncer de pâncreas,
já estava doente há muito tempo, só não tinha percebido os sintomas.
Achava que era coisa da idade, mas infelizmente não
era isso, quando foi descoberto o real motivo de eu sempre passar mal, já não
tinha muita coisa a ser feita, mas mesmo assim, os meus médicos tentaram de tudo,
não teve regressão da doença, que se espalhou para outros órgãos, cogitou-se
até a tentativa da remoção do pâncreas, maso
meu já estava muito avançado e como os médicos não me deram muito tempo de
vida, gostaria muito de poder ver vocês pela última vez, também quero deixar
tudo que eu tenho para minha sobrinha, sei que ela deve estar com raiva da tia,
mas eu imploro que vocês venham me ver.
— Eu sinto muito Lúcia! Não imaginei que estaria passando por tudo
isso e ainda sozinha, por que você não nos procurou? Daríamos
um jeito de ir te ajudar. Uma viagem dessa não
é muito barata e provavelmente eu não conseguirei ir, pois cuido de um senhor
que não tem ninguém por ele. Vou passar o telefone para a Maya, você pode
conversar com ela, talvez ela consiga ir. Tenha um boa noite! E mais uma vez eu sinto muito
por você está nessa situação.
Assim que eu ouvi a palavra viagem sair da boca da minha mãe, e quando
conversei com minha tia e ela mais uma vez contou a real situação de sua
ligação, fiquei muito triste, ela é a única tia que eu tenho, mesmo morando longe. Comovi-me
com o relato de sua situação e disse que faria de tudo para poder ir vê-la
nesse momento. Não quero que ela morra sozinha,
se esse for o caso. Expliquei que eu estava trabalhando em um supermercado e
que dependeria dos donos me dispensarem para que eu pudesse viajar. Também
deixei claro que essa viagem para mim terá um custo muito alto, mas ela me
garantiu que assim que eu tiver uma resposta positiva, que me mandaria todo o
dinheiro que eu precisarei para a viagem. Falei para ela que no outro dia mesmo
iria falar com o Sr. João e que dependendo do que ele me falasse, eu partiria
em uma semana, era o prazo que precisava para arrumar tudo por aqui. No dia
seguinte, fui até o escritório do meu chefe e expliquei toda situação da minha
tia, que nesse momento ela não tinha ninguém ao seu lado e que precisava de
mim. Ele disse que não teria problema nenhum em me dispensar e que quando eu
voltasse, eu teria meu emprego de voltar se eu ainda o quisesse. Agradeci a sua
compreensão nesse momento. Cheguei em casa e contei para minha mãe tudo que
tinha ocorrido no serviço, ela disse que não poderia ir comigo e que tinha medo
de eu ir para um lugar desse sem ninguém ao meu lado. Nessa hora Ester entra na cozinha e fala que eu não irei sozinha,
que ela também irá, já tinha resolvido tudo no serviço, mas ela deixou claro
que não pretende voltar mais para o Brasil, deixando a mim e minha mãe tristes. Ela quer outra vida e acha que
lá vai poder conseguir emprego em sua área, para falar a verdade, até eu
gostaria de ficar por lá, mas eu tenho minha mãe aqui, que amo mais que tudo e
nunca a abandonaria. À noite, eu liguei para minha tia, informando que tinha
dado tudo certo e que logo eu estaria em sua casa e falei que não iria sozinha,
mas sim com uma amiga que pretendia morar em Londres e conseguir um emprego. Segundo o que
ela me falou, até poderia ajudar a mim e a ela se eu resolvesse ficar por lá,
pois ela conhece muitas pessoas que trabalham em muitas empresas grandes e
poderia nos indicar. Eu disse que poderia pensar desde que, minha mãe fosse depois morar comigo, masisso eu fiquei de responder quando eu estivesse lá.
Uma semana depois.
Estamos aqui no aeroporto, já despachamos as nossas malas e
estamos aguardando apenas à chamada para embarcar.
Estou me sentindo muito estranha desde manhã, como se
fosse um pressentimento de algo ruim, mas deixo meus pensamentos para lá,
porqueacho que isso que estou sentindo deve ser por
causa de minha tia. Começaram a chamar para o embarque, abraço minha mãe que
está em um choro só, sei que nunca nos separamos e essa será a primeira vez, deixo-a
tranquila dizendo que logo eu estarei de volta.
— Filha! Por favor,
tome cuidado nesse lugar, você nunca saiu de casa para ir para um lugar tão
longe. Se acontecer alguma coisa com você, não
poderei te ajudar estando aqui.
— Mãe! Não se
preocupe, eu tomarei todo cuidado do mundo e nada irá me acontecer, logo eu
estarei de volta, você vai ver — ela me abraça e faz o mesmo com minha amiga.
Jamais eu poderia fazer uma viagem dessas, sem ter um emprego
melhor e que me desse condições financeiras para isso. Assim que pisei fora do
avião, novamente uma sensação ruim se apoderou de mim, não sei explicar por
qual motivo eu estou sentindo isso.
— O que foi amiga?
— Não sei Ester! Estou com uma sensação ruim desde que saímos de
casa, não gosto muito de sentir isso, parece um aviso.
— Relaxa Maya! Isso deve ser por te deixado sua mãe e saber você
veio para se despedir de sua tia, não irá acontecer nada com a gente, fique
calma.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 49
Comments
Maria Izabel
muito bom gostando de ler ❤️
2023-01-28
2
Conceição Aparecida Guerra
Estou amando ler essa história a menina Ester tem uma gara para vencer
2023-01-18
0