Gabriel

Gabriel

Hoje pela manhã, quando a deixei na porta da escola, com a promessa de uma conversa, não imaginei que meu dia terminaria dessa forma.

Nunca percebi nenhum interesse romântico da Nina por mim, aliais, eu nunca percebo esse tipo de coisa.

A levei para aquele parque porque precisava por para fora tudo que estava sentindo, estava sufocado, desde o dia daquele jantar, quando percebi que o que eu sentia por ela era bem diferente do que eu sentia pela Alice.

Desde que, a Alice começou a andar, que eu sinto a necessidade de protegê-la. E foi assim por toda a infância e adolescência.

Com a Nina sempre foi diferente, com ela tudo era paz. Sempre tão inteligente, calma, delicada, carinhosa... Passaria horas lhe dando adjetivos.

Hoje, olhando para trás, vejo o quanto errei com ela, deveria ter lhe dado toda a atenção devida, mas ao invés disso, dei mais do que deveria a Alice. E depois do que ela fez comigo, da forma como me usou, percebi que tenho uma parcela de culpa por ela ser tao inconsequente, se não a polpasse tanto, talvez ela soubesse que tem coisas que nos fere a alma.

Claro que ainda a amo como uma irmã, mas ela precisa se sentir um pouco desprotegida nesse momento, precisa saber que tudo que fazemos nessa vida tem consequências, sejam boas ou ruins.

Voltando ao momento em que me declarei, não fui até lá na intenção de ser correspondido.

Até tive medo da reação dela, achei que não teríamos mais a mesma liberdade e que eu tornaria as coisas entranhas entre nós.

Mas para a minha surpresa e imensa alegria, descobri que ela sente o mesmo por mim. E posso garantir, saber disso, foi a melhor coisa da minha vida! Nunca senti tamanha felicidade.

Eu não sabia que precisava tanto dela, até o momento que nossos lábios se tocaram pela primeira vez. Agora ela é minha garota e ainda não acredito nisso.

Valeu muito a pena esperar pela garota certa. Não sou mais um adolescente, já deveria ter beijado várias garotas, como os caras da minha idade, mas nunca consegui. Sempre achei que deveria ter sentimento e não me arrependo de ter esperado, meus beijos serão apenas dela, por toda vida.

Deixei primeiro a Marina em casa e depois o Gui, seguindo para casa com a minha irmã, que cochilava ao meu lado.

A Laura é uma menina encantadora, tão doce e, ao mesmo tempo tão forte... tenho orgulho de ser seu irmão.

Chegando em casa, acordo a minha irmã, que sai cambaleando de sono do carro, a abraço e entro em casa, encontrando meus pais na sala, abraçados, assistindo a uma série na tv.

Confesso que é uma visão que me agrada. Gosto de ver o quanto são unidos e apaixonados, mesmo estando mais de 20 anos juntos.

E é isso que eu quero com a Nina, quero essa cumplicidade, quero que continuemos apaixonados até o fim de nossas vidas.

— Finalmente lembraram que tem casa! — Disse meu pai, ainda abraçado a minha mãe.

— Meu tio levou pizza para casa e nos pediu para ficar. — Laura, bocejando.

— Golpe baixo do Vitor, comprando meus filhos com pizza. — Meu pai, enciumado, como sempre.

— Vou tomar um banho e cair na cama. — Laura.

— Vai filha,boa noite! — Minha mãe.

— Boa noite princesa! — Meu pai.

— Boa noite Biel! — Laura, me abraçando, e retribuo o abraço, beijando- lhe o topo de sua cabeça.

— Que carinha de felicidade é essa filho? — Minha mãe, que me conhece melhor que qualquer pessoa.

— Senta aqui filho, nos faça um pouco de companhia, nos conte como foi seu dia. — Meu pai, que sempre quer saber tudo que acontece com os filhos.

Às vezes, eu fujo desse interrogativo que ele faz, mas hoje não, hoje eu quero compartilhar a minha felicidade, e me sento na poltrona de frente para eles.

— A senhora acertou mãe, eu estou muito feliz!

— Então nos conte o motivo de toda essa felicidade. — Meu pai, curioso.

— Eu conto sim, na verdade, estou ansioso por isso.

Pai, mãe, eu estou namorando.

— Finalmente eu terei uma nora!

Parabéns meu filho! — Meu pai, com um largo sorriso.

— E quando conheceremos a princesa que conquistou o coração do meu príncipe? — Minha mãe, animada.

— É que... vocês já a conhecem.

— Já? Quem é então?

Ah, meu Deus... é a Alice? — Meu pai, espantado.

— Não pai! Por que todo mundo pensa isso?

— Deve ser porque você passou os últimos 17 anos se dedicando a ela. — Minha mãe

Abaixo a minha cabeça me sentindo desapontado comigo mesmo, porque isso me fazia lembrar que não me dediquei a Nina como ela merecia.

— Nos diga filho, quem é a sortuda? — Minha mãe.

— O sortudo sou eu, mãe, pode ter certeza!

A minha namorada é a Nina. — sem conseguir conter meu sorriso ao pronunciar seu nome.

— A Nina?— Meus pais, surpresos!

— Desde quanto gosta dela? — Minha mãe.

— Eu acho que desde sempre, só não tinha percebido.

— Parabéns, meu filho! A Nina é uma menina maravilhosa! — Meu pai, me dando um abraço!

— Não poderia ter me dado uma nora melhor! Eu amo a Nina!

— Eu também mãe! Eu amo muito agora garota!

— Gabriel, seu padrinho já sabe? — Meu pai, com o semblante preocupado.

— Sabe pai, contei durante a pizza.

— Eu queria tanto ter visto a cara do Vitor...

Mas amanhã ele não me escapa, terei um dia divertido na empresa.— Meu pai, já pensando em diversas maneiras de provocar meu padrinho.

Me despedi dos meus pais e fui direto tomar um banho, deitando em seguida em minha cama, sorrindo com a lembrança da tarde inesquecível que tive. E pensei nela até pegar no sono, com a esperança que ele estivesse presente em meus sonhos.

Continua...

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