Babaca

Já em casa,Nina mandou uma mensagem para Matheus com o endereço e combinando o horário.

Alice foi até em casa em silêncio, o que era raro. Entrando em casa, foi direto para o quarto, tomou um banho e se jogou na cama com o olhar preso no teto.

— Babaca!

Como você é boba, Alice... o que você estava pensando?

Que o príncipe rebelde foi te resgatar de moto?

Você não é assim Alice!

Mas que droga! Não deveríamos ter nos beijado, não deveríamos nem ter nos conhecido.

E daí que ele é lindo e beija bem?

Esquece esse cara, Alice, esquece esse cara... — Alice, em pensamento.

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Quinze horas em ponto, e lá estava Matheus tocando a campainha no horário combinado.

Nina preparou um suco, assou um bolo e separou todo o material necessário na mesa da sala, esperando pelo colega de turma.

Ao ouvir o som da campainha, abriu a porta e se deparou com Matheus, usando seu mais belo sorriso.

— Pontual! — Nina, sorrindo gentilmente.

— Cheguei um pouco mais cedo, mas fiquei lá fora esperando dar o horário combinado. — Matheus, passando pela porta e caminhando até a sala com Nina.

— Poderia ter entrado quando chegou, não teria problema.

— Nosso primeiro encontro, não queria parecer ansioso.

— Nosso o quê?

— Desculpe, trabalho, nosso primeiro trabalho. Me atrapalhei com as palavras. — Pressionando os lábios, para não rir de si mesmo.

— Tudo bem. Já separei tudo que vamos precisar.

Fique a vontade, vou pegar um suco e já volto.

Matheus observou Nina até que saísse de seu campo de visão, olhou alguns porta-retratos em que Nina aparecia nas fotos, abrindo um sorriso bobo, e nem percebeu que Nina já estava de volta.

— Está sou eu e essa é a Alice. — Surpreendendo Matheus, que segurava um porta- retrato com uma fotografia das duas irmas quando criança.

— Desculpe ter pego para ver. Mas eu sei exatamente quem é quem, até em uma fotografia antiga.

— Não precisa se desculpar. Seu suco! — entregando um copo de suco para Matheus.

Vamos começar porque temos bastante trabalho pela frente.

— E seus irmãos, não estão?

— Estão sim. Cada um no seu quarto, daqui a pouco um deles aparece por aqui.

Passaram horas entre pesquisas e anotações.

— Está com fome? — Pergunta Nina, já exausta.

— Um pouquinho! — Responde Matheus.

— Vamos fazer uma pausa para o lanche. Assei um bolo, vou lá pegar e já volto.

Nina foi até a cozinha e pegou uma fatia de bolo de chocolate para cada um. Entregou um para Matheus e sentou-se para comer o seu.

— Você mesma que fez?

— Sim. Gostou?

— Muito! Está maravilhoso!

Não sabia desse seu dom, aliais, não sei muita coisa a seu respeito, além do que a convivência escolar permite.

— Uma das coisas que amo fazer, é cozinhar, mas gosto mesmo é de fazer bolos e doces. — Com um sorriso doce que Matheus, até hoje, só tinha visto de longe.

— Talento para isso você tem, não dá para negar.

— Olá crianças! — Alice, descendo as escadas, animada ao ver a irmã com Matheus.

— Oi Alice! — Matheus

A campainha toca assim que Alice se aproxima deles.

— Deixa que eu atendo, continuem aí, bonitinhos como estão.— Alice, fazendo Nina corar.

— Gabe! — Abraçando Gabriel, antes mesmo que ele entre.

Ao entrar, Gabriel se depara com Nina e Matheus lanchando e conversando.

— Boa tarde!

Estão com visita... — Gabriel, franzindo a testa enquanto fala.

— A visita é da Nina! — Alice, sorrindo.

— Boa tarde, Gabriel!

Esse é o Matheus. Matheus, esse é o Gabriel. — Nina, com o coração acelerado, como sempre fica ao ver Gabriel.

— Muito prazer Matheus!

— Igualmente! — Apertando a mão de Gabriel.

— Parece que cheguei em boa hora, bolo da Nina!— Sorrindo para Nina, que desvia o olhar.

— Vem Gabe, vamos lá na cozinha comer bolo. — Alice, tentando retirar Gabriel da sala.

— Depois eu pego, acabei de chegar — Sentando no sofá.

— Não! Não gosto de comer sozinha, vem comigo. — Arrastando Gabriel para a cozinha.

— Sua irmã é doidinha! — Matheus, rindo do jeito desesperado  que Alice retirou Gabriel da sala.

— Ah, ela é!

— Vocês só são iguais na beleza!

Mas prefiro o seu jeito! — Deixando Nina corada e sem resposta.

Na cozinha...

— Nunca lhe vi tão desesperada por um pedaço de bolo! — Gabriel, encostado no balcão.

— Só não queria você lá, atrapalhando o casal.— Alice, fazendo uma careta.

— Casal? Eles estão...

— Ainda não,porque a Nina é lenta. Mas eu tenho fé no Matheus, já reparei como ele a olha, e não só eu, a turma inteira já reparou.

— Acha que ela gosta dele? — Ajeitando os óculos.

— Vai gostar! Ele é legal, e combina com ela.

Não é um babaca como uns e outros. — revirando os olhos.

— Esse babaca é o Théo? Se for, eu concordo.

— Não falei de ninguém específico.

— Sei...

Fica longe dele, Alice, você merece mais que um tipo como aquele.

— Foram só uns beijos Gabe, não estamos namorando.

— Você fala como se o beijo não fosse uma coisa íntima. Não sei como consegue beijar qualquer um...

— Ei! Eu não beijo qualquer um.

— Não foi minha intenção ofender. Só não entendo, beijo envolve sentimento.

— E você não tem feito muito isso não é?

— O quê?

— Beijado ué. Não me lembro de já ter lhe visto com alguém.

Você é um gato, as meninas ficam loucas com você lá na porta da escola... Não é possível que as da faculdade não reparem também.

— Alice, eu não... — sendo interrompido por Alice.

— Espera! Como eu não pensei nisso antes?

Gabriel, você é Gay? É claro que é isso!

— Alice! Não, eu não sou gay.

Se fosse, não teria vergonha de falar, mas eu não sou. — corado feito um tomate.

— Então por que não tem uma namorada?

— É complicado...

— E o que pode ser tão complicado? Gosta de alguém comprometido?

— Não Alice. Podemos mudar de assunto?

— Só dessa vez!

Vamos comer logo esse bolo da Nina que eu sei que você adora tudo que ela faz!

— A Nina é uma fada na cozinha! — Gabriel, dando um leve suspiro.

Continua...

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