A conversa

Nina sentiu o coração ficar apertadinho com a declaração de Matheus. Queria muito que a situação fosse outra, não queria estar apaixonada por Gabriel, mas como o próprio Matheus disse, não dá para controlar o coração.

Após a aula, Nina voltou com os irmãos e os primos para casa. Alice, Noah, Gui e Laura aproveitaram a tarde ensolarada na piscina, e Marina e Nina aproveitaram a sombra da varanda para conversar.

Nina contou tudo que aconteceu no dia anterior para Marina, já que Marina só sabia a sua versão da história.

— Desculpe Nina, mas não estou surpresa com a atitude da Alice, ela sempre foi assim, meio inconsequente. — Marina

— Mas ela quer mudar,e eu pretendo ajudar. — Nina, olhando Alice na piscina.

— Boa sorte! — Marina

— Posso estar enganada, mas já perdi as contas de quantas vezes o Gui já olhou para você desde que sentamos aqui.

— Deve estar procurando algum motivo para pegar no meu pé. — Voltando seu olhar para a piscina e encontrando o de Guilherme.

— Viu só!

Vocês dois...

— Não começa Nina!

Voltando ao assunto anterior, o que será que o Gabriel quer conversar com você?

— É meio óbvio, ele quer desabafar, falar da Alice, do Théo... enfim, darei meu ombro amigo.

— Eu te admiro por isso, eu não daria conta de ouvir o cara que eu gosto ficar falando de outra.

— Somos amigos, sempre tivemos ótimas conversas, não o deixarei sozinho agora.

Consigo me pôr no lugar dele, imagina só, a pessoa que você gosta, te usar para fazer ciúme para outro.

— Ainda não entendo como pode ter tanta certeza de que ele gosta dela. O Gabriel é tão reservado.

— Mari, vai vir ou vou ter que ir até aí te buscar? — Guilherme, gritando de dentro da piscina.

— Me erra garoto!

— Vai Mari! — Nina, segurando o riso.

— Nem pensar! Se eu entrar naquela piscina,sou capaz de afogá-lo.

— Já quero muito esse casal!

— Que casal Nina?

Acho que toda essa história com o Gabriel está te enlouquecendo.

— É possível! — rindo.

— Me empresta aquele livro que comecei a ler no seu quarto outro dia.

— Pode pegar, já terminei de ler.

Enquanto você pega, eu vou preparar seu brigadeiro.

— Já disse que te amo hoje?

— Ainda não!

— Eu te amo Nina!

— Você ama meu brigadeiro, isso sim.

— Também, eu confesso.

Nina foi para a cozinha, colocou seu fone de ouvido e começou a preparar uma panela grande de brigadeiro para a turma toda, cantarolando e balançando o corpo com a música que ouvia.

Assim que desligou o fogo, se virou para pegar as tigelas em que distribuiria o brigadeiro e tomou um baita susto.

— Gabriel! — Com o coração disparado, ao ver Gabriel de braços cruzados encostado na porta da cozinha.

Que susto! — Tirando o fone.

— Desculpe, eu não queria te assustar.

Eu chamei, mas não me ouviu.

— Já faz tempo que está aí?

— Uns 5 minutos. — sorrindo

— Que vergonha!

— Não precisa ficar envergonhada, até que você canta bem, e dança também. — Arrumando os óculos com o dedo indicador, deixando Nina corada.

— Minha vergonha só aumenta. — Com as mãos cobrindo o rosto.

— Precisa de ajuda?

— Não, já terminei. Só falta distribuir.

Você está bem?

— Estou. E você?

— Também.

— Nina, podemos ter aquela conversa?

— Claro, senta aqui. — Indicando uma cadeira, e sentando em outra.

— Gabriel, a Alice me contou o que aconteceu, e acho que eu já falei tudo que ela merecia ouvir por ter feito aquilo com você.

— Eu também disse algumas verdades a ela. Fiquei muito chateado por ter sido usado daquela forma.

— Eu imagino... ainda mais do jeito que você gosta dela.— Abaixando o olhar para suas mãos que estão apoiadas nas pernas.

— Nina, você fala de um jeito... como acha que eu gosto da Alice?

— Como um homem apaixonado. — Respondendo após alguns segundos em silêncio.

— Nina, e o brigadei... — Marina, ficando sem graça ao interromper a conversa.

— Oi Mari, está pronto. Toma, serve lá o pessoal. — Entregando a bandeja a Marina, que sai em seguida.

— Vamos dar uma volta? Aqui não vamos conseguir conversar. — Gabriel, estendendo a mão para Nina.

— Mas e o pessoal?

— Eles já estão grandinhos, sabem se cuidar. Vamos?

— Tudo bem, vamos. — Pegando na mão de Gabriel, que a leva até o carro.

Gabriel estava nervoso e suando frio, mas não queria passar mais nenhum dia sem dizer tudo que precisava a Nina.

Foram em silêncio pelo caminho, que não foi longo. Gabriel parou o carro em um parque com uma vasta área verde em que crianças brincavam, adultos se exercitavam, famílias faziam piqueniques...

Desceu do carro e deu a volta abrindo a porta para Nina, estendendo a mão para que ela o acompanhasse até a sombra de uma árvore, onde sentaram para conversar.

— Continuando de onde paramos... Então você acha que eu sou apaixonado pela Alice?

— Gabriel, eu vejo como fica incomodado quando ela chega contando que beijou alguém, como faz questão de estar perto dela o tempo todo e como ficou com ciúmes do Théo na casa do meu tio. Se tem outro nome para isso, eu não conheço.

— Eu não te julgo por pensar assim, eu também pensei que estava gostando dela de outra forma. Mas ontem eu tive a certeza que precisava, pela Alice eu sinto um amor de irmão, um irmão que quer mantê-la segura, que não quer que ela se machuque.

— E o que lhe fez ter essa certeza?

— É um pouco constrangedor falar, mas eu não senti nada, além de surpresa, quando ela quase me beijou.

E com relação àquela noite na casa do seu tio, não fiquei com ciúmes do flerte dela com o Théo, fiquei preocupado, ele tinha acabado de... — passando as mãos pelo cabelo.

Nina, naquele dia eu não consegui dormir, a imagem daquele cara quase te beijando não saiu da minha cabeça. Eu nunca senti tanta raiva como senti naquele dia.

— Ele já se desculpou. — dando de ombros.

— Eu sei, mas foi aí que eu consegui diferenciar o que eu estava sentindo.

Eu fiquei preocupado de ver a Alice envolvido com aquele tipo de cara, já com você... eu me vi louco só de imaginar que ele poderia ter te beijado.

E depois ainda teve o Matheus, quando eu vi o jeito que ele olhava para você...

Eu não tenho mais dúvida de nada Nina, é por você que eu estou apaixonado.

— Por mim? — Espantada, sem saber como reagir.

— Sim, por você.

É você que eu vejo ao meu lado quando eu penso no futuro.

Mas eu sei que não sente o mesmo por mim, que me vê como um irmão... Porem, eu precisava falar, já estava ficando sufocado.

— Gabriel, você não faz ideia de quantas vezes eu imaginei esse momento.

Não sabe o quanto eu sofri achando que você era apaixonado pela Alice.

— Nina, eu estou entendendo direito?

— Está sim Gabriel, eu sou apaixonada por você desde sempre.

Gabriel sorriu para Nina, que retribuiu o sorriso.

— Não imagina o quanto eu estou feliz...

— Eu imagino sim, porque é exatamente como eu me sinto.

— Nina, eu quero muito fazer uma coisa... — Desviando o olhar para os lábios de Nina.

— Eu também quero Gabriel.

Gabriel, com o coração acelerado, tocou o rosto de Nina com delicadeza, diminuindo a distância entre eles.

O coração de Nina batia descompassadamente com a proximidade de Gabriel.

E com o toque macio dos seus lábios, sentiu aos tais "borboletas no estômago" que tanto ouviu falar.

Gabriel sentiu como se aquele beijo fosse a única coisa que ele precisava na vida.

Era um beijo inexperiente, sem urgência, mas com tanto sentimento que o tornou perfeito.

O beijo foi chegando ao fim com um sorriso de Gabriel, e ainda com os lábios bem próximos, Gabriel Sussurrou...

— Isso foi tão... tão perfeito! — Abrindo os olhos e se afastando lentamente.

— Nem nos meus sonhos, e olha que já foram muitos, foi tão perfeito. — Nina, escondendo o rosto no ombro de Gabriel, que a envolveu em um abraço.

Permaneceram abraçados em silêncio por alguns minutos, apenas com som das batidas de seus corações e o canto dos pássaros que procuravam abrigo com o fim da tarde.

— Nina... — Soltando Nina do abraço para que olhasse em seus olhos.

Sabe que eu gosto das coisas corretas, não sabe?

— Sei sim, você é a pessoa mais correta que eu conheço. — Acariciando o rosto de Gabriel.

— Eu não quero sair daqui sem saber o que somos um do outro, e por isso eu preciso saber...

Nina, você quer namorar comigo?

— Você ainda pergunta Gabriel...

É claro que eu quero!

Continua...

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